A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 45
Capítulo 45 - A espada no lago.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/01/09 21:39
Revisão: 2021/06/13 19:44



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O novo dia passou sem surpresas.
Eu fui para a escola e contei sobre mais uma luta com os guardas de carga para as crianças.
Logo eu contaria sobre a Grande-Harpia.
Provavelmente na próxima manhã.
Eu ainda não havia decidido se diria que Louyi desmaiou ou não.
Então eu contei sobre mais uma batalha com monstros fracos novamente.
Acho que faltava pouco para eles enjoarem de ouvir sobre essas lutas mais simples.
Hoje havia um pouco mais de crianças escutando, provavelmente metade da sala já.
Umas 10 crianças me escutavam contar as histórias e eu já começava a sentir vergonha de falar na frente de tanta gente.
Mas logo a professora chegou e tivemos aula normal.

Depois eu voltei com pressa para a estalagem, almocei algo leve para não passar mal no treino e fui para a casa de Necifran.
Mais uma vez eu senti aquela sensação que me perderia nas confusas ruas da cidade, mas consegui chegar na casa dele sem problemas.
Cheguei na casa do meu mestre e bati à sua porta.
Quando ele atendeu, ele pareceu procurar Myuka com seus olhos.

— Você conseguiu chegar aqui sozinho? - Perguntou Necifran.
— Sim, pensei que me perderia, mas no final eu consegui chegar. - Respondi com um sorriso.
— Que bom. Vamos, entre. - Ele disse, mostrando o caminho com a mão para que eu entrasse.
— Eu preciso tirar meus calçados para entrar? - Eu perguntei, pois notei que ele estava descalço novamente.
— Não há necessidade. Apenas se você achar que eles te atrapalham. - Ele respondeu, então eu entrei com os calçados, pois eles eram bons para movimentar, já que são os que eu usava na caça e na guarda. - Você já almoçou?
— Sim. Eu comi na estalagem. - Eu respondi logo após passar pela porta.
— Certo. A partir de agora, nos dias de treino, você almoçará aqui. Existe uma alimentação especial para que você tenha energias durante o treino.
— Entendido. Sinto muito.
— Não tem problema. - Ele respondeu com seu rosto inexpressivo. - Por conta disso o treino será um pouco mais leve hoje. Mas depois de amanhã deixe para almoçar aqui.
— Sim senhor.

Então nós fomos para o quintal dele.
Ele começou me ensinando as bases básicas e me fazendo movimentar o braço e as mãos como se eu segurasse uma espada, mas sem segurar nada.
Em nenhum momento eu usei a minha espada para treinar.
Eu pratiquei por bastante tempo as bases e de alguma maneira aquilo era muito cansativo.
Minhas pernas fraquejaram em 2 horas de treino e começaram a tremer bastante.
Necifran percebeu isso e deixou tudo mais difícil.
Minha base era fraca e desajeitada.
Como eu nunca tinha treinado dessa maneira, eu me acostumei a fazer errado, então precisava de muita prática para desacostumar do erro.

Mas eu estava adorando.
Parecia aulas de artes marciais orientais, como Kung Fu ou Karatê.
De alguma maneira, apesar do cansaço, eu estava feliz e empolgado.
Claro que eu estava levando aquilo sempre a sério, só que aquilo era muito bom para mim.
Logo que eu comecei a não conseguir ficar de pé, Necifran me deu algo para beber.
Não tinha o gosto muito bom, mas um pouco da minha força voltou.
Achei que ele continuaria o treino, já que ainda faltava bastante até o fim da tarde, mas ele encerrou o treino.

— Eu ainda posso continuar treinando. - Eu disse logo que ele me falou que o treino havia acabado.
— Claro que não. Você não conseguirá andar amanhã se continuar forçando a perna desse jeito. - Como de costume seu rosto não tinha expressão. - Sua base ainda é fraca, por isso você força mais do que deveria. Mas você está indo bem. Qualquer outra criança da sua idade teria parado aos 20 Mizen (pouca coisa menos que 30 minutos), você aguentou quase 1 Sizen (2 horas e 24 minutos).
— Sim senhor. - Eu respondi, será que ele acha que eu tenho 12 anos também? - O que eu faço agora?
— Agora nós iremos em um ferreiro amigo meu. - Ele disse enquanto eu limpava o suor do meu corpo. - Você trouxe seu dinheiro contigo?
— Sim, estou com dinheiro. - Respondi meio ofegante ainda. - Nós compraremos alguma coisa?
— Exatamente. Você irá encomendar uma espada.
— A minha é tão ruim assim? - Eu gostava da minha espada, afinal, ela era um troféu do monstro que derrotei e me deu liberdade para viajar pelo mundo.
— Sim, ela é péssima. Muito leve, por isso o golpe fica fraco. - Necifran se mantinha inexpressivo.
— Entendo. - Então eu teria que aposentar minha espada. Se bem que uma hora ela ficaria muito pequena para mim e eu teria que arranjar outra de qualquer maneira.
— Está pronto? Vamos sair. - Necifran disse quando terminei de me arrumar.

Nós andamos por uma parte da cidade que eu não conhecia, mas depois notei que estávamos próximo das ruas que estavam o comércio.
Nós entramos em uma loja que por fora parecia uma casa.
Ela tinha uma escada que levava direto para o segundo andar.
Na parte de baixo havia uma loja de utensílios domésticos feitos de metal, como panelas e talheres.
Na parte de cima, que parecia que levaria para alguma casa normal, estava outra loja discreta, com algumas espadas à mostra e um anão sentado e bebendo alguma coisa.
O lugar parecia ser simples, mas ao olhar para as espadas eu pude perceber que aquele anão era um grande ferreiro.
Dava para ver a qualidade só de bater o olho nelas.

— Boa tarde Morek. - Necifran falou, enquanto eu só pedi licença ao entrar no lugar.
— Yo! Necifran. A quanto tempo. - O anão não se levantou, apenas continuou sentado com sua caneca na mão. - Uma espada nova?
— Sim, uma conhecida encontrou essa raridade. - Necifran me empurrou gentilmente para me mostrar para o anão.

O anão parecia um grande humano, musculoso e rechonchudo, com grandes orelhas redondas e barba bem cheia.
Havia um cabelo cheio também que parecia ser composto por pelo de barba.
Sua barba e cabelo, assim como sua grossa e peluda sobrancelha era castanho bem escuro.
A íris de seus olhos era preto e não dava para ver sua pupila.
Seu nariz era gordo e avermelhado e sua altura, bom, era um anão.
Ele devia ser pouca coisa mais alto que eu.
Uns 2 a 5 centímetros a mais.
Mas por conta dos seus membros, como o rosto, mãos e pés serem do mesmo tamanho que um humano adulto bem grande, dava a sensação de que ele era mais baixo ainda.
Ele vestia as roupas comum de um ferreiro, nas cores vermelho alaranjado em sua camisa, preto em seu avental e azul escuro em sua calça, com grandes botas marrons.
Mas ele não ficou de pé ainda, ele apenas me encarou por um momento, até que seu nariz ficou menos vermelho e ele ficou espantado.

— Boa tarde, me chamo Dinus de Khuma. - Eu me curvei. - Muito prazer.
— Um Elfo Negro??? - Ele falou alto, com sua voz meio grave e rouca. - Como assim um Elfo Negro?
— Que reação exagerada! - A expressão de Necifran estava um pouquinho diferente, parecia que ele estava bravo, mas ao mesmo tempo parecia inexpressivo. - Você já viu de tudo em sua vida.
— Bom... - Ele pigarreou e recuperou a postura, ainda sentado. - De fato, mas um Elfo Negro tão jovem. Vai me dizer que ele está aprendendo a arte da espada?
— Exatamente. Ele é meu novo discípulo. - Necifran colou sua mão em meu ombro.
— Ele... Passou no seu teste? - O anão estava sério.
— Sim. - Novamente Necifran parecia um pouco irritado. - Como eu disse, ele é meu discípulo.
— Entendo... Muito prazer garoto. - Então ele levantou-se, pegou em seu balcão uma corda e se aproximou de mim. - Se me der licença.

Ele fedia a álcool.
O cheiro de bebida alcóolica que eu senti no bar saía no bafo da boca dele como se ele fosse um copo cheio ainda.
Ele usou a corda para me medir.
Pegou a medida do meu braço, da minha perna e depois a minha altura.
Então ele pensou um pouco.

— Qual material? - Perguntou Morek.
— Pode ser de ferro comum por enquanto. Ele usará para praticar e eventualmente ficará mais alto, então não ficará com ela por muito tempo. - Respondeu o Elfo.
— Certo. Eu posso fazer um bom preço se vocês me devolverem ela depois. - Morek falou e Necifran me olhou esperando minha resposta.
— Eu... - Eu arrumei minha postura antes de responder. - Como vai ser minha primeira espada de verdade, eu gostaria de guardar como uma lembrança. Se... Se possível.
— Entendo. - Morek respondeu e anotou alguma coisa em um papel. Nesse momento eu pude ver um pequeno sorriso no rosto de Necifran, mas logo ele desapareceu. - Um acumulador então. O valor será...
— Pode cobrar o valor como se ele fosse devolver. - Necifran não deixou o anão dizer o valor. - Eu pagarei a diferença.
— Certo. - Morek soltou um sorriso no canto dos lábios. - Então eu posso fazer por 6 moedas de prata.
— Certo. - Disse, pegando minhas moedas em minha bolsa.
— Calma garoto. - Necifran me interrompeu. - Hoje você pagará 3 moedas de prata. As outras 3 no dia que ele entregar a espada.
— Entendi. - Então eu tirei 3 moedas de prata e coloquei no balcão.

Eu aprendi com Myuka que quando se compra alguma coisa, você coloca o dinheiro no balcão ou algum outro lugar específico e não dá o dinheiro direto na mão da pessoa.
Como muitas vezes são muitas moedas, fica mais fácil para a pessoa verificar se a quantidade está correta.
Mesmo que aqui sejam apenas 3 moedas de prata, é preciso fazer dessa maneira.

— Fechou! Eu tenho um serviço para terminar hoje, vou começar amanhã e devo entregar daqui 3 dias.
— Pode caprichar nessa espada. - Necifran falou.
— Pode caprichar? - Morek deu um sorrisinho.
— Sim! É claro! - Necifran respondeu sério.
— Então levará 4 dias. Onde eu devo entregar?
— Pode ser na minha casa. - Eu ia responder, mas Necifran falou antes de mim.

Eu não sabia se 4 dias era pouco ou muito.
Eu sei que na terra uma boa espada levaria muito mais do que isso para ser fabricada, mas nós estamos falando de um anão ferreiro.
Ainda não faço ideia do nível de habilidade deles nesse mundo.
Necifran aproveitou e me falou que nós não pagamos integral, pois eles podem fazer o serviço meia boca depois.
Se ficar muito ruim a espada, nós oferecemos menos dinheiro para ficar com ela.
Aquilo fez muito sentido depois que o Elfo me contou.
Esse método de pagamento podia ser usado em qualquer coisa que se encomendasse.
Eu acompanhei Necifran de volta para a casa dele, peguei o restante do meu material e voltei para Sereia-Tímida.

Enquanto estava andando de volta para a estalagem e meu corpo terminando de esfriar, eu senti um forte cansaço nas penas.
Elas ficaram duras e doía para mexer.
Entendi então que eu realmente não poderia continuar praticando naquele dia.
Pratiquei escrita no restante do dia.
Myuka voltou quando eu já estava dormindo.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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