Like It Is escrita por nyssua


Capítulo 1
Prefixos de Negação


Notas iniciais do capítulo

*música da xuxa*
FELIZ ANIVERSÁRIO SOL DA MINHA VIDA! @Solune essa é minha singelíssima homenagem, e espero que curta.

(inspiração em Like It Is da Zara Gostosa Larsson, vai ouvir)



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A vida é sim imprevisível. Inconstante. Inexplicável.

Muitos prefixos de negação? Sim, concordamos. Contudo eles são estritamente necessários para explicar o que levou Naruto Uzumaki a entrar no elevador aos prantos; depois desse evento, a vida passou a ser agradavelmente inteligível.

O desespero do garoto era tanto, que nem ao menos percebeu se havia alguém com ele no cubículo. Apenas caminhou para dentro da caixa metálica de cabeça baixa, secou parte do rosto com o dorso da mão esquerda, enquanto apertava o botão que indicava o terceiro andar com o indicador direito. 

Seu dia começou tão bem, e ele já estava de volta ao edifício como um homem arruinado. E isso antes das quatro da tarde. 

Qualquer pessoa que o visse de fora, diria o quanto era dramático e deveria parar de choramingar, que todo o chororô que ele arrumava sempre que alguma coisa dava errado era fraqueza e já tinha passado da hora de “virar homem”. 

Naquele dia não seria diferente. 

Chegaria ao apartamento que dividia com o padrinho, ficaria trancado no banheiro, desidratando-se de tanto chorar e encolhido debaixo do chuveiro. Permaneceria martirizando-se por não conseguir passar na maldita prova mais uma vez, procuraria sentido na própria existência, e no fim, acabaria dormindo de cansaço. Tudo isso para recomeçar a rotina de estudos no dia seguinte. 

Sempre a persistência depois da negação. Era sua marca registrada.

O loiro tinha um objetivo sim, e lutar por ele era indiscutível. Mas o quanto se cobrava por isso, corroía seu psicológico cada vez mais.

Desde pequeno, sentia dedos apontados em sua direção; criticavam sua personalidade barulhenta e chamativa, repreendiam sua hiperatividade que exalava nos ambientes onde estava. O fato de não ter conhecido os pais e crescido apenas com o padrinho, fazia o menino querer as atenções em si, era natural. Iruka — seu tutor legal — nunca deixou que lhe faltasse nada, desde alimentação, vestuário e até educação. O homem tirava recursos até de onde não podia, no intuito de enfatizar o aprendizado do menino. 

Melhores escolas, melhores cursos, mas nem tão melhores notas. 

Naruto não se destacava em muitas matérias, mas era bom em humanas. Percebamos que era apenas bom, não muito bom. Ele perdia noites de sono, afundava corpo e alma nos livros, mas sempre acabava distraído com a rachadura do teto do quarto. Há quantos anos eles viviam ali e a marca nem mesmo cresceu um pouquinho?

Seu padrinho acabou percebendo — até que bem cedo — que ele poderia ter algum déficit, talvez fosse essa única explicação. Depois de procurar ajuda com profissionais certos, foi exatamente esse o diagnóstico. E o menino quase se perdeu dentro de si mesmo assim que descobriu que sua total desatenção seria basicamente eterna. Quando criança ele sofreu muito, mas como adulto, formado e tentando passar em um concurso público a qualquer custo, o maldito distúrbio tirava sua sanidade. 

E ele se cobrava. Por Deus, como se cobrava! 

Por quantas vezes mais ele entraria na caixa metálica chorando por que tinha total certeza de que gastou horas com uma prova e que isso não lhe serviria de nada?

Mas como foi dito no primeiro “in” da narração, a vida é imprevisível.

Mesmo com sua emoção focada em seu mais novo fracasso, conseguiu ouvir alguém fungar atrás dele. Quando ergueu os olhos no objetivo de virar-se e encontrar quem estava invadindo seus devaneios com uma provável derrota, percebeu que uma terceira pessoa tentaria entrar no elevador, se as portas não estivessem iniciando o processo de fechamento. Ergueu a mão direita quase que automaticamente, segurando a caixa metálica no andar em que estavam. 

A garota que entrou agradeceu com um sorriso forçado, os lábios pareciam incomodados em fazer algo que não queria. Os dedos apertavam o celular com tanta força, que Naruto apostaria que as unhas gigantes e provavelmente artificiais poderiam furar o aparelho. As roupas eram sociais, os cabelos loiros perfeitamente ajustados em um rabo de cavalo. Olhos grandes, azuis e chorosos tentavam claramente não vacilar na frente de ninguém. 

A expressão variava entre decepção e ironia. Tão inconstante quanto a vida, ele diria. 

A outra garota, parada atrás de si soluçou de novo e então o loiro que ficou indignado com sua desatenção outra vez, e virou o tronco para trás. A loira ao seu lado fez a mesma coisa e encontraram uma garota miúda, encolhida no canto, quase mesclando o próprio corpo com o metal do elevador. 

Ele pensou em fazer algo, mas estava devidamente estagnado no lugar. Agradeceu mentalmente quando a loira colocou a bolsa no chão e puxou o corpo frágil da menina estranha de cabelo rosa do quinto andar em direção ao seu. Como se um circuito tivesse sido ativado, ela soluçou ainda mais, chorando copiosamente. O pranto era diferente do de Naruto. 

Quando nem ao menos percebeu, ele já chorava de novo e a loira finalmente deixava as lágrimas que tentava suprimir escorrerem livres pelo rosto alvo. O dele era peculiarmente silencioso, decepcionado. O que a loira havia passado o tempo todo tentando esconder era discreto, chateado. Contudo, o da rosada era desesperado, carregado de dor.

Ele se aproximou das duas garotas abraçadas e pousou os braços com cuidado sobre os ombros tensos delas. Automaticamente os três estavam aconchegados em três abraços diferentes, passando energias distintas e gerando apenas duas coisas: um sentimento inicial de confiança e uma cálida sensação de conforto. 

Se perguntarem alguma coisa para Naruto, ele vai dizer que o que aconteceu foi inexplicável.

O elevador indicou que chegaram ao último andar marcado no painel — o quinto. A pequena garota de cabelos rosas afastou-se dos dois, totalmente encabulada e sorriu de maneira estranha. Os três estavam confortavelmente bem na presença um do outro, mas ainda eram desconhecidos. E ainda sim, depois do surto de choro, veio a crise de risos e as apresentações. Ou parte delas.

Acabaram trocando números e combinando de comer alguma coisa mais tarde. Um grupo no whatsapp foi rapidamente criado pela loira — Ino — e a rosada — Sakura — mudou o nome do grupo para “Surtados do Elevador”

No fim, estavam todos curiosos para saber o que o outro estava sentindo a ponto de desmanchar-se em lágrimas na frente de desconhecidos. Era sexta, e sentiam que um surto daquela dimensão seria mais do que necessário para manter a conexão inteligível que foi criada entre eles.


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Notas finais do capítulo

(Que conste que amei esse plot, é verdade!)
@Solune o dia é seu, o mundo é seu, e a minha admiração é toda sua.
Você consegue ser luz o tempo todo e mesmo que isso incomode muitos, você continua sendo quem é, com naturalidade, carisma e educação. É uma filha sensacional, uma amiga indiscutível e pessoa inexplicável, te amo e é isto.
Carpe Diem, my love!

Tivemos a participação perfeita da @xHasashi que é um anjo sim e não sei como vivi tanto tempo sem ela... além de betar essa história, me ensinou coisas importantíssimas, te amo tá bom?
Teve também a @Sammpaz que até assustou quando eu brotei pedindo capa, e mano do céu, que coisa mais linda e mais cheia de graça, não te cabimento
E claro, sendo a terceira pessoa do squad mais legal da atualidade, vem a mamain linda @SaltoDevil que aturou meu surto e ainda me deu ideias, o que seria de mim sem ela?



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