Albus Potter e o Pergaminho do Amanhã escrita por lexie lancaster


Capítulo 5
As Serpentes que Guardam o Salão




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— CAPÍTULO CINCO –

As Serpentes que Guardam o Salão

— Isso é impressionante – disse Emma maravilhada, olhando de realce para a varinha iluminada dos outros três – Espero que ensinem esse feitiço logo!

— Se quiser, posso te ajudar, Emms – falou Riley, amigavelmente – Quanto mais você praticar, mais fácil vai ficar.

Riley, Emma, Scorpius e Al passavam por um corredor úmido, feito de terra e pedra. O brilho opaco e azulado ainda os guiava para um destino desconhecido, e como haviam previsto, a trilha de pedras esmeraldinas logo desapareceu. Emma deixou outra mancha na parede, marcando o caminho por onde passavam.

— Obrigada. Eu quase quebrei a cabeça tentando aprender o jeito certo de fazer esse encantamento – admitiu ela — Queria ao menos ter aprendido a fazer mais feitiços antes de entrar em Hogwarts. Todos os outros primeiranistas já devem conseguir fazer vários, e eu não quero ser a pior da turma.

— Você não vai – Scorpius se adiantou em dizer – E além do mais, não faz mal aceitar ajuda de vez em quando. Ninguém aprende nada sozinho, sabe? – ele completou calmamente, olhando de realce para Riley.

Riley torceu o nariz, mas manteve a compostura.

 – É – falou ela um tanto relutante — O Scorp meio que me ajudou com esse sabe... Então... obrigada – ela disse, fazendo uma reverência exagerada.

Al, Scorpius e Emma deram risada, quase se esquecendo que estavam perdidos em uma gruta abandonada. Quase. Porque logo veio o lembrete. Ao virarem distraidamente por uma das aberturas rochosas, escutaram um grito ensurdecedor cortar o ar. Era agudo e selvagem, como um piado contínuo. Albus levou as mãos para os ouvidos instantaneamente, ansioso para abafar o ruído estridente.

— Argh! – berrou ele — Que é isso!?

Riley balançou a cabeça.

— Nem ideia! – gritou ela de volta — Mas está ficando mais forte!

— E está se aproximando! – alertou Scorpius – O que quer que seja, está chegando mais perto!

O barulho ficava mais nítido e mais alto a cada instante e a luz azulada e vibrante ao longe se intensificou mais do que nunca.

Al se forçou a encarar a luz, tentando enxergar através dela. Para sua surpresa, seus olhos se ajustaram com mais facilidade do que esperava, e ele conseguiu enxergar um gigantesco baú escancarado ao fundo, e era dele que o clarão provinha. No entanto, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Albus sentiu a mão de Emma puxando a manga das suas vestes.

— Er... pessoal... — tentou dizer ela, fazendo um sinal desesperado com as mãos para que eles olhassem para baixo.

O chão, outrora terroso, começa a inundar e a água já começava a formar pequenas poças em baixo de seus pés. Os quatro arregalaram os olhos e Emma largou a manga de Al como se estivesse pegando fogo, correndo o mais rápido que podia até o outro lado.  

— Eu disse que não era boa ideia! – gritou ela com uma voz chorosa.

Albus sentiu a garganta secar, mas apesar da preocupação, tentou pensar com o máximo de clareza que pôde. Olhou ao redor atentamente, à procura de qualquer outra passagem que pudessem usar entre as rochas úmidas e pontiagudas. Scorpius e Riley pareceram entender o que ele estava fazendo, e começaram a vasculhar ao redor também.

Por um segundo, em meio a agitação, Al achou que talvez sua tentativa fosse mesmo em vão, mas então, tão súbito e repentinamente quanto a própria água que começara a subir e já alcançava seus tornozelos, ele a viu.

Uma singela e estreita rachadura entre dois gigantescos blocos de pedra que fornecia um seguimento tortuoso entre as rochas.

— Tem um caminho nessa direção! – gritou Albus, apontando para o corredor oposto — Emma! Temos que vir por aqui!

Riley e Scorpius não estavam muito longe da abertura e cruzaram o caminho alagado tentando não escorregar. Emma os seguiu o mais depressa que pôde e Albus parou para esperá-la, mas...

— Emma! – berrou ele, apavorado – Se abaixe!

A garota obedeceu imediatamente, fechando os olhos enquanto protegia a cabeça com as mãos. Garras afiadas passaram por centímetros do seu cabelo e Albus mal teve tempo de pensar em uma reação quando a criatura veio ao seu encontro.

— Essa não – sibilou, arregalando os olhos enquanto se jogava para trás de uma pedra.

Uma harpia furiosa rondou sob sua cabeça. O rosto lembrava o de uma mulher, mas o corpo era todo coberto por penas coloridas. Onde deviam haver braços, haviam duas potentes asas, e no lugar dos pés, tinha garras afiadas.

— Ei! Pássaro feioso!

O grito veio do outro lado do corredor, e Albus soube na mesma hora que se tratava de Riley. A criatura deu meia volta num giro impetuoso e avançou sobre a garota que, por sua vez, tinha conseguido achar um pedregulho largo e pontiagudo.

Quando a harpia se lançou num mergulho feroz, Riley arremeçou sua pequena defesa e acertou-lhe uma pedrada bem dada na asa esquerda. Aproveitando a deixa, Scorpius abriu caminho entre as rochas e correu ao encontro de Emma e Albus.

— Depressa! Andem, depressa! – gritou ele, estendendo o braço para Emma e a arrastando para o lado da abertura.

Os três correram juntos para o outro lado, e no caminho, Albus tateou desesperadamente pela superfíce da gruta, procurando por mais pedregulhos pontiagudos que pudessem usar. 

Encontrou dois relativamente pesados e os lançou deliberadamente, dando cobertura para que Riley se juntasse a eles no caminho. Com dificuldade, se espremeram pela entrada das duas pedras, que felizmente era larga para eles, mas pequena demais para a harpia.

— Rápido, me ajudem aqui – pediu Al.

Um pedregulho pequeno impedia que a pedra maior fechasse a passagem. Riley, Scorpius e Emma se juntaram a ele e empurraram a pedra para o mesmo lado, que derrapou de uma vez só. A pedra maior caiu com um estrondo, quase prendendo a garra da harpia no lugar. Ignorando o último piado agudo da criatura, os quatro correram sem olhar para trás e só pararam quando não conseguiram mais ouvir chiado algum.

— Isso... isso era... – começou Riley ofegante.

— Acho que era – respondeu Scorpius quando conseguiu se recuperar.

Emma ainda tinha os olhos arregalados. A boca abria e fechava, tentando formar palavras com sentido.

— Pensei que estavam...Você disse que estavam...

— Extintas – completou Albus, tão surpreso quanto ela – É, estavam. Francamente, acho que preferia que estivessem mesmo...

— Mais importante – disse Scorpius, olhando ao redor — Aonde é que estamos agora?

O caminhozinho de escape em que estavam era ainda mais escuro e mais estreito que o restante da caverna. Albus olhou adiante e achou que o caminho ficava menor a medida que se estendia, mas pelo menos não tinha água alguma subindo por ali.

— Só tem um jeito de descobrir – respondeu, se adiantando pela trilha.

— Espere – chamou Emma alarmada.

— Que foi agora? – Perguntou Albus, começando a se irritar – Não temos outra saída, tem...

Mas antes que pudesse terminar a frase, ele viu o que Emma estava tentando dizer. Na parede rochosa mais adiante, havia uma marca preta, como feita de tinta, igualzinha a que tinham deixado nos corredores mais a trás. Emma se aproximou com cautela e olhou para marca muito atentamente.

— É a mesma –  cochichou incrédula – A mesma que deixei durante o caminho, mas... como?

Albus e Riley se encararam tão confusos quanto Emma, mas Scorpius estalou o dedo como se tivesse acabado de ter uma ótima ideia.

— É claro! – exclamou como se fosse muito óbvio – A passagem é encantada para que não tenha mais saída! Uma vez dentro, vai fazer de tudo para gente se perder no caminho!

A expressão de alívio que Scorpius tinha no rosto, definitivamente não combinava com o que ele dizia, e Al se esforçou para não soar grosseiro ao perguntar:

— Er... porque mesmo você está fazendo parecer que isso é uma coisa boa?

— Não é óbvio? Olhem em volta! Estamos literalmente no único lugar que pode nos mostrar uma saída!

Scorpius se adiantou pelo corredor do lado direito, o mesmo indicado pela mancha na parede, e os outros três o seguiram, mesmo sem conseguirem estar tão seguros quanto o amigo. 

O caminhozinho tortuoso diminuía à cada passo que davam e no fim, levava para uma passagem tão pequena, que eles perceberam que seria preciso que dobrassem os joelhos se quisessem mesmo passar por ali. No entanto, antes mesmo de tentarem adentrar por aquela espécie de toca de pedra, Scorpius se virou com um sorriso vitorioso.

 — Se a marca que deixamos na parede está aqui, quer dizer que o encantamento não a faz desaparecer. Só a muda de lugar! — explicou, concentrado — Se estiver certo, a trilha das gemas que brilham também não sumiu... vamos!

Emma, Riley e Albus suspiraram. A abertura parecia mesmo a toca de um animal muito pequeno, e em certo ponto,  precisaram começar a engatinhar feito bebês para conseguirem passar por ela.

O buraco rochoso não parecia ter nenhuma outra entrada (ou saída, por sinal) além da que tinham acabado de passar e, como era de se esperar, todos eles ficaram completamente cercados pelo breu em pouquíssimo tempo.

Com dificuldade, Albus tateou por suas vestes à procura da sua varinha, mas Scorpius pareceu notar o que ele estava querendo fazer, e pigarreando a garganta, falou:

— Por favor, não usem nenhum feitiço agora.

—  Sério, Scorp? - reclamou Riley —Não consigo ver nada! Ai, alguém prendeu no meu pé...

— Desculpe.

— Ouch... Emms, é você?

— Nunca, nunca mais na minha vida eu encosto nas paredes desse castelo – choramingou Emma baixinho.

A garota tinha a vista toda embaçada pelas lágrimas que se formavam nas beiradas dos olhos, e Albus sentiu uma pontada de pena ao vê-la desse jeito. A secura na garganta voltou a incomodâ-lo e desta vez Al esperou pelo acúmulo de nervosismo tomar conta, mas isso não aconteceu. Pelo contrário.

Uma súbita percepção fez uma grande onda de alívio inundar sua mente. Não era somente o rosto de Emma que conseguia enxergar com clareza, mas os de Riley e Scorpius também. Para sua surpresa, todos resplandeciam com um brilho esverdeado que emanava de baixo deles. Era a trilha de gemas esmeraldinas. Ela voltara a surgir, e os guiava para a saída.

— Ei, Emma, veja só!

 — Não, francamente... escorregar por uma passagem secreta...

— Emma, é sério! – falou Riley, duramente – Achamos a saída!

— E logo no meu primeiro dia... ah, eu não dou sorte mesmo! E agora achamos uma saída... – disse ela, balançando a cabeça — Hã, uma saída? 

Mais à frente, uma luz brilhante como ouro brilhava para eles, e Al precisou colocar o braço na altura dos olhos quando chegaram perto o suficiente da claridade. Era ofuscante o bastante para não ver nada através dela.

— Então é essa a luz no fim do túnel, hein? – Falou Riley, piscando sem parar por causa do clarão.

Albus riu, animado e ansioso ao mesmo tempo.

— Prontos? – Perguntou enquanto se inclinava para frente.

Os outros três assentiram e se juntaram a ele. Scorpius respirou fundo, Emma fechou os olhos e Riley olhou atentamente para ele.

— Seja lá o que acontecer, foi legal te encontrar de novo, Al.

Alguma coisa na forma como ela falou aquilo, fez Albus se sentir envergonhado. Ele achou aquela sensação muito esquisita e, apesar de não saber dizer o que era,  não queria que ela reparasse nisso, então se apressou em dizer:

— Não seja tão dramátic...

Mas não teve tempo de terminar. Riley pulou na frente e os outros três repentinamente foram puxados juntos, como uma força que os expelia. Al sentiu que caia sob algo macio e pulou rapidamente para o lado quando percebeu que esse algo, na verdade era alguém.

— Ai – reclamou Riley – Você é mais pesado do que parece, Al.

— Foi mal – ele respondeu rapidamente, ajudando-a a se levantar - Muito suco de abóbora.

Scorpius e Emma apareceram logo em seguida, também se espatifando de cara no chão.

— Chega de portais por hoje – declarou Emma, se levantando com dificuldade.

Felizmente, eles haviam caído num gramado borrachudo e muito bem cortado. Scorpius ficou de pé apressadamente, tirando a poeira das vestes enquanto olhava ao redor.

— Parece que deu certo! — exclamou ele, revigorado.

E parecia mesmo. Definitivamente, não estavam mais em caverna alguma. Pelo contrário, estavam sob um céu claro e límpido e rodeados por arbustos enormes de folhas verdes e igualmente borrachudas. Riley enfiou a cabeça por entre os ramos, espiando por trás das folhagens.

— Acho que voltamos – disse confiante enquanto cruzava o arbusto.    

Os outros três se entreolharam. Animado, Al não pensou duas vezes antes de pular para o outro lado também. Assim que passou por entre as folhas, porém, sentiu um empurrão que quase o fez voltar todo o caminho. Para seu alívio, Scorpius vinha logo atrás e conseguiu segurá-lo bem a tempo.

— Opa, cuidado aí! Você tá legal?

Albus percebeu que tinha esbarrado num garoto forte e grande o suficiente para ser um veterano. Seu cabelo era preto, mas seus olhos eram de um azul acinzentado muito claro. Pelas vestes, dava para ver que ele um aluno da Corvinal.

— Estou – respondeu Al, se endireitando de imediato – Sabe dizer onde estamos?

O garoto mais velho olhou em volta parecendo confuso.

— Hogwarts?

— Sim, mas em qual parte?

— Nos Novos Jardins – respondeu ele em tom de pergunta outra vez, começando a parecer desconfiado – Escute, tem certeza que está bem? Vocês estão meio... Hã... sujos. Precisam de ajuda?

Era verdade. Estavam com as roupas enlameadas e os cabelos cobertos de terra e poeira, mas Riley pareceu ofendida de algum modo e ficou logo abrumada. 

— Não, obrigada – respondeu ela rapidamente – Estamos bem.

— Er... certo então – disse o aluno mais velho, olhando por cima deles —Tomem cuidado para não se perderem no castelo – advertiu simplesmente, antes de sair apressado.

— Obrigado – murmurou Albus, confuso, incerto se o garoto ouviria ou não, e percebendo que se esquecera de perguntar o nome dele.

— Hum... Pessoal? – Chamou Emma, em um tom preocupado – Tem um professor vindo pra cá. Será que estamos encrencados?

Os quatro se viraram para ver um homem de calça xadrez e chapéu marrom pontudo caminhando muito decididamente na direção em que estavam.

Albus viu que ele se deteve bem em tempo de ir de encontrão com um grupo de alunos que cruzou seu caminho e abriu um largo sorriso. Era Neville Longbottom, acenando com visível entusiasmo para eles.

— Não – respondeu Al, ainda sorridente – Eu conheço ele.

— Sério? – Balbuciou Riley fingindo estar surpresa — Tem algum professor que você não conhece?

Contanto com Hagrid, já eram dois.

— Oi, Al – disse Neville quando conseguiu passar pelo grupinho de estudantes sem esbarrar em ninguém

— Prof. Longbottom – sorriu Albus com um falso tom cordial – O jardim está, hum, muito bonito.

E estava mesmo. Albus não tinha se preocupado em reparar até então, mas era mesmo de embasbacar. Heras subiam por vigas de madeira, árvores majestosas e flores de diferentes cores preenchiam os canteiros, assim como os cogumelos de diversos tamanhos que brotavam por entre as plantas. 

— Obrigado — agradeceu o Prof. Longbottom parecendo sem jeito — A ideia dos Novos Jardins na verdade foi da diretora Salazar.

— Mas foi o senhor que assumiu o projeto, certo? É um jardim e tanto! E esses não são os cogumelos saltitantes? – Indagou Scorpius, animado – É verdade que podem ser usados em poções que combatem encantamentos de sono?

— É um estudo bem recente na verdade, mas sim está correto – respondeu o Prof. Longbottom parecendo admirado – Sabe, Poções não eram meu forte, mas a Profa. Plath andou mesmo precisando de uns desses para a aula dela.

— É um jardim formidável — elogiou Emma olhando em volta com o ânimo revigorado — Mas, por acaso, o senhor não cultiva arbustos venenosos aqui, cultiva?

— Fico muito feliz que tenha gostado, Srta...

— Wright. Emma Wright.

— Certo, Srta. Wright. Veja, muitas plantas e fungos podem ser venenosos. Os próprios cogumelos saltitantes são - disse se abaixando perto de um deles - mas é para isso que temos a Herbologia. Para aprendermos a lidar com eles da maneira correta.

O Prof. Longbottom andou com eles pelo jardim, mostrando as diferentes árvores e ervas mágicas que tinham no terreno. Quando mais adentravam o jardim, mais impresionante ficava a mescla de todas aquelas plantas, troncos, cipós e trepadeiras. No entanto, algo ainda fazia com que Albus não pudesse aproveitar o passeio tanto quanto gostaria. Talvez fosse a adrenalina que ainda não tinha se dissipado por completo das suas veias. Talvez fosse o entusiasmo de ter saído vitorioso da gruta abandonada. Talvez fosse a ansiedade de querer contar a Emma, Scorpius e Riley, que conseguira reparar em mais coisas além do brilho celestial que os guiara. No fundo, Albus sabia que a resposta da sua inquietação era uma mistura de tudo aquilo.

— Podemos cortar caminho por aqui? – Perguntou ao ver um caminhozinho de pedras esbranquiçadas que levava de volta para o castelo.

Neville, que ainda segurava uma variante da espécie de bulbos saltadores para mostrar a Scorpius, Riley e Emma, fez uma expressão continda e Albus percebeu que talvez pudesse ter magoado o padrinho.

— Ah, não, não é isso – ele se apressou em dizer –  O Jardim é mesmo incrível! De verdade, quer dizer, olhe só pra esse bulbo! É só que, hum... bem é que...

— Não almoçamos ainda – falou Riley com um sorriso amarelo, acobertando-o.

— É, isso... Ainda não comemos nada.

— Ah, por que não disseram antes? O banquete já está sendo servido!

— O senhor não vêm, professor? – Perguntou Emma.

— Ah, não, Srta. Wright. Eu já comi, muito obrigado. No entanto, Albus, será que poderia ter uma palavrinha com você antes?

— Hum.. tudo bem.

— A gente se fala no Salão, Al – avisou Scorpius.

— Certo – concordou Albus vendo os três se afastar.

Neville segurou as duas mãos por trás das costas e andou chutando umas pedrinhas para fora do caminho. Albus sempre gostara muito do padrinho, apesar de acha-lo um tanto atrapalhado. Lily o achava particularmente engraçado, mas Albus preferia os momentos que podia conversar com ele, sobretudo quando o assunto era Hogwarts. Algumas vezes, conseguia algumas histórias de quando ele e seu pai ainda estavam na escola. Neville sempre falava dos seus pais com muita admiração e seus pais sempre falavam de Neville com muito carinho.

— E então? O que tem achado de Hogwarts até agora?

— É melhor do que eu esperava – respondeu Albus com sinceridade – É mesmo... surpreendente.

— Surpreendente - riu Neville - É uma boa palavra para descrever Hogwarts. Vejo que fez alguns amigos também. Isso é o mais importante.

— Eles são legais - ele se viu respondendo de imediato, um pouco entusiasmado demais.

Talvez o ataque da harpia somada a experiência de quase morte os tenha unido mais do que imaginara.

  - E, hm... eu acho que sei porque quer falar comigo - continuou num tom de voz baixo, que notoriamente não tinha nada de entusiasmo.

— Sabe? - Questinou Neville, surpreso.

 - É, desculpe por não ter caído na sua casa.

Eles pararam sob a reconfortante sombra de um carvalho. O vento começa a soprar mais forte, dando indícios que o agradável sol da manhã não iria durar muito tempo.

— Escute Al, não se preocupe com isso – disse Neville num tom sério pouco comum – Sei que vai dar o melhor de si, independente da casa que estiver.

— Obrigado e hum... o Jardim... ficou realmente bonito.

— Fico feliz que tenham gostado. Agora, é melhor ir andando se ainda quiser pegar uma daquelas costeletas. Acredite, estavam sublimes.

As nuvens começavam a se agrupar ao alto, trazendo uma nova coloração acizentada ao céu. Albus correu de volta para o castelo, ansioso para contar a Scorpius, Emma e Riley sobre o baú que vira na gruta, e assim o fez quando os encontrou no Salão Principal.

— Espere – falou Scorpius como se estivesse juntando todas as informações na cabeça – Então o clarão de luz estava sendo emitido de dentro do baú?

Albus concordou.

— Era o que parecia.

— Talvez a harpia tenha saído do baú – falou Riley enquanto colocava um pedaço da costeleta numa trouxinha improvisada.

— Mas isso é impossível – disse Emma boquiaberta.

— Depois de hoje eu não duvido de mais nada – disse Scorpius – Para começar, harpias deveriam estar extintas.

— Ele está certo – concordou Albus - Por que motivos haveria uma harpia no castelo?

— Bom, ela meio que estava escondida em uma gruta abandonada – lembrou Emma.

— Certo. Então porque tem uma gruta abandonada no castelo?

— É – disse Riley pensativa –  Quem teria conseguido construir uma coisa dessas para começar?

Os quatro terminaram o almoço apressadamente e com mais perguntas do que respostas. Albus não estava particularmente com fome, então pegou somente uma das costeletas e uma colherada do purê de batatas com ervilhas. Podia escutar os colegas do mesmo ano cochichando um pouco mais adiante na mesa sobre seu estado . Não tinha parado para se olhar num espelho, mas começava a imaginar que devia estar deplorável. Saíram apressados pelo Saguão antes que esbarrace com um dos seus primos, ou pior, com James. Desceram pela escadaria de pedra de uma vez só, mas ao chegar nas masmorras, tomaram um susto danado com a porta escondida do salão comunal da Sonserina.

Onde outrora havia apenas a parede lisa de pedra escura, havia, agora, o busto de uma górgona. As cobras da sua cabeça se movimentavam vertiginosamente quando ela se virou para perguntar:

— Senha?

— Videri pri

A górgona concordou muito sutilmente e fez o bloco de pedra escorregar para o lado, permitindo que passassem.

— Então era a isso que a Ebony estava se referindo quando disse que da próxima vez que passássemos por aqui, veriamos as serpentes que guardam o salão – sussurrou Emma embasbacada.

Riley arregalou os olhos.

— Puxa, e eu achando que a Ebony podia ter senso de humor.


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