Loving the enemy escrita por Trice


Capítulo 5
QUATRO – Não é nada além de agonia do desejo.


Notas iniciais do capítulo

Oie! Eu sei que demorei mais que o esperado, mas o importante é que voltei hahahaha

Obrigada por estarem acompanhando e comentando! Tenho que fazer um agradecimento especial à Sunny (♥) por ter favoritado e à Foster por ter aceitado betar (OBRIGADA PELA PACIÊNCIA, VC É MARAVILHOSA ♥).

Boa leitura! Até as notas finais!



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"Você chama de esperança – aquele fogo do fogo!

Não é nada além de agonia do desejo."

Edgar Allan Poe. 

S C O R P I U S

PALÁCIO DE HOGWARTS – 28º DIA

— O que exatamente nós estamos fazendo? – indagou enquanto Fred empurrava-o para que andasse mais rápido.

Albus olhou para trás, encarando Scorpius.

— Só fique quieto – sussurrou o Potter. – Qual a parte de “só siga as instruções e não se atrase” você não entendeu?

— Aparentemente nenhuma, já ele errou as instruções e estamos atrasados – disse Fred, parecendo tenso e Scorpius revirou os olhos diante do drama dos dois.

Depois do café da manhã, o Malfoy recebeu uma mensagem de Albus, a qual dizia apenas “Corredor 6, Ala Leste, às 00:30. Só siga as instruções e não se atrase”. E abaixo a foto de um mapa, intitulado como Mapa do Maroto, indicando por quais corredores passar e quais horários a fim de não ser encontrado por guardas. Scorpius ficou impressionado com a organização. Pensou que o mapa seria muito útil para o plano insano do seu avô de dominação do Reino e, à vista disso, tratou de decorar como chegar ao Corredor 6, Ala Leste e excluiu de imediato o Mapa do seu celular.

A princípio, imaginou a mensagem que pudesse ser um erro. Poderia ter sido enviada por engano. Porém, logo depois, recebeu uma nova mensagem, dizendo:

 “É sério, Scorpius. Não se atrase ou o James vai te matar, matar o Fred e depois me matar. Eu vou ser assassinado por último porque, apesar de ele ter uma pedra no lugar do coração, eu ainda sou o irmão mais novo dele. Concluindo, ele vai me matar, só que por último, para honrar nosso vínculo de sangue. O fato é que ele vai matar todos nós se você se atrasar. NÃO SE ATRASE”.

Afinal, não era um engano.

Scorpius decidiu não fazer mais perguntas e confiar no Potter. Até acabou mentindo para Lyra quando a morena enviou uma mensagem perguntando se já estava indo dormir.  Inventou uma desculpa esfarrapada sobre estar cansado e colocou o celular no modo avião apenas por precaução. 

Naquele momento, caminhava por um corredor mais estreito do que o normal do castelo seguindo o Potter enquanto tentava imaginar se estava prestes a arranjar problemas. Era óbvio que consistia em algo que eles eram expressamente proibidos de fazerem ou Albus não estaria com a mandíbula tensa, assim como Fred não estaria tão preocupado em assegurar que ninguém estava seguindo-os.

Eles desceram até as garagens e, depois, começaram a entrar nos andares subterrâneos do Palácio.

— Vocês estão planejando me matar? ­­– indagou Scorpius.

Albus riu.

— Dentro do Palácio? Provável demais.

— É, nunca iria aparentar que foi um simples acidente – disse Fred. – Quem sabe durante um jogo clandestino de Quadribol.

Os três viraram mais alguns corredores e Scorpius, mesmo que desejasse, não conseguiria decorar o caminho. O que era bom, considerando que saber o mínimo possível evitaria ter que mentir quando Lyra resolvesse realizar um interrogatório sobre os avanços do Malfoy com a Família Real.

Quando chegaram em frente a uma porta preta, Albus bateu na madeira utilizando, obviamente, um código. Outro detalhe que o loiro fez questão de apagar da sua mente.

Um James Sirius aparentando prestes a cometer um assassinato abriu a porta.

— Vocês estão atrasados – apontou ele e abriu espaço para que os três entrassem. – Entrem logo.

— A culpa foi do Malfoy – informou Fred assim que entrou no local.

— Cadê sua lealdade, seu babaca? – ralhou Albus e virou-se para o irmão. – Eu assumo metade da culpa pelo Scorpius.

O Malfoy sentiu aquele característico gosto amargo na boca que sempre experimentava quando percebia que não merecia alguém ou algo. Em todos os vinte e um anos de Scorpius, ninguém havia assumido a culpa por ele. Nem que fosse metade da culpa. Na realidade, ele tinha certeza que ninguém com quem ele convivia considerava ser leal pelo simples fato de ter construído uma amizade. Lealdade para sua família tinha a ver somente com poder.

— Não existe lealdade quando se trata de poker, Al – pontuou Hugo sorrindo e aproximando-se deles.

E foi naquele instante que Scorpius realmente reparou no ambiente.

Era uma sala muito parecida com um porão. Sofás nos cantos e uma mesa redonda no meio. O cômodo era, de uma forma bem nítida, decorado pelos membros da Família Real e agregados e, por alguns segundos, o Malfoy pensou que talvez Rose pudesse estar ali. Mas não estava. Somente Albus, Fred, James, Hugo e mais um homem loiro demasiadamente bonito para os níveis aceitáveis. Eles logo foram apresentados. Tratava-se de Louis Weasley, outro primo de Rose.

Segundo Albus, era noite de poker, jogo proibido no Palácio. Scorpius não demorou para perceber que praticamente todos os jogos existentes eram proibidos para eles. Quando o Malfoy perguntou sobre as mulheres da família, Hugo logo respondeu que elas foram banidas por três meses depois de uma briga entre Lucy e Molly, a qual acabou por chamar atenção o suficiente para serem descobertos e, por isso, tiveram que trocar de lugar.

— Quando envolve competição, nós costumamos passar um pouco dos limites – avisou Fred antes deles começarem a rodada.

Apesar de todo o caos que aquela noite foi e de ter sido, especificamente, ameaçado por Albus (além dele ter retirado sua lealdade depois de Scorpius ganhar a terceira rodada seguida), o Malfoy percebeu que o momento tinha sido um dos melhores que tivera em anos. 

❖ 

R O S E

PALÁCIO DE HOGWARTS – JANTAR COMEMORATIVO DO ANIVERSÁRIO DE HUGO WEASLEY – 50º DIA

Era o aniversário de dezenove anos de Hugo.

E todos os aniversários da família real eram comemorados em jantares ridiculamente tediosos. Não havia um membro da família Granger-Weasley que pudesse gostar. Rose detestava. Hugo até tentou fugir de comparecer ao próprio aniversário. Rony tentou convencer Hermione que estava com um forte resfriado e seria perigoso comparecer ao evento e acabar infectando os presentes. Mas a Rainha foi firme em declarar que todos eles compareceriam porque não era justo que somente ela tivesse que aguentar uma comemoração de aniversário da monarquia.

Só que o pior ainda estava por vir.

Durante sua preparação para o jantar, especificamente enquanto Dominique ajudava-a a prender algumas mechas do seu cabelo ruivo, Claire apareceu, avisando que todos os seus pretendentes estariam presentes e que Rose deveria aproveitar para conhecê-los, mesmo que indiretamente. Mesmo que a morena tivesse feito parecer uma sugestão, a Weasley sabia que estava mais para uma ordem, o que só piorou o seu já péssimo humor para encarar o jantar comemorativo.

Revirou os olhos com força, mas não disse nada. Sabia que estaria enfrentando a pessoa errada. Claire não tinha culpa de toda aquela situação. No fundo, os únicos culpados eram os parlamentares obtusos e machistas (além de outros adjetivos que Rose usava para xingá-los em sua mente toda vez que os via) que insistiam em manter uma lei ultrapassada.

Antes de entrar no salão, Hugo parou do seu lado e sorriu.

— Você está linda – elogiou ele. – O que é injusto. Afinal, hoje é meu dia sabe? Você ofusca todo meu brilho. Será que se eu trancar você no seu quarto pelo resto da noite alguém vai perceber?

Rose riu e empurrou-o de leve com o ombro.

— É uma boa ideia – assinalou Rony, que estava do outro lado de Rose.

— Não vai funcionar, infelizmente – afirmou Hermione ao lado do marido. Ela virou-se para Rose, dizendo: – Lembre-se: pense antes de falar. Conte até três antes de responder. Pese as consequências das suas atitudes e palavras antes de efetivamente fazê-las ou dizê-las. Tudo bem?

— Se eu fingir um desmaio será que funciona? – indagou Rose para Hugo.

— Eu posso fingir um desmaio também? – perguntou Rony para Hermione.

— Eu também quero fingir um desmaio – reclamou Hugo.

A Rainha segurou um sorriso antes de dizer: – Ninguém vai fingir um desmaio.

E, em seguida, os quatro entraram no salão de jantar. Como costumeiro, todos já estavam presentes. Rose sentiu o coração acelerar levemente quando seus olhos passaram pelo salão. Era a ansiedade começando a tomar lugar diante das expectativas daquela noite. Seu olhar parou por um instante em cima de Scorpius Malfoy. Ele não a viu. Parecia absorto em uma conversa animada com James e Louis. Rose não conseguia deixar de achar estranho como ele parecia à vontade com a sua família.

Desde quando Scorpius se tornara próximo dos seus primos? Só podia imaginar que o Malfoy deveria estar, de fato, aproveitando a estadia no Palácio.

Ela desviou os olhos dele. Não era nada inteligente ficar encarando Scorpius Malfoy e, de qualquer forma, não demorou para que fosse apresentada a Lian Chang.

Rose ficou surpresa e de uma maneira boa, o que, com sinceridade, era mais surpreendente ainda. Chang era alguém fácil de conversar. Ele sorria com facilidade e não parava de falar, deixando a ruiva um pouco tonta para acompanhar todos os seus pensamentos e opiniões.

— Já leu Fahrenheit 451, Alteza? – ele indagou trocando de assunto de repente.

— Rose, por favor – corrigiu a princesa. – Não, nunca li. Você indicaria?

— Com certeza! É um romance de ficção científica soft, publicado em 1953 e escrito por Ray Bradbury. Dizem que o nome original do livro seria “O bombeiro”. Tedioso demais, não? Não chamaria a atenção dos leitores. Eles precisavam de algo que aguçasse a curiosidade. Então, Bradbury teve a ideia de ligar para os bombeiros locais e perguntar em qual temperatura em Fahrenheit o papel queima. Sabe o que o bombeiro fez? – Rose quase não teve tempo de negar com a cabeça. – Pediu que Bradbury esperasse e queimou um livro. Sendo franco, não concordo com a parte de queimar um livro. O fato é que ele queimou um livro e gosto de imaginar que foi um livro hediondo, como os que fazem apologia ao nazismo, e disse a temperatura! E adivinha só qual era!

Ele fez uma pausa para que Rose pudesse responder.

— Fahrenheit 451?

— Fahrenheit 451! Talvez não seja verdade e só inventaram essa curiosidade a fim de chamar mais atenção ainda para o livro. E deu certo, caso tenha sido esse o intuito de divulgar a informação de que...

E Chang continuou falando. Rose tentou o máximo que pôde prestar atenção em todas as palavras dele, o que era uma árdua tarefa; entretanto, ele era tão meigo que a ruiva ficou com pena de apenas cortá-lo no meio de alguma explicação sobre como o céu estava azul no dia que ele escreveu seu primeiro livro (ou algo do tipo).

No geral, a ruiva gostou dele. Só que ele parecia sentimental demais para uma Rose que não media suas atitudes ou palavras. Era meio óbvio que, em algum momento, a Weasley acabaria ferindo seus sentimentos. Um relacionamento amoroso entre eles seria, bem provavelmente, estressante para os dois. Rose teria que viver pisando em ovos, sem contar que ela não era do tipo romântica convencional e Chang era o exato tipo que parecia adorar a ideia de flores, chocolates e declarações públicas de amor eterno.

Mesmo diante de todos os pontos de divergência entre os dois, Rose ainda o preferiria mil vezes a Connor McLaggen. Ela conseguia enxergava a possibilidade de surgir uma amizade com Lian Chang, diferentemente do McLaggen.

Se Rose pudesse definir Connor em uma palavra, seria: peixe. E, sendo quatro palavras: bafo de peixe morto. Ela não conseguia respirar toda vez que ele abria os lábios para falar. Podia até tentar suportar o cheiro característico de alguém que, claramente, comia muito peixe e não escovava a própria língua; só que era ainda mais impossível ignorar que McLaggen era um grandessíssimo mentecapto.

Durante o tempo que ele falava de quão bom era sua atuação no Quadribol (mentira deslavada, Rose conseguiria fazê-lo chorar em cinco minutos no campo. Fonte: fatos reais originados de jogos de Quadribol clandestinos no Reino), de como seu pai estava certo em desejar manter os antigos costumes vivos, a ruiva só conseguia imaginar seu pulso fechado na mandíbula dele.

Depois de vinte minutos na presença do McLaggen, Rose sentia que precisava, urgentemente, de um momento para somente respirar. Ela se esforçava ao máximo, tentando aparentar uma perfeição que, de um modo óbvio para a ruiva, não era nem de longe real. Sentia o maxilar levemente travado devido aos sorrisos forçados, os quais teve que reproduzir por diversas circunstâncias.

Fingir ser algo que você não é consome sua energia de um jeito único. De todas as situações do seu mundo como herdeira, uma das piores era aquela. Ter que atuar. Ter que vestir uma personalidade que não era sua. Cansativo era pouco para descrever como se sentia. Rose ainda precisava constantemente se policiar, afinal, sua impulsividade não ajudava muito no mantimento daquela pose toda.

Pensar antes de falar. Contar até três antes de responder alguém. Pesar as consequências das suas atitudes e palavras (ainda mais se você está bem predisposta a socar o rosto desse alguém, como era o caso de Connor McLaggen). Tinha recitado as supracitadas instruções que sua mãe passou em praticamente todos os momentos desde que entrara no salão. Hermione deveria estar orgulhosa, afinal, Rose se comportara, só que ela sentia que não duraria por muito mais tempo. Precisava de uma pausa para respirar sem sentir que todas a observavam e para evitar que acabasse deixando McLaggen sem um dente.

Destarte, de um modo discreto, observou o salão, esperando o instante ideal para sumir sem que ninguém reparasse. Não seria difícil. Escapar era uma de suas especialidades. Talvez pudesse colocar em seu currículo de princesa: perita em evadir-se sem deixar vestígios. Poderia ser útil em uma situação de guerra iminente. Bebericou devagar uma taça com suco de uva e olhou, calmamente, para os lados. Era o momento certo. Todos pareciam submersos em suas conversas, alheios à princesa fujona.

Pensou, enquanto saía devagar do salão, que teria que mudar o adjetivo pois, convenhamos, fujona não era nada principesco.

Caminhou alguns passos para trás, analisando a porta do salão, esperando para ver se alguém iria segui-la. Contou trinta segundos. Nenhuma alma sequer. Ótimo. Virou-se e deu de cara com um peitoral masculino. Acabou deixando escapar uma exclamação de sobressalto.

— Malfoy! – exclamou, colocando as mãos no peito devido à surpresa que foi vê-lo à sua frente. – Você me assustou! O que você faz aqui, assombração? – ela revirou os olhos. – Deu para me perseguir agora?

— Estava só voltando para o salão – ele explicou e pendeu a cabeça um pouco para o lado, sorrindo com todos aqueles dentes lindos. Era difícil lembrar de todos os motivos que existiam para ficar longe dele quando Scorpius sorria. – Está fugindo de quem?

— De você – mentiu ela. – Aparentemente, não deu certo.

— Vou fingir que acredito por educação.

Rose desviou o olhar, irritada por ter sido interceptada por ele.

— Melhor: finja que não me viu aqui – sugeriu e contornou o Malfoy, logo apressando o passo.

Antes que pudesse passar quinze segundos, Scorpius seguiu-a e empurrou-a para que virasse à esquerda no corredor.

— O que você pensa que-

— Um guarda acabou de sair do salão – sussurrou Scorpius.

Aparentemente, sua ausência no jantar comemorativo de Hugo já fora percebida. Ouviu passos e olhou para os lados, procurando qualquer lugar que pudesse esconder-se até que os guardas saíssem do local. A única opção relativamente perto era um armário de casacos. Os passos aparentaram mais firmeza e Rose soube que precisava se apressar. Assim, aproximou-se e abriu a porta do armário, puxando Scorpius pela manga do paletó. Ela o empurrou para dentro e fechou a porta atrás de si. Apertou o interruptor e uma tímida luz surgiu no ambiente.

— Qual dos seus pretendentes está sendo insuportável o bastante para você se esconder dele em um – o Malfoy olhou ao seu redor. – ...armário de casacos?  

— Nenhum. Todos meus pretendentes são ótimos – mentiu mais uma vez.  

— É?

— Não entendi o tom de descrença. 

— Entendeu sim – ele se aproximou mais um passo e Rose afastou-se o máximo que pôde, o que não era muito, considerando o local em que se encontravam. Assim, a ruiva girou para o lado, encostando-se na porta; contudo, Scorpius também se virou e, ao final, Rose permaneceu em frente ao Malfoy.  

— Qual é o seu problema com meus pretendentes? – levantou a mão e o empurrou no peitoral, afastando-o alguns centímetros.

Ele deu de ombros.

— Nenhum deles parece bom o suficiente.

Rose riu baixo.

— Certo. Então, quem seria bom o suficiente para mim? Você?

Encarou-o, ele ostentava aquela conhecida expressão altiva. 

— Sim – respondeu, como se a resposta fosse óbvia. 

— Sério? Você apenas vai dizer sim? Não vai nem tentar me convencer?

— Você quer ser convencida, Rose?

— Por você? – forçou outra risada, que saiu mais atrapalhada do que a princesa estava esperando, mas logo emendou: – Não, obrigada. Deus me livre.

— Você está se contradizendo. Primeiro reclama que eu não tentei convencer você. Depois, diz que não quer ser convencida.

Sentiu que precisava sair dali. Deveria voltar logo para o salão e enfrentar o tormento que era Connor McLaggen. Se fosse parar para pensar, poderia considerar tanto o Malfoy como McLaggen um tormento, mas de modos completamente diversos. Connor provocava em Rose náuseas enquanto Scorpius algo que ela não gostava nem ao menos de pensar sobre. 

— Eu não quero nada que tenha a ver com você. Principalmente algo... – encarou aquelas esferas azuis dele, lembrando do beijo que haviam trocado. – amoroso. 

— Tem certeza?

Boa pergunta. Pensando rápido, Rose responderia um firme e sonoro não. O problema era que não era verdade. Estava mais como uma forma que encontrara de proteger-se de si mesma contra seus pensamentos sobre Scorpius Malfoy. Decidiu que ele era um não e ponto final, isso deveria ser suficiente. Não deveria existir um “mas”; contudo, existia. Mesmo que estivesse elencando em sua mente, naquele exato momento, todos os motivos para não querer Scorpius, ainda havia uma conjunção adversativa.

— Claro – respondeu e Scorpius estreitou os olhos de leve.

— Certo. Então, nós vamos apenas ficar um tempo juntos em um armário de casacos?

— Sim.

— Nós não vamos-

— Não – cortou ela.

— Você nem me deixou terminar a pergunta, Rose – reclamou Scorpius.

— Não importa. Seja qual for a pergunta, a resposta é não – afirmou a ruiva, sentindo-se determinada em mantê-lo longe.

— Quer dizer que não há qualquer possibilidade de você não estar pensando em me agarrar? Afinal, foi você que me puxou para um armário de casacos.

— Até parece – ela bufou e buscou mudar de assunto, indagando: – Dá para você ficar quieto por uns cinco minutos? Preciso de um tempo para descansar e você não está ajudando, Malfoy.

Scorpius analisou o seu rosto por alguns segundos e Rose sentiu, automaticamente, suas bochechas desleais corarem sob o olhar dele.

— Entendo – ele disse, por fim. – Como quiser, Alteza.

A ruiva assentiu e desviou novamente os olhos verdes dos azuis dele, começando a encarar um dos casacos pendurados ao lado do Malfoy.

Na verdade, era um sobretudo. Rosa. Melhor: rosa pink. O mesmo tom do seu pijama de donuts. Acabou lembrando que deveria ter comido donuts no café da tarde. Fez uma anotação mental para que comesse no café da manhã do dia seguinte. No meio de todo aquele esforço mental a fim de esquecer que estava em um armário de casacos com o Malfoy, respirou um pouco mais fundo e, para seu desespero, sentiu o perfume amadeirado dele. E lá se foi toda a sua determinação para não o notar.

Onde estava com a cabeça ao se enfiar em um lugar minúsculo com ele? Deveria ter entrado sozinha para se esconder e somente ter empurrado Scorpius para longe. Mas não. Claro que teve que puxá-lo junto. Deveria ser seu subconsciente, o qual sabia que, em algum lugar obscuro de sua mente, Rose não conseguia parar de pensar naquele beijo toda vez que deixava seus pensamentos soltos. Caso não se policiasse, a lembrança tomava sua mente.

Rose voltou o olhar para o Malfoy e, em que pese Scorpius não estar encostando nela, somente os olhos azuis em cima de si provocava-lhe uma sensação de ansiedade na boca do estômago.

— Pare de me olhar.

— Não posso falar com você. Não posso olhar para você – ele aproximou-se os poucos centímetros que faltavam para os corpos ficarem quase colados e colocou uma das mãos na porta, ao lado da cabeça de Rose. – Mais alguma coisa?

— Você poderia respirar menos ar. Uns três minutos podem ser suficientes – provocou em um sussurro, evitando olhar para a boca dele.

O problema de tentar evitar algo é que quanto mais você pensa em evitar, mais você definitivamente pensa nesse algo. No caso, mesmo que Rose não estivesse olhando diretamente para os lábios dele, seus pensamentos eram só sobre a boca de Scorpius.

Ele sorriu.

E Rose acabou olhando para os lábios dele. Batalha perdida.

— Eu gosto do seu humor, Rose – Scorpius aproximou-se de novo, de uma forma lenta, a qual fez com que a ruiva prendesse a respiração em expectativa. – Você tem tantas sardas – apontou ele, observando o seu rosto até descerem para a boca de Rose. – Há uma bem aqui – Scorpius levantou a mão e tocou de leve o arco do cupido dela.  

Em seguida, ele encostou os lábios nos seus enquanto a mão segurou o rosto. Rose poderia ter se afastado. Ou deveria. Todavia, não o fez. E não existiam argumentos racionais para o que estava fazendo. O único motivo era, de uma forma simplificada, o seu desejo. Ela o queria. Fato. Além disso, só estavam os dois no minúsculo armário guarda-casacos, o que contou como uma forma de incentivo. Ninguém precisaria ficar sabendo.

Scorpius foi quem se afastou antes que o roçar de lábios pudesse evoluir.

— Ninguém pode saber, Malfoy – avisou Rose e segurou a nuca dele, enfiando os dedos nos cabelos macios.

— E você vai negar até a morte, caso alguém fique sabendo – completou Scorpius. Ele encostou a boca mais uma vez na dela e sussurrou: – Ninguém vai saber.

— E não significa nada – lembrou a ruiva apenas por precaução, a voz falha.

— E não significa nada – repetiu Scorpius e, finalmente, segurou a cintura dela com as mãos firmes.

Assim que Rose fechou os olhos, o roçar dos lábios transformou-se em um beijo impaciente. Os dois sabiam que não possuíam muito tempo e pretendiam aproveitar ao máximo. Não demorou um segundo para as línguas se encontrarem e Scorpius pressionar o corpo ao de Rose, prendendo-a contra a porta.

Percorreu os braços dele e, depois, passeou pelos ombros, sentindo a rigidez. Ficou curiosa em saber como seria a textura da pele de Scorpius. Ele firmou as mãos na sua cintura, bem em cima do osso da pelve e a empurrou mais contra a porta. Sentiu que as mãos dele estavam quentes sobre o tecido leve do seu vestido. Rose dispôs da proximidade para esfregar o corpo no dele, o que provocou em Scorpius um gemido baixo. 

Quanto mais Scorpius a beijava, menos ela conseguia afastar os pensamentos gritantes de imagens dele sem camisa. Desejando conhecer a textura da pele dele, Rose deslizou as mãos por baixo da camisa social e descobriu que o Malfoy possuía uma definição em “V” nos músculos laterais do tronco. Foi a sua vez de suspirar contra a boca de Scorpius. Deixou com que os dedos corressem o abdômen firme, aproveitando a sensação da pele dele.

Sentiu uma das mãos dele na sua nuca, entrelaçando os dedos nos fios ruivos a fim de puxar a sua cabeça para o lado e abrir caminho para que os lábios de Scorpius pudessem percorrer a sua mandíbula, descendo devagar pelo pescoço. A respiração quente dele na sua pele provocava em Rose uma sensação de urgência. Ela apertou a cintura dele e deixou escapar um gemido.

Então, destruindo o momento, a porta foi aberta.


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Notas finais do capítulo

Oie, gente! Espero que vocês tenham gostado e tirem uns minutos para comentar. Eu vou adorar ler e responder cada comentário ♥

Sobre o capítulo: eu ADORO a competitividade da Família Real pq, sendo sincera, sou muito competitiva hahahaha gostaram da amizade se formando entre os homens Weasley-Potter e o Scorpius?
McLaggen sempre desagradável e ainda com bafo? SOS HAHAHAHA
E quem será que pegou a Rose e o Scorpius no flagra?

Obrigada por estarem lendo ♥♥