A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 69
Capítulo 69 - Não pense besteiras.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/10/03 14:35



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Khonar não voltou ao quarto naquele dia.
Ele havia me informado que era intercambista de um lugar que não fazia parte da aliança imperial de Vegúrlia, então provavelmente ele devia ter muitas coisas à resolver.
Eu não era nenhuma criança, mas começou a aflorar em mim um pouco de infantilidade naquele momento.
Talvez eu tivesse meu primeiro amigo da minha idade.
Eu até tive oportunidades quando frequentei a escola de ensino básico, mas não houveram crianças que fossem maturas o suficiente para criar uma amizade comigo.
No final eu virei um contador de histórias e eles me viam de uma forma diferente de uma amizade.
Agora, com Khonar, eu teria uma chance de fazer uma amizade com a minha idade.
Embora não fosse de fato da minha idade mental, Khonar já era maduro o suficiente para que eu pudesse sustentar uma conversa com ele.

Enquanto ficava animado com a oportunidade de ter um amigo, voltei a pensar sobre minha vida passada.
Aquela vida no planeta terra do qual eu não tinha recordações.
Já faziam mais de 10 anos desde que eu havia "nascido" em Oriohn, mas nenhuma pista eu tinha sobre quem eu fui em minha outra vida.
Eu tinha certeza que eu havia vivido.
Eu podia sentir isso, de alguma maneira.
Mas as únicas pistas que eu tinha era que eu sabia o idioma português e que eu sabia o que era um smartphone.
Muito provavelmente eu vivi depois dos anos 2010.
Agora, a idade que eu tinha e quem eu era ainda são uma completa incógnita para mim.
Às vezes eu penso sobre qual era meu sexo na minha outra vida.
Será que eu também era do sexo masculino? Ou será que eu fui do sexo feminino?
Eu realmente não consigo sentir nada sobre isso.
De fato, eu não senti nenhuma atração sexual por ninguém de Oriohn até hoje, mas eu sou uma criança ainda, deve ser por esse corpo ainda não produzir os hormônios para isso.
Minha cabeça fica girando só de pensar sobre isso. Esse assunto é muito complicado.

Eu parei para respirar um pouco e me debrucei na janela do quarto, olhando para a praça da academia.
O prédio da academia tinha o formato de um grande "H" e haviam duas praças de cada lado.
Um pouco de movimentação ainda acontecia dentro da academia mesmo nesse horário.
Haviam muitos alunos chegando e se instalando nos dormitórios.
Depois de um tempo eu olhei para o céu e passei a admirar as estrelas.
Foi só assim que eu percebi que não haviam constelações conhecidas pelo povo da terra aqui em Oriohn.
Será que Oriohn fica no mesmo universo que a terra?
Talvez o planeta terra esteja em algum lugar por aí.
Pode ser que uma dessas estrelas que eu esteja enxergando seja o sol.
Ou será que estamos em um outro universo completamente diferente?
Será que existe alguém ou algum lugar que estude o universo em Oriohn? Eu queria conversar com alguém sobre isso.

Um grande bocejo limpou minha mente.
Eu estava cansado.
Apenas segui a ordem que meu corpo me deu e fui dormir.
Acordei cedo no dia seguinte, como de costume.
Meditei como sempre antes de tomar meu café da manhã.
O café era servido no refeitório da academia e também era gratuito, até porque estava incluso na mensalidade da academia, mas o que era servido era bastante simples e um pouco repetitivo.
Se você quisesse algo mais variado e saboroso, você poderia comprar em uma "cantina" que existia ali também.
Como minhas reservas estavam baixas, não compensava ficar gastando com comida enquanto havia a opção gratuita.
Além disso a opção do refeitório era nutritiva o suficiente, assim como o almoço e a janta.
Tudo estava incluso na mensalidade que eu teoricamente pagaria, mas eu era um aluno especial, algo como um bolsista.
Enquanto eu estava comendo, Khonar apareceu no refeitório e se juntou a mim.
Ele tinha uma expressão cansada, parecia que ficou a noite inteira acordado.
Eu fiquei curioso sobre o que ele ficou fazendo, mas parecia ser algo particular demais e não quis perguntar por não parecer algo legal de se fazer.

— Bom dia Dinus! Posso me sentar aqui? - Ele sorriu um sorriso cansado.
— Bom dia Khonar. Claro! - Assim que ele se sentou eu voltei a perguntar. - Você está bem?
— Estou bem sim, não se preocupe.

Nós falamos pouco enquanto comíamos, ele parecia bem faminto.
Quando terminou de comer, Khonar voltou a falar.

— Desculpa Dinus, eu ainda tenho coisas para resolver, mas de noite já devo terminar, aí podemos conversar melhor de noite.
— Tudo bem! - Eu sorri de volta para aliviá-lo um pouco. - Infelizmente essa noite eu tenho treino, então eu devo chegar bem tarde.
— Ah sim, entendo. - Novamente ele mostrou um sorriso cansado. - Até mais tarde então.
— Até!

Eu voltei para o dormitório e fiquei pensando sobre meu dinheiro.
Khonar pagou por um prato da cantina e ele parecia estar muito saboroso.
Acabei ficando com vontade de variar um pouco, mas eu não tinha como pagar por isso.
O livro que Yunis me recomendou estava quase no final, então decidi fazer uma visita ao diretor.
Quando cheguei na sala dele, perguntei se ele estava ocupado e se podíamos conversar um pouco.
Yunis sorriu para mim e me convidou para sentar.

— Bom dia Dinus. O que lhe traz aqui hoje? - Yunis continuava com aquele sorriso estranho dele.
— Bom dia Diretor Yunis. - Eu me arrumei na cadeira dele e limpei a garganta antes de falar. - Eu estava pensando em trabalhar com alguma coisa para conseguir algum dinheiro. Tem algo que você acredita que eu possa fazer?
— Bom... - Ele colocou a mão no queixo e pensou um pouco, ficando sério. - Você é um caçador de Khuma, correto?
— Sim! Meu pai me ensinou a caça e eu trabalhei como caçador quando estava morando lá.
— E você está acostumado a combater monstros também? - Yunis espremeu um pouco os olhos ao fazer essa pergunta.
— Eu sei como lidar com monstros sim.
— Então... - Ele voltou a sorrir aquele sorriso estranho. - E se você se registrasse na guilda?
— Guilda? - Eu não entendi de primeira. - A guilda de aventureiros?
— Sim! Com as suas capacidades, acredito que você poderia completar vários serviços lá. - Então o sorriso saiu de seu rosto. - Claro, se você tiver interesse.
— Eu não tinha pensado nisso, mas é realmente uma boa ideia. Eu vou para lá agora mesmo. - Eu sorri para Yunis. - Muito obrigado!

Yunis me mostrou em um mapa onde ficava a guilda e eu logo fui para lá.
Ela ficava relativamente próxima da academia. Devia ser uns 15 a 20 minutos andando.
A guilda de aventureiros era um prédio relativamente grande, pelo menos quando comparado aos prédios ao seu redor, mas não era nada realmente grandioso.
Era uma construção simples, parecia um grande restaurante por fora.
Dois degraus estavam antes de uma grande porta dupla.

Quando eu entrei pela porta, olhares se viraram para mim.
Com certeza devia ser estranho uma criança Elfo Negro entrando em um lugar daqueles.
Mesmo se fosse só um Elfo Negro, ou só uma criança, já seria estranho.
A quantidade de pessoas presentes era menor do que eu esperava.
Talvez por conta das séries de TV e jogos de RPG da terra, a imaginação de que a guilda de aventureiros seja um lugar movimentado e tumultuado ficou na minha cabeça.
Mesmo que eu não me lembre de ter assistido ou ter jogado, é como se eu soubesse sobre isso.
Mas haviam cerca de uma dúzia de pessoas lá dentro.
Além de dois funcionários atrás de um balcão.

O balcão ficava ao centro e lembrava um pouco do balcão da Sereia-Tímida, a estalagem que eu fiquei em Vegúrlia, por conta da sua peça branca que parecia mármore.
Ao lado esquerdo haviam várias mesas e cadeiras com algumas pessoas sentadas conversando, talvez fosse para os grupos se reunirem ou para aguardarem alguma coisa.
Ao lado direito existia um grande espaço vazio, mas com algumas pessoas de pé lá, próximo ao grande quadro cheio de papeis que estava na parede.
A atendente que estava ao centro do balcão, depois de um tempo me encarando um pouco espantada, sorriu e acenou para mim.
Eu fui até ela.


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Notas finais do capítulo

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