Surpresas do Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 3
Carona e livros.


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!
Essa notinha aqui é mais que especial, são as idades dos personagens pra ninguém ficar perdido.
Espero que gostem do capítulo! BOA LEITURA :3

Idades
Alexander Harper, 24 anos.
Thomas Harper, 10 meses.

Anthony, 49 – Elisa, 45.
Anna Laura, 21; Andrew, 21; Noah, 17.

Miguel, 46 – Helena, 45.
Matthew, 20; Madison, 15.

Michael, 51 – Chloe, 47.
Manuella, 20.

Daniel, 47 – Caitlin, 40.
Rebecca, 17.

PS: O Matt é alguns meses mais novo que os gêmeos, e aqui no livro da Analu ele vai fazer aniversário, Ok? Então não, os gêmeos não são um ano mais velhos que ele.



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  Analu

 

  Os cascalhos do estacionamento incomodavam os meus pés, mas não deixei isso me atrapalhar e sorri para as pessoas que me olhavam. Às vezes era difícil ser “Anna Laura Whitmore”, normalmente eu só queria ser a “Analu”, mas aqui na faculdade era complicado. Mandei uma mensagem para Drew me esperar e quando alcancei o conversível preto e extremante caro sorri, Manu estava sentada no banco do passageiro e meu irmão conversava com uma garota que eu não sabia quem era de pé ao lado do carro.

  Joguei a mochila no banco de trás, abri a porta e entrei me jogando ao lado da bolsa.

  - O que aconteceu com o “Estou atrasada para o trabalho não posso te dar carona hoje”? – Manu perguntou citando a mensagem que eu havia mandado mais cedo.

  - Nem pergunta – respondi suspirando, mas depois sorri me lembrando de Alex.

  Tudo naquele homem era um colírio para os olhos, a altura, os braços bronzeados que eu vi depois que ele tirou a jaqueta, os olhos escuros que pareciam pegar fogo sempre que me olhava, o sorriso debochado. Mas obviamente ele era melhor com a boca fechada, por que acho que não tinha conhecido alguém tão irritante.

  - Que cara é essa? – Drew perguntou divertido se sentado atrás do volante depois de se despedir da garota com quem falava. Eu me deixei cair no banco e ele riu. – Parece que quer bater em alguém. Cadê o seu carro?

  - Até quero bater, mas acho que não vai resolver e o Blu sofreu um acidente.

  - Como assim!? – perguntaram Drew e Manu se virando para me encarar. – Analu, pelo amor de Deus, só não me diz que você se envolveu em outro acidente? – Drew suspirou e eu fechei a cara.

  - Olha, também não é assim, Ok!? Esse foi realmente um acidente e eles não acontecem tanto assim!

  - Você quer mesmo que eu te lembre da enorme lista do último mês? – meu irmão implicante perguntou manobrando seu carro com toda a desenvoltura para fora do estacionamento. Aceitei isso como uma ofensa pessoal às minhas habilidades de motorista e resolvi me calar.

  Quando Drew estava quase saindo do estacionamento me lembrei do óbvio.

  - Eu não ofereci carona a ele!

  - Quê? – minha amiga me olhou curiosa e eu só cutuquei meu irmão.

  - Drew para o carro, eu tenho ao menos que perguntar se ele precisa de carona já que eu matei a moto dele.

  - Analu, você geralmente não faz sentido, mas dessa vez eu não estou entendendo nada – Drew comentou parando o carro e se virando para me olhar.

  Aproveitei para ignorá-lo e sai.

  - Eu já volto, não me deixem aqui – avisei e voltei correndo descalça pelo estacionamento.

  Mas óbvio que Alex não estava mais lá. Suspirei, eu tinha sido no mínimo mal-educada com ele, tudo bem que ele era um irritante, só que eu o havia atrapalhado, atropelado sua moto e o deixado sem ter como chegar ao trabalho. Andei de volta até o carro e cumprimentei algumas pessoas pelo caminho, se alguém notou o fato de eu estar sem os sapatos, não falou nada.

  Sentei-me outra vez no banco de trás e Drew e Manu me olhavam a espera de uma explicação, dei de ombros.

  - Dessa vez talvez tenha sido culpa minha. Eu dei ré e atropelei a moto de um cara com o Blu. No fim acabei com a moto dele e o Blu morreu, então liguei para o Sr. Botini e ele veio me socorrer.

  - Ok, acho que eu nem quero saber. E é claro que o Sr. Botini veio, como sempre – Drew disse divertido dando partida no carro e eu consegui sorrir. Conheci o Sr. Botini quando atropelei sem querer uma caixa de correio e ele teve que me rebocar, desde então eu tinha o número dele para emergências. E infelizmente eu o estava usando muito.

  Nós saímos da faculdade e seguimos com Manu e Drew conversando, eu não estava muito a fim de papo, descobri ouvindo a conversa deles que Matt não estava conosco por que tinha um trabalho em grupo para amanhã que convenientemente estava terminando hoje na biblioteca. Nós seguimos pela avenida principal por um tempo e uma aglomeração fez Drew ir mais devagar. Parado ao lado da calçada soltando fumaça havia um ônibus, os passageiros e o motorista estavam do lado de fora à espera de socorro. Um moreno alto em meio à multidão me chamou a atenção. Alex falava ao celular e não me notou.

  - Drew eu posso te pedir pra dar carona pro cara que eu atropelei a moto? – perguntei e meu irmão me encarou através do espelho do carro.

  - Quê!?

  - O cara que eu atropelei a moto está bem ali naquela confusão com o ônibus e deve estar me odiando por que ele disse que estava atrasado pro trabalho.

  - Onde? – Manuella perguntou curiosa e eu sorri.

  - Alex! – gritei e ele me olhou. Seus olhos me encaravam surpresos, Drew ia tão devagar que já havíamos levado umas duas buzinadas. – Alex! Vem aqui! – “Eu” ele fez com os lábios e apontou pra si com uma sobrancelha arqueada. Eu ri. – É, você! Vem logo!

  - O que é tudo isso? – Alex perguntou ao se aproximar e eu sorri abrindo a porta pra ele.

  - Entra aí, vamos te dar carona, afinal, eu matei a sua moto.

  Sua expressão de choque foi tão grande que eu teria rido se ele não tivesse recuado dois passos de uma vez e fechado a cara de repente.

  - Não precisa. Mas obrigado.

  - Você não estava atrasado? Aposto que a essa altura já perdeu à hora. Vem logo.

  - Tudo bem, sério, não quero atrapalhar seu irmão.

  - Deixa disso cara – Drew sorriu para minha surpresa e eu sabia que lá vinha merda. – Analu é uma barbeira e eu não me importo em ajudar uma pobre vitima dessa louca.

  - Cala a boca, Drew! – rosnei e ele riu ao passo que Alex deu um meio sorriso. – Vem logo, Alex. E nem uma palavra sobre isso.

  Alex entrou e se sentou ao meu lado parecendo extremamente desconfortável e Drew voltou a acelerar. Era impossível não notar aquele homem daquele tamanho ao meu lado.

  - Não vai nos apresentar seu amigo, Analu? – Manu perguntou toda inocente e eu a olhei feio, essa ruiva era uma fofoqueira.

  - Esse é o Alex, o cara que eu atropelei a moto hoje. Alex, esse é o meu irmão mais novo chato, Andrew e minha melhor amiga fofoqueira, Manuella.

  - Hei! – protestaram os dois e eu sorri e Alex me olhou curioso, mas assim que percebeu que eu o flagrei desviou o olhar.

  - Eu não sou fofoqueira, mas o Drew é realmente um chato. Você me parece uma pessoa bem legal, Alex, desculpa você ter se envolvido com a louca da Analu – Manu disse se virando para cumprimentá-lo. Eu a fuzilei com o olhar.

  - Manuella! – a repreendi e ela riu.

  - Só ignore essas duas, Alex. Você pra onde? Posso te levar até lá.

  - Não precisa. Deixando-me no próximo cruzamento eu já agradeço. Posso chegar a pé.

  - Nem pensar, a gente te leva é o mínimo – eu disse e ele negou com a cabeça.

  - Não precisa. Não quero atrapalhar e já estou mesmo atrasado. Pra chegar lá de carro ia demorar mais tempo do que eu vou levar indo a pé.

  - Tem certeza? – perguntei chegando mais perto dele e quando me dei conta disso me afastei. As bochechas corando ao me lembrar de seus olhos escuros tão perto dos meus.

  - Absoluta – ele garantiu e eu assenti encarando seu bíceps coberto pela manga da camisa que ia até quase o seu cotovelo, aquilo aparecendo por debaixo do tecido era uma tatuagem?

  Eu não tive tempo de ter certeza, por que Drew parou, Alex saiu do carro às pressas como se ele estivesse em chamas, se despediu, agradeceu a carona, deu meia volta e seguiu se caminho sem olhar para trás. Suspirei vendo-o se afastar. O resto do caminho foi regado ao meu irmão e minha melhor amiga tentando perguntar quem ele era, de onde eu o conhecia e mais uma série de outras perguntas que eu não sabia responder.

  Nós chegamos em casa e eu ainda podia sentir o cheiro de sabonete que vinha de Alex, como eu não queria falar mais nada, praticamente fugi para o meu quarto, mas é claro que não adiantou, por que Manuella veio comigo.

  - Vamos, pode ir falando, Analu. Você veio o caminho todo até aqui em silêncio e está sem sapatos! Vamos, pode começar a falar – Manu pediu assim que nos fechamos em meu quarto.

  - E por onde você quer que eu comece? – perguntei for fim, divertida. Hoje eu tinha que ter ido para a empresa trabalhar, mas com tudo o que aconteceu, quando papai me ligou mais cedo eu disse a ele que não podia ir.

  Não é assim que você impressiona o chefe, mas eu estava sem sapatos, não dava pra ir trabalhar assim, e minha manhã foi tão louca que eu nem sabia por onde começar.

  Primeiro teve Manu parecendo aqui em casa para me ajudar a me vestir, ela fazia isso às vezes, além da faculdade de secretariado ela fazia um curso de moda e eu era sua cobaia, e hoje não foi diferente. A ruiva apareceu na minha casa e me produziu, com saltos e aquela saia apertada que eu já estava pra tirar e trocar por uma calça moletom que estava perdida no banco de trás do Blu, meu jeep era quase como uma bolsa, havia de tudo dentro dele.

  Mas tudo bem, a superprodução não foi grande coisa, eu gostava de ir para a faculdade bem vestida, não que eu ligasse, mas era divertido. Minha manhã começou com Max vindo brincar comigo, eu amava aquele cachorro, mas como poderíamos ter qualquer tipo de relação se a minha alergia não deixava? Ele pulou em mim, me assustou e eu acabei brincando com ele e passando a mão no nariz, resultado: tive que fugir para o banheiro para que ninguém precisasse ver meu rosto vermelho e derretendo em mucos nojentos. Drew e Matt como os idiotas que são, óbvio que me encheram o saco a manhã toda por isso.

  Felizmente nenhum de nós faz o mesmo curso, por que se fizéssemos eu já teria matado algum deles, já não basta toda a escola em salas próximas. Matt obviamente ia seguir os passos do tio Miguel, estava fazendo direito, assim como eu quis administração para um dia poder ajudar papai a cuidar das empresas, desde pequena eu soube o que eu queria fazer, mas Drew foi uma surpresa e tanto quando decidiu que seria médico. Deixou todos meio sem acreditar se ele falava sério ou não, mas no fim ele ama a profissão que escolheu e é só quando está estudando que ele deixa de ser o idiota de sempre.

  - Analu – Manu estralou os dedos na frente do meu rosto. – Estou esperando. Aconteceu mais alguma coisa além do seu esbarrão com o Sr. Bad Boy?

  Sorri diante do apelido. Quando eu esbarrei em Alex no corredor eu não sabia quem ele era, óbvio que eu já o tinha visto pelo campus e com certeza o tinha notado, afinal como não se nota um homem daquele tamanho usando jaqueta de couro e com um sorriso irônico de tirar o fôlego? Mas assim como qualquer um dos caras que eu já achei bonito ou fiquei interessada eu não falei com ele. Não que eu estivesse interessada em Alex! Eu só gostava do jeito que as coisas se desenrolavam entre nós.

  Por ser Anna Laura Whitmore minha vida universitária era ao mesmo tempo maravilhosa e um saco. Eu era filha de Anthony Whitmore e isso por si só já era uma grande coisa, mas mamãe agora já tinha uma rede de lojas de doces muito famosas também, e o vovô Henry ainda era um dos homens mais ricos do país, e isso atraia atenção, boa e ruim. Por isso também era um saco, sempre havia alguém interessado em se aproximar de mim e Drew para conseguir algo de nós, um presente, um entrevista com o papai ou o vovô, vir na nossa casa, tinha de tudo. Acho que por isso que quando ainda estávamos no ensino médio, nós dois nos fechamos num círculo com Matt e Manu, éramos o grupinho de ouro e nenhum de nós ligava desde que estivéssemos juntos.

  Foi por isso que começamos com a imagem de riquinhos esnobes ou que quer que isso fosse, por que assim pelo menos ninguém se aproximaria de nós, éramos inalcançáveis e isso me fazia sentir mal, por que eu só queria ser uma garota normal com amigos, mas pelo menos assim podíamos ser nós mesmo uns com os outros sem nos preocuparmos com alguém querendo alguma coisa. E hoje com o Sr. Bad Boy foi fácil conversar, na verdade foi fácil me irritar com ele que parecia fazer questão disso. Nós nos esbarramos no corredor e depois contra todas as probabilidades eu atropelei a moto dele!

  E depois lá estávamos nós dois destilando ironia um pra cima do outro e em determinado ponto eu posso ter parado de ouvir o que ele dizia e ter prestado atenção só ao seu sorriso e talvez, só talvez, eu tivesse prestado atenção em outra coisa um pouco mais embaixo apertada em seu jeans.

  Meu Deus, acho que eu não passo tanta vergonha assim há muito tempo! E eu nem sei o que foi o pior, a vergonha que passei, a gente discutindo ou eu tendo que desviar os olhos das íris negras dele. Alto, moreno, debochado e sarcástico, Alex e Drew se dariam muito bem.

  Suspirei me jogando na cama.

  Manu se jogou sobre mim para me sacudir pelos ombros me fazendo rir.

  - Anna Laura Christine Whitmore! Pelo amor de Deus, fala!

  - Você quer saber da parte que eu bati o Blu na moto do Sr. Bad Boy ou de quando começamos a discutir?

  - É o que!? Vamos do início, por favor.

  - Como quiser.

  Eu gastei metade da minha tarde tentando contar toda a história a minha melhor amiga, afinal ela não parava de me atrapalhar. Mas no fim rimos tanto que ouvi Noah gritar para fazermos silêncio, como se ele e o seu violão fossem muito silenciosos.

  - Eu ainda não acredito que você atropelou a moto dele – Manu comentou divertida enquanto descíamos as escadas até a sala.

  - Quem a minha filha barbeira atropelou dessa vez? – mamãe perguntou divertida deitada no sofá com um balde de pipocas nas mãos com Drew ao seu lado roubando suas pipocas e me limitei a revirar os olhos.

  - Ninguém.

  - Pelo que eu ouvi não foi uma pessoa, foi uma moto – Noah disse passando por mim depois de descer as escadas. Ele era o garoto de dezessete anos mais irritante do mundo.

  - Ah, cala a boca Noah! – gritei e ouvi minha mãe rir.

  Hoje ela estava em casa, o que acontecia mais ou menos quando ela decidia não ir trabalhar. O que podia ser uma vez na semana, duas, três, a semana toda, ou às vezes ela trabalhava todos os dias.

  - Analu você já não abusou do seguro do carro esse mês? – minha mãe perguntou ficando de pé, deixou a pipoca com Drew e nós seguimos para a cozinha. Noah e Manu que estavam conosco riram e eu só resmunguei batendo a testa na bancada.

  - Não vamos falar sobre isso, por favor. Eu não tive culpa de baterem e mim semana passada.

  - É, mas atropelar uma caixa de correio pra desviar de um cachorro de pelúcia foi culpa sua sim – e Noah trás a tona outra vez a história do cachorro de pelúcia. Por que Senhor? Por quê?

  - Eu achei que era de verdade, Ok? E nós podemos mudar de assunto?

  - Nem pensar, ninguém me disse ainda a moto de quem você atropelou dessa vez.

  - De um cara da faculdade. Só aconteceu da moto dele estar ao lado do Blu. Foi só isso, eu dei ré e atropelei a moto – termino sem acreditar enquanto os outros três estão rindo.

  - Pelo menos o cara não estava junto. Seu pai que vai gostar de saber que o Jeep está no conserto outra vez.

  - A senhora podia falar pra ele, não é? – pergunto e minha mãe me olha com seus olhos verdes divertidos.

  - Não mesmo. Boa sorte. Se você quer saber da minha opinião, acho que ele se arrependeu de ter dado carros a você e ao seu irmão quando fizeram dezoito anos.

  - Provavelmente se arrependeu mesmo.

  Quando estávamos no último ano papai levou eu e Drew a uma loja de carros e pediu que escolhêssemos algum, qualquer um, eu e Drew achamos que era uma brincadeira então o fizemos, eu vi o Blu, um jeep 1980 lindo que tinham levado até lá para ser restaurado e disse que queria ele e Drew que estava acreditando menos ainda disse que queria um maserati preto conversível que era a coisa mais linda. Então quatro meses depois quando fizemos aniversário ele apareceu com os carros em casa. Eu e Drew ficamos chocados, mamãe horrorizada e Noah indignado que não era com ele.

  - Quando chegar a minha vez eu quero uma moto – meu irmão caçula disse pela milésima vez e mamãe o olhou feio.

  - Definitivamente não, já pensou se vem uma louca com um Jeep e te atropela com moto e tudo? Agora vai fazer o seu dever de casa.

  - Mãe! – exclamei indignada e Noah saiu rindo.

  Eu, minha mãe e Manu conseguimos terminar de lanchar sem nenhuma delas me constranger outra vez o que foi um milagre já que ficamos umas duas horas na cozinha e depois disso Manu foi embora dizendo que tinha trabalho do curso pra fazer. Eu já havia adiantado muito coisa então subi para o meu quarto e fui ler, escolhi um dos meus muitos romances e me desliguei da realidade mergulhando nas páginas do livro e me perguntando se eu algum dia chegaria ao menos perto de viver um amor assim.

  Minha vida amorosa era tão parada que eu vivia meus romances através dos outros. Manu e Matt, por exemplo, eles namoram por dois anos quando estávamos na escola e depois do nosso – meu, de Drew e Matt – baile de formatura, terminaram. Depois disso, minha amiga que ainda levaria mais um ano para se formar pegou ódio do meu primo idiota. Até hoje a história deles é complicada, Manu que sempre foi tímida virou outra pessoa depois do termino, uma ruiva confiante que parecia disposta a namorar todo mundo que lhe desse moral, já Matt resolveu entrar na onde de Drew que se comprometeu a ficar com todas as garotas da faculdade que lhe dessem qualquer oportunidade. Resultado da história? Eles nunca mais conversaram, o que já deveriam ter feito há muito tempo.

  Não é uma historia de amor com um final feliz ainda, mais é uma história. Até Drew, o cara que tem aversão a compromisso já teve uma história de amor e eu continuo a ser só a coadjuvante, a observadora, nunca a protagonista e isso é um saco.

  - Venham jantar! – ouvi mamãe gritar e sorri. Esse jeito único dela que todos juravam que eu tinha herdado me encantava.

  Arrastamos-nos todos até a cozinha por que se Elisa Whitmore dizia era melhor obedecer, eu que não queria testar a paciência dela que era praticamente nula. Estávamos os cinco na mesa. Mamãe falando sobre o macarrão que ela e Noah haviam feito e como foi fácil, eu realmente invejava eles, por que eu não sabia nem ferver água na cozinha, felizmente papai e Drew também não, então eu não me sentia tão mal.

  - Pai, a Analu falou que atropelou uma moto hoje? – Drew perguntou como quem não quer nada e eu engasguei com meu suco.

  - Seu...! Dá pra não falar sobre isso?

  - E por acaso é mentira? – Noah comentou com a boca suja de molho e se eu pudesse derrubava os dois de suas cadeiras.

  - Analu? Isso é verdade? – papai perguntou e eu sorri.

  - Bem, é uma história engraçada, eu meio que dei ré em cima da moto de um cara no estacionamento da faculdade.

  - Você atropelou uma pessoa!?

  - Não! Pelo amor de Deus, não! A moto estava estacionada! Foi um acidente.

  - Então o Jeep...?

  - Está no conserto junto com a moto do Alex.

  - Alex? – papai perguntou e eu suspirei, Drew aproveitou para me olhar de forma inquiridora também já que eu não havia dado brecha mais cedo. Noah escolheu essa oportunidade para roubar as almôndegas do prato de Drew.

  - É, o cara dono da moto que eu atropelei. Eu sei que sou só a estagiaria e não devia estar pedindo isso, mas papai, eu preciso de um aumento.

  - Do jeito que está indo ela vai mesmo precisar pra pagar os consertos do Blu – Drew comentou e depois olhou para o próprio prato. – Hei! Cadê as minhas almôndegas?

  - O Noah pegou – disse sorrindo e o meu irmão caçula me olhou com raiva e dei de ombros vendo os dois começarem uma batalha pelas bolas de carne. Depois me virei para o meu pai e sorri. – Em papai?

  - Não vai ter aumento, mas eu pago o conserto. Mesmo que eu esteja achando que seja uma boa confiscar as chaves do Jeep por um tempo.

  - O que!? – exclamei sem acreditar.

  - Bem feito! – Noah sorriu ainda tentando defender a almôndega que ele havia pegado de Drew, mas o dono legitimo que a queria de volta.

  - Por favor, pai, eu juro que vou tentar não me envolver mais em acidentes.

  Papai franziu o cenho como sempre faz quando está tomando uma decisão importante.

  - Que tal assim, mais um acidente e ela fica sem – mamãe interveio e depois olhou para Drew e Noah com a concha do macarrão na mão. – E vocês dois, chega! Continuem com isso que vocês vão comer a travessa inteira! Quer mais, Bonitão?

  Nós quatro olhamos para ela e por fim assentimos, ninguém conseguia ganhar da mamãe. Os meninos pararam com a discussão e Drew recuperou sua bola de carne, papai concordou sobre eu e o Blu e aceitou mais uma porção e eu só continuei comendo em silêncio.

  Depois disso terminei a noite lendo até dormir e sonhar com meu romance. No dia seguinte talvez eu tivesse procurado Alex pelo campus da faculdade, mas não o vi, o que eu acho que no fim foi uma coisa boa, afinal a moto ainda não estava pronta. Dois dias depois e eu ainda não o tinha visto, não que eu o estivesse procurando, mas daí uma pessoa sumir? No fim talvez eu só estivesse com vontade de ter uma conversa com alguém que não fosse me bajular.

  Minha manhã tinha sido um saco em aulas que eu geralmente gostava, mas meu estado de espírito me impediu de curti-las hoje.  

  Depois das aulas Manu se despediu e foi para o curso, ela tinha aulas presenciais duas vezes na semana, terça e quinta, Matt foi com uns amigos para um café perto da faculdade e Drew passaria a tarde na biblioteca fazendo um trabalho então eu estava prestes a pedir um taxi quando vi a garota loira de olhos azuis acenar pra mim. Isso melhorou meu dia completamente.

  - Angie! – a abracei e ela retribuiu o gesto.

  - Analu, quanto tempo! Estou sempre com o seu irmão, mas quase nunca te vejo.

  - E com razão, vocês só estudam! Eu não serviria para ser médica não – comento vendo as roupas brancas dela.

  Angie era um ano mais velha que eu e Drew então estava dois semestres a frente do meu irmão no curso de medicina, mas apesar de terem tentado um namoro na época da escola, eles decidiram ficar apenas como amigos, pelo menos era o que eles diziam. Que Matt não me ouvisse, mas às vezes eu achava que Angie era de fato a melhor amiga de Drew. E eu sempre achei a relação deles bonita e curiosa, será que não havia mesmo nenhum envolvimento romântico? Mesmo depois de todo o rolo que tiveram?

  - Mas vai ser uma ótima empresaria, tenho certeza! Você viu o seu irmão? Fiquei de entregar um livro a ele, mas não o encontrei na sala.

  - A última vez que eu soube dele estava na biblioteca. Mas vocês dois...? – provoquei e ela riu.

  - Ah, Analu, para! Você sabe que eu e o seu irmão até tentamos, mas somos só amigos, não vai rolar. Sério.

  - Se você diz... – cantarolei e ela revirou os olhos.

  - Estou indo atrás dele, digo entregar o livro! Ah, você entendeu! – ela reclamou e eu ri vendo-a se afastar. Era sempre divertido provocá-los.

  Depois disso peguei o meu táxi e segui para a empresa. Todo mundo ali sabia quem eu era e era quase engraçado vê-los me olhar como se eu fosse morder alguém. Além da herdeira de tudo eu também era filha da minha mãe e Elisa Whitmore tinha um longo histórico de confusão no saguão da empresa. Eu ria sempre que ouvia sobre alguma das loucuras da mamãe.

  Cheguei, cumprimentei papai e segui para a minha mesa, eu era praticamente a secretária de um dos auxiliares administrativos do papai e o cara me odiava, talvez pela constatação que talvez eu pudesse vir a me tornar sua chefe algum dia ou o fato de eu ter derramado café num contrato importante que ele estava cuidado no meu primeiro dia. Mas mesmo que o meu chefe me odiasse, eu não ia desistir, estava estudando para isso, e eu ia fazer o melhor que pudesse.

  Quando meu horário acabou eu estava cheia da voz do meu chefe gritando “Anna Laura” então resolvi dar uma volta pelas lojas que haviam ali perto da empresa. Papai que havia me prometido uma carona ainda demoraria algumas horas. Estava procurando por um café quando vi o letreiro de uma livraria que eu ainda não conhecia, sorri com a possibilidade de novos livros e mundos para explorar ali ao lado do meu trabalho. Por que eu nunca tinha visto? Ah é, era por que eu ia de carro e voltava para casa assim que meu horário acabava, a verdade era que eu não conhecia a maioria das lojas que haviam perto da empresa.

  Entrei na livraria e sorri vendo o ambiente simples e aconchegante, e as dezenas de estantes cheias de livros, não tinham muitas pessoas ali então eu poderia explorar cada pequeno espaço daquele lugar. Já devia ter uma meia hora que eu estava perdida entre as prateleiras quando vi um livro de capa dura que me interessou. Mas estava alto demais e não havia ninguém por perto, mas tinha uma daquelas escadas de alumínio dobrável com três degraus, ninguém ia se importar se eu pegasse emprestada, não é?

  Subi na escada e mesmo com meus 1m70cm eu tive que me esticar para alcançar o livro, estava quase, quase...

  - Hei, moça! Você não pode subir aí – uma voz conhecida disse e por puro reflexo eu me virei de uma vez, encarei os olhos surpresos de Alex no momento em que me desequilibrei e desabei com livro e escada.

  Eu não sei como, mas Alex conseguiu me ajudar, ou ao menos amortecer minha queda já que cai sobre ele. Meu rosto estava em seu peito e eu conseguia sentir cada pequena parte dele e tinham partes que não eram tão pequenas assim.

  - Você está bem? – ele perguntou e eu levantei os olhos para olhá-lo. Alex cheirava a sabonete e por que incrível que pareça a loção de bebê. Sorri com a ideia.

  - Estou.

  - Que ideia foi aquela?

  - Eu queria o livro – me defendi e fiz menção em sair de cima dele, mas uma voz me interrompeu.

  - Alex! O que é isso!? – nós dois nos viramos para ver o dono da voz, o homem de meia idade parecia que ia explodir de raiva.

  Alex se sentou na mesma hora me levando junto, alguma coisa me diz que essa minha ideia não foi das melhores. Se bem que, pior do que esta não fica, fica?

  Eu como filha de quem sou, devia saber que fica, fica sim.


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Notas finais do capítulo

E então? Eu dei uma exagerada, não é? A verdade é que eu me empolguei muuuuito escrevendo o capítulo! Desculpem àqueles que não gostam de capítulos grandes, foi sem querer!
Mas então, gostaram de conhecer a nossa princesa guerreira? Quero muito, muito mesmo saber o que vocês acharam da Analu! Meu maior medo em fazer os livros dos filhos da Elisa (que é minha primeira continuação!) é estragar a história ou meus personagens tão queridos.
Então, por favor, me digam o que acharam para que eu possa continuar, mudar ou melhorar alguma coisa!
Beijocas e até, Lelly ♥
PS: Vocês já viram o book trailer MARAVILHOSO desse livro? Se não vou, deixar ele aqui, se já viram, podem ver outra vez! Kkkkk
https://www.youtube.com/watch?v=uqAdiJvZdNo



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