Moeda sem valor escrita por John Guimarães


Capítulo 6
Capitulo 6




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Sentia um pouco desconfortável no vestido, as medidas não estavam totalmente certas, deveria passar por reajuste simples até ficar aceitável, seus cabelos estavam presos com duas tranças cruzadas, tinha que admitir que Rolf tinha habilidade para fazer penteado havia ficado magnifico. Usando luvas roxo muito escuro quase preto, não entendi porque esses detalhes em roxo, mas não questionou. Sebas estava caminhando ao seu lado, seu terno possuía as mesmas cores, agora não carregava uma bengala e sim um livro no braço direito, seus cabelos penteados para trás com uma grande quantidade de gel, sua barba estava bem cortada porem seu bigode estava mais largo.  Havia passado algum tipo de maquiagem para ficar mais velho, e andava de forma mais tranquila não estava tão esnobe.

A rua tinha certo tipo de movimento, de vez enquanto passava alguma carruagem carregando algum nobre ou família um pouco rica, pessoas que andavam. Ainda não havia andado por aquelas ruas, não aparentava ter tanta beleza quanto a rua principal que possuía prédios com lindas pinturas ou lojas bem enfeitadas, mas o local que andava tinha simplicidade, gostava de andar por ali. Depois de alguns minutos de caminhada chegaram a frente de um estabelecimento, com uma grande placa "restaurante Fenisiz" reconheceu o logo, quando criança seu irmão mais velho já tinha levado ela para jantar em um desses, haviam vários restaurantes espalhado pela cidade com esse nome, em história do irmão mais velho dizendo que comeu em um desses em outras cidades. Sem delongas Sebas abriu a porta dupla, segurando-a para que passasse. Entrando no local era como o que tinha ido anos atrás, não possuía muitas mesas, o chão era de madeira polida, as paredes possuíam madeira até a metade depois até teto tinha um papel de parede com efeito de rosas, as mesas estavam cobertas com uma toalha branca com um vaso de flores no centro. Havia dois casais comendo e mais três famílias olhou ao fundo no canto direito um balcão onde havia um mordomo com uma prancheta escrevendo algo logo atrás dele havia uma porta que levava a cozinha. Escutou a porta fechar atrás de si, com Sebas passando ao seu lado pedindo para acompanhar, caminhou lentamente até uma mesa distante dos demais clientes. Chegaram até a mesa Sebas puxou a cadeira para que pudesse sentar, tinha conhecimento de como sentar com elegância, então não foi difícil fingir, Sebas contornou a mesa e sentou no lado oposto.

—Agora, tente observa e absorver maximo de conhecimento- inclinou o corpo para frente- se ele pergunta algo tente seguir a personalidade do documento

Concordou com a cabeça, estava um pouco nervosa conteve a ação de cruzar os dedos, colocando as mãos encima da mesa. Não demoro muito até um mordomo vier atender

—Bom dia senhora e senhor- fez uma reverencia- qual pedido para hoje?
—Traga o prato dia e gostaria que avisasse o nobre Fenisiz que o senhor Talis veio dar um bom dia
—Com certeza senhor- O mordomo então se afastou em passos largos e rápidos
—Detesto restaurante nobre- Revirou os olhos, enquanto abria o livro.
—Porquê? Eu acho a comida deliciosa, os mordomos são gentis- Tentou lembrar o que estava no documento e algo que estava em destaque era sorrir sempre, então tentava manter um sorriso mais natural possível
—Eu não acho a comida boa e vem em pouca quantidade, por Nerelim se me alimentasse apenas aqui morreria de fome- ele se virou um pouco de lado e cruzou as perna deixando o corpo de lado para Natasha, porem mantinha o olhar de canto de olho- E detesto pedir para os outros, cada um é livre pra pedir o que quiser, porque vocês nobre tem que criar essas coisas.
—Não é natural o líder da cada pedir para todos na mesa?- Sua mão estava começando a soar, o nervosismo estava piorando a situação e a luva não ajudava muito, não sabia muito como agir, estava acostumada a ficar quieta de cabeça baixa, mas Talita era alegre e sociável então tinha que manter cabeça erguida.
—Normal entre vocês nobres, o líder sempre comandando todos, até na hora de comer- Então ele molhou a ponta do dedo com a língua e virou a página
—Não entendo muito bem- sempre que foi em um restaurante era sempre seu pai ou seu irmão mais velho que fazia os pedido, até com convidados sempre seguia essas regras, nunca havia visto diferente- os cidadãos fazem diferente?
—Sim, cada um faz seu pedido- soltou um pequeno riso- e no submundo costumamos pedir quando entramos no bar na base do berro.
—Que desorganizado...-foi interrompido por Sebas que pigarreou, um homem grisalho com costeletas, vestido um terno preto vinha na direção da mesa.
—Senhor ferrisiz, passei aqui para dar um bom dia e resolvi desfruta do seu estabelecimento- descruzou as perna e fecho o livro repousando no colo estendendo a mão para Ferrisiz que abriu um largo sorriso apertando sua mão
—Prazer é meu em receber o Senhor Talis em meu restaurante, depois da nossa conversa por carta fiquei bem empolgado em lhe conhecer- Com a outra mão colocou em seu ombro.
—É uma honra conhece-lo pessoalmente, único bom homem que pude conhecer, sou novo na cidade estou de mudança-Apontou a mão para Natasha- Essa é minha filha Talita
—É um prazer conhece-lo, seu restaurante é muito bonita, o papel de parede de rosas me chamou atenção adoro flores combinando com o vasos de flores- de repente parou de falar, estava contendo a respiração e a vergonha tentou falar algo interessante para seguir a personalidade de puxar assunto, mas só conseguiu falar sobre a parede, queria sair correndo ou esconder embaixo da mesa.
—Muito prazer, eres uma bela senhora- Abriu um largo sorriso e olhou em volta analisando o papel de parede- Fico feliz que a decoração esteja em seu agrado, eu mesmo que escolhi o papel de parede- esticou o braço mostrando o local- cada detalhe eu mesmo que decidi, até a flores eu fui pessoalmente, para escolher as mais belas e cheirosas
—Realmente senhor uma bela escolha- Tentou pensar em algo para continuar o assunto, mas não entendia sobre flores ou papel de parede, decoração só conhecia algo sobre porque observava os locais que iria, mesmo assim não conseguia pensar em algo para continuar o assunto, gaguejou um pouco tentando falar mas Sebas interrompeu
—O senhor tem boa visão para decoração- Virou para o nobre que ainda sorria, soltou sua mão e começou a gesticular com ela, passando pelas flores que estavam no vaso encima da mão- Aposto que sua festa vai ser a mais bela que verei nessa cidade então?
—Isso com certeza, tudo foi escolhido milimetricamente por mim, não deixei nem um erro passar, inclusive- Retirou a mão do ombro de Sebas endireitou a coluna e começou a mexer nos bolso do casaco, retirando um envelope-Aqui esta o endereço da minha festa, eu mencionei que faria mas pelo árduo trabalho me enganei e esqueci de mencionar onde seria, contudo seu nome já esta na lista.
—Muito prazer, infelizmente eu não poderei ir meu senhor- Um genuína cara de decepção se formou na rosto de Sebas, Natasha estava acreditando fielmente que ele estava triste por não pode ir-Tenho negócios a resolver, nem todos meus produtos chegaram, tenho que voltar minha atenção para isso, minha filha vai ir em meu lugar.
—Isso parte meu coração, mas eu entendo uma mudança como a sua traz muitas dores de cabeça- Olhou para Natasha que automaticamente lembrou de sorrir- Fico feliz em contar com sua presença, vai ser bom para fazer novos contatos, minha festa vai contar com os mais nobres dessa cidade- Ao fundo um mordomo se aproximava com sua tigelas encima de uma bandeja- Agora eu irei deixar vocês comerem, me digam oque você acharam.
—Com toda certeza meu senhor- Sebas se endireitou na cadeira, enquanto o Mordomo colocava as duas tigelas encima da mesa.

Natasha olhou para a tigela parecia ser uma sopa comum, analisou ela melhor e reparou que parecia ser muito pouca quantidade, oque fez pensar se todas suas refeições eram assim. Pegou a colher que o mordomo trouxe junto com a tigela e provou, sentindo o gosto de camarão, o gosto estava muito bom sentindo um pouco de pimenta ao fundo.

—Essa é a festa que eu comentei da última vez que nos encontramos- Natasha se assustou um pouco, não esperava escutar a voz de Sebas, ele se mantinha concentrado tomando a sopa não parecia estar falando com ela.
—Por que ele está organizando uma festa?- repousou a mão encima da mesa enquanto segurava a colher, falar enquanto comia era falta de respeito.
—Esse homem possui inúmeras redes de restaurantes, tanto na terras do seu pai como nas dos outros lordes, está enriquecendo muito rápido ele pretende forma algumas alianças nessa festa e comprar algumas terras-Sebas comia e saboreava a sopa enquanto falava, mas o jeito que ele se posicionava com gesto da mão e cabeça não parecia que ele estava falando, Natasha ficou um pouco impressionada todos no restaurante poderia julgar que ela estava falando sozinha- Em alguns anos ele pode ascender como lorde, então ele precisa de aliados para se proteger de outros lordes até que o duque o note.
—Entendo, não sabia disso- Voltou a tomar sua sopa, normalmente não sabia quase nada sobre política, seu pai privava desses estudos o que tinha conhecimento era sobre etiqueta e como se comporta na presença de outros. O mínimo de conhecimento sobre política escutava em jantar em família quando seu irmão mais velho estava presente.
—Ele não vai ser nosso alvo, quero manter os poderosos distantes- Colocou a colher encima da mesa e pegou um guardanapo e limpou a sua boca- Vamos nos focar em algo mais baixo, até seu treinamento terminar.
—Eu não conheço muitos nobres- Na verdade conhecia quase nem um nobre, se apressou para termina sua sopa, Sebas estava quase no final.
—Isso é bom, pois você não vai precisar fingir que não conhece ninguém já que somos novos na cidade- Terminou a sua sopa, colocando a colher de lado então recostou na cadeira de forma relaxada e cruzou as pernas-Por agora nos iremos apenas termina de comer e vamos embora.

Concordou com a cabeça e seguiu comendo, não demorou muito a quantidade de realmente era muito pouca, não sentiu satisfeita, mas ficou feliz pelo gosto estar maravilhoso. Sebas olhou para a tua tigela vazia e se levantou recolhendo seu livro colocando embaixo do braço, Natasha esperou sentada enquanto ele se afastava e ia em direção ao balcão, trocou algumas palavras com o mordomo retirou algumas notas e pagou pela comida. Quando ele se aproximava então resolveu levantar e acompanhar até a saída, seguiram em silencio até a porta, andando pela rua em silencio começou aproveitar a caminhada o céu estava limpo com um sol forte tocando seu rosto, por um momento fechou os olhos e aproveito a liberdade de poder andar pela rua sem preocupação, tinha que admitir que as luvas estavam fazendo sentir calor, porem deixo isso de lado por um momento.

Depois de andar por algumas rumas chegaram até uma praça, o local era onde famílias ricas levavam suas crianças para passear e brincar um pouco, o local era amplo com quatro jardim, com ruas de pedra entre elas dividindo e no centro dela havia uma enorme fonte que fazia um show de aguas muito bonito, haviam diversos bancos e no centro dos jardim haviam mesas que estavam sendo ocupadas por algumas pessoas que conversavam tranquilamente depois do almoço. Sebas resolveu entrar na praça andando lentamente olhando para as pessoas, cumprimentando algumas que devolviam com largos sorrisos e empolgação. Estavam se aproximando da fonte onde haviam quatro homens com túnicas brancas com desenhos de três rosas azuis juntas formando um triangulo, rapidamente notou que faziam parte da religião de Lyra, a deusa da alegria, dança e música, achava essa religião maravilhosa seus dotes se baseavam em espalhar felicidade para todos não importando qual forma que usasse. Sua familia cultuava Tauron o deus da guerra, oque ela achava muito rude por ser voltado apenas para o ódio.

Os quatros homens carregavam instrumentos como alaúde, tamborete e uma flauta e o quarto estava de mãos vazias cantando, então Natasha começou a canta o verso que sabia em voz baixa junto com o homem.

“Oh Lyra, sua beleza é como uma flor de liria
Eu louvo o seu nome com alegria
Caminho por essa estrada sem tristeza
Pois sua vontade me dá certeza

Oh Lyra, ontem eu chorei por essa alma
Hoje eu trago fim a sua tristeza
Pois ao escutar o seu canto me trouxe calma
Amanhã eu ando por esse caminho com braveza”

Então a música seguiu, sem saber como continuar cantando ficou tristes gostava muito de Lyra, cantar suas musica acendia uma chama alegre em seu peito, dava vontade de dançar sem compromisso algum. Não podendo fazer isso por ter que manter a etiqueta ficou em silencio, percebendo que Sebas observava de canto de olho, então ele se aproximou um pouco e começou a falar baixo.

—Cultua Lyra?
—Minha família cultua Tauron- Olhou pra baixo com tristeza.
—Não perguntei sua família, perguntei sobre você- Ajeitou o livro em seu braço enquanto mantinha a cabeça virada para os musico prestando atenção na música- Você tem que parar de achar que você é sua família, você é você.
—Eu gosto de Lyra- Falou um pouco devagar, o que ele tinha falado atingiu bem fundo no seu peito, sentindo um enorme aperto não conseguiu compreender porque de tal sentimento mas queria concorda com ele- Lyra é bem forte nessa cidade
—Mas do que o normal- Olhou para ele, percebeu que estava sério, com o cenho franzido encarando os músicos- Nobres, a família real e o submundo esses três dominam o pais em uma disputa eterna, mas recentemente a religião de Lyra está ganhando tanto poder que chega a ser assustador.
—Como isso? Eles não cultuam a felicidade isso deveria ser algo bom- ficou ligeiramente confusa, algo que traz felicidade não deveria ser ruim.
—A religião é boa, mas as pessoas não- Se virou e começou a andar em direção oposta indo para a saída da praça- Sempre tenha medo dos fanáticos.


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