Albus Potter e o Pergaminho do Amanhã escrita por lexie lancaster


Capítulo 3
Ceias, Cerimonias & Corredores Cavernosos




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  – CAPÍTULO III –

Ceias, cerimonias & corredores cavernosos

Quando as portas se abriram sem nenhum esforço aparente, revelaram um saguão majestoso de pedra antiga e frisos de mármore. O teto era alto e geométrico, e as paredes eram sustentadas por colunas maciças e arcos esculpidos com bustos e ramos de louro. Era iluminado por candelabros sinuosos que se retorciam para fora dos pilares ao alto e por grandes piras de fogo fixadas no chão. De cada um dos lados pairavam armaduras reluzentes e, bem ao centro, uma escadaria cerimonial segmentava-se para mais e mais balcões e corredores.

Um homem de cabelos escuros e desgrenhados estava parado ao pé da escada. Tinha as duas mãos guardadas nos bolsos da calça, a postura descontraída e tufos grisalhos que lhe saiam tanto da cabeleira quanto da barba por fazer. Albus reparou que o homem tinha um olhar carregado e astuto, mas ainda assim, parecia carismático o suficiente.

— Bem-vindos a Hogwarts – disse o bruxo. – E obrigado por trazê-los professor Hagrid – agradeceu antes de dirigir-se aos alunos novamente. – Meu nome é Carwyn Callaghan e eu serei seu professor de Defesa Contra a Arte das Trevas durante o ano letivo e enquanto me for permitido. Também me pedem para deixar avisado que sou o diretor responsável pela Casa da Soserina e o vice-diretor encarregado da escola. Agora, se forem tão gentis, gostaria que todos me acompanhassem para que possamos dar início a Cerimônia de Seleção. Formem duas filas e me sigam.

O Prof. Callaghan sinalizou a direção com sua varinha antes de começar a andar. Albus e Scorpius acabaram no meio de uma das filas que se formou e Rose e Riley ficaram logo no início da outra. Todos acompanharam o professor em silêncio. Passaram por uma alta porta de carvalho que emitia um burburinho difícil de ignorar e logo depois pararam na frente de uma outra porta, consideravelmente menor, ao lado do saguão.

— Muito bem. Estão vendo aquela porta? – Perguntou o Prof. Callaghan indicando a alta porta de carvalho - Atrás dela está o Salão Principal. É nele onde serão servidos os banquetes diários e onde poderão fazer todas as refeições que desejarem durante o dia. É nele, também, onde anualmente é realizada a Cerimônia de Seleção das Casas pela qual vocês irão passar dentro de pouco minutos. Por enquanto, peço que aguardem nesta sala daqui.

Ele apontou a varinha para a porta da frente e ela se abriu vagarosamente, revelando um pequeno, mas bem decorado, cômodo. O chão era coberto por diferentes tapeçarias e o ambiente dispunha de sofás, almofadões e cadeiras de veludo, todos dispostos em volta de uma agradável lareira. Logo em cima dela havia um grande espelho emoldurado que, por sua vez, tinha duas enormes pinturas de paisagens penduradas uma de cada lado.

Albus se sentou no sofá mais próximo da entrada e Scorpius se juntou a ele. Como ainda tinha espaço sobrando, uma outra garota também se sentou perto deles. Albus a reconheceu como sendo a menina que Riley tinha ajudado perto do lago mais cedo. Quando o restante da garotada terminou de se acomodar, o Prof. Callaghan parou em frente a lareira para anunciar:

— Para aqueles que ainda não estão familiarizados, Hogwarts possui quatro casas: Lufa-lufa, Corvinal, Sonserina e Grifinória. Cada casa tem seu prestígio e sua história, pois cada uma foi idealizada por um dos fundadores da escola. Agora, serão vocês os próximos a integrar uma delas. Seu comportamento e suas ações durante o ano irão influenciar diretamente nos pontos que sua futura casa pode ganhar, ou perder, dependendo das escolhas que farão aqui dentro. No final do ano letivo, a contagem dos pontos irá servir para definir qual casa será a nova vencedora do Campeonato das Casas. No mais, é isso... volto em um instante para buscá-los e dar início a Seleção e ao banquete de abertura que, na minha mais humilde opinião, é a melhor parte.

Assim que o Prof. Callaghan saiu pela porta, uma série de murmurinhos começou a borbulhar pelos cantos da sala.

— Como... como acontece essa Seleção? – Perguntou a garota sentada ao lado deles. - É algum tipo de teste?

Na claridade do castelo, Albus conseguiu vê-la melhor. Tinha olhos marrons e a ponta das orelhas estava visível através do cabelo fino. Sua mão estava fechada sob o colo, e ela entrelaçava os próprios dedos sem parar. Na mesma hora, Al soube reconhecer que ela estava nervosa.

— Não é nenhum teste – respondeu ele – É o Chapéu Seletor que decide.

— Um chapéu?

— É – afirmou Rose que recém se aproximava deles junto à Riley – Um chapéu que foi encantado pelos próprios fundadores... pelo menos foi isso que mamãe me contou. Para mim, é uma relíquia.

— Não sei não, Rose – disse Scorpius - Pelo que papai falou, parece ser só um chapéu velho que sabe em qual casa te colocar.

— É claro que está velho – falou Rose – Mas ainda assim é o único artefato que os quatro fundadores trabalharam juntos para construir.

— O único que conhecemos pelo menos – completou Riley.

— Você acha que tem outros? – Perguntou Albus.

— Quem sabe? – Disse Riley antes de se virar para a garota sentada no sofá – Me chamo Riley e você?

— Emma — respondeu ela timidamente, quando a atenção subitamente caiu sob si — Emma Wright.

— Oi, Emma. Meu nome é Rose e esse é meu primo Albus.

— Al – acrescentou ele.

— E eu sou Scorpius, prazer.

Veja Lucrécia, os calouros desse ano já chegaram!

 Um cavaleiro de cabelos esvoaçantes apareceu num dos quadros de paisagem montado em seu cavalo. A falação ao redor parou de imediato e os calouros logo se amontoaram em volta dele.

— Alô, novatos! Venho em nome da Confederação dos Quadros, Retratos, Ilustrações & Rabiscos de Hogwarts lhes desejar as boas-vindas!

— Ótimo... mais alunos... – falou uma mulher de vestido esmeralda que apareceu no outro quadro – Escutem, não lhe prestem muita atenção, sim? Vai alimentar-lhe ainda mais o ego. E essa tal confederação nem existe... é coisa de retrato de cavaleiro errante. Falam mais do que acham que sabem...

— Eu consigo te ouvir, minha donzela encantada – cantarolou o cavaleiro sem perder a pose – De qualquer maneira, espero que se juntem à minha casa! Grifinória! – Bradou ele.

Albus engoliu em seco. Sentiu um aperto no estômago tão pronto ouviu aquelas últimas palavras. Mal tivera tempo para tentar se recuperar, no entanto, e o Prof. Callaghan voltou a aparecer na porta. Estava na hora.

— Muito bem – anunciou indicando a saída com a cabeça – Formem fila e me sigam.

Eles passaram pelo saguão mais uma vez e pararam bem em frente a porta alta de carvalho. O Prof. Callaghan fez outro aceno com a varinha e Albus viu a porta escancarar. Ao entrar no salão, sentiu o queixo despencar outra vez, assim como acontecera mais cedo, na porta de entrada do saguão.  Ele e Scorpius se entreolharam, os dois com o mesmo sorriso que ia de orelha a orelha.

O entusiasmo começava a tomar conta do nervosismo e Albus achou o salão ainda mais legal que o saguão, e pensou se também não seria mais comprido. O chão e as paredes eram formados de pedras cor-de-mel e todos ali resplendiam com uma iluminação quente que vinha das velas que flutuavam ao alto. O teto, aliás, parecia não existir. Ao olhar para cima, Albus viu somente o céu púrpura e respingado de estrelas assim como tinha visto lá fora. No entanto, ele sabia que havia um, pois seus pais já haviam lhe contado sobre o teto encantado de Hogwarts.

— Você acha que quando chove molha aqui dentro? – Perguntou Emma que vinha logo atrás dele – Você acha que se o salão alagar eles transformam as mesas em barcos?

— É um encantamento que tem no teto para fazer parecer que é o céu – respondeu Albus simplesmente – É a primeira da sua família que vem para Hogwarts?

A menina fez que sim com a cabeça.

— Sou. Meus pais pareciam que iam desmaiar no dia que o Prof. Callaghan foi lá em casa entregar a carta e explicar isso para eles. Eles não são... bruxos. Na verdade, até agora parece meio estranho falar isso.

— Você se acostuma – tentou aconselhar Albus, mesmo não fazendo a menor ideia do que seria viver com trouxas.

Eles estavam passando bem no meio de quatro gigantescas mesas de madeira que agrupavam os demais alunos de suas respectivas casas. Acima de suas cabeças pendiam umas bandeironas que levavam o brasão de Hogwarts. Os alunos que iam à frente, param somente quando chegaram ao pé de um par de degraus. Davam acesso a uma parte mais elevada do salão, que tinha outra mesa, a qual se sentavam os professores. À sua frente, porém, estava um banquinho que tinha um surrado e remendado chapéu em cima. Emma sobressaltou-se atrás de Albus quando um rasgo se abriu entre os remendos e o chapéu começou a cantarolar.

Cada casa já teve um dia

Grandes pupilos

E herdeiros de suas vontades

Será você o novo escolhido

Para cumprir os requisitos

 

A casa das águias

É sabia e aguçada

Se você busca engenhosidade

Venha fazer parte da casa da criatividade

 

A casa das serpentes

Sempre sagaz e inteligente

Quem sabe é junto aos ambiciosos

Que se encontrarão os próximos grandiosos

                                                                                                 

A casa dos leões

É onde residem

Os de nobres corações

Para fazer amigos não terá problema

Se virtude e justiça forem seu lema

 

Já a casa dos texugos

Tem os mais leais,

Que trabalham duro

Aqueles com modéstia demais

São os que não se devem subestimar jamais

 

Cada casa já teve um dia

Grandes pupilos

E herdeiros de suas vontades

Será você o novo escolhido

Para cumprir os requisitos?

 

Quando o Chapéu terminou de cantar sua canção, o Prof. Callaghan subiu o par de degraus, parou ao lado do banquinho e falou:

— Quando eu chamar seus nomes, peço que se sentem aqui para serem selecionados e depois se juntem à mesa de suas respectivas casas.

Ele rodopiou a varinha no ar e um rolo de pergaminho pardo apareceu em suas mãos.

— Andrews, Ashley – chamou o professor.

Uma garota de cabelo amarelo subiu os degraus a pequenos passos e sentou-se cuidadosamente no banquinho. O professor colocou o Chapéu Seletor sobre a cabeça da menina e...

— GRIFINÓRIA!

A garota se levantou apressada e foi se juntar a mesma dos grifinórios que, agora, aplaudiam e assoviavam com entusiasmo. De onde estava, Albus conseguia ver somente seu irmão, James, que estava sentado junto aos amigos na ponta da mesa. No entanto, Al tinha certeza que outros rostos conhecidos também estavam lá. Fred, Molly e Dominique eram todos da Grifinória. O Prof. Callaghan continuou a fazer a chamada. 

— Blackwell, Blake

— SONSERINA!

— Blatch, Theodora

— LUFA-LUFA!

Na medida em que os nomes eram chamados, Albus voltou a ficar ansioso, sobretudo quando percebeu que os nomes estavam sendo chamados pela ordem alfabética de seus sobrenomes. Ele sentiu a palma da mão começar a soar quando o pensamento de que seria um dos últimos a ser chamado atravessou sua mente. Parecia que a letra “P” não ia chegar nunca. Foi somente depois de outros quinze nomes terem sido chamados, que Al finalmente escutou um nome familiar.

— Granger-Weasley, Rose!

Como Rose estava ao seu lado, Albus pôde vê-la fechar os olhos e respirar fundo antes de começar a fazer seu caminho até a banqueta de três-pernas. Ele conseguiu perceber quase imediatamente que a garota ficou bem mais tranquila quando o velho chapéu surrado finalmente foi colado sob sua cabeça.

 - GRIFINÓRIA! – Anunciou o Chapéu pouco tempo depois.

E a mesa da Grifinória implodiu em urros mais uma vez. Albus também aplaudiu e virou-se bem a tempo de ver James subindo no banco e assoviar com os dedos entre os dentes. Rose levantou-se da banqueta com um pulinho e sorriu para Albus antes de ir se sentar com o restante dos alunos da grifinória. Al continuou lá, observando de longe, enquanto sentia o nó em seu estômago apartar cada vez mais. Depois de um bocado de outros nomes (Grenfell, Hawkins, Kenney...), o próximo nome que Albus reconheceu foi:

— Malfoy, Scorpius!

Albus achou que o Chápeu Seletor demorou um pouco mais com Scorpius do que com Rose, mas nada alarmante, já que ele logo anunciou:

— SONSERINA!

Scorpius pareceu aliviado quando o Prof. Callaghan tirou o Chapéu de sua cabeça e Albus voltou a espiar por cima dos ombros para ver a algazarra na mesa da Sonserina. Quando Scorpius se aproximou foi recebido com uma série de apertos de mãos e tapinhas nas costas.

— Nott, Benvólio! – Falou o professor.

E Albus viu o garoto das balas arde-cuspe indo se sentar no banquinho. Apenas alguns segundos depois, Ben voltou a ficar de pé, desta vez com um grande sorriso estampado em seu rosto. Outro para Sonserina.

— Potter, Albus!

O costumeiro burburinho que preenchia o Salão Principal pareceu cessar de repente. Albus foi pego de surpresa quando, depois de apenas outros cinco alunos terem sido chamados depois de Ben, ele finalmente escutou o seu.

— É a sua vez – cochichou Riley – Boa sorte...

— Valeu – murmurou Al.

Ele se apressou para sentar no banquinho. O coração pareceu ter errado seu lugar e ido parar na garganta. De onde estava, ainda conseguiu escutar umas vozes em algum lugar do salão que diziam:

— Outro Potter este ano, hein?

— Dez galeões que será outro para Grifinória.

 O chapéu surrado caiu-lhe sobre os olhos, grande demais para sua cabeça, e a última coisa que viu foi o montinho de estudantes que se espichava nos bancos.

Seus sentidos nada mais captaram, além de uma voz iminente ressoando em sua mente.

— Ah... interessante... uma mente agitada, pelo que vejo. Hum... também há uma certa variedade de pensamentos meticulosos. Uma boa criação, sim... sim. Sem dúvida há desejos grandiosos que querem ser realizados. Mas o que seria de um bruxo sem a vontade de torná-los realidade? Agora, vejamos... qual casa irá ganhar...

A Sonserina terá ganhado um excelente estudante”. A voz de seu pai subitamente cruzou sua mente.

— De fato... vejamos então... será SONSERINA!

Albus desceu do banquinho dando lugar a outro estudante igualmente nervoso. “Sonserina”, sussurrou para si mesmo. Ele olhou de realce para o lugar em que James estava e foi como se estivesse se vendo em um espelho. A boca aberta e as sobrancelhas levantas. Aparentemente o irmão estava tão surpreso quanto ele. Albus tentou se lembrar de como se sentira há apenas alguns segundos: extremamente calmo ao escutar as palavras do pai ecoando por sua mente. A calmaria e a certeza daquelas palavras, porém, pareciam ter se esvaído tão rápido quanto chegaram.

O salão inteiro pareceu ter caído numa espécie de silêncio mórbido, o que o incomodou profundamente. No entanto isso foi somente até ver Scorpius Malfoy se levantando do lugar em que estava para começar a aplaudir. Pouco a pouco, outros estudantes também começaram a fazer o mesmo e, em pouco tempo, parecia que a mesa inteira da Sonserina estava de pé aplaudindo para lhe dar as boas-vindas.

— Um Potter na Sonserina! Aposto que não viu essa vindo! – Falou um garoto mais velho quando Albus se sentou.

— Cala boca, Parker – repreendeu uma garota de tranças que parecia ter a mesma idade do garoto — Bem-vindo a melhor casa de Hogwarts, Albus. Meu nome é Ebony Hamilton, sou a monitora. Prometo que não somos piores do que a nossa reputação. Você vai adorar!

— Obrigado, eu acho... pode me chamar só de Al, se quiser.

— Eu sou Phillip Parker, sou o não-monitor, muito prazer – falou esticando as duas mãos e cumprimentado Scorpius e Albus ao mesmo tempo. — Se tiverem problemas com alguém das outras casas podem contar comigo! Tenho umas boas azarações caso precisem – completou com uma piscadela.

— Valeu – agradeceu Scorpius animado e logo se virou para Albus – Legal termos caído na mesma casa. Tomara que a Riley se saia bem... ela foi a próxima a subir depois de você e está lá até agora. Não acha que o Chapéu Seletor tenha parado de funcionar, acha?

Albus tinha levado um baque tão grande com a sua própria seleção que não tinha nem reparado em quem foi depois dele. Riley estava lá no banquinho e por lá continuou por mais alguns minutos que logo começaram a parecer horas.

— Sem essa! Não tem como ela ser uma... tem? – Indagou uma menina um pouco mais a frente.

— É óbvio que tem, mas ainda assim seria muito raro. Isso quase nunca acontece! — Respondeu Ebony — A última vez que isso deve ter acontecido foi, sei lá, há uns dez anos?

— Mais! Com certeza! Nem meus pais devem ter visto isso acontecer – comentou Phillip.

Albus não precisou perguntar sobre o que eles estavam falando para saber do que se tratava. Sempre que surgia a oportunidade, James fazia questão de falar que quando chegasse sua vez de passar pela Seleção, Albus seria um.

— É isso. Definitivamente! – Afirmou Ebony verificando o relógio de pulso – Ela está lá em cima faz cinco minutos e dois segundos. É uma empata-chapéu!

Um empata-chapéu, Albus se lembrou, “é quando o Chapéu Seletor fica mais de cinco minutos ponderando em qual casa te colocar”.

— SONSERINA! – Bradou em fim o Chapéu Seletor.

E Albus e Scorpius se juntaram ao coro de palmas da mesa da Sonserina para recebê-la. Os alunos bateram os pés contra o piso e os punhos sob o tampo da mesa. Foi um verdadeiro estardalhaço.

— A empata-chapéu é nossa! – Gritou Phillip subindo no banco - Um Potter e uma empata-chapéu no mesmo ano hein, quem diria!

Riley saiu batendo nas mãos que se esticavam para fora dos bancos e parou do lado de Albus e Scorpius, que abriram espaço para que ela.

— Eu geralmente nem presto muita atenção na Seleção, mas esse ano eu tenho que admitir que vocês novatos se superaram – Declarou a garota mais a frente - Quem dera todo ano fosse assim.

— Parabéns, Riley – falou Albus.

— Valeu! Na verdade, por um minuto achei que iam me receber com uma bomba de bosta ou coisa assim.

Albus a entendeu bem. Toda vez que James falava que ele seria um empata-chapéu fazia parecer que seria algo ruim. Aparentemente, ser da Sonserina também seria. No entanto sempre que esse pensamento ameaçava passar por sua mente, Albus se esforçava para tentar lembrar do que seu pai lhe dissera saindo da King's Cross.

— Quanto tempo será que fiquei lá? – Perguntou Riley.

— Cinco minutos e sete segundos – respondeu Scorpius prontamente – Que foi que aconteceu?

— Chapéu idiota – murmurou Riley - Ficou em dúvida se me colocava na Grifinória ou na Sonserina... ei, olhem lá! Aquela não é a Emma?

— É – disse Albus.

A garota estava passando pela Seleção e parecia tensa enquanto aguardava a decisão. Estava com os ombros encolhidos e as mãos brancas. Ela ficou lá na frente por mais dois minutos até o Chapéu gritar:

— SONSERINA!

Emma saiu a passos largos e foi se juntar a eles na mesa da Casa.

— Oi – falou se sentando ao lado de Riley — Na vez de vocês ele também falou de colocá-los na Lufa-lufa?

— No início – confessou Scorpius parecendo desapontado.

— Eu acho que você daria um bom Lufano, Scorp – disse Riley – Gosto mais da Lufa-lufa do que da Grifinória...

— Boa noite a todos – Falou uma voz altiva vinda da Mesa Principal.

Todas as cabeças se viraram em sua direção. Uma mulher de rosto magro e cabelos brancos acinzentados, estava parada bem ao centro da mesa dos professores. Tinha um sorriso bondoso e um olhar muito perspicaz. Seu nome era Aquila Salazar, e todos ali sabiam quem era.

— Primeiramente, gostaria de agradecer a nossos alunos mais velhos por sempre serem tão receptivos e aproveitar a oportunidade para saudar os nossos alunos mais novos. Sejam todos muito bem-vindos de volta à Hogwarts!

 Os alunos de todas as quatro casas vibraram em vivas.

— Agora, para celebrar a volta de mais um ano, vamos receber a banda da escola tocando o Hino de Hogwarts!

Sob uma enxurrada de palmas, Phillip e Ebony se levantaram e foram para o início do Salão Principal junto a outros estudantes. No lugar em que outrora estivera o banquinho com o Chapéu Seletor, agora haviam harpas e tambores. Um mulher de cabelo cheio, se levantou da mesa dos professores e foi para frente da banda.

Com um movimento sutil, ergueu sua varinha no ar e logo uma agradável harmonia começou a preencher os ouvidos de todos. Os alunos que restavam nas mesas ora balançavam as cabeças, ora batucavam os pés e ora faziam os dois juntos. Uns até se arriscavam a acompanhar o hino e cantarolar a letra junto com o coral da banda. Por fim, quando a música terminou, Phillip, Ebony e os demais estudantes retornaram aos seus lugares e a diretora anunciou:

— E agora, sem mais delongas, vamos dar início ao banquete de abertura!

Uma farta ceia preencheu as bandejas de prata e os mais diversos sucos encheram os cálices cintilantes. Albus se serviu de purê de batatas e pegou um suculento bife com molho-madeira (apesar de não saber que era esse o nome do molho). Depois pegou uma porção de chips e um par de palitinhos de frangos. Já estava bem satisfeito quando, num piscar de olhos, todos aqueles restos de comida foram substituídos por deliciosas sobremesas.

— Caramba, eu não devia ter comido aquela última porção de espaguete – lamentou-se Scorpius.

— Vamos, Scorp... vai mesmo fazer desfeita dessa torta? – Instigou Riley com um sorriso sorrateiro enquanto cortava um pedaço de Sachertorte.

— Ah... e seu passar mal?

— Você se preocupa demais – falou a menina revirando os olhos – Se você passar mal depois eu te ajudo! Talvez eu ria um pouco antes, mas depois prometo que ajudo!

— Acho que vou pegar um pedaço – disse Albus quando Riley lhe passou a espátula.

A torta estava mesmo com uma aparência deliciosa e ele tinha quase certeza que tinha espaço para ela.

— Tá – falou Scorpius se dando por vencido – Mas se eu passar mal amanhã e vocês dois me deixarem pra trás eu vou pedir pro Phillip me passar aquelas azarações...

Scorpius serviu-se uma fatia da Sachertorte, e recém ia mordiscar seu primeiro pedaço, quando subitamente parou com a mão esticada no ar e pareceu esquecê-la lá à meio centímetro da boca. Albus estava prestes a perguntar qual era o problema quando viu as dezenas de fantasmas que estavam atravessando as paredes. Emma soltou um gritinho e Phillip praguejou algo que Albus achou engraçado, mas que nunca repetiria perto da mãe.

— Ah não – reclamou um garoto da mesa – Por que justo na hora da sobremesa?

Um fantasma apático veio deslizando até eles entre os doces. Tinha umas amarras de metal jogadas pelo corpo que Albus achou, no mínimo, curiosas.

— Que é que ele tem com essas correntes? – Cochichou ele.

Mas não baixo o suficiente para o fantasma não ouvir. O corpo opaco e esbranquiçado parou ali mesmo e esticou uma das fileiras entrelaçadas de metal para que todos ali vissem.

— Estas são as amarras da culpa, meu caro. Tenha em mente que não vai querer passar a eternidade carregando uma dessas – Declarou antes de voltar à sua marcha fúnebre.

— Uau – disse Ebony parecendo mesmo surpresa – Ele não é de falar muito, sabe? Muito menos com novatos.

— E esse quem é? – Voltou a perguntar Albus, ainda observando o fantasma deslizar para longe.

— Barão Sangrento – Respondeu Phillip com a boca cheia de muffin.

— É o fantasma das Masmorras – completou Ebony. - Bem, Sangrento não é exatamente o nome verdadeiro dele, mas vocês escutaram sobre as correntes... parece ser algum tipo de penitência pelo crime que cometeu.

— Cri... crime? – Gaguejou Emma.

— Você não achou que o sangue de “Sangrento” se referisse ao próprio sangue dele, né?

— Boa – disse Riley largando a colherzinha de prata — Temos um fantasma assassino... por que não estou surpresa?

— Mas os fantasmas não podem nos atacar... certo? – Indagou Emma começando a empalidecer - Quer dizer... somos alunos.

— Por quê atacariam? – Perguntou Scorpius, abismado.

Emma o encarou com uma expressão incrédula.

— Acho que você não deve ter visto muitos filmes trouxas sobre entidades e fantasmas...

— De qualquer maneira – interrompeu Phillip, terminando seu muffin numa só mordida – Ter o Barão Sangrento como fantasma tem lá suas vantagens... pelo menos o Pirraça não persegue tanto a gente quanto faz com os alunos das outras casas...

Albus já tinha ouvido bastante sobre Pirraça. Não só por causa de James, que durante as férias de verão se juntou à Fred para pensar em formas de dar o troco no Poltergeist por seja lá o que fosse que tivesse aprontado, mas também por causa do seu pai, que de tempos em tempos o alertava a não se meter com o espírito trambiqueiro.

Depois que o banquete de doces também foi devorado, todos os pratos e talheres desapareceram da mesa e, em seu lugar, surgiram somente pergaminhos e penas em tinteiros. Al ficou confuso por um breve instante, mas logo voltou a escutar a voz da diretora vindo lá da frente.

— Espero que todos tenham desfrutado o jantar! Agora, antes de nos retirarmos, não vamos esquecer de deixar nossos agradecimentos aos chefes que proporcionaram todo este banquete extraordinário: os elfos – disse Salazar com entusiasmo.

E puxou uma nova salva de palmas que foi acompanhada pelos alunos e pelos professores.

— Vocês devem ter percebido que algumas penas e pergaminhos foram depositadas sob a mesa... elas estão disponíveis para que deixem suas mensagens de afeto aos cozinheiros – explicou a diretora – Antes de liberá-los de vez, gostaria de fazer ainda mais alguns esclarecimentos.

“Como é de conhecimento comum, nosso ano letivo sempre começa no dia 1° de setembro. No entanto, como já devem ter percebido, este ano o dia 1° caiu em uma sexta-feira e, portanto, para agrado geral, eu acredito... as aulas apenas serão iniciadas oficialmente no dia 4. Os alunos do terceiro ano em diante que tiverem autorização, estão liberados para visitar o vilarejo vizinho de Hogsmeade. O restante pode aproveitar a tarde livre nos terrenos do castelo. Lembrando, como sempre, que a área da Floresta Proibida é...

— Extremamente proibida – responderam os alunos em uníssono.

A diretora concordou com um sutil aceno de cabeça antes de continuar:

— E, portanto, podem visitar os Novos Jardins da Ala Oeste, caprichosamente planejados com a supervisão do Prof. Longbottom – falou indicando o professor com um brando movimento de mãos.

O Prof. Longbottom levantou-se por trás da Mesa Principal e Albus reparou que ele quase derramou um cálice de vinho quando tirou o chapéu pontuado para agradecer os aplausos. Contudo, ele também viu que o Prof. Carwyn Callaghan conseguiu segurar o cálice bem em tempo, e Al pôde se juntar à salva de palmas mais aliviado.

— E por fim, como é de costume, peço aos monitores das casas que, ao terminarem, acompanhem os primeiranistas até seus respectivos salões. Os demais também estão dispensados. Um boa noite a todos!

Albus virou-se novamente para o pergaminho a sua frente, pegou a pena do tinteiro e escreveu: “Obrigado pelo banquete! A torta de chocolate estava realmente deliciosa”. Quando devolveu a pena para o tinteiro, ela sumiu instantaneamente junto ao pergaminho.

— Já terminou aí? – Perguntou Ebony parando atrás dele – Bem, então vamos logo para que conheçam o Salão Comunal mais legal do castelo.

Albus, Riley, Scorpoius e Emma se levantaram juntos e foram ao encontro do restante dos primeiranistas da Sonserina que, agora, se agrupavam na porta do Salão Principal. Os alunos da Corvinal já subiam as escadas quando Albus viu Rose passando junto ao grupo da Grifinória.

— Nos vemos amanhã, certo? – Gritou ele para a garota que assentiu rapidamente antes de subir a escadaria com os demais grifinórios.

Os alunos do primeiro ano da Sonserina foram seguindo Ebony até o final do Saguão na companhia dos alunos da Lufa-lufa. Eles viraram para um corredor estreito, desceram por uma escadaria de pedra iluminada por tochas de parede e deram num andar completamente novo. Os alunos da Lufa-lufa ficaram por ali mesmo, mas os da Sonserina continuaram descendo cada vez mais e mais.

— Tcharan! – Anunciou Ebony quando enfim a escada de pedra terminou.

Albus não conseguiu acreditar em seus olhos. Parecia estar numa versão subterrânea do saguão. Uma versão menos iluminada e feita de arcos de pedra, mas ainda assim impressionante o suficiente. Não sabia dizer se eram as pedras na parede que eram mais escuras, ou a falta de iluminação, ou se era uma combinação desses dois fatores, mas algo naquele conjunto o deixou embasbacado. Por algum motivo, sentiu-se estranhamente acolhido e familiarizado com aquele lugar, mesmo que nunca tivesse chegado nem perto de um lugar como aquele antes.

Ebony os guiou até o final do corretor, o qual parecia ter somente uma parede lisa e sólida de pedra secular.

— Prestem bastante atenção agora – Advertiu ela – A entrada é encantada para ser vista somente por alunos da casa. Por isso, ao passarem, não se esqueçam de fixar a palma da mão bem aqui, no centro dela, estão vendo? – Perguntou enquanto indicava o local para que os demais vissem – Da próxima vez que passarem por aqui, também serão capazes de ver as serpentes que guardam a porta do nosso Salão. Ela só irá permitir sua entrada se souberem a contrassenha, então prestem atenção para não esquecer, tá bem? Videre pri— Falou Ebony para o que parecia ser apenas a parede lisa de pedra – Certo. É Videre pri. Gravem bem!

Uma porta se revelou na parede e logo deslizou para o lado, mostrando uma passagem secreta. Os alunos do primeiro ano se enfileiraram e, um a um, foram fixando a palma da mão no portal de entrada recém-revelado. Quando chegou sua vez, Albus fez o que tinha sido instruído. Ao tocar a pedra fria, sentiu um leve puxão na mão e pôde ver, por um mísero instante, um brilho esverdeado surgir sob ela.

Riley, Scorpius e Emma já estavam todos dentro Salão, e Albus correu para se juntar a eles. O Salão Comunal da Sonserina tinha tantos detalhes que ele achou que precisaria de pelo menos uma semana para começar a gravar o lugar por alto. Colunas esculpidas nos frisos se erguiam imponentes contra as paredes, tapeçarias macias e bem bordadas decoravam o chão e lustres circulares pendiam do teto. Os móveis de couro escuro e respaldar alto pareciam todos muito luxuosos e reconfortantes, sobretudo por estarem dispostos ao redor de uma lareira rústica de pedra e madeira que continha o lema “Aut viam inveniam aut faciam”, caprichosamente entalhado em sua beirada.

 No entanto o que mais chamava a atenção da garotada eram as vidraças altas que chegavam praticamente até o teto. Os quatro se aproximaram da janela que estava mais vazia e grudou os narizes contra o tampo de vidro. Do outro lado, a água se movia num ritmo próprio, quase hipnotizador. Ebony parou perto da lareira que acolhia as últimas labaredas de lenha queimada e falou:

— Como vocês podem ver, o nosso Salão Comunal tem vista para o Lago Negro, então não se assustem caso vejam a Lula Gigante, ou qualquer outra criatura por sinal, esticando seus tentáculos logo de manhã. Às vezes, pode ser uma das primeiras coisas que você vai ver quando acordar, e é perfeitamente normal.

Os alunos do primeiro ano chegaram mais perto da monitora, todos muito atentos, escutando cada palavra que ela tivesse a dizer. A garota continuou:

— Eu sei que muitos aqui já devem ter ouvido um ou dois comentários ruins sobre a nossa casa, mas não deixem que isso defina quem vocês são nem o que podem se tornar. Lembrem-se do nosso emblema: a serpente. É um animal muito forte e muito inteligente, mas às vezes também pode ser mal compreendido. O fundador da Sonserina foi Salazar Slytherin – disse ela, olhando para o grande retrato em cima da lareira – Slytherin buscava em seus alunos o potencial da grandeza. Por isso, se vocês foram selecionados para esta casa, é porque são capazes de desenvolve-lo, mas cabe a cada um de nós descobrir o que isso significa. Ah, e falando em grandeza, vale lembrar que vocês foram selecionados para a casa vencedora dos dois últimos campeonatos das Casas – completou, agora indicando a estante repleta de troféus cintilantes — Então... é isso, sem pressão.

Riley cruzou os braços.

— Eu não senti pressão nenhuma e vocês?

— Ah, e mais uma coisa – voltou a falar Ebony — O dormitório dos meninos fica aqui do lado esquerdo e o das meninas lá do outro lado — avisou, apontando para aberturas que mais lembravam a entrada de duas minas, cada uma posicionada à parede oposta da outra — Eu já vou para lá. Meninas que quiserem, me sigam.

— Vamos então, Riley? – Perguntou Emma, visivelmente mais animada depois de ouvir sobre os dormitórios.

— Vamos – respondeu a garota já se afastando — Procure um balde pra colocar do lado da cama, Scorp. Não vai ser legal se botar aquela Sachertorte pra fora logo na primeira noite... E Al, não deixe os outros garotos perturbarem muito o Scorp, tá bem? Boa noite!

— Boa noite – repetiu Emma.

— Até amanhã – falaram os outros dois.

Albus e Scorpius adentraram pela espécie de túnel que havia sida indicada por Ebony.

— Até parece que eu vou precisar de um balde –  murmurou Scorpius com uma expressão de incerteza – né?

— Você que sabe, Scorp – respondeu Al, evitando rir.

Os dois chegaram num quarto que dispunha de janelões de vidro e sofás de veludo embutidos em cavidades da parede. Tinha também cortinas que pendiam do teto e emolduravam as bordas das quatro camas afofadas por lençóis cor de limo. Uma delas, porém, já estava ocupada.

— Al e Scorp, certo? – Cumprimentou Ben – Caramba que seleção! Ainda bem que amanhã não vai ter aula, acho que vou dormir um bocado... ah, as bagagens de vocês também já chegaram. Estão aí no pé da cama.

Ben foi até seu próprio malão, procurando por um pijama. Parecia estar travando um embate com a quantidade surpreendente de vestes que tinha lá dentro... e estava perdendo. Albus e Scorpius também foram até suas coisas. Em cima do malão de Scorpius, havia uma magnífica coruja-das-torres, e no de Al, uma linda coruja cinzenta engaiolada.

— Ei, Winnie... – disse Albus abrindo a gaiola — Esteve presa esse tempo todo, hein? Desculpe não saber onde posso te soltar...

Albus olhou com preocupação para as vidraças que por fora só refletiam a calmaria das águas do lago. Winnie, porém, pareceu não se importar. Soltou um piado agudo e saiu voando na companhia da coruja de Scorpius pela porta que os dois tinham acabado de passar. No mesmo instante, porém, um novo garoto adentrou pelo dormitório.

— Alô! – disse ele, pulando na única cama vazia que restava — Sou Gavin. Olhem só o que eu trouxe!

Gavin tinha cachos cor de palha, bochechas rosadas e olhos pretos redondos e brilhantes. Era também o mais baixinho entre eles e foi esse detalhe que fez Al perceber que era o mesmo garoto que tinha batido na perna de Hagrid e se espatifado no chão da estação.

Ben, Scorpius e Al se aproximaram bem em tempo de ver umas trouxinhas que Gavin espalhara pela cama.

— Estalinhos de Tastalo! Bem pensado não acham? Bem menores que bombas de bosta... Bem mais fáceis de transportar!

— Genial – comentou Albus, sorrindo – É nojento, mas ainda assim genial.

— Essas não eram as bombinhas que estouraram lá no vagão?  - Perguntou Scorpius.

— É! – Falou Ben antes que Gavin pudesse responder – Pisei numa dessas no corredor... foi nessa hora que tive que entrar na cabine de vocês!

Gavin tentou abafar o riso e ficou com as bochechas mais vermelhas ainda.

— Bem, não era a intenção, na verdade foi mais um acidente... Acontece que a garota da minha cabine deixou alguns caírem no chão. Ela era meio estabanada, a Emma...

— Ah, ela entrou para Sonserina também! — informou Scorpius.

— Desde que ela não deixe mais estalinhos caírem por aí – falou Ben, voltando para cama e soando pensativo – Lembrando agora, até que foi engraçado, mas será melhor se os colocarmos...

— Na cadeira de um professor ? – Interrompeu Gavin com um sorriso entusiasmado.

— Eu ia dizer em bom uso... então é, acho que isso serve... dependendo do professor — respondeu Ben, e os outros três riram.

Albus e Scorp se viraram para vestir seus pijamas, mas Gavin continuou sentado na cama enquanto guardava cuidadosamente suas trouxinhas de estalos e falava:

— É por essa e outras razões que a Sonserina tem uma reputação ruim...

— Ou por ter tido muitos comensais como alunos... – completou Ben.

— Ou por ter um fundador que deixou um basilísco de presente para escola... – refletiu Scorpius.

— Ou por ter formado o último pior bruxo das Trevas... – disse Al.

Todos os quatro pararam por um instante e se encararam em silêncio. Ben estava esparramado sob uma colcha esmeralda; Gavin agarrado nos estalinhos de Tastalo; Scorpius sentado sob o malão e Albus parcialmente metido na cama.

Nenhum soube dizer de imediato se era a cena que parecia ridícula demais para a visão ou se eram os comentários que haviam acabado de dizer que soavam bizarros o suficiente quando ditos em voz alta. O fato era que naquele momento, os quatro desataram a rir, e Albus achou que talvez o motivo por trás daquela súbita epifania não importasse realmente.

Com a barriga doendo – pelas risadas e pelo banquete – Albus se estirou na cama e percebeu que estava mais cansado do que imaginara. A viagem havia sido longa e o banquete o tinha deixado realmente satisfeito (e pesado). Ele se aconchegou entre as cobertas e adormeceu antes mesmo que pudesse perceber.


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Notas finais do capítulo

Oi!

Se você chegou até aqui, parabéns! Esse capítulo foi extenso e você é um leitor e tanto!



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