A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 46
Capítulo 46 - Passeio.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/01/16 20:34
Revisão: 2021/06/13 19:44



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Um novo dia raiou.
Eu estava descansado e minhas pernas não doíam mais.
A cidade estava calma hoje.
Havia pouco ruído na rua com o que eu estava acostumado enquanto eu tomava café.
Eu fui para a escola, mas cheguei antes da professora dessa vez.
Fiquei esperando por cerca de uma hora.
Já havia passado o horário do início da aula e ninguém havia aparecido.
Nem a professora, nem os alunos.
Eu acabei desistindo e voltei para a estalagem.

— Que estranho. Não teve aula hoje, mas ninguém me avisou nada. - Eu falei para Ma'am quando cheguei.
— Você foi para a escola? Aah! - Ma'am deu uma risada. - Você não sabia? Hoje é dia de descanso.
— Como assim?
— Todo 5º e 6º dia da "semana" são dias de descanso. - Lembrando que a semana aqui tem 10 dias. - As escolas não abrem hoje nem amanhã.
— Que legal. Na Vila Khuma nós não temos isso. - Eu entendi, parecia algo como o final de semana na terra.
— É assim mesmo. Foram os Elfos da Planície que criaram isso. Eles perceberam que as pessoas ficavam cansadas se trabalhassem todos os dias e o rendimento caía. Então eles criaram essa regra para as pessoas descansarem.
— Mas você trabalha hoje? - Como ela estava aqui eu não achei que fosse dia de descanso hoje.
— Bom, como eu sou dona daqui, se não trabalhar eu não ganho dinheiro né? - Ela respondeu com um sorriso amargo. - Então eu e meu marido trabalhamos mesmo nesses dias, além de ser mais movimentado de noite nesses dias.
— Bavar é seu marido? - Eu não sabia que eles eram os donos, embora eu suspeitasse.
— Sim! - Ela respondeu sorrindo. - E as meninas que fazem a limpeza dos quartos são minha sobrinha e minha cunhada.
— Entendi. - Eu respondi sorrindo.

Eu não sabia o que fazer hoje.
Pensei em chamar a Myuka, mas não sabia se ela estava dormindo ainda ou se já havia saído enquanto eu estava fora.
Tentei então fazer algo que evitei fazer a muito tempo desde que cheguei nessa cidade.
Usei detecção mágica para saber se Myuka estava no quarto dela.
Quase enlouqueci quando usei.
Eu detectei a presença de quase todos os cidadãos da cidade.
Mas eu percebi que Myuka não estava no quarto.
Pelo menos eu consegui o que eu queria.

Então decidi ficar no quarto treinando a escrita que eu já havia aprendido.
Decidi escrever algo parecido com um diário, mas eu comecei escrevendo tudo que eu me lembrava desde meu nascimento.
As horas passaram e o horário do almoço chegou.
Eu acabei almoçando, mas meu braço já estava cansado de escrever.
Pensei em passear pela cidade, sem objetivo nenhum.
Se eu me perdesse, eu tentaria falar com algum guarda para me indicar o caminho de volta para a estalagem.
No último caso, eu poderia subir nos telhados das casas, já que eu estava acostumado a subir em árvores durante as caças na Vila Khuma.
Lá em cima eu teria uma vista melhor e poderia encontrar o caminho de volta com mais facilidade.

Passeando pelo mercado sem compromisso nenhum, eu lembrei que não sabia se eu teria aula de esgrima amanhã, então pensei em ir na casa do mestre para perguntar.
Eu poderia simplesmente ir amanhã e voltar caso não houvesse.
Mas eu poderia evitar ficar andando por aí com a minha mochila.
Necifran me disse que o treino aconteceria normalmente.
Eu já descansava no dia seguinte ao treino, então não precisava desses dias de descanso comum para o treino de espada.
Necifran estava um pouco menos sério, me ofereceu um chá, mas eu recusei gentilmente e disse que ia passear um pouco.
Ele sorriu para mim e nos despedimos.

Eu já estava sem nada para fazer novamente.
Até pensei em tentar encontrar Myuka usando a detecção novamente.
Mas era muito ruim usar essa magia na cidade e eu queria evitar.
Pensei também em visitar Kurio ou Louyi, mas também não queria incomodá-los.
Então voltei a andar sem rumo pela cidade.
Descobri uma linda praça no bairro onde o mestre morava.
Ela tinha um chafariz muito lindo, branco e bem detalhado.
Eu sentia magia emanando desse chafariz.

Talvez esse mundo nunca evoluiria a ponto de usar energia elétrica, pois tudo poderia ser substituído por magia.
Os banhos poderiam ser com magia d'água.
Acho que o ferreiro usava magia do fogo em sua forja.
A iluminação pública era mágica.
Então eu acho que eles acabaram se acostumando com isso e não se esforçavam em desenvolver a energia elétrica.
Também acho que eletricidade seria um pouco inútil nesse mundo, pelo menos no primeiro momento.

Eu fiquei curioso com o funcionamento daquele chafariz.
Até entendia que ele usava magia para fazer jorrar a água, mas não havia ninguém controlando isso lá.
Eu olhei a minha volta e encontrei um guarda no meio de vários cidadãos.
O guarda parecia entediado, apesar de estar focado em seu serviço.
Não sabia se eu poderia simplesmente me aproximar dele e conversar com ele, mas pensei que seu eu não pudesse fazer isso, ele iria me dizer, afinal, eu poderia me aproveitar do fato de ser uma criança nessa ocasião.
Então eu tentei perguntar ao guarda sobre o funcionamento do chafariz.

— Com licença, senhor Guarda. - Eu me aproximei dele, sua armadura era a de mais baixo nível de guarda da cidade.
— Pois não? Posso ajudar? - Ele prontamente respondeu, mas eu percebi que ele se espantou ao perceber que eu era um Elfo Negro criança. - Você está perdido?
— Não estou perdido. Estou bem, obrigado. - Eu respondi com um sorriso. - Desculpe te incomodar no seu serviço, mas você poderia me explicar como funciona aquele chafariz? Eu fiquei bem curioso quanto a isso.
— Como funciona? - Ele pareceu surpreso com a pergunta, mas ele manteve a postura e começou a explicar.

O guarda foi extremamente educado e me explicou.
O chafariz usava algo chamado Pedra Mágica e Formação Mágica.
Pedra Mágica era uma gema capaz de armazenar magia e podia ser usada junto com a formação magia para lançar feitiços.
Já a Formação Mágica era igual a um encantamento, só que escrito.
Com a Formação Mágica, você podia escrever em pergaminhos ou até mesmo no chão, utilizando uma tinta especial, para que ele usasse uma magia predefinida automaticamente, apenas ao encostar a mão no lugar correto ou colocando a pedra mágica nesse lugar.
Então havia uma maneira de não usar o encantamento!
Mas essa tinta deve ser cara, pois eu não vi as pessoas usando-as para lançar magias.
Talvez seja algo que só o exército use ou algo assim.

De qualquer maneira eu estava muito feliz em ter aprendido uma coisa nova.
O guarda pareceu ficar feliz junto a mim quando eu fiquei sorrindo igual a um bobo.
Eu agradeci e me despedi do guarda, e continuei passeando pela cidade.
Uma coisa que eu percebi, não existia pessoas muito pobres aqui.
Todos tinham uma vida razoável.
Claro que existia uma diferença grande de classe.
Os ricos eram realmente ricos.
Mas eu não vi ninguém miserável pela cidade.
Alguém mal vestido ou algo que parecesse um morador de rua.
Não sei se a cidade não permitia que esse tipo de gente ficasse na cidade e expulsasse-os, ou se era realmente muito fácil viver uma vida razoável aqui.

Se fosse fácil, a cidade provavelmente enfrentaria dificuldades com a quantidade de gente vindo morar aqui e não conseguiria administrar tudo.
Eu fiquei com essa dúvida em mente, mas pensando sozinho não cheguei a lugar nenhum.
Precisaria perguntar para alguém sobre isso.
Talvez para Myuka quando eu a visse novamente.

Nesse momento já estava começando a entardecer.
O fim da tarde estava chegando e o sol estava quase chegando na linha do horizonte.
Decidi voltar para a estalagem, para não me arriscar ficar perdido durante a noite.
Eu tive um pouco de dificuldade e devo ter andado em direções erradas algumas vezes, mas eu acabei conseguindo chegar na estalagem.
Myuka estava na varanda da estalagem, aparentemente me esperando.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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