Eu decidi arriscar ir em uma estalagem e perguntar sobre os preços.
O comerciante me recomendou a estalagem que eu estava me dirigindo.
Não haviam muitas nessa cidade mesmo, mas esta era a mais em conta.
Ou seja, a mais barata.
Provavelmente com os piores quartos e a pior comida.
De qualquer maneira, acho que é melhor que acampar.
 - Boa tarde. Eu gostaria de saber o valor para alugar um quarto.
 - Boa tarde jovem mestre. Mas é claro! Para quantas pessoas?
 - Apenas uma.
 - Desculpe. - O atendente ficou me olhando e olhando ao redor por um momento. - Onde estão seus pais?
 - Eles estão na Vila. Eu viajei sozinho para a cidade.
Então a expressão do atendente mudou completamente.
Ele estava sorrindo e sendo simpático, como um bom vendedor que quer conquistar o seu cliente.
Mas a expressão dele mudou para algo como surpreso.
Ele parecia estar pensando em algo.
 - Você deve ser filho de Targo, correto? - Agora ele abriu um sorriso diferente, algo mais natural.
 - Sim! Muito prazer. Me chamo Dinus. - Eu respondi simpaticamente. - O senhor conhece meu pai?
 - Ora ora! O prazer é todo meu. Me chamo Murio e sou dono dessa estalagem. - Ele se abaixou para falar mais perto de mim, enquanto nos cumprimentávamos mais casualmente. - Ouvi a seu respeito de Mayi. Que Targo possuía um filho prodígio.
 - Não é para tanto. - Eu respondi com um sorriso meio envergonhado. - Eu apenas aprendi a falar muito cedo, então acabei aprendendo outras coisas cedo também.
 - Eu conheço seu pai sim. Quando os caçadores estão atrás de um monstro nessa região, eles se hospedam aqui.
 - Entendi. Agradeço por cuidar do meu pai. - Nesse momento o gerente fez uma expressão de espanto. Acho que ele nunca ouviu essa frase antes.
 - Mas para viajar sozinho da Vila Khuma até aqui. Eu não acreditaria em uma criança se já não soubesse de sua fama. - Talvez ele tentou continuar o assunto sem entender minha frase direito.
 - Minha fama?
 - Sim! O primeiro sobrevivente da doença de Estil.
 - Doença de Estil? O senhor se refere ao meu problema de excesso de magia?
 - Corretamente! Nós chamamos de Estil pois foi o nome da primeira criança que morreu dessa doença que se sabe.
No idioma de Oriohn não existiam palavras específicas para doença, síndrome, sintomas ou outras parecidas.
Tudo era chamado de "dor".
Quando você sentia alguma dor em algum lugar, você dizia que era "dor de pé" ou "dor de mão", mas você tinha que dizer também que era uma "dor de pancada" ou "dor de corte".
Quando era uma doença, ela provavelmente teria um nome, como "dor de Erme" ou "dor de Estil".
Isso porque a mesma palavra era usada para tudo.
Mas dizer "dor de Estil" é exatamente a mesma coisa que dizer "doença de Estil" ou  "Síndrome de Estil", então tanto faz.
 - Eu não sabia que era o primeiro. Quer dizer que até hoje ninguém sobreviveu a essa doença?
 - Exato. Você foi o primeiro caso de sobrevivente. Até porque é uma doença um tanto quanto rara, mas sempre descoberta quando é tarde demais.
 - Entendo. - Então houve um longo silêncio e enquanto eu estava cabisbaixo pensando nas crianças que não sobreviveram, eu quebrei o silencio voltando ao meu ponto original. - Qual o valor do quarto para uma pessoa?
 - Ah! - Então o gerente voltou a si. - Sim sim... O quarto para um adulto sai por 30 moedas de cobre por noite, com a janta e o café da manhã incluso.  Infelizmente não temos algo como um quarto para crianças.
 - Entendo. Sinto muito, mas eu não terei esse dinheiro. - Então eu estava me preparando para dizer tchau sair, quando o gerente me interrompeu.
 - Espere! Como você é filho de Targo e uma criança, eu posso tentar fazer um preço melhor para você. Claro que eu não poderia deixar de graça, mas me diga, quanto você tem?
 - Eu tenho 20... - Eu pensei seriamente em blefar e dizer que tinha menos, mas eu senti que não deveria mentir assim para um conhecido de meu pai. - 25 moedas de cobre.
 - Como você é pequeno, seria basicamente a diferença da quantidade de comida. - Então ele abriu outro sorriso daquele profissional de antes. - O que me diz? Gostaria de se hospedar por 25 moedas de cobre?
Eu decidi passar essa noite na estalagem de Murio.
Naquela noite eu finalmente senti saudades de casa.
Lembrei de minha mãe e o carinho dela por mim.
Ao acampar eu já tinha certeza que não seria tão confortável quanto minha cama em Khuma, mas o quarto da estalagem era gelado durante a noite e a cama era desconfortável.
Não tão desconfortável quanto ao colchonete de acampar, mas era muito diferente de minha cama.
Mesmo assim eu tive uma noite tranquila e bem dormida.