Surpresas do Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 35
Surpresas do Amor.


Notas iniciais do capítulo

Não disse que voltava? Só passei um pouquinho do horário, mas está valendo!
Espero que gostem do capítulo!
BOA LEITURA ;)



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  Alex

 

  Acordei com a luz do sol incomodando meu rosto, eu tinha esquecido de fechar as cortinas noite passada. Na verdade eu tinha esquecido elas abertas hoje de madrugada, me sentei na cama morrendo de sono e vendo as horas no celular que encontrei debaixo das cobertas, marcava 10h52m da manhã.

  - Onze horas – murmurei. – Já são praticamente onze horas, Matt. Temos que almoçar para ir embora.

  Olhei em volta pelo quarto de hotel que dividimos, mas não havia nem sinal dele. Como a porta do banheiro estava fechada deduzi que estivesse lá e me joguei de costas na cama outra vez.

  Essa história de despedida de solteiro tinha sido uma péssima ideia.

  Depois que nossos amigos nos convenceram que ia ser divertido, cedemos. A coisa toda era pra ter sido só uma festinha pequena e de preferência rápida – já que nos casaríamos no dia seguinte, no caso hoje -, mas não, em algum momento a confraternização simples no apartamento de Matt tinha se transformado em uma balada muito louca do outro lado da cidade em um pequeno salão privado de um dos hotéis de um amigo do Noah.

  Como isso terminou assim? Três palavras: Drew, Caleb e Will.

  Esses três tinham insistido que se eu e Matt íamos nos casar devíamos nos divertir como bons solteiros antes disso. Por que mesmo que eu os ouvi? Ah é, eu não ouvi. Mas não adiantou por que Noah apareceu com Seth, seu amigo dono do hotel, seus dois amigos Sean e Zach e uma minivan para buscar todos nós – eu, Matt, Drew, Caleb, Will, Mason e Charlie – para essa empreitada maluca e que eu tinha certeza que acabaria mal.

  E lá fomos nós por que quando seus amigos te chamam para esse tipo de coisa você vai, nem que seja pra tirá-los da cadeia depois.

  Mas eu tenho que admitir que a noite foi muito boa, nós bebemos, dançamos, conversamos, jogamos todo o tipo de jogo absurdo que envolvia shots de vodka e prendas vergonhosas. Não teve garotas, essa foi a única coisa que Matt e eu não abrimos mão, já estávamos enchendo a cara do outro lado da cidade então nada de mulheres por que se nossas noivas ao menos desconfiassem de alguma coisa estávamos ferrados. Os meninos aceitaram numa boa.

  Depois de vários desafios que renderam algumas dezenas de vídeos vergonhosos que vão ficar salvos para a posteridade, muitas garrafas de cerveja e outras de vodka e Caleb começar um striptease, nós decidimos encerrar a noite lá pelas 5h da manhã, afinal precisávamos dos nossos padrinhos vivos e o melhor possível – o que não era muito dadas as circunstancias – para a cerimônia no final do dia.

  Matt e eu fomos os que menos beberam por motivos óbvios de que nos casaríamos logo mais, mas não passamos a noite em branco, isso nunca. Charlie e o amigo de Seth, Sean, foram os que menos beberam depois de nós. Zach, outro amigo de Seth, era da turma de Drew, Caleb e Will e no fim da noite eles todos estavam bêbados e já eram melhores amigos. Seth e Noah se empenharam menos em beber e mais em embebedar os outros. Foi divertido de ver. Mason disse que dessa vez não ia ficar como nossos amigos, então quase não bebeu também, de acordo com ele era por que se recusava a estar mal no casamento das meninas, isso mesmo, meninas, eu ser um dos noivos era irrelevante.

  Quando subimos para os quartos, nos dividimos em duplas, mais ou menos, e tínhamos um andar inteiro só pra gente, isso mesmo, privilégios de sermos convidados do dono. Eu fiquei com Matt, Mason com Charlie – que provavelmente passaram a noite se pegando -, Noah com Seth, Sean com Zach, o primeiro teve a arrastar o outro para o quarto, e por último o trio parada dura que ficou todo junto por que ninguém ia aguentá-los, Drew, Caleb e Will, eu e Matt supervisionamos a entrada deles no quarto antes de irmos para o nosso.

  Eu apaguei assim que encostei a cabeça no travesseiro.

  Depois de uma meia hora só esperando pra ver se eu criava coragem para levantar da cama, coisa que não aconteceu, eu me forcei a sentar outra vez. Já estava quase dando 11h30m da manhã e eu continuava exatamente no mesmo lugar. Daqui a pouco minha noiva me ligaria perguntando se já estávamos prontos e eu não queria ter que dizer que nem em casa – onde estavam às roupas de todos – eu estava ainda.

  Levantei da cama e me arrastei até o banheiro.

  - Matt sai daí! – pedi e empurrei a porta que se abriu e revelou um banheiro vazio.

  Entrei me perguntando se ele tinha descido para ir tomar café.

  Tomei um banho rápido só para acordar mesmo e ajudou, quando voltei para o quarto usando bermuda e mesma camiseta da noite passada eu já me sentia mais como uma pessoa viva.

  - Estão bem aí noivos? – escutei a voz de Noah antes dele aparecer no quarto. Meu cunhado sorriu pra mim. – vivo?

  - Mais ou menos – ri. – E você?

  - Também. Cadê o Matt?

  - Não sei. Quando acordei ele já tinha saído do quarto.

  - Vamos achar ele então pra podermos fazer o check-out, mamãe já me mandou mensagem perguntando se já começamos a nos aprontar.

  - Daqui a pouco Analu liga também – suspirei. – Vamos chamar os outros.

  Noah assentiu e fomos aos outros quartos acordar nossos amigos. Sob vários protestos Will, Mason, Charlie, Zach, Sean e Seth levantaram e nos seguiram para fora dos quartos. Como tínhamos o andar todo pra nós tinha coisa nossa jogada até no corredor, Will tinha encontrado os sapatos na porta do meu quarto.

  - Se nós já estamos indo. Cadê os outros? – Zach perguntou e nós olhamos em volta.

  - Nunca pensei que diria isso – Sean sorriu. – Mas Zach tem razão. Cadê o Matt, o Drew e o Caleb?

  Por algum motivo todos olharam pra mim.

  - O quê? Eu acordei e Matt já tinha saído do quarto. Você estava com Drew e Caleb, Will. Cadê eles?

  Meu amigo fez uma careta como se pensar doesse, e talvez doesse mesmo. Cérebro com ressaca pode demorar para pegar no tranco.

  - Eles... – Will começou e então balançou a cabeça e nos olhou. – Tenho quase certeza que depois que você e Matt nos escoltaram para o quarto eles desceram até o bar para pegar mais cerveja.

  - Como assim você tem “quase certeza” que eles desceram? – perguntei começando a ficar realmente preocupado. – E por que deixou?

  - Primeiro que eu também estava mal quando fomos dormir e tenho quase certeza por que estava respondendo algumas mensagens da Josie, que nem terminei só pra deixar claro. Eu apaguei antes então nem sei mesmo se eles saíram ou se foram para o bar.

  - Mas? – insisto e Will suspira.

  - Mas se tiverem saído mesmo, muito provavelmente foram pra lá.  

  - Merda – murmurei. – Eu sabia que isso ia dar merda.

  - , mas se eles saíram mesmo isso não explica cadê o Matt – Noah me lembrou que tínhamos mais um desaparecido, um dos noivos apenas.

  - Com fé em Deus Matt só foi tomar um café lá embaixo – Mason tentou forçando um sorriso. – Vamos só procurar a dupla de bêbados e o noivo sumido.

  - Vamos começar pelos quartos – disse olhando as portas. – Talvez eles só estejam dormindo em algum lugar inusitado. Depois olhamos o bar e o restaurante.

  - Certo – responderam os outros.

  Que Deus nos ajude por que alguma coisa me dizia que estávamos muito, muito ferrados.

  Infelizmente depois de uma revista completa no andar e nos quartos – e banheiros – não havia nem sinal dos três. Olhei as horas no celular que marcava 12h34m, a essa altura eu já estava começando a entrar em pânico. Meu cunhado que me desculpe, mas sem ele e nosso amigo festeiro eu podia me casar. Agora sem o outro noivo da cerimônia? Não ia rolar, não mesmo. Eu tinha esperado dois anos por isso, não podia deixar a porcaria de uma despedida de solteiro acabar com tudo.

  Nós descemos e parte de nós foi para o bar, a outra metade para o restaurante e Seth foi ver com o gerente do hotel as câmeras de segurança para saber se algum dos idiotas não tinha saído do prédio.

  Pra mim o maior problema não eram nem Drew e Caleb, era Matt, ele, assim como eu nem tinha bebido muito, nós estávamos no time dos “sóbrios” então que ideia era essa de sumir assim?

  - Já tentou os celulares outra vez? – Seth perguntou aparecendo na porta do quarto em que dormi, como ele era o maior e tinha uma pequena sala de estar, nos reunimos aqui.

  - Já – foi Noah quem respondeu. – Ninguém atende. E nós achamos o celular do Drew no banheiro então nem adianta ligar.

  - Podem esquecer o Matt também – Charlie disse e nos viramos para olhá-lo. Ele estava de pé ao lado da cama que devia ser de Matt com o celular do próprio na mão. – Acabei de achar debaixo da cama.

  - Merda! – praguejei e voltei a olhar para Seth – Alguma coisa nas câmeras?

  - Nada. Literalmente falando. Eu revisei tudo da hora que a gente subiu até agora, não vi nenhum dos três. Conferi o hall de entrada, o bar e o restaurante. Dei até uma olhada na área da piscina e nem sinal deles. Eles ainda estão aqui no hotel. Aqui no nosso andar.

  - Resta saber onde – Mason comentou e não pela primeira vez eu tive certeza que essa tinha sido uma péssima ideia.

  Uma hora depois ainda estávamos revistando o andar e eu estava começando a ficar realmente preocupado com a hora, logo mais daria 14h e ainda estávamos aqui.

  - Os encontrei! – alguém gritou e no instante seguinte estávamos todos amontoados no quarto do Will.

  Havia um espaço entre a cama e a parede que mal notávamos naquele branco todo – teto, paredes e lençol -, um espaço que nem tínhamos percebido das outras vinte vezes que entramos aqui para olhar e era bem lá que Drew e Caleb estavam amontoados, dormindo praticamente de conchinha um com o outro e os dois com uma garrafa de vodka vazia.

  - Filhos da mãe! É sério isso? – perguntei e Will me parou quando fiz menção em acordá-los que dormiam como se estivessem confortáveis em suas camas.

  - Eu preciso registrar esse momento, vai para a pasta “Despedida de solteiro” com certeza – e dito isso ele fez algumas fotos antes de finalmente chamarmos as princesas.

  Estava prestes a me juntar ao interrogatório cheio de “Como vocês vieram parar aqui?” e “Cadê o Matt?”, mas meu celular tocou e quando vi o nome na tela tive que decidir se atendia ou não. Depois de chamar mais do que de costume finalmente atendi Analu, se eu não falasse com ela, minha noiva com certeza ia desconfiar que tinha algo errado. 

  - Oi, Princesa – atendi e disse o mais normal e calmamente que pude e sai do quarto para que ela não ouvisse a conversa de fundo.

  - Está tudo bem? – ela perguntou desconfiada do outro lado da linha e eu tive certeza que não estava parecendo muito tranquilo.

  - Como assim? – ri tentando aliviar o clima. - Está tudo ótimo.

  - Certeza? Por que você não está parecendo muito ótimo não.

  - Impressão sua – insisti torcendo para ela não perguntar uma terceira vez. E respirei fundo vendo os meninos no quarto. Se ela perguntasse de Matt eu não sabia se ai conseguir dizer que estava tudo bem sem soar como uma enorme mentira.

  - Sei – ela murmurou. Mas felizmente não insistiu. - O que vocês estão fazendo?

  - Almoçando – respondi depois de um instante a primeira coisa que me veio à cabeça. Nós nem tínhamos comido nada ainda. - E vocês?

  - Estamos fazendo as unhas. Tem certeza que está tudo bem aí?

  - Tenho – respondi com toda a convicção que tinha. Eu não queria e não podia preocupar Analu, não hoje. Estava tudo bem, ou pelo menos ia ficar, precisava ficar.

  - Que bom. Nos vamos mais tarde?

  - Nos vemos mais tarde – confirmei. Por que com certeza nos encontraríamos naquele altar ainda hoje - Te amo.

  - Também te amo – ela me respondeu antes de nós dois desligarmos.

  Guardo o celular no bolso respirando fundo para me acalmar. Graças a Deus elas ligaram para mim e não para Matt, era tudo no que eu conseguia pensar enquanto voltava para o quarto.

  Na ânsia em desligar eu nem perguntei a Analu por Tommy, mas tinha certeza que nosso filho estava bem, afinal, ele estava com a avó.

  Quando entrei no quarto outra vez a ex-dupla desaparecida bebia água sentada na cama cercados por todos os outros.

  - E então? – perguntei e metade deles se viraram para me encarar. Drew e Caleb inclusos.

  - Ao que parece às margaridas não sabem de Matt – foi Will quem respondeu. – Eles não se lembram, para ser mais específico.

  - Como assim? - perguntei sem entender. Meu cunhado me olhou e suspirou.

  - A gente mal se lembra de subir com vocês – Drew disse. – Não sei quando deitei ou como. E não tenho nem ideia do por que de termos ido parar no chão.

  - Eu estou na mesma – Caleb murmurou bebendo mais água.

  - Independente disso nós temos que continuar procurando – decidi. – Eu ainda quero me casar hoje e, infelizmente pra mim, para isso eu preciso do Matt. Agora vamos, Analu já me ligou e não quero mesmo ter que falar com ela outra vez antes de resolvermos essa bagunça. E não quero ouvir um piu sobre isso por que a ideia foi de vocês, agora, se mexendo.

  Ninguém ousou falar nada, nem mesmo Drew e Caleb que claramente ainda não estavam plenamente acordados, todos eles só ficaram de pé voltavam a procurar.

  Lá pelas 16h da tarde nossos celulares já tinham descarregado e tínhamos feito uma pausa para o lanche e nem sinal de Matt, quando nos sentamos todos no corredor eu já não sabia mais o que fazer.

  - Vocês não se lembram mesmo de nada? – Noah perguntou e então Drew nos olhou.

  - Merda, merda, merda – meu cunhado praguejou passando as mãos pelo cabelo. Ele olhou para Caleb. – Nós queríamos sacanear eles. Merda! Era para ter sido uma brincadeira.

  - Drew? – chamei e ele me olhou. – O que foi?

  - Nós arrastamos Matt com as cobertas. As cobertas dele não estão na cama, estão? Mas que merda! Foi ideia do Caleb, íamos trancar vocês no banheiro, era para ter sido uma brincadeira. Mas não conseguimos tirar você da sua cama, você começou a se mexer e só levamos o Matt, aquele ali parece um morto quando dorme.

  - Vocês o levaram!? – Charlie pergunta e nem sei quem está mais surpreso.

   - Sim – Drew concorda.

  - Mas para onde, pelo amor de Deus se eu entrei no banheiro hoje cedo e não o vi? – pergunto e meu cunhado e Caleb olham em volta.

  - Foi para um banheiro, droga! Mas qual? – Drew claramente ainda não tem todas as peças do quebra-cabeça.

  - O quarto interditado no final do corredor – Seth diz e olhamos para ele e depois a porta perto o elevador que está fechada desde que chegamos aqui ontem. – Foi o único quarto em que não olhamos o banheiro, só demos uma olhada rápida por que ninguém passou a noite lá.

  - Merda! – rosnei e todos seguimos até lá. - Matt você está aí!? – gritei batendo na porta do banheiro que obviamente estava trancada.

  - Finalmente vocês me acharam aqui! – Matt gritou de volta e o alívio me inundou tão profundamente que senti os dedos dos pés formigarem.

  - Graças a Deus você está bem! – Caleb murmurou e todos sorrimos, era um alívio.

  - Só estou morrendo de fome, mas vou sobreviver, agora dá pra abrirem a porcaria da porta, por favor? – Matt pediu e todos nós olhamos para a fechadura sem chave.

  - Vou falar com o gerente para vir até aqui com a chave reserva – Seth disse olhando pra gente. – É mais fácil do que tentar adivinha onde os dois bêbados colocaram a outra. Já volto.  

  Depois disso o “resgate” de Matt até que foi rápido, o gerente veio com a chave extra e abriu a porta e, finalmente recuperamos o outro noivo, nós dois – eu e Matt – ainda usávamos camisetas com umas gravatas desenhadas na frente e onde se lia “Noivo” escrito atrás.

  Nós comemos, ou melhor, engolimos uma comida na velocidade da luz e quando terminamos de juntar nossas coisas já eram 17h13m, nos casaríamos em menos de uma hora e nem tínhamos tomado banho ainda. Deixamos para “apurar” toda a confusão depois, no momento precisávamos estar na igreja para nos casarmos.

  Foi nesse momento que Seth, Sean e Zach se despediram de nós. Os garotos tinham que ir para casa se arrumar para o casamento, então Seth se despediu, me jogou a chave da minivan e nos desejou boa sorte para chegar à igreja a tempo. Quando Noah o questionou sobre como eles iriam para a casa já que íamos levar o carro o garoto só sorriu e nos disse que, se ninguém pudesse vir buscá-los, eles pegariam um Uber. Então depois de nos despedirmos, agradecemos por tudo e nos desculpamos pela bagunça, Charlie assumiu o volante, ele parecia o mais calmo de nós então foi o motorista, foi só então que seguimos para minha casa e demos por encerrada essa despedida de solteiro mais do que louca.

  Quando o carro finalmente deu partida e eu vi as horas mais uma vez – passava das 17h30m – eu soube que nós realmente estávamos muito ferrados.

  Não sei como Charlie conseguiu dirigir com todos os “Olha o meio-fio!”, “Acelera! Estamos atrasados!”, “Cuidado com os pedestres!” e afins que eu os meninos dizíamos a cada minuto, mas depois de 30min nós chegamos à minha casa.

  - Os banheiros são dos noivos! – gritei depois que entramos e comecei a subir as escadas. Matt já tinha se enfiado no banheiro do térreo.

  Tomei banho e fiz a barba, mesmo que não tivéssemos muito tempo eu me recusava a fazer feio em um dia tão especial por que sabia que minha princesa estaria maravilhosa. Eu precisava estar impecavelmente cheiroso por que Analu adorava isso. Sai do banho já pensando como buscaria o smoking no quarto de hospedes onde tínhamos espalhado todos eles ontem antes de sair quando vi Noah terminando de colocar o embrulho com a roupa em cima da cama.

  - Achei que ia querer adiantar as coisas – disse meu cunhadinho e sorri.

  - Com certeza. Obrigado.

  - De nada. Drew foi ajudar Matt a se vestir no outro quarto de hospedes, o que não está com as roupas. Quer ajuda com alguma coisa? A gravata, por exemplo?

  - Você sabe dar nó em gravata? – pergunto começando a me vestir e Noah dá de ombros.

  - Não que eu use muito, mas às vezes tem esses eventos chatos da empresa e preciso me vestir a caráter. Mamãe exige, aí acabei aprendendo.

  - Sendo assim aceito. Não sei fazer isso, principalmente nessa gravata que sua irmã escolheu.

  - Você e Matt escolheram alguma coisa nesse casamento? – Noah pergunta divertido e sorrio fechando o colete.

  - Oficialmente? Sim. Extraoficialmente? Não. Elas até pediram nossa opinião, mas todo mundo sabe que foram as duas quem decidiram tudo. Inclusive nossos ternos.

  - Que bom elas escolheram então, não é? Você está um gato! – uma voz respondeu e Noah e eu nos viramos para ver Mason na porta do quarto com uma tolha no pescoço, o cabelo molhado e usando calça social, uma camisa branca completamente aberta e chinelos. – Não está, Nono?

  - Com certeza. Esse meu cunhado é bem bonito – Noah sorri me olhando de cima abaixo e reviro os olhos quando os dois riem. Mas gosto disso, da leveza que sempre acompanha Noah.

  - Mason vai terminar de se vestir e apressar os outros. Nós temos que ir.

  - Sim senhor! – ele bate continência antes de sair e acabo sorrindo.

  Depois que ele sai Noah me ajuda com a grava borboleta deixando-a simétrica com ambos lados perfeitamente alinhados, como ele faz isso? Não tenho nem ideia. Por fim coloco o paletó que completa o look e sorrio pensando que nunca estive tão bem vestido em toda a minha vida. Eu uso um smoking completo, a calça, o colete, a gravata borboleta e o paletó são pretos, a única coisa branca é a camisa que uso embaixo disso tudo e a flor que adorna a lapela do paletó.

  Depois de conferir que estou pronto, Noah – que jura que é minha babá – finalmente vai se arrumar também. E eu fico ali no quarto olhando no espelho sem acreditar que vou mesmo me casar com a minha Princesa Guerreira. Todo esse momento dura uns 5min por que não tem lugar para todos se vestirem e logo sou expulso do quarto pelos outros, termino com Matt na sala vendo a movimentação.

  - Será se a gente consegue se casar hoje? – meu amigo pergunta e nego com a cabeça.

  - Nem começa com esses papos. A gente com certeza vai casar com aquelas malucas que a essa altura já estão surtando hoje ainda.

  - Tem razão. Eu não aceito menos depois de passar metade do dia trancado dentro de um banheiro – ele ri e rio com ele.

  Se eu achava que minha roupa tinha muito preto é por que não tinha visto a de Matt. Seu paletó, a calça, a gravata – daquelas normais mesmo -, e até a camisa são pretas. Ele usa negro dos pés a cabeça e a única coisa branca é a flor que adorna a lapela do seu paletó.

  - Alguém já falou com as noivas ou outra pessoa que está lá na igreja? A essa altura todo mundo deve achar que a gente foi abduzido por aliens – Noah comenta descendo as escadas enquanto faz o nó da sua gravata. – Eu falo isso por que a mamãe e a Analu são meio desesperadas. Então, alguém?

  - Meu celular está sem bateria a mais de duas horas e nem me lembrei de por para carregar – digo certo que isso foi uma péssima ideia.

  - O meu idem – Matt se pronuncia.

  - A essa altura é mais fácil a gente ir para a igreja do que colocar o celular para carregar – diz Drew. Então olha em volta para todos que já tinham decido e se reunido ali. – Então, vamos?

  Ninguém nem respondeu nada, só pegamos os paletós que faltavam, os celulares descarregados e corremos para a minivan. Quando chegássemos à igreja elas iriam nos matar, eu tinha certeza disso. A ideia me fez sorrir. Dessa vez nosso piloto de fuga foi Drew e tenho certeza que ele conseguiu pelo menos umas duas multas para Seth, principalmente por excesso de velocidade. Quando meu cunhado estacionou muito mal perto de um carro preto na entrada da igreja, a primeira coisa que vi ainda pelo vidro foi uma quantidade enorme de tecido branco.

  Quando a porta se abriu eu e Matt fomos os primeiros a sair do carro.

  - Onde raios vocês se meteram!? – foi à primeira coisa que Analu perguntou e eu sorri vendo sua expressão de raiva. Ela estava linda.

  - Vocês nem vão querer saber.

  - Ah, com certeza a gente quer sim! – Manu respondeu nos olhando feio também.

  - Certo. Todo mundo quer, mas agora nós temos uns 2min para entrar na igreja antes do padre cancelar tudo – Elisa nos interrompeu olhando para mim e os meninos com aquele olhar de “Depois quero saber de tudo!”. – Menos papo e mais ação. Agora vamos!

  Ouve uma pequena comoção e muita gritaria de “Vamos, vamos!” na qual aproveitei que encontrei Tommy com Rose e beijei e amassei meu filho até me despacharem para dentro da igreja. Meu último olhar foi para Analu que estava mais do que linda, a mulher da minha vida estava maravilhosa vestida como uma princesa pronta para ter seu conto de fadas, e eu sabia que meu primeiro olhar, mesmo que tivessem mais pessoas para entrar antes dela, seria para Analu também.

  Eu e Matt nos posicionamos, assim como os pais dos noivos, Rose era a única que não estava ali, minha avó provavelmente estava lá fora com Tommy, sorri com a ideia e finalmente olhamos para a porta.

  Os primeiros a entrar foram nossos padrinhos.

  Analu e Manu haviam juntado os casais apenas para que entrada ficasse bonita e, para isso, ela teve que pedir para Rebecca e Maddie suas namoradas emprestas. A historia toda era bem divertida, mas no final vindo pelo corredor estavam Grace e Noah, Angie e Drew, Will e Maddie, Caleb e Becca e por último completando a fila, Mason e Charlie. Mason era o único de nós que não tinha uma gravata preta e sim uma que era da cor do vestido das meninas.

  Eu sorri vendo nossos amigos ali participando desse momento tão especial para nós. Depois que eles terminaram de percorrer o corredor e se posicionarem – Mason foi mais do que feliz para a fila das madrinhas – era finalmente à hora delas entrarem.

  Elas provavelmente tiraram no par ou ímpar, por que quando a marcha nupcial começou e a porta se abriu, Manuella e Mike entraram primeiro. Eu até teria me virado para ver a cara de bobo que Matt provavelmente estava fazendo, mas fiquei com medo de perder qualquer segundo que fosse da entrada de Analu. Foi só quando a ruiva encantadora alcançou o noivo que estava ao meu lado que a porta – que haviam fechado outra vez – voltou a se abrir e dessa vez era ela ali, o amor da minha vida.

  Parada ali no início do corredor com seu pai ao lado Analu se parecia mesmo com uma princesa, aquelas dos contos de fadas. O vestido lindo, o sorriso encantador, mas para mim, desde sempre, era seu olhar que me tirava tudo, o fôlego e o raciocínio, desde a primeira vez que eu fui pego por aquela imensidão verde eu sabia que estava ferrado, e ali estava eu, rendido outra vez apenas por nossos olhares se encontrarem. Essa mulher sempre teria tudo de mim.

  Minha Princesa caminhou a passos lentos em minha direção e eu até sabia que existiam outras pessoas ali conosco, mas para mim, naquele momento, éramos apenas eu e ela em nossa pequena imensidão. Quando Analu finalmente me alcançou tive a impressão que uma eternidade havia se passado.

  - Cuide bem dela, Ok? – Anthony disse quando eles me alcançaram. – Por que eu vou estar de olho em vocês.

  - Pode deixar, vou passar o resto das nossas vidas tentando ser bom o suficiente para ela – disse sinceramente e meu sogro apertou minha mão, um pouco forte demais, um último lembrete, antes de se afastar por completo.

  - Você já é mais do que suficiente – Analu sussurrou pra mim assim que nossas mãos se tocaram. – Te amo.

  - Também amo você – disse de volta antes de nos virarmos para o padre e nos concentrarmos em suas palavras ainda com nossos dedos entrelaçados.

  Teve todo o discurso do sacerdote sobre amor e respeito, sobre cuidarmos do nosso amor para ele perdurar e florescer e então era nossa vez de fazermos nossos votos. Mas antes precisávamos das alianças.

  Quando a porta volta a se abrir, nos viramos apenas para ver Rose colocar Tommy na entrada do tapete vermelho, meu bebê está uma graça em seu terno e com a almofadinha na mão. Rose diz alguma coisa para Tommy e ele nos olha, nessa hora Analu simplesmente ignora o amontoado de tecido a sua volta e o salto que provavelmente usa e se abaixa para estender os braços para nosso filho, esse é o último incentivo que ele precisa para começar a andar em nossa direção.

  Quando Tommy nos alcança ele se joga nos braços de Analu e é obvio que ela resolve ficar de pé com ele no colo e tenho que segurar os dois. Ela me sorri como se já imaginasse que isso iria acontecer e nem consigo ficar bravo.

  - Papai, mamãe, a bisa pediu pra trazer – Tommy me estende a almofada e sorrio.

  - Dá para o padre filho – aponto o sacerdote que apenas sorri nos olhando.

  E meu filho muito resolvido entrega a almofada com as alianças para o padre se sentindo muito adulto.

  - Obrigada, você foi incrível – Analu beija as bochechas de Tommy e eu faço o mesmo com a testa dele. – Agora vai lá com o vovô, Ok? Já estamos acabando.

  Ela o coloca no chão e nosso filho nem hesita em nos dar as costas e ir até Anthony, ele só correria mais rápido se fosse para os braços de Noah.

  Então depois de toda nossa pequena cena o padre dá continuidade à cerimônia e abençoa nossas alianças. Como Manu entrou primeiro o padre deu a palavra a ela e Matt primeiro também.

  - Matt – a ruiva começou olhando para o noivo e vi seus olhos marejados. – Você é meu melhor amigo. Foi com quem dividi todas as minhas primeiras experiências e, cada uma dessas lembranças, são tesouros preciosos que guardo comigo, foi o que me ajudou naqueles anos tristes que tivemos, é o que eu quero cultivar agora que estamos juntos e transformar em lembranças ainda melhores somadas a todas as coisas boas que ainda vamos viver juntos. Eu te amo desde que tinha dezesseis anos e ainda vou amar quando tiver cento e seis se eu ainda estiver aqui – ela ri. – Mas se não estiver, saiba que, onde quer que eu esteja, vou continuar te amando. Obrigada por todos e cada um dos momentos que escolheu dividir comigo. Amo você – Manu termina e então coloca a aliança no dedo noivo.

  - Matthew? – o padre chamou vi Matt respirar fundo antes de começar.

  - Eu amo você, Pimentinha. Talvez antes mesmo de saber o que era o amor, mas descobri que amava você aos dezessete anos e fui um burro por simplesmente não ter me agarrado a esse amor. Ainda me arrependo por cada momento que perdi ao seu lado, mas pretendo passar o resto da minha vida me desculpando por isso. Eu já te prometi algo parecido uma vez lembra? – ele pergunta e ela faz que sim agora chorando realmente. – Então volto a prometer, vou passar o resto da minha vida dizendo que te amo pelos anos que não tive coragem de dizê-lo apropriadamente e provando o quanto essas palavras são verdade. Amo você, Manuella – Matt diz e também coloca a aliança no dedo da ruiva.

  Eles se beijam e nem sei se essa é à hora certa, mas ninguém parece se importar e o padre apenas pigarreia para que eles se separem e possamos voltar a cerimônia. Dessa vez o sacerdote olha para mim e Analu.

  - Sr. Bad Boy – Analu está sorrindo antes mesmo de começar. – É estranho pensar que já faz tanto tempo que nós nos esbarramos no corredor da faculdade e eu te dei esse apelido. Que já faz tanto tempo que eu me apaixonei por você, o cara que mal falava comigo e eu tinha que adivinhar o que estava pensando – ela faz careta e sorrio. Eu realmente amo essa mulher. – Mas que era e é, um pai incrível, que tem o sorri mais lindo que já vi e que consegue tudo de mim, que já teve a coragem de chamar de pena e caridade todo o amor que eu tinha pelo nosso filho.

  - Analu – resmungo e ela gargalha e acabo sorrindo também. É isso, é com essa mulher louca e especial que eu decidi me casar.

  - Tudo bem – ela volta a falar. – Eu só queria dizer que já vivemos tantas coisas, mas que ainda assim eu te amo Alexander Haper, por que você é o cara mais incrível que já conheci, que se machucou e perdeu tanto, mas que ainda assim só tem amor a oferecer. Obrigada por me escolher para ter um pouco desse amor. Amo a família que construímos, amo o filho que decidiu dividir comigo. Amo você. E, como já disse uma vez, espero que esse amor seja suficiente nos dias ruins para você se lembrar que é amado e, acima de tudo, se sentir amado – ela termina e me sorri antes de colocar a aliança em meu dedo e beijar o anel.

  Sinto os olhos marejados por que me lembro dessas palavras e o quanto elas já me salvaram nos dias ruins. O amor de Analu era uma avalanche e sempre me levava consigo de um jeito que eu nem tinha chances de desviar ou me esconder, ela nunca me dava outra opção além de me sentir amado e ser feliz e eu só conseguia amá-la um pouco mais por isso.

  - Você não tem nada a dizer para mim, não? – minha noiva brinca e sorrio para ela e beijo o dorso de suas mãos antes de começar a falar.

  - Você nunca me deu outra alternativa, Princesa. A única sempre foi me sentir amado por você – digo sorrindo e ela sorri de volta pra mim. – Você foi um furacão que chegou e revirou toda a minha vida e me meteu em várias confusões. Eu ainda me lembro daquele livro de capa dura – digo divertido e ela me estreita os olhos. – Você transformou a minha vida. Me trouxe luz, cor, diversão e, acima de tudo, amor. Do tipo que não se pode fugir ou se esconder, só sentir e se encher com ele. Você nunca fugiu, sempre me deu tudo de si sem exigir nada em troca e, até quando eu fui um idiota com você, você esteve ao meu lado. Amou minhas partes feias quando eu mesmo não conseguia gostar delas, amou “meu bebê” – digo exatamente como Analu se referia a Tommy no início do nosso relacionamento e ela está chorando. – Sem hesitar e o fez feliz e só por isso eu poderia amá-la. Mas a amo por que é inteligente, divertida, corajosa, muito mais do que eu, amo por que fala demais e gosta de fazer tudo ouvindo música, amo até a sua mania maluca de limpeza – digo e ela revira os olhos úmidos, “Me deixa” faz com os lábios me fazendo sorrir. – Amo você Anna Laura Whitmore simplesmente por ser esse ser humano único que é.

  Óbvio que tenho que terminar assim, do jeito que a faz sorrir como só Analu consegue e então sem aviso ela simplesmente se joga sobre mim, a seguro por puro reflexo e no segundo seguinte estamos nos beijando.

  - Vamos continuar? – o padre nos chama e nos separamos com alguma dificuldade e eu finalmente consigo colocar a aliança no dedo de Analu e também beijo sua mão. Mas a minha vontade era continuar beijando-a por completo pelo resto da noite.

  Infelizmente ainda não é hora para isso, então o padre diz suas últimas palavras e faz mais alguns comentários antes de finalmente encerrar a cerimônia.

  - Então, pelo poder investido a mim, eu vos declaro marido e mulher, podem beijar as noivas – o sacerdote diz e fazemos exatamente isso.

  Dessa vez nos separamos antes de levarmos bronca e então estamos prontos para sair da igreja finalmente como uma família. Nossos padrinhos saem primeiro e depois vão Manu e Matt, eu e Analu ficamos por último e trazemos Tommy conosco, eu o pego no colo no meio do corredor por que ele já se cansou de andar.

  Quando saímos há dezenas de fotos e felicitações, abraços, cumprimentos e mais fotos e quando as meninas finalmente batem o pé e encerram tudo isso, nós finalmente seguimos para o enorme salão de festas onde vamos comemorar apenas para recomeçar todo o ciclo de felicitações, cumprimentos e as intermináveis fotos.

  Tommy já sumiu dos nossos braços há muito tempo quando Analu finalmente decide que já chega e nós vamos comer junto com os outros convidados. O jantar já havia sido servido há quase uma hora e nós ainda estávamos tirando fotos.

  - Daqui não saio e daqui ninguém me tira antes de eu terminar esse prato – minha esposa decreta depois que nos sentamos. Estamos só nós dois em uma mesa completamente escondida num canto, até o lugar isolado foi escolhido estrategicamente.

  - Acho que ninguém nem nos viu vindo pra cá – brinco antes de atacar meu próprio prato, depois do pouco que comi hoje com toda a confusão de mais cedo, estou morrendo de fome também.

  - Melhor ainda.

  - Sabe que você está maravilhosa hoje? Mais do que o normal e acho que nem te falei isso – digo e Analu para com uma garfada a meio caminho da boca. – Você está linda.

  - Mesmo agora atacando um prato enorme como uma louca?

  - Principalmente agora.

  - Você também, Sr. Bad Boy está incrível. Sabe que eu nunca tinha reparado no quanto um homem usando smoking era sexy até ver você no final daquele corredor me esperando? Agora estou aqui decidindo se quero você assim todo vestido ou se tirar cada um dessas peças vai ser melhor.

  - Analu... – murmuro entredentes tentando ignorar as imagens da minha esposa tirando minhas roupas com aquele olhar inocente que ela reserva para momentos exatamente assim.

  - O quê? É uma dúvida legitima. O que você prefere? – ele murmura em meu ouvido e sinto todo o corpo reagir, uma parte em especial se anima.

  - Minha esposa é uma mulher muito má – murmuro de volta pra ela que sorri e beija meu pescoço.

  A brincadeira está ficando divertida até que percebo Henry e Eva vindo em nossa direção e congelo no lugar.

  - Analu?

  - Sim? – ela pergunta contra a minha pele e o resto do corpo volta a reagir desconsiderando os avisos de perigo que o cérebro manda.

  - Seus avós estão vindo pra cá – digo e ela se afasta de mim para olhar.

  - Sério que eles nos acharam aqui?

  - É, acharam, e vão achar outra coisa que você me proporcionou no minuto em que se aproximarem – comento entre envergonhado e sem acreditar.

  Analu ri e fica de pé e quando acho que vai me deixar ali sozinho naquele estado ela simplesmente se senta no meu colo e preciso de um esforço descomunal para não soltar um gemido. Essa mulher realmente vai me matar. Mas antes disso, felizmente, sua enorme saia do vestido cobre tudo a nossa volta da cintura para baixo, suas pernas, as minhas e até a cadeira abaixo de nós. Então quando Henry e Eva se aproximam para nos cumprimentar minha esposa sorri tranquilamente como nada estivesse cutucando sua bunda.

  Depois de alguma conversa os avós de Analu vão embora e consigo me acalmar e me deixar apresentável. Quando digo a minha esposa que vou ficar longe dela pelo resto da noite ela apenas ri, me pega pela mão e me puxa para segui-la, eu, é claro vou atrás dela.

  Andamos pelo salão e vejo os pais de Angie e Grace com o irmãozinho delas, vejo Seth com o restante da família, quando Noah me falou que ele tinha quatro irmãs mais novas eu achei que ele estava exagerando, mas as vejo todas com ele e sorrio, isso que é família grande. Vejo também os pais de Lucy que me cumprimentam com um aceno e um sorriso, depois do julgamento eles voltaram a se aproximar e não vi nada demais em deixar Tommy ter os avós por perto, meu filho não precisa saber de tudo o que aconteceu antes dele nascer. Claro que ainda não é a mesma coisa que ele tem com Anthony e Elisa e acho que nunca será, mas ele os chama de avós e gosta da companhia e isso pra mim é o suficiente, do mesmo jeito que é mais do suficiente saber que os Peterson nunca mais sequer chegaram perto de Tommy, Analu ou qualquer um de nós.

  Continuamos a andar e achamos Tommy comendo com Cassy e como nosso pequeno parece cansado resolvemos cortar o bolo de uma vez para que ele possa comer e encerrar de uma vez com as formalidades e podermos começarmos com a festa propriamente dita. Então teve mais fotos e todos nós quatro cortamos e comemos bolo naquela clássica e bagunçada cena da divisão do primeiro pedaço que Tommy fez questão de participar.

  Todos comemos bolo e então as meninas arrastaram eu e Matt para dançarmos, a primeira dança era nossa e não podíamos fugir. Eu dancei e girei com Analu nos braços como tínhamos ensaiado ao som dessa música que ela disse que a fazia se lembrar de mim.

 

“Eu me lembro de quando te conheci
Eu não queria me apaixonar
Eu senti minhas mãos tremendo
Porque você estava tão bonita

Eu me lembro de quando você me beijou
Eu sabia que você seria o único
Oh, minhas mãos tremeram
Quando você tocou minha música favorita

Eu não sei o motivo
Mas toda vez que eu olho nos seus olhos
Eu vejo milhares de estrelas cadentes
E sim, eu te amo
Mal posso acreditar que toda noite você está ao meu lado

Prometo que ficarei aqui até de manhã
E te pegarei quando você estiver caindo
Quando a chuva engrossar, quando você se cansar
Eu vou te tirar do chão
E te consertar com meu amor

Meu único amor”

My Only One — Sebastián Yatra feat. Isabela Merced.

 

  A música terminou nós ainda estávamos perdidos em nossa pequena bolha quando nossos amigos e a família se juntaram a nós na pista de dança e a festa realmente começou a ficar animada.

  - Agora sim, vamos curtir! – Caleb gritou e todos gritaram em resposta.

  Eu Analu sorrimos com a cena e saímos dali atrás do nosso filho. O encontramos dormindo no carrinho num canto afastado ao lado de Rose. Ele já era um pouco grande para o carrinho, mas em algumas ocasiões como hoje, por exemplo, nós ainda o usávamos.

  - Ele está muito bem aqui comigo longe de toda aquela agitação, vocês jovens tem que aproveitar a festa. Agora vão – e dito isso ela nos expulsou dali e não tivemos muita escolha se não beijarmos Tommy e voltarmos à pista de dança.

  Depois de algumas músicas eu olhei para Analu ainda toda vestida de noiva e imaginei que ela logo tiraria tudo isso do mesmo jeito que eu já queria me livrar ao menos do paletó e da gravata. Como quem estava cuidando da música era o DJ o palco perto da pista de dança estava vazio, tinha apenas alguns instrumentos ali. Olhei para eles e sorri.

  - Minha esposa, tenho uma surpresa para você – disse no ouvido de Analu.

  - Como assim uma surpresa? – ela me olhou desconfiada e eu lhe dei um beijo rápido antes de responder.

  - Você vai ver. Só um minuto.

  - Assim não vale, marido – ela riu e ri com ela antes de lhe soprar um beijo e ir em direção ao palco.

  Todo mundo parou para olhar um dos noivos subir ao palco. O Alex de antes da Analu provavelmente odiaria toda essa atenção, mas eu, o eu de agora não me importava, não quando via os olhos verdes mais lindos de todos me fitando com expectativa.

  - fazendo o que aí, Alex? – Drew gritou e eu ri.

  - Já há algum tempo vocês me ensinaram que tem certo entretenimento familiar que não pode faltar.

  - Música! – gritou Becca e vi todo mundo sorrir. – Quase achei que dessa vez não ia ter!

  - No meu casamento? – perguntei pegando o microfone. – Jamais. Noah! – chamei pelo meu cunhado e ele ficou de pé.

  - Aqui!

  - Vem me ajudar – pedi e ele veio. Nós gastamos uns 5min para deixar tudo pronto.

  Eu me sentei em um banquinho com um violão e Noah se sentou ao meu lado com o outro. Dessa vez só eu ia cantar, mas meu cunhado tinha concordado em me ajudar tocando.

  - Vamos com isso, marido! – Analu pediu impaciente e sorri.

  - Já vamos começar, esposa. E essa música é justamente pra você, meu amor – olhei diretamente para Analu. – E, de certo modo para outra pessoa bem especial.

  - Como assim outra “pessoa especial”, Alex? – minha esposa me olhou feio e tive a ousadia de rir.

  - Te amo por ser esse ser humano único que é, meu amor. E a música também é para o seu pai.

  - O papai? – ela olhou para Anthony que olhou pra mim. Dei de ombros ignorando os olhares.

  - Você queria dançar com ele, não queria? Esse é meu presente de casamento pra você, Princesa – digo antes de começar a cantar.

 

“Senhor, estou um pouco nervoso
Por estar aqui hoje
Ainda não sei bem o que vou dizer
Então tenha paciência comigo, por favor
Se eu tomar muito do seu tempo

Mas você vê, nesta caixa tem um anel para a sua mais velha
Ela é tudo para mim, e tudo o que sei é
Seria um grande alívio se eu soubesse que estamos do mesmo lado
Porque muito em breve, espero que eu

Possa me casar com a sua filha
E fazer dela minha esposa
Eu quero que ela seja a única garota que eu amarei
Para o resto da minha vida
E dar a ela o melhor de mim
Até o dia em que eu morrer, sim
Eu vou casar com sua princesa
E fazer dela minha rainha
Ela será a noiva mais bonita que eu já vi
Mal posso esperar para sorrir
Enquanto ela caminha até o altar
No braço do seu pai
No dia em que me casar com a sua filha

[...]

Temos a maioria dos meus votos feitos até agora
(Então traga o para o melhor ou para o pior)
E até que a morte nos separe
Não há dúvida em minha mente
Chegou a hora, estou pronto para começar
Eu juro para você de todo meu coração”

Marry Your Daughter – Bryan McKnight Jr.

 

  Anthony e Analu ainda estão girando quando termino de cantar e desço do palco com Noah. Quando eles param a valsa todos aplaudem e vejo quando meu sogro beija a testa da minha esposa e diz alguma coisa a ela que enxuga as lágrimas. Então ambos olham pra mim, Analu sorri abertamente com os olhos úmidos e Anthony dá apenas um meio sorriso, me aproximo deles e minha esposa me abraça antes mesmo que eu possa dizer alguma coisa.

  - Eu amei, obrigada! – ela agradece e Anthony me olha fingindo uma seriedade que claramente está longe de sentir.

  - Obrigado por isso, garoto. Mas saiba que vou me lembrar de cada uma das promessas da música então é bom cumpri-las – ele diz dessa vez sorrindo e aperta minha mão.

  - Eu vou cumprir.

  Anthony se afasta e quando a música tocada pelo DJ recomeça Analu e eu voltamos a dançar e curtir a nossa noite. Um tempo depois minha esposa se livra do véu e dos saltos – azuis, o que eu achei bem legal – e eu aproveito para fazer o mesmo com o paletó e a gravata e abrir os botões do colete. É bem mais fácil curtir a festa assim.

  Quando eu e minha animada esposa nos sentamos outra vez já passa das 03h00m da manhã, eu e ela estamos em nosso segundo prato de jantar enquanto víamos nossos amigos ainda curtindo a festa. A maioria dos mais velhos já se foi. E, para nossa tranquilidade, Elisa e Anthony que tinham ido também, tinham levado Tommy com eles o que nos deixava livres para virar a noite e dormir o quanto precisássemos em casa antes de ir buscá-lo no dia seguinte.

  Continuei comendo e vi Drew e Caleb – que agora só usavam as camisas brancas meio abertas – no bar em uma disputa de shots que provavelmente ia terminar mal, vi Grace, Angie, Maddie e Becca dançando juntas na maior animação, a maioria delas já estava descalça e tinha prendido o cabelo, vi Will aos beijos com a namorada Josie em um canto mais afastado, vi também Matt e Manu discutindo perto do Buffet, a ruiva já tinha tirado os sapatos assim como o enfeite do cabelo, os fios ruivos agora estavam presos em um coque. Mason e Charlie eram um espetáculo a parte dançando lentamente nos braços um do outro a música animada que tocava. Já Noah estava com os amigos novos Seth e Zach – Sean tinha ido embora com a namorada – dançando junto com as meninas.

  - Você imaginou que todas as loucuras pelas quais passamos nos trariam até aqui? – Analu pergunta depois de outra garfada e volto minha atenção para ela.

  - Eu não tinha ideia. Mas loucuras? – arqueio uma sobrancelha e ela dá de ombros.

  - Confusões então? – ela tenta outra vez e então sorri. – Não, melhor. Surpresas.

  - Surpresas?

  - É surpresas – minha esposa concorda. – Foi só o que tivemos. Teve a primeira e melhor delas que foi você descobrir que era eu dando ré em cima da sua moto.

  - Realmente – concordo divertido me lembrando.

  - Depois deve a minha surpresa em descobrir que você trabalhava naquela livraria e depois a maior de todas que foi descobrir sobre o Tommy.

  - É realmente, acho que entendi – digo me lembrando de tudo o que aconteceu. – Teve também a minha surpresa em descobrir sobre a sua família, como eles são incríveis.

  - E eu também me surpreendi ao saber sobre a sua, seus avós, sua mãe e Lucy. E então teve outra grande surpresa, sobre Lucy ter deixado Tommy pra você – ela me sorri. – São muitas e muitas surpresas.

  - São mesmo minha esposa, acho que no fim, foram elas que nos trouxeram até aqui.

  - Com certeza trouxeram, cada uma das nossas Surpresas do Amor – ela diz antes de me beijar.

  - Hei casal, vamos separar que vocês vão ter muito tempo pra isso, agora esses bonitos vão nos dizer exatamente onde eles estavam hoje de manhã – Manu disse nos interrompendo enquanto se sentava à nossa mesa com Matt, cada um deles trazia seus pratos nas mãos.

  - Verdade! – Analu se anima. – Eu quase esqueci, onde raios vocês se meteram?

  - Também quero saber! – Rebecca grita e pouco depois todo mundo se amontoa na mesa e começa a falar ao mesmo tempo.

  Mason consegue a palavra e ouço sorrindo e abraço à Analu enquanto meu amigo exagera ainda mais tudo o que aconteceu hoje cedo.

  É sentado aqui no meio de pessoas que eu amo e que me amam, abraçado a mulher da minha vida ouvindo uma história absurda que na verdade realmente aconteceu que sei que, não importa o que aconteça daqui em diante ou o que o futuro me reserve, eu nunca mais vou estar sozinho. Vou ter Analu, Tommy e o resto da nossa família, então que venham ainda mais surpresas, mas que elas sejam, como disse o ser humano único com quem me casei, Surpresas do Amor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse casamento e das participações especiais nesse finalzinho, eu amei trazer todo mundo!
Eai, o que acharam dessa nossa última confusão desse casal tão especial? Esse capítulo ficou enorme então, por favor, me digam se gostaram, afinal é o último... Quero opiniões!
Sim, agora é oficial, acabou e vamos ter que dizer adeus a nossa Princesa Guerreira e ao Sr. Bad Boy, maaaaaaas ainda não vou me despedir nem deles nem de vocês por que vamos ter o epílogo.
Então até lá meus amores!
Beijocas e até, Lelly ♥



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