A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 18
Capítulo 18 - Guarda de carga.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2020/09/13 11:27
Revisão: 2021/05/16 20:01



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Murio impediu minha partida.
Logo que passei pela porta da estalagem ele me chamou para conversar.

— Se você está indo para Marima, eu tenho um serviço que talvez vá te interessar.
— Serviço?
— Sim! Eu lembrei agora a pouco. Você já ouviu falar de "guarda" de carga?
— "Guarda"? - Uma nova palavra do idioma de Oriohn apareceu.
— Guarda é alguém que protege. No caso, guarda de carga é alguém que protege os mercadores e viajantes durante as viagens contra ataque de monstros e Orcs.
— Os Orcs atacam os viajantes? Eu pensei que os Orcs eram mais pacíficos.
— De fato, os Orcs comuns são pacíficos, mas existe uma raça de Orc, chamada de Renegados, que desde os tempos antigos atacam os outros.
— Eu já ouvi falar dos Renegados, meu pai me contou que eles são a origem dos monstros.
— Corretamente. A sensibilidade ao sol dos Orcs fez com que essa raça em específico entrasse em fúria e atacasse os outros seres de Oriohn.
— Então o guarda de carga protege aqueles que não podem lutar?
— Isso mesmo. Um comerciante que trouxe os produtos de Taule irá voltar hoje para o sul hoje e você poderia acompanhá-lo. Como você consegue derrotar monstros do nível do Lobo de Chifres sozinho, eu posso te recomendar como guarda de carga.
— Meu pai te contou desse caso? Isso é exagero, eu dei muita sorte contra o lobo naquela situação.
— Mas o Urso de Espinhos você derrotou sozinho, correto?
— Essa informação também já chegou aqui?
— Seu pai se orgulha muito de você e vive contando de seus feitos para mim quando ele se hospeda aqui. - Murio sorria enquanto parecia brincar com o assunto.

Então eu entendi porque Murio acreditou tão facilmente em mim.
Os caçadores de Khuma trouxeram essa informação para ele em sua ultima hospedagem, então ele já não se espantaria em me conhecer.
Os caçadores geralmente não fazem comércio na cidade, então o comerciante não iria me conhecer, mas Murio era conhecido de meu pai, com certeza Targo contou sobre mim para Murio.
Com isso, Murio me levou ao comerciante, que estava preparando a carroça para viajar.
Com o comerciante estava Taule, a pessoa que eu vendi minhas mercadorias para pegar a minha hospedagem.
Eu não havia perguntado o nome de Taule antes, fiquei sabendo pelo Murio.
Quando Murio me apresentou como filho de Targo para Taule, os rosto dele se transformou com uma expressão de espanto.

— Então você é Dinus?
— Isso mesmo, muito prazer. - Fiz a reverencia comum desse mundo enquanto me apresentava.
— Quer dizer que a caça que me vendeu foi você mesmo que abateu? Agora as coisas fazem mais sentido.
— Murio me disse que eu poderia te acompanhar como guarda de carga.
— Não a mim, meu primo Taime que viajará com a mercadoria. Os outros guardas ainda estão descansando, pois meu primo só partirá após terminar de montar a carga. - Taime era bastante parecido com Taule, haviam diferenças na altura, no tamanho da barba e na idade, mas era perceptível que eles eram parentes, mas o que me gravou a memória foi o pequeno chapéu que Taime usava, pois foi o primeiro chapéu que eu vi nessa vida.
— Outros guardas? - Eu não achava que mais pessoas iriam fazer a guarda.
— Sim. Guarda de carga não é um trabalho para se fazer sozinho, é preciso de alguns lutadores para cuidar dos monstros que atacam os viajantes. - Respondeu Murio enquanto ria, pois ele parecia ficar animado em me ensinar coisas que eu não sabia.
— Entendi. Então devo ajudá-los a montar a carroça?

Eles se espantaram quando eu ofereci ajuda.
Eu entendi depois que não é comum um guarda de carga ajudar os comerciantes e viajantes a montar a carga, pois simplesmente não era o serviço deles, então foi completamente anormal minha oferta.
Murio me explicou um pouco mais sobre o trabalho de um guarda de carga e me levou para me encontrar com os outros guardas enquanto os Taule e Taime terminava de montar a carga, mas os outros guardas estavam dormindo.

Murio me apresentou os guardas com a voz baixa enquanto eles dormiam e me pediu para esperar com eles no quarto.
Mas eu estava sem sono já, então eu fiquei prestando atenção nos detalhes da aparência deles.

Eram apenas 3 guardas, sendo 2 homens e uma elfa.
Os homens eram bem diferentes.
Ambos eram jovens e bastante robustos, mas um tinha a pele um pouco escura e o outro tinha uma pele bem mais clara.
Com exceção de Mayi, todos os outros humanos que eu havia visto tinha essa pele mais escura, então era a primeira vez que eu estava vendo outro homem de pele clara.
Esse de pele mais clara ostentava cabelos e uma barba ruiva, ambos compridos, com o cabelo chegando nos ombros e a barba no peito, ele parecia ser da etnia escandinava terrestre e dava a impressão de ser mais novo que o outros.
O de pele escura parecia uma versão mais jovem de Murio, tanto que achei que eles eram parentes, apesar de não serem.
A cor da pele dele assemelhava-se com a etnia indígena sul americana, assim como de Murio, mas ele mantinha o cabelo extremamente curto, junto com um pouco de barba curta, igual ao Murio, mas os cabelos desse jovem eram brancos, como se ele fosse bem velho, já o de Murio era escuro e bem enrolado como o de afrodescendentes.
Nós Elfos Negros de Khuma tínhamos o cabelo bem comprido e ondulados, mesmo o meu na minha idade já alcançava metade das costas, mas os humanos cortavam seus cabelos.
O de barba ruiva chamava-se Kurio e o de cabelo branco chamava-se Louyi.
Louyi portava um par de machados, um grande e outro pequeno, e Kurio uma espada curta, um escudo e uma adaga.

A elfa chamava-se Myuka e parecia jovem, mas eu já entendia que ela deveria ser a mais velha do grupo.
Pela primeira vez eu estava vendo um Elfo da floresta adulto.
Logo notei a enorme diferença entre nós.
Seu corpo não era tão magro como os Elfos Negros, embora ainda fosse mais magro que os humanos.
Mas a maior diferença estava em suas orelhas.
As orelhas dos Elfos Negros eram curtas, pontiagudas e apontadas para cima, já a dos Elfos da floresta eram longas, era possível vê-las de qualquer maneira, já que o cabelo não conseguia cobri-las, também apontadas para cima.
Seus cabelos eram mais longos e menos ondulados que o meu e tinha uma coloração castanha, mas ficava enrolado e preso de forma a não atrapalhar no combate.
Ela tinha pernas e braços bem compridos, se comparados ao resto do corpo, e devia ter a mesma altura que os homens, mas isso fazia ela parecer bem mais alta do que ela de fato era.
Ela portava um arco curto e um arco longo, uma adaga e duas aljavas, talvez uma para cada arco.
Como eles não estavam prontos e as suas armas estavam apenas ao lado de suas camas, não foi possível entender como eles as usavam.
Já eu portava uma espada curta curva, mas que era enorme para mim, feita a partir da garra do Urso de Espinhos, e um arco curto com uma aljava presa na coxa.
A espada ficava em minha cintura e o arco em minhas costas enquanto eu não estava usando-as.
Eu já não usava mais a lança nessa ocasião, pois não era fácil para mim manuseá-la.

Então eu decidi verificar novamente meu equipamento e mantimentos para me preparar para a viajem, já que seria diferente do planejado, além de fazer minha meditação diária e comer uma fruta de Kojo.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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