Surpresas do Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 6
Café da manhã em família?


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Voltei e nem estou muito atrasada dessa vez! Olha que milagre u.u
Não sei se vocês perceberam mais eu estou muuuito exagerada com esses dois, quando eu vejo os capítulos já estão enormes kkkk espero que não se importem!
BOA LEITURA :D



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  Alex

 

  - Vocês se conhecem? – perguntei surpreso.

  Eu não podia acreditar que Analu estivesse ali na minha frente. No meu bairro em meio a uma “conversa” com Tommy. Meu sábado estava sendo tranquilo se contar que tem pouco mais de uma hora que eu acordei, mas aqui, agora com essa garota linda a minha frente eu tinha a impressão que minha paz ia sumir.

  Eu só não entendi sua expressão, num minuto ela sorriu, aquele sorriso encantador que sempre mostrava suas covinhas e no minuto seguinte ela fechou a cara, isso me deixou curioso sobre o motivo dessa mudança súbita.

  - Nós nos conhecemos ontem, não é Tommy? – ela sorriu para o meu filho que para minha surpresa sorriu de volta como se realmente ele e Analu fossem velhos amigos. A garota voltou a me olhar quase como se procurasse alguma coisa em meu rosto. – Então você é o pai que não resiste a uma garota bonita que Rose comentou?

  - O quê? – perguntei sem acreditar e ela riu. Até isso mexeu comigo, Analu fazia de propósito, não era possível.

  - É só uma brincadeira. Eu conheci Tommy e Rose ontem no parque. Mas você não me respondeu – ela me olha a espera de uma resposta que parece ser muito mais que um sim ou não.

  - Sou, Analu, esse é o Thomas o meu filho e Tommy, esse é a Analu, uma colega da faculdade. Mas vocês já se conhecem aparentemente.

  - Óbvio que é – Analu resmunga suspirando e fico sem entender. Achei que a brincadeira fosse fazê-la sorrir, mas pelo contrário. Ela finalmente me olha, os olhos verdes tristes como se tivesse ouvido uma notícia ruim. – Ele é uma graça, você e a mãe dele devem ser os pais mais orgulhosos do mundo.

  Espera... Então é isso? Não pode ser. Analu ficou assim por causa da ideia de que eu e a mãe de Tommy somos um casal? Não pode ser, eu provavelmente estou ficando louco, vê-la com tanta frequência nos últimos dias está me dando ideias que eu não devia ter. Ela, Anna Laura Whitmore, interessada no meu estado civil? Eu duvido muito.

  - Nós... – estou prestes a respondê-la quando sou interrompido pelo toque do meu celular. Ela me olha curiosa e eu pego o aparelho do bolso da calça. – Um instante – peço olhando o identificador de chamadas. – Mason?

  - Eai, cara! Onde você está? Dave está de péssimo humor hoje e quase brigou com um cliente achando que era um empregado – ele disse tudo de uma vez com seu bom humor de sempre.

  Mason era um amigo da faculdade, nós nos conhecemos no início do curso e de lá pra cara não nos separamos. Foi ele quem me conseguiu esse emprego na livraria quando fui demitido do bar. Ele e sua boca grande me lembravam um pouco Analu, por que eu estou sempre cercado de gente que não para de falar?

  - Dave me liberou ele... – me interrompi vendo Alanu me olhar, conferi se Tommy estava bem preso no carrinho e dei dois passos para longe, mesmo que ainda estivesse de olhos nos dois. – Dave me liberou, por causa do novato que ele contratou ontem.

  - Sério? Aquele idiota tem coração desde quando? Vai me dizer que repensou o ultimato que te deu?

  - Ele não tem coração, e não, não repensou. Dave fez questão de deixar bem claro que eu dei sorte por causa do novato. Mas que não vai esquecer que me viu... – me interrompi vendo Analu brincar com Tommy sem me olhar, mas alguma coisa me dizia que ela estava completamente atenta a minha conversa.

  - Que ele te viu rolando pelo chão da livraria com uma garota, uma cliente – Mason riu e eu revirei os olhos.

  - Você sabe que não foi bem assim.

  - Mas é assim que tomo mundo soube. E quem era? Só um nome, por favor.

  - Não era ninguém, Mason. E não aconteceu nada, Ok?

  - Eu ainda descubro. Pode deixar. Mas e então, ele disse o quê?

  - Que tenho que ir sábado que vem, se não, já era.

  - Ele vai te demitir?

  - Não, vai me convidar pra uma cerveja – respondo irônico e posso quase vê-lo revirando os olhos.

  - Idiota. Então é melhor dar um jeito de aparecer, por que ele está cuspindo fogo.

  - Mason sai desse telefone e vem aqui me ajudar com essas caixas!— escutei Dave gritar e meu amigo suspirar.

  - Você ouviu, certo? indo lá, a gente se vê segunda.

  - A gente se vê, boa sorte!

  - Valeu – ele agradeceu e desligou logo em seguida.

  - Desculpe... – parei quando percebi que Analu e Tommy estavam em meio a uma conversa e não me notaram ali. A garota estava abaixada a frente do carrinho para fica da altura do meu filho.

  - Vamos carinha, não chora, seu pai deve estar terminando de falar no celular. Vai ver ele está falando com a sua mãe quem sabe? – ela ia falando e tentando acalmar Tommy que tinha começado a resmungar no carrinho. Ele não era muito fã de ficar preso em lugar nenhum. – Você sabe que eu até imaginei umas coisas... Ok, você não quer saber. Vem aqui, não precisa chorar – Analu desistiu de falar e pegou o bebê, o que foi uma pena, por que fiquei curioso com o que ela tinha imaginado. – Ah! Que susto! Eu é... – ela exclamou e parou de falar assim que ficou de pé e me viu. – Desculpa, eu acabei pegando ele.

  - Tudo bem – garanti vendo Tommy todo à vontade no colo dela. Analu sorriu e beijou o rosto dele, Tommy devolveu o carinho espalmando a mãozinha na bochecha dela fazendo-a rir. A cena era tão fofa que eu poderia ficar ali por horas vendo-os.

  Meu filho fez menção em puxar os cabelos dela, mas Analu foi mais rápida e segurou a mão dele e beijando-a.

  - Dessa vez não, Tommy. Eu não sei o que ele tem com os meus cabelos – ela comenta divertida, como se fosse a coisa mais normal do mundo ela estar ali com Tommy no colo. Analu me olha parecendo quase preocupada e esse simples fato me assusta. – O que foi? Alguma noticia ruim na ligação?

  - Não. Mas nós temos que ir – digo e sua expressão passa de preocupação para algo que parece tristeza.

  - Vocês provavelmente estavam indo para algum lugar. Desculpa atrapalhar. Foi muito bom ver vocês. Tchau, Tommy – ela sorri colocando-o no carrinho, mas para minha surpresa ele se gruda ao pescoço dela. – Tommy? Alex? – ela me olho ainda meio abaixada sobre o carrinho.

  Alguns caras que estavam passando do outro lado da rua olham a nessa posição e quero só tirá-la dali. Hoje Analu não está usando uma daquelas saias apertadas, nem as calças jeans de sempre. É um vestido verde claro de alças que combina com seus olhos e a deixa encantadora. Por isso a ideia dos idiotas secando-a me incomoda.

  - Tommy, vem aqui campeão – vou até ela que fica de pé ainda com Tommy no colo e estamos tão perto que posso sentir seu perfume doce. Me livro desses pensamentos enquanto tento convencer o bebê a vir comigo. Não o julgo por querer o colo dela. Mas estou surpreso por eles terem se entendido tão bem.

  Quando finalmente convenço-o a vir comigo nós temos que livrar os cabelos de Analu de seus dedinhos ágeis. Assim que conseguimos esse feito eu simplesmente paro para olhá-la, sorridente, meio corada pela confusão e um pouco descabelada, essa imagem vai ficar gravada na minha memória e eu quase posso imaginar outras coisas e me repreendo por isso. Não quero uma namorada, não preciso de uma e definitivamente não quero me envolver com Anna Laura Whitmore, não quero magoá-la nem me magoar, principalmente por que, a julgar por toda a ceninha de Tommy, dessa vez, o meu coração não vai ser o único a sair machucado.

  - Acho que é um até logo então – Analu diz quando não falo nada. Lembro-me da nossa proximidade e me afasto. Ela suspira.

  - Até – consigo dizer, ela acena, da meia volta e vejo-a se afastar ainda meio perdido com tudo o que aconteceu. – Vamos, Tommy – digo a ele que também estava olhando para onde Analu se foi.

  Coloco-o no carrinho outra vez e nós seguimos para o nosso destino de origem, a padaria da qual Analu tinha saído há pouco. Eu entro, peço os pães, aproveito para pegar queijo e presunto e uma lata do leite de Tommy que já está quase no fim. O bebê resmunga durante nossas compras e só posso sorrir e concordar com ele que eu não entendi muito do nosso encontro com Analu, mas que, apesar de tudo, eu gostei muito dele.

  - Finalmente! – Analu diz assim que saio me assustando e eu sorrio ao vê-la outra vez, mesmo que não entenda o motivo disso tudo. – Pelo menos dessa vez eu não estou congelando de frio.

  - Fico feliz com isso, mas posso perguntar o por quê? – questiono me afastando da porta para não atrapalhar quem quer entrar e sair da padaria.

  - Então... – ela olha de mim para o Jeep mais adiante no estacionamento e tenho quase certeza que está corando. – Você pode me emprestar seu celular?

  - Claro, mas insisto em perguntar o porquê – digo realmente curioso com o pedido.

  - Se você prometer não rir eu digo.

  - Agora eu estou realmente curioso – digo divertido e ela me olha feio.

  - Você já está rindo!

  - Desculpa, Princesa. Eu vou tentar me controlar, prometo, mas e então?

  - Eu tranquei o celular e a chave do Blu dentro dele – ela resmunga e eu tenho que me segurar para não rir. No fim acho que não estou nem surpreso com isso, Analu parece realmente um ímã para desastres. - Não ri! – ela pede fazendo bico como uma criança pequena e me surpreendo com a vontade de provar o gosto desses lábios que fazem um biquinho tão fofo.

  - E eu posso saber como isso aconteceu? – pergunto me livrando desses pensamentos.

  - Eu estava com tanta vontade de comer o bolo que só sai do carro levando a bolsa e esqueci o resto. Agora que você já sabe de toda a humilhação pode me emprestar o celular? Quero ligar para o meu pai e avisar.

  - Aqui está, Princesa – digo lhe estendendo o aparelho e ela sorri mostrando as covinhas.

  - Obrigada, Sr. Bad Boy.

  O apelido ridículo me faz sorrir, ela pega o celular, pede licença, mas não se fasta muito para fazer a ligação. Olho para Tommy que se distraiu com seu mordedor e tenho consciência de que toda essa proximidade e sorrisos ainda vai terminar mal. Beijá-la? Eu imaginei mesmo isso? Eu sei que é loucura, mas sempre que ela sorri toda animada tenho vontade de provar seus lábios que parecem ser tão macios. A parte perigosa disso tudo é que Analu não é só bonita por fora como eu achei que era. Ela é extremamente linda por dentro e isso é ainda mais perigoso.

  Vejo-a voltar parecendo irritada, ela para a minha frente, me estende o celular e nem sei se devia perguntar alguma coisa, sua expressão sugere que ela vai agredir a primeira pessoa que lhe der a oportunidade.

  - Conseguiu falar com ele? – pergunto assim mesmo e isso é o suficiente para ela começar a falar.

  - Não! Não consegui falar com ninguém! Liguei para o meu pai, para a minha mãe, para o Noah, até para o Drew eu liguei! E nada! Meus irmãos devem dormindo, o papai nunca atende ninguém mesmo e o celular da minha mãe dando desligado, aposto que ela o perdeu dentro de casa outra vez e ele descarregou. No fim não adiantou de nada, mas obrigada assim mesmo. Você sabe onde tem um chaveiro por aqui? – ela pergunta simplesmente como se não tivesse surtado há poucos segundos atrás. Resolvo não pensar muito sobre isso.

  - Tem o Sr. Wood, um senhor bigodudo que adora uma fofoca. Ele é o único chaveiro aqui do bairro.

  - E o número dele qual é? – ela pergunta e eu dou de ombros.

  - Não tenho nem ideia.

  - Alex!

  - O quê? – pergunto divertido.

  - Eu falando sério! E o endereço dele?

  - Eu também estou. Não tenho nem ideia do telefone dele, mas tenho um cartão lá em casa. É mais rápido que tentar encontrá-lo, ele quase nunca está na loja.

  - Então é agora que você me convida pra ir com você ou eu vou esperar aqui até você trazer o cartão? – ela pergunta e eu rio sem conseguir me conter. Analu é realmente uma pessoa única. Então ela arregala os olhos verdes. – Não me diga que você tem algum compromisso e eu aqui te atrapalhando.

  - Eu não tenho compromisso nenhum, Princesa. Gostaria de ir comigo lá em casa buscar o número do chaveiro? Ou você tem algum compromisso?

  - Se eu tivesse não ia fazer diferença mesmo - ela comenta e sorrio. – Mas não, não tenho compromisso nenhum. Vamos?

  - Por que a pressa, querendo se livrar logo de mim? – pergunto começando a empurrar o carrinho de Tommy, Analu segue ao meu lado, ela sorri divertida negando com a cabeça.

  - Não, na verdade eu só quero usar o seu banheiro – diz divertida e sorrio sem me conter.

  Nós caminhamos lado a lado durante todos dos 15 min. que eu gasto de casa à padaria em silêncio, o que, tendo como companhia Analu, foi um recorde. Ela olhava de mim para Tommy se não procurando alguma coisa, pensando em alguma coisa. Eu quase podia ver as engrenagens do cérebro dela girarem, daria um apequena fortuna para saber no que ela tanto pensava.

  Eu parei em frente a minha casa, a casa que herdei dos meus avós, as paredes de fora eram vermelhas e as janelas brancas, mas assim como o interior, já estavam desbotando. Achei que Analu sendo uma garota rica fosse falar alguma coisa a respeito, mas para minha surpresa ela estava mais interessada no pequeno jardim que era da minha avó e eu tentava manter, mas confesso que não tinha muita habilidade pra isso. As roseiras estavam grandes demais e havia mato pra todo lado.

  - São lindas – ela sorriu tocando as rosas azuis e depois voltou a me olhar. – Você tem um jardim.

  - Era da minha avó – comento subindo com o carrinho de Tommy para a varanda a fim de entrar. Analu vem até mim e me ajuda para minha surpresa.

  Eu abro a porta e me arrependo de tê-la trazido no instante em que vejo a bagunça na sala. Eu podia ser bom em muitas coisas, mas organização não era uma delas. Havia sapatos, livros e até algumas ferramentas espalhadas por ali. Vejo Analu olhar em volta e sorrir.

  - Você precisa de uma faxina e eu de um banheiro. Posso usar? – ela pergunta divertida e eu sorrio.

  - Primeira porta à direita, ali perto da escada – aponto e ela sorri para mim antes de seguir até o cômodo. Olho para Tommy no carrinho e suspiro depois de vê-la entrar no banheiro. – Acho que dessa vez eu me superei, campeão.

  Aproveito a ausência de Analu para juntar ao menos o que está espalhado pelo tapete, junto à bagunça em um canto, arrumo os livros e pego o casaco de cima do sofá o que me lembra que ela ainda está com o meu moletom. Sorrio com o pensamento, será que toda vez que eu vê-la ela vai levar alguma coisa? Eu espero que não, por quem em uma dessas, ela vai levar mais do que devia.

  Quando Analu volta, ela está com os cabelos amarrados num rabo de cavalo e sorri.

  - Obrigada e desculpa. E se você estiver arrumando por minha causa não se preocupe, eu não quero atrapalhar, mais— ela murmura a última palavra. – Posso? – ela aponta o sofá e faço que sim.

  Alanu vai até lá e se senta, então ela se remexe e finalmente tira um carrinho de Tommy debaixo de si, ela ri divertida e eu não sei o que dizer, no fim suspiro.

  - Desculpe por isso.

  - A casa é sua, eu que estou invadindo. Isso é seu, Tommy? – ela pergunta ao bebê que se vira no mesmo instante para ela. – Me desculpe eu quase esmaguei. Que tal você brincar comigo enquanto o papai busca o número do moço que vai abrir o meu carro? – ela pergunta divertida estendendo os braços a ele, e Tommy é claro, aceita de bom grado o colo dela.

  Estou tão hipnotizado vendo-os que levo uns segundos para compreender as palavras dela e me lembrar o que Alanu veio fazer aqui. Deixo os dois na sala, já que eles parecem íntimos o suficiente para isso e vou até a cozinha levando as compras da padaria que estavam na cesta do carrinho de Tommy comigo para procurar o número do chaveiro. Olho as gavetas, as anotações, os papeis presos a geladeira e nada. Eu tinha o cartão dele só não tinha ideia de onde tinha colocado.

  - Alex, acho que Tommy deixou um presentinho na fralda – Analu comenta aparecendo no batente da porta com Tommy no colo. Ela sorria colocando uma mexa de cabelo que escapou atrás da orelha. A ideia dela estar ali na minha casa com meu filho no colo era tão surreal que eu só consegui olhá-los por alguns instantes. – Se você quiser posso tentar trocá-lo, eu nunca fiz isso, mas pra tudo tem uma primeira vez.

  Sua declaração me pega de surpresa. Ela está mesmo se oferecendo para trocar a fralda de Tommy? Essa garota realmente não existe e isso é o que mais me aterroriza, não quero enxergar nada disso nela.

  - Você não precisa aprender, é uma visita. Me dê ele aqui, eu faço isso, mas o número eu ainda não encontrei – comento ouvindo meu estomago roncar. Eu paro na mesma hora mordendo o lábio, Tommy já tomou café, eu ainda não.

  - Você vai trocar ele e comer. Depois a gente resolve o resto e mais uma vez, desculpa.

  - Chega de se desculpar, Princesa. Isso não é nada demais.

  - Se é assim, me deixe pelo menos fazer um café pra você. Afinal é a única coisa que sei fazer na cozinha. Café – ela comenta e sorrio.

  - Você não cozinha?

  - Não, mas não foi por falta da minha mãe me ensinar, ou minha avó, eu só não tenho as habilidades necessárias e é isso. Você cozinha?

  - Eu tento, minha avó me ensinou.

  - A vida é mesmo injusta – ela reclama acabando com a distância entre nós e me entregando Tommy. – Posso te fazer um café como forma de agradecimento?

  - Você está mesmo falando sério? – pergunto sem acreditar e ela para a meio caminho de abrir meus armários como se estivesse em casa. Analu se vira e me olha como se eu tivesse falando alguma coisa estranha.

  - Claro. É o mínimo, eu acabei com o seu sábado, com o seu café estou te fazendo me ajudar. A mãe do Tommy provavelmente vai me adiar.

  - Ela nunca faria isso. Na verdade, vocês seriam grandes amigas – sussurro e Analu me olha curiosa. – Não é nada. Então eu aceito o café. Vou trocar o Tommy e já volto.

  Saio da cozinha e subo ainda sem acreditar no que está acontecendo. Anna Laura Whitmore na minha cozinha fazendo café? O que exatamente está acontecendo? Tudo isso ainda parece uma brincadeira de mau gosto. Mas ao mesmo tempo em que não consigo acreditar que é real, sou incapaz de imaginar que a garota no andar debaixo agindo como se a casa fosse sua, seja capaz de fazer alguma brincadeira como essa. Limpo Tommy, brinco com ele apenas para ouvi-lo rir e desço outra vez.

  - Vamos lá ver o que a Analu está aprontando na nossa cozinha? – pergunto a Tommy que me olha curioso.

  Quando chego à cozinha me surpreendo ao ver Analu cantarolar uma música que não conheço enquanto faz sanduíches com os pães que comprei. Ela limpou a mesa e está dançando conforme a música.

  - If you could see that I'm the one who understands you; been here all along, so why can't you see? You belong with me... You belong with me...— ela arregalou os olhos e parou de cantar assim que me viu. – Você está aí há muito tempo?

  - Não muito. Isso são sanduíches? Achei que você não cozinhasse.

  - E não cozinho, mas ainda sei colocar fatias de queijo dentro de pães. Mas é o meu máximo também. Não espere por mais, que não vai ter.

  - Não esperava nem por isso – digo sinceramente. - Obrigado.

  Vejo Analu corar antes de se virar e encher duas canecas de café. Quando ela volta a me olhar ainda está sorrindo, então me estende uma das canecas e eu ajeito Tommy em meu colo e sento-me em uma das cadeiras da mesa antes de aceitar. Aceito também um dos sanduíches e não é difícil comer com uma única mão, eu faço isso sempre.

  - Admiro sua destreza em comer com Tommy no colo – ela diz se juntando a mim e se sentando em um das cadeiras para só depois tomar seu café.

  - Estou sempre fazendo isso. Então não é muito difícil. Você além de uma motorista questionável também é cantora? – brinco e ela me olha feio, mas logo em seguida sorri.

  - Não vou nem falar nada sobre o “motorista questionável”, mas a música é influencia da minha tia, eu faço quase tudo ouvindo música ou cantando. Ler, limpar, trabalhar quando meu chefe chato não está olhando – ela tagarela e poderia fazer isso pelo resto do dia, vê-la falar. Impeço Tommy de alcançar meu sanduíche depois a olho outra vez.

  - Achei que você trabalhe com seu pai.

  - Como sabe disso? – ela questiona arqueando uma sobrancelha e me arrependo do comentário. Não vou admitir que perguntei sobre ela na faculdade, não que eu precisasse, os Whitmore eram um assunto que todos adoravam.

  - Não é difícil ouvir sobre você e seu irmão – comento e ela me olha como se não acreditasse, mas não diz nada. – Mas você não respondeu.

  - Você nunca me responde – ela devolve dando de ombros.

  - E sobre o que você quer saber? – pergunto mesmo que já tenha ideia do assunto.

  - Você sabe, onde está a mãe do Tommy?

  - Ela morreu quando ele nasceu – digo e a vejo arregalar os olhos surpresa. A história toda com Lucy não é nenhum segredo, todos aqueles mais próximos a mim a conhecem.

  - Eu... Não sabia, sinto muito.

  - Não é culpa sua – comento me concentrando em meu café. Por algum motivo não quero falar sobre isso com Analu.

  - Eu não devia ter insistido.

  - Tudo bem, Analu, sério – digo olhando-a que parece realmente arrependida. E isso é uma coisa que gosto nela, Analu é completamente transparente, não finge uma única emoção, é fácil saber como ela se sente.

  - Ele se parece com ela, não é? Rose disse algo sobre isso ontem, que Tommy parecia com a mãe. Ela devia ser linda.

  - Ela era, e ele saiu uma cópia dela. Mas você ainda não me respondeu, como pode odiar seu chefe se trabalha para o seu pai? – pergunto mudando de assunto. Não quero falar sobre Lucy.

  Ela sorri antes de começar a falar.

  - Eu te disse, sou só a estagiaria mesmo que a empresa seja do meu pai. E o chefe do departamento para o qual eu trabalho, me odeia. E se quer saber, a recíproca é verdadeira. Por que ele é um babaca. Mas deixando isso de lado, eu posso usar seu telefone outra vez? Talvez alguém me atenda agora.

  - Claro, ele está ali na bancada – aponto o aparelho e ela me dá um último sorriso antes de ir até ele. Mas volta um minuto depois para que eu possa desbloqueá-lo pra ela.

  Vejo Analu finalmente conseguir falar com alguém e se afastar, então me concentro em comer e não deixar Tommy alcançar minha comida. Quando termino levo tudo a pia e Analu volta. Coloca o celular outra vez sobre a bancada e me olha.

  - Eu cuido da louça e você se encarrega do numero do chaveiro, que tal? – ela se oferece me surpreendendo mais uma vez.

  - Por quê? – pergunto sem conseguir me conter e ela me olha como se eu tivesse ficado louco. E talvez tenha mesmo, essa garota consegue me deixar maluco.

  - Por que o quê? Por que eu vou lavar a louça? Por que está uma bagunça e minha mãe jamais me perdoaria se eu fizesse uma bagunça assim e deixasse. Principalmente por que você está me ajudando.

  - Você é realmente uma caixinha de surpresas, Anna Laura Whitmore – digo e pela segunda vez na manhã vejo-a ficar vermelha, é encantador.

  Resolvo deixar que ela faça como quer e vou olhar os papeis que tenho no meu quarto. Lembro-me de ter visto algumas coisas no criado mudo. Depois de evitar que Tommy comesse alguns dos papeis acho o cartão de vistas do Sr. Wood. A essa altura era mais fácil ter ido vê-lo pessoalmente mesmo que corrêssemos o risco de não encontrá-lo.

  Quando desço outra vez, Analu está sorrindo vendo seu trabalho bem feito, a pia, o armário e a mesa estão limpos e organizados e tenho que admitir que gosto de ver que ela não é daquelas garotas que tem medo do trabalho. Ela o faz e faz bem, sem reclamar ou se importar. A Princesa é realmente uma incógnita pra mim e mesmo achando que não deva, eu quero descobrir mais e mais.

  - E então? – pergunta e estendo o cartão a ela. – Oba! Vou ligar agora.

  - Claro, fique à vontade. Posso perguntar com quem você falou naquela hora em que te atenderam?

  - Com a minha mãe. Eu não vou ter paz quando chegar em casa – ela reclama e me sinto mal.

  - Ela está chateada com você, por causa do carro?

  - Não – ela sorri mostrando as covinhas. – Meu problema é outro. Digamos apenas que minha mãe é muito curiosa. Agora vou ligar, já volto.

  Ela se afasta me deixando intrigado. Curiosa é? Fiquei interessado em saber que tipo de pessoa eram os pais de Analu, para ela ser a garota encantadora que é, eles devem ter sido ótimos, afinal, nem todos tinham o meu azar de não terem tido nenhum.

  - E então? – pergunto quando ela volta. Analu sorri.

  - O Sr. Wood é uma graça, eu disse que era sua amiga e ele disse que assim que terminasse o trabalho que está fazendo viria aqui.

  - E você sabe quando vai ser isso? – pergunto curioso e ela arregala os olhos verdes.

  - Logo...? Droga! Você deve ter mais o que fazer e eu estou aqui te atrapalhando.

  - Calma, Princesa. Eu não falo por mim, falo por você. Deve ter algum lugar pra ir.

  - Felizmente não. Hoje é sábado e meu maior compromisso foi ir ao trabalho ajudar meu pai. E Você, Sr Bad Bod? Muito o que fazer?

  - Não. Só organizar algumas coisas se o Tommy deixar.

  - Ótimo! Eu e o Tommy podemos esperar o Sr. Wood lá na sala e você faz o que tiver que fazer, que tal? Pelo menos assim não te atrapalho muito mais.

  - Você tem certeza que...

  - Só me dê ele aqui, Alex – ela me interrompe revirando os olhos e vindo até mim. Analu pega o Tommy que vai todo sorridente para os braços dela. – Se eu tenho que parar de me desculpar, você tem que aprender a aceitar ajuda. Estamos lá na sala, qualquer coisa grita.

  E quando ela termina de falar simplesmente se vira e sai andando em direção à sala como se, realmente a casa fosse dela. Sorrio sem acreditar, acabei de descobrir mais uma face de Analu, ela é muito mandona quando quer. Mas graças à ajuda dela eu consigo organizar um trabalhos da faculdade, colocar a roupa para lavar e arrumar meu quarto. Isso tudo enquanto ela e Tommy brincam na sala, ela canta pra ele, joga o garotinho para cima, o ajuda a ficar de pé e dar seus passos trôpegos, dá última vez que os vi eles tinham sentado no tapete e brincavam com os carrinhos do bebê.

  Quando o Sr. Wood bate a minha porta eu já terminei de limpar a cozinha.

   - Por que não me disse que tinha uma namorada tão linda, Alex? Aposto que a Rose sabia sobre ela. Aquela velha fofoqueira sempre sabe de tudo – o Sr. Wood ia falando mais sozinho que conosco enquanto seguíamos até o Jeep, eu e Analu temos que segurar o riso.

  - Ela não é minha namorada, Sr. Wood. E não chame a Sra. Miller de fofoqueira por que ela não é.

  - Isso é o que você pensa meu rapaz. Rose adora falar da vida dos outros e se quer saber, se eu tivesse uma namorada tão linda também não ia querer mostrá-la a ninguém. E só para você saber, se eu tivesse uns trinta anos a menos – ele sorri para Analu que me olha divertida. – Você não teria chance, Alex.

  - Aposto que não – comento desistindo de explicar mais alguma coisa. Não vai adiantar mesmo.

  Quando alcançamos o Jeep não leva mais que meia hora para o Sr. o Wood abri-lo. Analu sorri agradecendo depois de pagá-lo. O chaveiro se despede dizendo que quer vê-la outra vez e tenho quase certeza de que se ele fosse realmente mais novo teria a chamado para sair, o Sr. Wood era dessas pessoas com espírito jovem não importasse a idade.

  - Então agora acho que realmente que é um até logo – Analu sorri para mim. – Tchau, Alex, obrigada por tudo, sério.

  - Não foi nada, mas da próxima tome cuidado ou vai acabar encrencada – digo sinceramente, a ideia dela se perder ou acabar presa assim e sozinha me deixa ansioso, não gosto disso, de me preocupar ou me importar.

  - Sim, senhor! – ela bate continência e reviro os olhos. – Tchau, Sr. Bad Boy, tchau, Tommy – Analu se aproxima para beijar a bochecha de Tommy e quando levanta o rosto ele está a centímetros do meu.

  Sinto o coração acelerar e quase posso tocá-la se eu me aproximar um pouco mais, faz muito, muito tempo desde que estive tão consciente da proximidade de uma mulher, seu calor, seu cheiro. Desde que estive tão consciente da vontade de beijar alguém. Vejo Analu umedecer os lábios com a língua e minha respiração fica irregular. Estamos os dois próximo de uma besteira então me afasto, mesmo que meu corpo não goste da ideia. Ela aprece acordar e da um passo para trás também.

  - Melhor você ir – sussurro e ela faz que sim.

  - É melhor mesmo, tchau – Analu se despede mais uma vez, entra no Jeep, fecha a porta com mais força do que devia e me lança um último olhar antes de dar ré e sair do estacionamento.

  Dessa vez ela não atropela ninguém.

  Pelo menos é disso que quero me convencer ao sentir o coração acelerado e abraçar Tommy e sentir o perfume dela nele. É disso que vou me convencer quando voltar para casa e não imaginá-la rindo com meu filho na sala como se fosse a coisa mais natural do mundo.

  Essa Princesa não pode chegar assim como um furacão e sair arrastando tudo consigo. Eu não posso deixá-la fazer isso, se não por mim, por Tommy que, já perdeu mais do que devia.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Quero opiniões, como vai indo esse nosso casal, estão gostando? O que vocês estão achando?
Por favor, comentem!
Beijocas e até, Lelly ♥
PS: Pra quem quer saber a música que a Analu estava cantando era "You Belong With Me" da Taylor Swift, eu sou muito fã dela então provavelmente vai ter mais dela no livro, sorry!
PPS: A minha amiga Amanda, refez o trailer de Surpresas do Amor então convido todos vocês a darem uma olhada por que está ainda mais fofo!
https://www.youtube.com/watch?v=uqAdiJvZdNo



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