A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 44
Capítulo 44 - O novo discípulo do grande mestre.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/01/09 21:38
Revisão: 2021/06/13 19:43



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792845/chapter/44


Myuka e eu chagamos na estalagem.
Eu ainda estava exausto, possivelmente eu usei uma grande quantidade de magia e estava esgotado.
A magia de cura de Myuka colocou um pouco de magia em meu corpo e por isso eu não desmaiei, mas eu não tinha muitas forças restando.
Mas eu não estava com sono e seria muito difícil dormir.
Pelo contrário, eu estava completamente desperto.
Eu falei para Myuka sobre como eu estava me sentindo e ela me recomendou a tomar o Sangue de Mel.
Talvez o corpo também transforme açúcar em magia, assim como o corpo humano transforma açúcar em energia na terra.
Não sei dizer, mas eu me senti muito melhor depois de tomar um grande copo desse suco extremamente doce.

— Dinus, se você tiver interesse e disposto, vamos visitar Kurio para ver como ele está e falar que você virou aluno de Necifran. - Myuka falou logo depois que eu disse que estava me sentindo bem já.
— Vamos! Ele foi aluno também? - Eu fiquei animado.
— Não. - Myuka respondeu com um riso. - É difícil ser aluno dele. Se ele não gostar de você e você quiser ter aula mesmo assim, você terá que pagar uma fortuna. Ele conseguiu muito dinheiro dos nobres humanos que queriam treinar com ele. Por isso ele tem uma boa vida hoje.
— Mas Kurio conhece ele?
— Claro! Todo mundo aqui conhece ele, ele é quase um herói para essa cidade. Ele foi o general de exército de Vegúrlia e defendeu essa cidade de diversos ataques de monstros, Renegados e até dragões. O dragão que Mayi matou, ele conseguiu impedir que a cidade fosse destruída, defendo a cidade dos ataques do dragão e dando a oportunidade de Mayi lutar contra ele.
— Incrível! Ele deve ser o melhor espadachim de Oriohn então! - Eu disse por impulso, enquanto já caminhávamos para ir para a casa de Kurio.
— O melhor? Eu não sei. Existem muitos guerreiros habilidosos em Oriohn. Mas ele está sim entre os melhores.
— Muitos guerreiros? Eu gostaria de conhecer mais sobre isso. - As histórias também começavam a me animar, como aconteceu com as crianças na escola.
— Sim! Eu contarei. Mas saiba que eu tenho a impressão de que você se tornará um deles um dia. Eu espero que se torne. - Os olhos de Myuka brilhavam. - Você tem um futuro brilhante à sua frente.

Eu fiquei sem jeito e não sabia o que dizer.
Myuka parecia feliz em me deixar envergonhado.
Nós fomos até a casa de Kurio enquanto ela me contava histórias sobre Necifran.
Seltiro nos recebeu com hospitalidade e muita cordialidade como já era esperado.
Kurio nos impressionou, mostrando que já conseguia movimentar devagar os dedos da mão.
Para ele podia parecer pouco e que estava levando uma eternidade, mas para alguém que podia ter perdido o braço, ou até a vida, isso era muito bom e uma recuperação relativamente rápida.
Depois que eu disse sobre isso ele parece ter animado um pouco e voltou a sorrir.
Sorriu mais ainda quando falamos que eu havia me tornado aluno de Necifran.

— Que inveja! Você ficará forte como meu irmão. - Disse Kurio.
— Seu irmão treinou com ele? - Eu perguntei.
— Claro! Todos os cavaleiros do reino precisam passar com um treinamento com Necifran, mesmo que curto. Ele é o melhor espadachim e professor da região.
— Entendi.

Myuka perguntou sobre Louyi para Kurio.
Kurio disse que ele havia feito uma visita e que eles não pretendiam se aposentar.
Myuka parece ter ficado feliz com isso.
Acho que ela já estava a bastante tempo trabalhando com eles afinal.
O tempo passou, a conversa foi e veio, e nós voltamos para a estalagem.
A maioria das vezes quando existem outras pessoas conversando, eu fico mais quieto e escutando.
Myuka e Kurio conversavam bastante entre si e eu só observava.
Quando terminamos de jantar e íamos para os nossos quartos eu aproveitei para agradecer Myuka por toda a ajuda que ela estava me dando.

— Myuka. Eu gostaria de agradecer por tudo o que você tem feito desde que chegamos em Vegúrlia. Você está procurando por Mayi no meu lugar e até me arranjou um professor de espada, além de me mostrar a cidade e estar sempre comigo.
— Não precisa disso, garoto. Eu estou me divertindo muito com isso também. - Ela respondeu com um sorriso bonito.
— Mesmo assim, eu gostaria de te dar algo para agradecer. Existe algo que você queira que eu possa fazer por você?
— Bom... - De repente o rosto dela ficou vermelho. - Já que você está dizendo... Tem algo que eu...
— Pode dizer, se eu puder fazer, eu farei. - Eu disse, mas ela parecia constrangida em pedir.
— Eu... Gostaria... - Então ela desviou o olhar e olhou para baixo e para o lado. - De outro abraço...
— Abraço? - Eu fiquei envergonhado também. - Mas... Isso é pouco. Não compensa todo o esforço que você está fazendo.
— Claro que compensa! - Ela falou meio alto e séria, mas depois voltou a ficar envergonhada e desviou o olhar novamente. - Pode ser um abraço...

Eu acho que finalmente entendi.
Quando eu era bebê eu abraçava minha mãe e meu pai para me manter equilibrado no colo dela.
Isso é normal.
Mas quando eu cresci, eu devia ter deixado de abraçar, só que eu não parei e continuei abraçando meus pais.
Como eu cresci fazendo dessa maneira, para eles se tornou natural, mas abraçar não era comum.
As pessoas não tinham o costume de abraçarem umas às outras, a não ser que fossem casais.
Abraço entre amigos não era algo comum e quando eu abracei Myuka ela deve ter se assustado e se sentido desconfortável.
Mas eu sei que abraço é algo bom, mesmo não sendo seu namorado ou marido, abraçar alguém é gostoso, carinhoso e não precisa ser apenas entre casais.
Myuka deve ter gostado, embora o susto daquela vez.
Então eu abracei Myuka com carinho.
Embora eu ainda queria presentear ela com algo como forma de agradecimento de qualquer maneira.
Depois disso Myuka não falou muito e nós nos despedimos e fomos cada um para o seu quarto quietos.

Eu tentei treinar um pouco mais de escrita, mas o cansaço chegou ao meu corpo e eu precisei me deitar mais cedo do que o costume.
No dia seguinte eu acordei recuperado.
Como normalmente acontecia, eu acordava mais cedo que Myuka, fazia minhas coisas, tomava meu café e saía para a escola antes dela acordar.
Geralmente ela acordava depois disso e saía, antes eu não sabia o que ela fazia, mas agora eu sei que ela estava me ajudando o tempo todo.
Eu cheguei na escola no horário de costume.
Pouco tempo depois chegaram mais algumas crianças.
Dessa vez havia algumas crianças humanas com as élficas.
Nenhuma delas eram as que faziam bullying.
Logo elas estavam me pedindo para contar mais sobre os Adagas-de-Prata.

Dessa vez eu contei sobre uma luta que tivemos contra um monstro que parecia um grande javali.
A aparência era muito parecida com o Javali da terra, mas como todo monstro, ele era muito maior, seu pelo era duro e parecia uma armadura, e suas presas eram grandes e voltadas para frente.
Eu contei que o Javali-Armado era muito forte e resistente, apesar de desajeitado e lento, ele era muito rápido em sua investida em linha reta, mas que Kurio foi impressionante ao defender toda a força do ataque do javali com seu escudo e permitir que Louyi derrotasse o monstro com o seu machado.
Claro que eu ajudei na luta contra o monstro, mas eu sempre dizia que era um quarto membro misterioso.
Eu disse que eu não sabia quem era essa pessoa, qual a raça nem sexo dele.
Eu disse que ele usava arco, espada e magia, apenas, e que se cobria com um manto com capuz que impedia de ver quem era.
As crianças acreditavam em mim sem perguntar muito sobre a identidade desse membro misterioso, mas elas sempre perguntavam dos feitos e habilidades dele.
Os olhos das crianças brilhavam enquanto eu contava, mas logo a aula começou e nós nos sentamos em nossos lugares para estudar.

A aula continuou normalmente.
Eu finalmente perdi minha impaciência em aprender rápido e estava apenas estudando conforme a professora ensinava, mas sempre praticava bastante e me esforçava muito mais que os outros alunos, já que eu tinha disciplina e conseguia me concentrar bastante.
Os outros alunos queriam brincar e se divertir, por isso acabavam perdendo o foco às vezes.
A aula acabou, conversei um pouco mais com as crianças e fui para a estalagem.
Cada vez mais crianças estavam em minha volta escutando sobre as aventuras dos guardas de carga.
Apesar de ser uma profissão simples e de iniciante, guarda de carga sempre foi uma profissão respeitada e admirada por todos.
Embora todos quisessem crescer se tornar mais importantes em vida, essa profissão era a porta de entrada para qualquer outra profissão que lutasse.
Até alguns ferreiros e pessoas de outras profissões que não tem a ver com luta já foram guarda de carga um dia.
Para os humanos e algumas outras raças élficas, até o caçador precisava ser guarda de carga pelo menos uma vez.

Durante a tarde eu e Myuka visitamos Louyi.
Ele já estava sabendo da evolução na condição de Kurio, pois Louyi havia visitado a casa dos Sangue-de-Prata um dia antes de nós.
Então eu contei que me tornei aluno de Necifran.
Ele ficou surpreso, mas disse aquela frase que eu já estava me acostumando.

— Se for o Dinus, então é deve ser assim.

Louyi sabia quem era Necifran, mas não o conhecia pessoalmente.
A principal ramificação da família Galafar não tinha mais nenhum parente como capitão de cavalaria, apesar de ter alguns em cargos altos no exército do reino.
Perguntei para eles sobre onde ficava o Rei e como chamava esse reino.
O reino e a capital tinham o nome "Seti".
Achei que era como o deus egípcio Set, mas eles me mostraram como se escrevia.
Louyi se impressionou que eu já estava conseguindo ler, mesmo que devagar.
Mas novamente ele disse.

— É o Dinus afinal...

Eu não gostava muito dessa frase, mas também não podia fazer algo a respeito.
Eu não deixaria de viver a minha vida daquele jeito por as pessoas se impressionassem sempre, mas era um pouco chato que eu estava ganhando essa fama.
Sei que muita expectativa em cima de alguém pode ser frustrante.
As pessoas passam a esperar muito de mim e eu ficaria com o péssimo sentimento de que não posso falhar, e se eu falhasse muita gente iria se desapontar.
Mas eu consegui colocar na minha cabeça que eu não tinha que ligar para isso e eu consegui não gerar esse sentimento ruim.

Louyi pediu desculpas e disse que não poderia ficar conversando conosco hoje pois ele tinha compromissos.
Provavelmente algo sobre a nobreza, mas ele não disse detalhes.
Eu voltei para a estalagem, enquanto Myuka decidiu dar uma volta para tentar descobrir mais sobre o príncipe e a Mayi.
Pratiquei minha escrita o resto do dia.
Myuka chegou tarde e cansada.
Ela comeu, tomou um banho e foi dormir.
Falamos pouco durante a noite, mas ela disse que não conseguiu evoluir muito nas buscas de hoje.
Quando eu estava indo dormir eu lembrei que no dia seguinte eu teria treino de espada e fiquei animado e ansioso.
Mas no fim das contas eu consegui dormir bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A nova vida de uma alma sem lembranças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.