— Você morrerá jovem, após anos de sofrimento que o farão implorar para ter a sua alma arrancada — disse-lhe a bonita cartomante, um olhar cortante sob o véu de estrelas que cobria a sua cabeleira negra. — Um segredo será revelado, e você deverá escolher entre o alívio de todas as suas dores ou o torturante perdão. Atrás da porta correta, haverá paz. Se escolher a porta errada, sua alma nunca encontrará descanso. 

Sirius se inclinou por cima da mesinha, entalhada com toda sorte de runas e encantamentos que não faziam nenhum sentido, e espiou as sete cartas que puxara do baralho de tarô, agora dispostas em cruz. 

— Você viu tudo isso nessas figurinhas? — Sorriu, admirado. — Isso que eu chamo de extrapolação, madame.  

A cartomante estreitou seus olhos delineados em hena, apontando a carta do meio, O Louco. Um jovem à beira de um precipício, com um cãozinho mordendo-lhe o calcanhar. Em uma mão uma rosa branca, na outra, uma trouxa de viagem. 

— Também vejo que é inconsequente, e não levará a minha leitura a sério. 

O nome dela era Dalila. Transaram nos fundos de sua tenda, entre lenços de seda coloridos, lanternas de papel penduradas no teto e o cheiro de incenso de patchuli. Sirius nunca mais consultou sua sorte em nenhum festival trouxa. Nunca mais pensou sobre ela.

Até quando atravessou o véu, quinze anos mais tarde.