Like It Is escrita por nyssua


Capítulo 2
Máscara de Prepotência


Notas iniciais do capítulo

OLHA EU DE NOVO

Bem, como já está terminada, vou postar rapidinho.

@Solune aproveita mais um capítulo e entenda: te amo, ok?



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Cada dia mais exausta, cada vez mais desistente. A cada momento com menos esperança de ser aceita por alguém.

Muita negatividade em poucas palavras? Sim, e como! Porém toda essa aura pesada era o que podia definir a trajetória de Ino Yamanaka nos últimos meses, até o momento em que o rapaz educado do terceiro andar segurou o elevador para ela.

A loira tinha começado o dia com o pé esquerdo e tinha total ciência de que ele seria catastrófico até os quarenta e cinco minutos do segundo tempo. Por isso não ficou necessariamente triste quando teve que dividir um cubículo com pessoas que conhecia apenas de vista. Na verdade, ficou grata porque se conseguisse segurar a máscara de vida perfeita por mais alguns segundos, estaria segura em casa minutos mais cedo do que se tivesse realmente perdido o elevador.

Mas a quem ela queria enganar? Sua expressão de impotência estava a poucos segundos de cair e ela nem sequer imaginava.

Passou a manhã inteira conferindo relatórios, marcando reuniões, atendendo telefones e demandas que nem conseguia contar. Talvez a única coisa que pudesse salvar seu dia, era já estar de férias da faculdade, ou entraria em pane. O curso de psicologia realmente exigia muito dela, mas ela gostava do que estudava, e estava esforçando-se para ter controle financeiro o suficiente para que ao final do curso, pudesse começar uma coisa sua. Já o trabalho, andava exaurindo suas forças.

O problema é que precisava dele. O salário era suficiente para manter seus gastos com aluguel e despesas. E o chefe só tinha contratado a garota porque o pai dela havia pedido. Ela ficava constantemente irritada com isso, sabia que tinha total capacidade de conseguir o emprego com seus próprios méritos. E haviam muitos para o que a função exigia: organização, proatividade, rápida aprendizagem, bom gerenciamento do tempo. Contudo a verdade era que só estava ali, por causa do pai e nada além disso.

Nunca teve um bom relacionamento com a família, viveu toda a adolescência almejando a independência, e tudo bem: é o que a maioria dos adolescentes querem. Mas para ela era diferente.

Quando criança, adorava o cheiro de flores para todo lado, sentia-se parte da floricultura dos pais, localizada no interior do estado. Mas também amava estudar, ouvir e ajudar pessoas. E sentada na cadeira do balcão da loja, depois de ouvir muitas histórias fúnebres e de amor dos clientes, foi que a menina concluiu que queria ser psicóloga.

Foi quando começou o pesadelo.

Ino era a criança modelo: literalmente. Uma menina educada, se portava bem, bonita, tinha um cabelo bem cuidado, lindos olhos e pele perfeita. O orgulho dos pais. Na adolescência, seguir esse padrão era obrigatório. A garota mais bonita da cidade. Mas por Deus, ela queria ser a garota mais inteligente da cidade. E ela definitivamente era. A gota d'água foi quando os pais queriam obrigá-la a envolver-se com o filho do prefeito. Ela jogou a bomba de que faria faculdade na capital e eles enlouqueceram.

— Eu não pago um centavo para essa loucura. — Seu pai gritou quando ela tocou no assunto e nada poderia ter impulsionado-a como aquilo. Ela se acabava de estudar e mantinha a pose de que tudo estava bem. Mas nunca esteve. Durante noites adentro, ela se obrigava a estudar como nunca, focada em uma bolsa total em uma universidade pública. Seus pais continuamente a diminuiam, diziam que ela não conseguiria.

Ah, mas ela conseguiu. Mesmo destruindo seu físico e psicológico, lutando contra todas as adversidades e pressões que seus pais faziam, ela conseguiu. Emagreceu e adoeceu no processo, desenvolveu um alto índice de ansiedade, sentia que nada mais fazia sentido com frequência. Mas conseguiu.

Quando percebeu que não adiantaria lutar contra o espírito indomável da filha, Inoichi fez a única coisa que podia: arrumou um contato com um amigo da escola, pediu por um emprego para a garota e a deixou à própria sorte, como havia prometido. Tudo bem, a única coisa que a incomodava era ter que escutar quase todos os dias o motivo pelo qual estava ali. Ela devia perceber o quanto isso a assombrava em seus momentos de solidão, devia entender que estava se matando aos poucos. Mas o orgulho não deixava que ela vacilasse, ela nunca o faria.

Ou pelo menos foi isso que tentou.

É imutável: mais cedo ou mais tarde, ela surtaria. Quem aguentaria isso por mais tempo? Não ela.

No horário de almoço, pensou que encontraria sossego em algum aplicativo de mídias sociais, e até estava rindo sonoramente de um vídeo no TikTok — decidida a reproduzir o conteúdo quando chegasse em casa — mas o telefone tocou, e era sua mãe.

A ligação durou quase quarenta minutos: começou com a fofoca da vida de Fulano que estava indo mal a pior. O Beltrano bateu o carro e a Sicrana estava com câncer, coitada. A conversa continuou com mais falação da mãe sobre a família, dizendo que a prima X ia casar, a Y estava namorando e a Z só sabia ir pra noitada e chegar bêbada em casa. E bem, terminou com questionamentos sobre namoro, trabalho e saúde da filha.

— Não tenho namorado, o trabalho vai bem e a saúde está ótima. — Era o que sempre respondia, para não precisar explicar que estava igual a prima Z. Mas logo depois veio o discurso sobre como estaria melhor se tivesse seguido o conselho dos pais. Estaria casada, numa família rica e poderia criar filhos com tranquilidade. Quando foi que ela tinha citado o desejo de ter filhos? Ou de depender de alguém além dela mesma.

Depois da ligação, Ino mais uma vez teve certeza, de que seria plenamente mais saudável e leve se não tivesse convivido com o abuso disfarçado de amor e preocupação dos pais durante tanto tempo. Era por essas e outras que ela realmente não queria desistir. Queria tanto poder olhar para alguém dentro de um consultório seu e dizer: “Ei, nada disso é necessário. Seja livre, seja você.

O resto do dia foi só ladeira abaixo. Estava desatenta a ponto de queimar-se com café, errar a senha do computador repetidas vezes, esquecer o CNPJ da empresa e pasmem: pegar a linha de metrô errada na volta para casa. Os minutos que ganharia pelo rapaz ter segurado o elevador seriam gratificantes para seus pés que doíam nos saltos que usava.

Mas inesperado mesmo, foi a rosada do quinto andar — que sempre era sorridente, necessário pontuar — debulhando-se em lágrimas em seus braços. E para surpreender ainda mais a loira chocada com que estava acontecendo, tinha o rapaz chorando e soluçando com elas. Sim, elas. No fim, Ino havia mesmo deixado a máscara de prepotência estilhaçar-se no chão.

Minutos antes de chegar em casa.


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Notas finais do capítulo

Ai gente, eu realmente estou me sentindo adorável escrevendo esse nenê...

Bora de grupo no zap effron, pra gente viver feliz: https://chat.whatsapp.com/FLNygMbXigvFNBKH5Dqyix

Estou on no twitter e no insta com o mesmo arroba e o mesmo nyssua



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