Like It Is escrita por nyssua


Capítulo 5
Peixe Subindo em Árvore


Notas iniciais do capítulo

vim rapidinho dessa vez, pq fiquei animada em revisar o capítulo

amo essa fanfic cada dia mais, é isto... @Solune que lute

boa leitura gente!



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— Levanta logo daí, garoto. Você precisa ir ao mercado. — Naruto se remexeu na cama, e cobriu a cabeça com um travesseiro. Geralmente ele dava trabalho para levantar, e bem, aos sábados essa tarefa parecia quase uma missão impossível para Iruka. — Anda, Naruto. Vai oferecer o que para suas visitas? Miojo?

— Eu gosto de miojo! — ele resmungou contra o tecido da fronha e sentiu um solavanco na cama. Sem demorar muito, uma superfície gelada se apertava contra uma de suas mãos e ele soube que o padrinho estava jogando sujo ao deixar Kurama invadir seu quarto. Sem ter armas para lutar, abaixou o travesseiro e rapidamente o golden enfiou o focinho na altura de seu nariz, buscando atenção do tutor. — Oi, carinha. Como passou a noite? Eu passei bem também, obrigado.

— Naruto, já levantou? — ouviu a voz do padrinho do lado de fora e riu, abraçando-se ao cachorro.

— Já!

— Então nem pense em reiniciar a história sobre suas novas amigas “Barbie, a psicóloga” e “Polly Pocket de cabelo rosa”. Kurama e eu já estamos cansados desse monólogo, e bem… coitadas dessas meninas! — Naruto gargalhou e afagou o pelo dourado da cabeça que descansava em seu colo.

— Kurama, elas são muito legais, não são? — O cachorro não responderia, mas Naruto não se importou em nada. Era uma das vantagens de conversar com o golden: o loiro estava quase sempre certo. Existiam as exceções onde o animal latia e resmungava para discordar do tutor  — e geralmente tinha a ver com alguma coisa que ele tinha aprontado e Naruto não tinha gostado.

Havia toda uma rotina durante as manhãs de sábado: consistia em vestir qualquer coisa, não pentear o cabelo, e colocar água e comida para o cachorro. Como iria ao mercado, optou por não vestir exatamente qualquer coisa, e enfiou um boné laranja na cabeça, escondendo o ninho de cabelos loiros desarrumados.

Naruto se sentia feliz de uma forma incomum; era leve. A amizade com Ino e Sakura parecia ser a coisa mais certa que havia lhe acontecido em anos. O primeiro encontro do trio havia sido há um mês, e eles conversaram sobre seus fantasmas e deram tantas risadas que pareciam até amigos de infância. Em quatro semanas que o grupo no whatsapp mal tinha parado sem notificações. Acabaram combinando que se encontrariam pelo menos uma vez no mês, mas isso não impedia rolês comuns como ir à farmácia, mercado e Naruto até mesmo convenceu as duas sedentárias de irem com ele e Kurama correr todos os dias. 

Iruka instantaneamente apoiou a amizade com as meninas, apoiou a ida delas ao apartamento e logo arrumou um compromisso com o pessoal do trabalho para deixá-los à vontade. Naruto era naturalmente amigável, mas nem sempre atraía boas pessoas — com excessão do amigo mudo, filho do dono da academia onde o garoto trabalhou por um tempo. E quando o loiro contou sobre a interação com as vizinhas, o mais velho encontrou mais duas e incomuns faíscas de esperança. Sim, Naruto era bom em arrumar amizades incomuns também.

[...]

Sakura foi a primeira a chegar, e ainda na porta foi recebida com um abraço de urso — ou seria de cão? — de Kurama. Iruka sorriu com o costume que o cachorro já tinha criado com a garota colorida do quinto andar. Não que isso fosse difícil, tanto para o cachorro, quanto para ela: eram dois seres comunicativos. Afagou a cabeça do animal e disse que Sakura podia ficar à vontade, que Naruto estava no banho e que ele já se encontrava de saída.

E ela ficou mesmo. Quando o loiro chegou à sala, a garota rolava no chão brincando com o golden enérgico. Ela inclusive adorou a decoração bem trabalhada em verde e madeira, e pediu umas “mudinhas” das suculentas que pendiam em pequenos vasos, seguros por cordas do teto. Ino apareceu em seguida, e se sentiu instantaneamente confortável no ambiente.

Foram juntos para a cozinha fritar batatinhas e bacon, e até perdiam o fim da meada nas conversas que variavam de forma rápida e natural, quase nunca finalizadas de verdade. Cada vez mais, a intimidade crescia e formalidades eram praticamente nulas. Naruto acreditava que a única coisa que separava as novas amigas de sua realidade total, era seu amigo Sasuke. Mas a interação entre eles não demoraria muito também, já que Sakura soltou a informação de que fez um curso de libras porque “comunicação é para todos”.

Rapidinho, as horas já tinham corrido, e estavam os três jogados na sala do apartamento bem menos colorido que o anterior. A garota das cores não deixou de mostrar sua total surpresa pela decoração bem feita, visto que não podia esperar muito de um apartamento onde viviam dois homens e um cachorro. Ino riu, dizendo que Sakura era exagerada, porém no fundo concordava piamente.

Kurama dormia tranquilamente, com a cabeça repousada no colo de Naruto quando Ino começou a falar de uma situação engraçada do trabalho e Sakura contou sobre uma nova campanha de inclusão que estava trabalhando. Mas no momento em que os pares de olhos azuis e verdes grudaram no rosto do loiro em busca de uma novidade, ele disse a coisa mais aleatória que seu cérebro conseguiu produzir — mas isso, ele fazia com frequência, até.

— Estou apaixonado.

As duas o encararam incrédulas, e Sakura desatou a rir.

— E quem é a garota?

— Não consegui ler muito bem o crachá, mas parecia Renata. — Ele franziu a testa, olhando para o teto, demonstrando a tentativa de se lembrar da cena em questão.

— Você está apaixonado, e leu o nome da garota por um crachá? — Sakura a essa altura ria tanto, que Ino precisou assumir o questionamento mais uma vez.

— Bem, ela trabalha no mercado, né? Vocês precisam ver, é tão linda, parece uma princesa. — Ele continuou, falando com um olhar sonhador e sorrindo bobo, enquanto acariciava a cabeça do cachorro. O suspiro longo e apaixonado que Naruto exalou foi o estopim para que Ino começasse a gargalhar também, e Sakura mal conseguia respirar.

— Espera, espera… — a Haruno elevou as mãos, recuperando um pouco do fôlego. — Ela ao menos falou com você?

— Sim! A voz doce e suave como a de um anjo… — ele continuou divagando, não se desfazendo da expressão apaixonada em momento algum.

— E o que ela disse? — Sakura questionou risonha.

— “Crédito ou débito”? — Ele respondeu sorrindo e uma nova onda de gargalhadas das amigas começou, dessa vez ainda mais exagerada.

— Por Deus, Naruto! — Ino exclamou, e o loiro soltou uma risadinha sem graça.

— Eu respondi que era crédito, né? Mas quase perguntando o número dela.

— E deixa eu adivinhar… — Sakura falou, mais corada que o próprio cabelo devido a crise de risos — Ela respondeu: “insira a senha”?

— Sim! Como sabe? — Naruto perguntou, até um pouco surpreso, mas notou finalmente no riso das amigas, que estavam apenas tirando onda com a cara dele. — Eu sou uma piada ‘pra vocês?

E mesmo que a pergunta tenha sido um meme, o sorriso dele era infinitamente menor, amargurado e as meninas perceberam que talvez, aquele pequeno diálogo e risadas tivessem magoado o amigo loiro.

— Ei, desculpe nosso pequeno ataque, só foi engraçado mesmo... — Sakura questionou, carregando os fios rosados para atrás das orelhas. — Mas você devia voltar lá amanhã e conversar com ela…

— Até parece que daria certo… — ele fungou desanimado e riu de forma anasalada e triste. — Seria só mais um fracasso ‘pra conta.

— Ah, para de se fazer de vítima. Agora mesmo! — Ino assumiu uma postura rígida, e cruzou os braços. A amiga ao seu lado fez a mesma coisa, e ainda arriscou fechar a cara, o que só resultou em uma carranca beirando a infantil e Naruto riu um pouco mais.

— Não estou me fazendo de vítima. É sempre assim… Eu crio expectativas sobre tudo, o tempo todo e nunca passo dos primeiros passos porque acabo me distraindo com outra coisa e escolhendo outro caminho. E sempre chego a lugar nenhum.

— “Lugar nenhum” só existe nos filmes da Marvel. Qualquer lugar é um lugar, garoto. — Sakura interviu, e se sentiu plenamente sábia quando Ino concordou com a cabeça de forma exagerada.

— Exatamente. Sua natureza agitada e sonhadora fazem você ser alguém que é diferente de todo o resto do mundo: Você é o Naruto. É fora da caixinha, é divertido, empático e um ótimo amigo. — A loira pontuou, e Naruto encarava tudo, menos as amigas, sugando as palavras como um alento pessoal.

— E criativo! Deveria usar sua criatividade para externar tudo que sua mente produz… — Sakura falou, assumindo uma postura particularmente profissional. — Você poderia escrever, desenhar, pintar…

— Só seriam mais coisas que eu não me destacaria. — ele resmungou vencido e Ino começou a se sentir levemente incomodada. Queria ter a capacidade de arrancar dos amigos tudo de ruim que lhes fora imposto, mesmo sabendo que suas histórias os formaram e os levaram até ela: totalmente machucados e traumatizados, mas cheios de vida e amor para dividir.

— Você nem tentou! — Sakura voltou ao comportamento melhor conhecido pelos outros dois, e depois pousou o indicador no queixo, olhando para cima em análise. — Ou tentou? — A resposta muda do garoto, foi um balançar negativo com a cabeça e Ino espalmou as mãos nas próprias pernas, esperando que Sakura concluísse a fala para dar início à uma palestra motivacional; afinal, era Naruto, ele não podia simplesmente se deixar vencer. — Pois você vai tentar descobrir uma vocação, quantas vezes forem necessárias. Inozinha e eu vamos te ajudar!

— Concordo em tudo, não discordo em nada! — a loira pontuou, de forma exagerada. — Você precisa parar de se comparar ou até mesmo se limitar ao que as pessoas acham que é bom ou não, sabe? — Ino segurou o rosto do garoto, quando percebeu que ele evitava olhar para elas. — Um peixe é muito bom em nadar, mas nunca vai conseguir subir uma merda de uma árvore! E se você soltar um sapo em alto mar, ele não vai sobreviver. Você precisar apenas achar um lugar para se encaixar, ele existe e você não está sozinho nessa.

— Se alguém tentar te colocar ‘pra baixo e apontar seus defeitos, mete o louco e prova o contrário. Ou não prova nada! Você não precisa provar, a menos que queira muito e isso te faça bem. Aprendi recentemente que a gente precisa viver ‘pra gente, e no máximo para quem aceita quem somos. Sabe, as coisas são como são... — Sakura falou sorrindo com ternura, olhando do loiro para Ino, que devolveu o sorriso com orgulho. Naruto apenas fungou, olhando de uma para a outra.

— Nós não vamos aceitar que você desista de mais nada, ouviu? Se der errado, vamos tentar outra coisa e nos descobrir todo dia. Os três, bem juntinhos! — Ino falou, colocando a mão no centro da pequena roda que formaram. Sakura rapidamente pousou uma das mãos sobre a da loira e Naruto a imitou.

— Obrigado, amigas! — Naruto sorriu abertamente, e lá estavam os três abraçados de novo, dessa vez uma participação canina e sonolenta.


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Notas finais do capítulo

aaaaaaaaaaaaaaaaaaa eu amo eles, eu juroooooooo
e bem, próximo capitulo já é fim, mas vou me despedir alegrinha porque esses três não são mais órfãos de compreensão a



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