A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 70
Capítulo 70 - A Guilda.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/10/09 19:19



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— Bom dia menino. Como posso ajudar? Você tem algum serviço para solicitar? - Essa atendente tinha um rosto misto entre humano e raposa, e ela tinha grandes orelhas para fora do seu cabelo na parte de cima da cabeça, todo seu corpo era coberto por pelos alaranjados e branco, mas ela usava roupas normalmente.
— Bom dia! Eu... - Eu sorri para ela então pensava em como explicar que uma criança de 10 anos queria se registrar para realizar serviços. Quando a segunda pessoa me interrompeu.
— Me desculpe pela ignorância de minha parceira, herói Dinus. - Essa outra pessoa era uma Elfa da Planície, usando as mesmas roupas que sua companheira, com cabelos castanhos bem escuros e olhos acinzentados. - Eu mesmo vou lhe atender.
— Não se preocupem com isso. - Eu fiquei com um pouco de dó da primeira atendente, pois ela ficou assustada ao ouvir a palavra herói. Então eu sorri meio sem jeito e acenei que estava tudo bem. - Não precisa de formalidades para falar comigo, nem precisa me chamar de herói.
— Sim, senhor! - A Elfa respondeu prontamente com uma expressão séria. - Como posso ajudá-lo.
— Não precisa do senhor também. - Eu cocei minha nuca sem jeito. - Eu gostaria de me registrar para realizar serviços.
— Entendo. - A Elfa continuou falando comigo enquanto sua companheira parecia ficar um pouco triste por ter cometido um erro. - Por favor, me mostre seu passaporte.
— Está tudo bem se ela me atender também, não precisa se preocupar com isso. - Eu tentei aliviar um pouco para a outra atendente, para que ela não tomasse uma bronca ou algo assim por minha causa. Enquanto colocava meu passaporte no balcão. - Aqui está.
— Muito obrigado, senh... Dinus!. - A Elfa pareceu um pouco mais aliviada, então acenou para a sua parceira continuar o atendimento e se afastou de volta para o seu lugar. - Se precisar de alguma coisa, fique à vontade para me procurar. Meu nome é Nuri.
— Me desculpe por isso. - A meia-raposa ainda estava um pouco abalada pelo o que aconteceu.
— Está tudo bem! Você não fez nada errado. - Eu sorri para ela. - É realmente uma situação complicada. Eu mesmo não gosto muito de ser chamado de herói. Então... Vamos continuar?
— Sim! - Ela voltou a sorrir e pegou meu passaporte, admirando ele por um momento. - Me chamo Harumali e vou realizar seu cadastro como um aventureiro. Normalmente nós cobramos uma taxa de 5 moedas de cobre, mas como você é um cidadão de honra de Vegúrlia, você estará isento dessa taxa.
— Entendo. Muito obrigado. - Eu gostaria de pagar a taxa de qualquer maneira, mas eu não tinha fundos o suficiente para isso, então me ajudou muito não ter que pagar a taxa.
— Se você precisar adquirir algum equipamento ou suprimento para suas missões a guilda pode oferecer. - Harumali disse enquanto lia as informações do meu passaporte anotava algumas coisas em um papel. Foi quando eu percebi que estava com roupas comuns e sem minhas armas, então eu realmente não parecia um caçador.
— Muito obrigado, mas eu tenho meu equipamento pronto.
— Sim! Claro. Você já trabalhou como Guarda de Carga antes, não é? Quem foi o comerciante e quem foram os outros guardas? - A raposa perguntou preparada para continuar escrevendo.
— O comerciante foi Taime e os outros integrantes foram do grupo Adagas de Prata. - Eu respondi prontamente.
— Os Adagas de Prata? Que legal! - Ela sorriu bastante quando ouviu esse nome e logo anotou. - Infelizmente, apesar da sua experiência e de... Seus títulos... Você precisará iniciar como aventureiro de Primeira Classe, fazendo missões apenas para sua classe em específico. Assim que você adquirir alguma reputação você poderá solicitar uma avaliação de Classe para ter acesso à mais missões. Tudo bem?
— Entendi. E como funcionam as Classes?
— As Classes servem para separarem aventureiros novatos dos mais experientes e determinar o grau de poder do aventureiro, assim, se uma missão for muito difícil, ela será atribuída aos aventureiros de Classe mais alta, evitando que aventureiros mais... Fracos... Acabem perdendo suas vidas à toa. - Harumali parecia um pouco receosa em dizer "Fraco". - Conforme o aventureiro vai provando ser competente e mostrando suas habilidades e sua evolução, ele sobe de Classe e pode atender missões mais difíceis com maiores recompensas.
— Então a Primeira Classe é a mais baixa, correto? - A atendente respondeu que sim com a cabeça. - Qual é a Classe mais alta?
— Classe mais alta? Não tem algo como isso, não há limites em quanto você pode evoluir, mas como cada vez fica mais difícil subir de Classe, hoje, o aventureiro mais forte de Vegúrlia é de classe 96. Mas a maioria dos aventureiros de Classe maiores de 60 começam a receber propostas para se tornarem cavaleiros e integrantes da alta sociedade, então eles acabam deixando a Guilda. - Harumali se abaixou perto de mim e falou baixinho. - Necifran foi um aventureiro no passado, mas ele entrou para o exército imperial quando estava na Classe 80.

Com certeza Necifran era um Elfo muito conhecido pelas pessoas de Vegúrlia, pois ela o citou como se fosse natural saber quem ele é.
Então meu mestre foi um aventureiro no passado, isso me pegou um pouco de surpresa, mas não é nada fora do que eu deveria esperar.
Fiquei feliz em escutar sobre isso e acabei deixando sair um grande sorriso, mas eu não quis falar sobre eu treinar com Necifran, pois achei que isso acabaria criando uma pequena comoção, então acabei por deixar quieto.
Aliás, eu teria treino com ele na noite daquele dia, então eu poderia até pedir algumas dicas e conselhos sobre a Guilda e suas missões.

— Agora nós aplicaremos alguns testes para categorizar suas habilidades. - Disse a garota raposa com um sorriso. - Você poderia me acompanhar?
— Claro! - Eu respondi, também respondendo ao sorriso dela, enquanto ela caminhava para uma porta que havia à lado esquerdo do balcão.
— Você sabe ler e escrever? - Ela perguntou, fechando a porta assim que entramos na sala.
— Sei sim. - Eu respondi enquanto dava uma breve olhada na sala e notei que ela era muito parecida com a sala de Afaeor quando eu entrei em Vegúrlia a primeira vez. Com uma mesa no centro provavelmente para realizar os questionamentos.
— Venha, sente-se aqui. - Ela arrastou a cadeira para que eu pudesse me sentar, então, após me acomodar, ela sentou do outro lado e me entregou um papel. - Você pode responder essas questões? Ela é para avaliar sua capacidade de resolver problemas para que possamos recomendar missões que se adequem às suas capacidades.
— Certo!

Eu respondi rapidamente as questões.
Era uma prova simples, basicamente sobre questões de lógica e aritmética, sobre prestar atenção em detalhes que estava escrito ou desenhado, e capacidade de raciocínio.
Essas questões seriam muito fáceis para uma pessoa que completou o ensino médio, mas com o grau de estudos e conhecimentos de um mundo que está em uma idade média fantasiosa, algumas delas poderiam ser bastante complicadas de se responder.
Assim que eu terminei, entregando a prova preenchida para Harumali, ela soltou um "Mas já?" e pareceu um pouco desconfiada.
Então ela pegou um outro papel que estava em uma gaveta e começou a ler as informações de ambas as folhas, aparentemente comparando-as.
Depois que terminou de compará-las, a raposa deu um sorriso um pouco forçado e finalmente respondeu.

— Está tudo bem. Agora vamos dar andamento no próximo teste. - Então ela se levantou, pegou uma esfera que estava em uma das prateleiras da sala e colocou-a na mesa. - Essa esfera irá identificar sua capacidade mágica e suas pró-eficiências. Por favor, coloque sua mão na esfera e respire profundamente.

Aquela esfera parecia uma versão grande da esfera que estava no cajado de Mayi, quando ela descobriu que eu sofria de Estil.
Como nada de ruim aconteceu daquela vez, eu simplesmente coloquei a mão na esfera sem pensar muito sobre.
O interior da esfera era meio esbranquiçada como se houvesse uma nuvem se movendo dentro dela, mas assim que eu coloquei minha mão esse conteúdo começou a se mover mais rapidamente e alterar suas cores.
Após passar por todas as cores ela ficou completamente preta e começou a esbranquiçar novamente aos poucos.
Pouco a pouco a nuvem foi ficando mais branca e começou a emitir uma luz e essa luz foi ficando cada vez mais brilhante e a esfera mais quente.
Em um momento estava até difícil de olhar para a esfera e ao olhar para o rosto de Harumali, uma expressão de assustada e de terror tomou conta dela.
Foi quando eu senti alguma coisa rachando, como se fosse um vidro sendo torcido aos poucos.
Então eu percebi o que estava para acontecer, muito provavelmente aquilo iria explodir.
Imaginando o pior, eu peguei a esfera com as duas mãos ao mesmo tempo que me levantava da cadeira e levei a esfera para o outro lado, me colocando entre a esfera e a recepcionista.
Foi o suficiente para eu preparar uma magia de proteção em meu corpo e a esfera se tornou uma granada e arremessou incontáveis pedaços pela sala, causando um grande barulho.
Graças à minha magia, nada aconteceu ao meu corpo ou ao corpo da raposa, que tentou se proteger com os braços instintivamente, mas minhas mãos ficaram cheias de cortes e bem machucadas, e o sangue começou a escorrer rapidamente.

— O quê...? - Harumali exclamou, mas ao ver minhas mãos ela já mudou de atitude. - Por Ekir! Você está bem?
— Eu vou ficar bem. - Eu respondi, mas o susto foi muito grande e meu corpo inteiro tremia. - Você se machucou?
— Não... Graças à você. - Ela foi tentar continuar falar alguma coisa, mas a porta se abriu com um baque e nós dois nos assustamos novamente.
— O que aconteceu? Vocês estão bem? - A outra recepcionista Nuri entrou correndo, enquanto um monte de cabeças curiosas apareciam na porta para ver o que havia acontecido.
— A esfera mágica... Ela explodiu! - Com um pouco de dificuldade Harumali respondeu.
— Sua mão! - Nuri notou o sangue escorrendo, então se virou para as pessoas de fora e gritou. - Há algum curandeiro ou médico aqui? Harumali, corra pegar o pacote de primeiros socorros!
— Si...Sim! - A raposa saiu correndo da sala. Enquanto Nuri se aproximou de mim para analisar minha mão.
— Nos desculpe por esse incidente. - Ela fez uma expressão de dó quando olhou para as minhas mãos.
— Está tudo bem. A culpa é minha. Eu devia saber que a esfera poderia explodir. - Meu corpo ainda tremia, então Nuri me sentou de volta na cadeira.
— Como assim? Uma esfera mágica nunca explodiu antes. - Nuri puxou a outra cadeira e sentou do meu lado.
— Eu tenho a doença de Estil, então meu corpo acumula uma quantidade muito grande de poder mágico, isso deve ter sobrecarregado a esfera. - Enquanto eu falava, Harumali apareceu na sala carregando um pequeno baú junto com um rapaz vestido de aventureiro com um cajado e um jarro d'água.
— Estil? Entendi. Agora fique calmo que eu vou tratar suas mãos. - Harumali colocou o baú na mesa e Nuri já abriu e pegou alguns panos que estavam lá dentro.

O rapaz parecia ser um humano, mas ele era um Elfo que eu não conhecia.
Seus olhos eram dourados e seu cabelo era curto e prateado, enquanto suas orelhas eram curtas iguais às minhas e dos Elfos da Planície, porém curvadas e apontadas para trás.
Nuri usou a água e os panos para tirar o excesso de sangue da minha mão e pediu para o aventureiro usar magia de cura para acelerar a cicatrização.
Não deu tempo de perder muito sangue e nem comecei a passar mal por conta disso, Nuri fez curativos temporários.
Depois que ela lavou a minha mão deu para ver que não havia algum corte muito profundo e não havia afetado a movimentação dos meus dedos ou das minhas mãos.
Até sentia arder e doer se tentasse, mas depois que os curativos haviam sido feitos, eu podia mover normalmente minhas mãos.
Com um pouco mais de magia de cura e até as dores haviam passado.
Harumali estava com lágrimas nos olhos e Nuri estava séria e apreensiva, mas ambas estavam quietas apenas olhando para mim enquanto o aventureiro élfico usava sua magia em mim.
Eu fiquei sem saber o que fazer, então eu dei uma olhada no quarto cheio de cacos da esfera e tentei quebrar o silêncio.

— É... Como foi o teste? Eu passei? - Eu tentei dar um sorriso, mas tenho certeza que saiu um pouco forçado.
— Hm? - Harumali e Nuri me olharam nos meus olhos, então Harumali aliviou um pouco seu rosto e continuou. - Eu acho... Eu acho que sim... Digo... Você tem pró-eficiência com todos os elementos, com exceção de magia sagrada, e até algumas que eu não conheço. E a sua capacidade mágica...
— É incalculável. - Completou Nuri, encarando Harumali. - Anote essas informações. Você... Você deseja continuar os testes?
— Sim. Eu estou bem. - Eu respondi.
— É que... O próximo teste é um combate simulado com um avaliador. Mas você deve ser um Mago, então não precisa usar as mãos para lutar, certo? - Nuri respondeu, parecendo um pouco receosa.
— Na verdade, eu não sou um mago. - Eu respondi, mas eu não sabia o que dizer. - Eu uso Arco e Espada.
— Quê?! - Harumali exclamou, mas Nuri não a deixou falar.
— É verdade, no seu passaporte estava escrito que você pratica espada com Necifran. - Nuri encarou novamente Harumali, como se ela esperasse que ela soubesse isso também.
— Se é assim, ele não precisa do avaliador para aprovarmos... - Harumali pareceu entender o olhar de Nuri e começou a falar, mas enquanto ela falava eu levantei da cadeira e tentei levantar a cadeira com as minhas mãos. - Hm!?
— Eu não estou sentindo dor nenhuma, e esse curativos não atrapalham a movimentação dos meus dedos, então eu posso realizar o teste sem problemas. - Eu disse, após colocar a cadeira de volta ao chão.

Nuri e Harumali se entreolharam com uma cara de confusão e um pouco de espanto, mas Nuri pareceu desistir de pensar muito sobre isso e se levantou.

— Tudo bem. Vamos para o próximo passo. - Nuri virou-se para o resto do povo que estava olhando pela porta. - Voltem aos seus afazeres e deixem de ser curiosos. Harumali, vá para o balcão, eu acompanho Dinus daqui. Depois nós damos um jeito nessa sala.

Então Nuri me levou para o "quintal" da guilda, que era um espaço aberto para treinos e combates.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
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