A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 47
Capítulo 47 - Reencontro.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/01/23 23:35
Revisão: 2021/06/13 19:44



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Myuka estava séria, olhando para o horizonte, mas um enorme sorriso apareceu quando ela me viu.
Ela estava sentada no parapeito que continuava do corrimão da escada da estalagem.
Com um pulo, ela desceu do parapeito e veio em minha direção quase que saltitando.

— Dinus! Eu encontrei. Eu me encontrei com Mayi! - Ela disse contente com um grande sorriso.
— Verdade? Que ótimo! - Eu abri um sorrisão também.
— Sim! Eu consegui combinar com ela para nos encontrarmos amanhã de manhã.

Mesmo que trabalhando para o reino, Mayi tinha um tempo para ela nos dias de descanso.
Myuka encontrou ela fazendo compras nesse momento.
Aproveitou a oportunidade e descobriu onde ela estava hospedada.
Mayi não contou para Myuka onde ela estava, pois isso era um segredo, mas Myuka acabou descobrindo por que seguiu Mayi até o local.
De qualquer maneira Myuka e Mayi combinaram de se encontrar em uma praça no dia seguinte.

Myuka e eu conversamos bastante antes de finalmente ir dormir.
Ela acabou me contanto como a conheceu quando Mayi ainda era jovem e que ela até viu o dragão que Mayi derrotou, apesar de Myuka não ter lutado contra ele.
Em sua juventude Mayi usava grandes magias que poderiam destruir uma cidade inteira e até alterar o terreno a sua volta, como tornados, terremotos e ondas gigantes.
O maior feito mágico de Mayi foi arremessar uma enorme rocha para os céus e dele fazer um meteoro.
Foi inclusive essa magia que matou o dragão que atacava o império e o reino nessa época.
Mayi não fazia parte do reino, mas sim do império, sendo ex-maga da corte e uma das maiores magas da história.
Eu digo mago, mas pode significar feiticeiro, bruxo ou algo assim, já que no idioma de Oriohn existia apenas uma palavra para definir o praticante de magia.

A noite passou e o dia do encontro com Mayi chegou.
Eu estava super ansioso, pois eu tinha muito carinho por Mayi e fazia muito tempo que não a via.
Myuka foi comigo, mas pouco antes de chegarmos no local, ela me falou para continuar sozinho, pois ela queria ver a reação de Mayi ao reencontrar comigo.
Então ela me falou que não havia dito à Mayi que eu iria, nem tinha mencionado meu nome.
Mayi não sabia que eu estaria lá.
Eu também fiquei animado com a ideia e queria ver a reação de Mayi.
Então eu cheguei na mesma praça que eu havia visitado no dia anterior.
Aquela com o chafariz.

Mayi estava lá.
Nenhum dia parecia se passado para ela.
Ela continuava parecendo bastante velha, mas não parecia ter envelhecido nada mais.
Quantos anos foram? 6 ou 7 anos?
Ela parecia estar da mesma maneira do dia que eu deixei a casa dela.
Com o corpo um pouco arcado, cabelos brancos, nariz rechonchudo, olhos esmaecidos e apoiada em seu cajado.
Exatamente o mesmo cajado de anos atrás.
Ela não percebeu a minha aproximação.

— Bom dia Mayi. Tudo bem? - Eu disse gentilmente.
— Bom dia meu jovem. Estou bem e você, como está? - Ela respondeu gentilmente de volta, eu nem me lembrava que a sua voz era tão rouca.
— Estou bem também. - Eu sorri. - Podemos conversar?
— Podemos sim, eu estou esperando uma pessoa, se você não se importar. - Ela respondeu.
— Sim, Myuka chegará em breve.
— Então você é conhecido dela? - Ela perguntou e eu comecei a perceber que ela não se lembrava de mim.
— Você se lembra de mim? - Eu perguntei, chegando um pouquinho mais perto para ver se ajudava.
— Hmm. Eu já vi alguém semelhante, mas a pessoa era muito mais velha, eu não me lembro direito. - Ela me encarou e pensou um pouco. - Mesmo assim, um Elfo Negro tão jovem por aqui? Que incomum.
— Entendo. - Então eu dei uma pequena pausa e respondi sorrindo. - Meu nome é Dinus de Khuma.
— Dinus? - Ela pensou um pouco. - Dinus! Sim! Eu me lembro. Então você sobreviveu... A doença de Estil é cruel, eu nunca soube de alguém que conseguiu superar ela.
— Sim! Foi graças ao seu tratamento e treinamento que eu consegui.
— Fico muito feliz em ouvir isso. - Ela me encarou de cima até embaixo. - Você cresceu hein! Bem mais do que deveria. Como está se sentindo?
— Estou ótimo! Existem dias que minha magia até se esgota. - Eu respondi alegre por ela ter se lembrado de mim.
— Se esgota? Hmm? Isso não é bom. Pode ser perigoso. Deixe me ver. - Ela colocou seu cajado para frente em minha direção. - Você comeu a fruta hoje?
— Sim. Assim que acordei, antes da meditação. - Eu respondi.
— Vamos ver então. Coloque sua mão no cajado. - Ela posicionou a esfera do cajado na altura do meu rosto, como ela fez no dia que nos conhecemos.

Eu coloquei a mão na esfera, que já era bem menor para mim em comparação a quando eu fiz anos atrás.
A esfera começou a mudar de cor, passando por cores como laranja, azul, verde, vermelho, roxo e preto.
Então ela voltou a sua cor original.

— Falta de magia? Você está com a magia tão fraca que mais um pouco você irá desmaiar! - Ela respondeu preocupada.
— Falta? Mas eu me sinto bem. Eu faço isso todos os dias e continuo conseguindo lançar magias sem problemas. - Eu respondi.
— Consegue? Então tente lançar uma magia para que eu possa analisar.
— Sim. - Eu usei a magia de proteção, em seguida a jato de água.
— Eu até havia me esquecido que você conseguia usar magia sem encantamentos. - Mayi falou enquanto a água saía de minha mão. - Parece que está tudo bem mesmo, mas eu recomendo você a não comer mais a fruta Kojo, pode ser que sua magia acabe antes do previsto.
— Eu posso parar de comer a fruta? Que ótimo! - Fiquei feliz em ouvir isso.
— Sim. Eu me lembro de ter dito que você teria que comer até ficar adulto, mas parece que a sua meditação já é o suficiente.
— Vamos nos sentar para conversar? - Eu ofereci, pois havia muita coisa que eu queria falar com ela.
— Claro! - Mayi e eu nos sentamos em um dos bancos que existia na praça. - Já que você está aqui, você deve ter viajado bastante, né?
— Sim, eu passei por várias cidades e aldeias até aqui.
— Imagino. Conte para mim sobre isso. Como um Elfo Negro que viaja é extremamente raro, eu estou curiosa.
— Sim. Eu vou contar.

Nesse momento Myuka apareceu atrás de nós.
Ela estava com um grande sorriso no rosto.
Como de alguém que fez alguma brincadeira com o amigo.

— Olá Mayi! Gostou da criança que eu trouxe? - Myuka me assustou, mas Mayi nem reagiu.
— Bom dia Myuka! Adorei. Fazia tempo que não via esse menino. É muito bom ver que ele está saudável e tão crescido.
— Que bom que gostou. Então... Eu vou deixar vocês conversando e vou passear um pouco.
— Você não ficará conosco? - Eu perguntei.
— Acho que vocês têm muito o que conversar. Fica para outra hora. - Myuka respondeu, já se afastando e dando tchau.
— Essa Myuka, sempre muito ativa. - Mayi falou com um pequeno sorriso, olhando Myuka ir embora.
— Eu devo muito a ela. Eu queria muito te encontrar e ela fez todo um esforço para que isso acontecesse.
— Sim. Ela é assim mesmo. - Mayi então olhou para mim. - Mas me conta. Como foi sua viagem até aqui? Eu fiquei sabendo recentemente que a aldeia de Khuma conseguiu um dragão como guarda. Vendo você aqui agora, acredito que você deva estar envolvido, não é?
— Éé... - Eu fiquei envergonhado na hora. - Isso realmente aconteceu...
— Eu imaginei, mas não esperava vê-lo fora de Khuma tão cedo. Como você conseguiu convencer seus pais a te deixar viajar?
— Certo!

Então eu comecei a contar.
Contei que eu comecei a treinar para me tornar caçador pouco tempo depois que voltei para a vila.
Contei do teste que meu pai colocou como desafio e que eu passei no teste.
Claro que não contei que eu molhei minhas calças, né? Essa parte eu deixei em segredo.
Contei que fui para Trucia e que lá eu consegui o serviço de guarda de carga com Myuka e os amigos dela.
Sobre a luta dos Renegados e por fim o encontro com Umbaku.

— Então, quando eu senti uma presença muito forte, mas que eu não conhecia, eu fui ver sozinho se nós poderíamos passar despercebidos. Quando eu vi que era um dragão e senti que a magia dos magia dos renegados estava corrompendo ele, eu agi sem pensar muito e suguei a energia maligna dele.
— Você o quê? - Mayi se espantou. - Como assim sugou a energia dele? Eu não conheço uma técnica para isso.
— Então. Eu também não sabia se funcionaria. Eu usei a técnica de meditação, mas no sentido oposto e focando apenas na energia maligna do corpo dele. Felizmente deu certo. Agora que o dragão está curado, graças à minha mãe, ele mora na minha casa em Khuma.
— Isso é impossível, teoricamente. - Ela começou a pensar. - Para sugar a magia dessa maneira você teria que saber exatamente como é a magia que está no outro corpo. Isso só deve ter sido possível para você apenas pelo fato de você sentir a energia a sua volta. Acho que só você consegue fazer isso, que eu saiba.
— Eu também nunca encontrei alguém que pudesse sentir a magia como eu. Será que o príncipe consegue? - Eu não pensei antes de falar e acabei soltando que já sabia sobre o príncipe.
— Bom, eu não posso falar sobre esse assunto, mas eu acho que poderia usar a sua ajuda.
— Minha ajuda?
— Essa criança, ela não é como você, ela não sabe falar ainda, está sempre com febre e não posso ensinar ela a meditar.
— Então, mesmo com a mesma doença, nós somos bem diferentes. - Eu não sabia se eu poderia falar para Mayi que eu nasci com uma mente adulta, mas percebi que isso não estava relacionado com a doença.
— Exato! Como ele não consegue fazer igual a você, eu não consigo controlar a quantidade de magia no corpo dele da mesma maneira que fiz contigo.
— Mas eu poderia tirar esse excesso de magia dele! - Eu concluí por ela.
— Sim, é isso mesmo que eu pensei, mas eu precisaria falar com a rainha primeiro, e é muito arriscado.
— Eu entendo, mas eu estou disposto a ajudar se você precisar, mestra Mayi.
— Mestra? - Ela riu. - Não precisa me chamar de mestra. Eu não posso te ensinar magia como eu gostaria.
— Eu só estou vivo graças a você e seus ensinamentos. - Eu sorri enquanto falava. - Nenhum outro mestre poderia ter me salvado desse jeito.
— Entendo. Tudo bem então. Parece que eu não conseguirei te convencer. - Mayi levantou-se. - Vou me apressar e solicitar uma conferência com a rainha, onde eu posso te encontrar?
— Eu estou hospedado na Sereia-Tímida.
— Sereia-Tímida hein? Tudo bem. Eu entrarei em contato. - Mayi colocou a mão no meu ombro. - Além disso, há algo importante que eu preciso te dizer, então eu irei te visitar daqui uma semana.

Mayi então se despediu e saiu andando.
Eu queria acompanhá-la, mas ela me disse que eu não podia chegar perto da casa do príncipe por enquanto.
Então nosso reencontro acabou.
Muito tempo havia passado e era quase hora do almoço.
Eu voltei para a estalagem para me arrumar e ir para o treino de espada.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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