Surpresas do Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 15
Jantar e asas.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Voltei!
Como sempre num dia aleatório u.u
Queria me desculpar mais uma vez por ter sumido, final de ano para professor é correria, então me desculpem mesmo a falta de capítulos!
BOA LEITURA :3



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  Analu

 

  Olhei Tommy engatinhar pela caixa de areia do parque e talvez, só talvez, eu não devesse ter deixado o bebê fazer o que quisesse ali, ele estava coberto de areia, da cabeça aos pés. Tommy ficou de pé se segurando na grade, olhou para mim e deu um gritinho, sorri.

  - Eu provavelmente não devia tê-lo deixado brincar ali – disse e Rose, que estava sentada no banco ao meu lado, sorriu negando com a cabeça.

  - Não vejo problema em deixá-lo brincar.

  - Eu estou vendo vários, que no geral podem ser resumidos com quilos e quilos de areia que vou ter que tirar dele mais tarde no banho.

  - Ainda não vi problema, crianças têm que se sujar e brincar. Não é Tommy? Diga a essa mamãe que você arrumou que não tem problema, e se ela brigar venha para o colo da bisa, Ok?

  - Rose... – disse sentindo as bochechas ficarem quentes.

  Desde que ela descobriu que eu e Alex estávamos “juntos”, só se refere a mim como “mãe do Tommy”, já ouvi Noah fazer o mesmo e não é que eu me incomode, na verdade sempre que isso acontece, como foi agora, sinto o coração acelerar, eu amava esse bebê, não me importaria de ser a mãe dele. Mas e se Alex se importasse? Não é como se Tommy não tivesse mãe, Lucy pelo que eu ouvi, foi uma pessoa maravilhosa e eu não quero, de jeito nenhum, tomar seu lugar, mas eu tinha amor suficiente no coração para amar Tommy com tudo que tenho. Mas a única pergunta mesmo é, será que eu devia?

  - Tommy não ponha isso na boca! – exclamei vendo-o tentar comer um pedacinho de galho. Fui até o bebê para tirar o objeto de suas mãos.

  Alcancei o bebê e tentei tirar o galinho de suas mãos, Tommy lutou pelo objeto até eu conseguir pegá-lo de seus dedinhos ágeis. O bebê me olhou feio e eu sorri.

  - Você não pode comer isso e nós não vamos discutir.

  Tommy resmungou fazendo bico e eu me curvei sobre a pequena grade e peguei o bebê coberto de areia para beijá-lo. Meu bebê ri e aproveito para beijá-lo um pouco mais em qualquer lugar com menos areia que eu encontrar.

  - Então você é a nova babá ou a nova namorada do Alex? – uma voz de mulher pergunta me surpreendendo e viro-me para olhar quem falou.

  É uma mulher de olhos e cabelos tão escuros quanto cortados na altura dos ombros. Ela parece ser um pouco mais velha que eu e sorri pra mim.

  - Não que eu saiba quem é você, ou seja da sua conta, mas eu não sou nenhuma coisa nem outra – respondo sem conseguir deixar a ironia de lado, mas não me importo. Quem é essa em primeiro lugar?

  - Desculpe – ela continua a sorrir. – Eu acho que não fui muito cordial. Meu nome é Tessa, sou mãe daquele monstrinho de areia bem ali – ela aponta um garotinho que deve ter uns dois anos e que está tentando encher a caçamba de um caminhãozinho de areia. - Eu era amiga da Lucy e conheço o Alex e o Tommy então fiquei curiosa quando a vi com ele.

  Sinto as bochechas corarem.

  - Me desculpe também, não fui muito educada. Sou a Analu – digo lhe estendendo a mão livre que ela aperta. – E como disse antes não sou babá nem namorada. Sou uma amiga do Alex e estou lhe fazendo um favor cuidando do Tommy.

  - Isso é uma surpresa – Tessa diz dando uma olhada em seu filho que continua a colocar terra no carrinho mesmo que não tenha mais espaço. – Alex não é muito de fazer amigos ou conversar, vê-lo deixar Tommy com alguém que não seja Rose. Você deve ser muito especial.

  - Ela é sim – para minha surpresa é Rose quem responde. Ela se aproximou de nós e nem percebi. Tommy se aconchega em meu colo e encosta a cabeça em meu obro. Sei que logo ele vai estar dormindo. – Vejo que já conheceu a namorada do Alex, Tessa.

  - Ela disse que não era namorada dele – Tessa conta e dou de ombros por que é a verdade, nós já estamos nesse “relacionamento” há uns dias, mas como Alex não me pediu nada não vou me considerar nada sua.

  - Pois está muito enganada, ela é sim – Rose sorri me fazendo sorrir também. – E espero que vocês possam ser amigas, Tommy está precisando sair e arrumar uns amigos e eu estou muito velha pra isso.

  - Vai ser um prazer – a garota sorri. – Principalmente se você estiver cuidando desses dois – ela olha para Tommy adormecido em meu colo. – Lucy estaria feliz de vê-los bem.

  Apenas faço que sim sem conseguir dizer mais nada. É complicado me colocar nesse lugar que agora eu sei qual é: o de mãe. E se ele não me couber? E se Alex não gostar que eu o faça? São tantas perguntas e nenhuma resposta, só espero que ninguém se machuque no final.

  Depois do início ruim, eu e Tessa continuamos a conversar, ela buscou o filho, Dylan, no parquinho e eu descobri que ela tinha estudado no ensino médio com Alex e Lucy, mas que apesar disso ela só tinha se tornado realmente amiga da loira sorridente há poucos anos, mas do Alex, de acordo com ela, Tessa ainda estava tentando se tornar amiga. Acabei rindo disso e me desculpei mais uma vez por ter começado daquele jeito, no fim ela riu comigo e disso que se fosse com o seu marido, ela também teria ficado com ciúme.

  Quando nos despedimos e eu segui com Rose e um Tommy ainda adormecido em meu colo, fui pensando em suas palavras. Ciúmes, eu? Pensei por um instante e suspirei sorrindo, no fim era bem isso mesmo, aparentemente eu não estava imune ao ciúme dos Whitmore. Só não esperava ser como papai ou Drew, me preocupar um pouco acho que não tinha problema.  

  Segui em direção à casa de Alex e me despedi de Rose em frente a sua porta suspirando e ela sorriu.

  - Não fique assim, você fez o que pôde.

  - Mas queria ter feito mais. Semana que vem eu volto à faculdade e ao trabalho no escritório e queria ter ajudado.

  - Você ajudou, Analu. Muito. Eu não poderia ter cuidado de Tommy esses dias então sua ajuda foi fundamental. Pare de se cobrar tanto, vá para casa esperar seu namorado e namorar.

  - Rose! – a repreendi corando e ela riu me dando tchau, mas parou antes de entrar em casa e então se virou.

  - Então, você e Alex planejaram algo para o próximo final de semana?

  - O próximo final de semana? Não que eu saiba, por quê? – pergunto sem entender.

  - Na próxima sexta Tommy faz um ano – a senhora olha para o bebê adormecido em meu colo com carinho.

  - Eu não acredito! É aniversário do Tommy e Alex não me disse nada! – reclamo sem acreditar. – Hoje é sexta-feira, o que me dá uma semana para preparar algo – murmuro mais comigo mesma que com Rose.

  - Talvez Alex esteja planejando algo e resolveu não falar nada ainda.

  - Se ele não estiver planejando nada eu vou começar a planejar. E Alex vai me explicar direitinho por que não disse nada. E Rose, se ele não quiser fazer nada eu mesma faço e levo Tommy e você comigo para a minha casa – digo e ela ri.

  - Vamos apenas importuná-lo um pouco e preparar tudo em seu jardim, que tal? – ela pergunta divertida e sorrio também.

  - Ótima ideia.

  Nós finalmente nos despedimos e dessa vez Rose entra e sigo para casa de Alex pensando em como vou dar banho em Tommy com ele dormindo, a ideia me faz sorrir um pouco mais, e lá vamos nós para mais um aprendizado.  

  No final descobri que um bebê adormecido não é muito mais difícil de banhar quanto um plenamente acordado, Tommy despertou um pouco quando o coloquei na banheira, mas ainda estava meio sonolento o que significa que foi a primeira vez que dei banho nele e terminei quase que completamente seca, e isso com certeza era um milagre.

  Vesti o bebê e o deixei muito cheiroso antes de colocá-lo no cercadinho e deixar que ele dormisse um pouco mais até a hora do jantar. Eu preferia vê-lo aqui perto de mim que colocá-lo no berço e me empolgar fazendo alguma coisa e não me lembrar de ir checá-lo. No fim peguei o notebook em cima da mesa de centro e sentei com ele no colo no sofá decidindo se trabalharia ou faria uma atividade da faculdade.

  No fim fiz atividade da faculdade simplesmente por que o prazo está perto demais e eu até disse a mim mesma que faria uma planilha do trabalho quando acabasse, mas quando dei por mim estava pesquisando decorações de festa infantil. Eu estava encantava analisando os detalhes de uma decoração com tema de O Rei Leão quando bateram à porta. Suspirei ficando de pé, Alex eu sabia que não era ele não fazia isso, se esse era o caso, quem poderia ser às 18h da tarde de uma sexta-feira?

  - O Alex não... Mãe!? – me interrompi assim que abri a porta vendo ninguém menos que mamãe parada à porta. Ela sorriu.

  - Eu mesma. Posso entrar?

  - Claro – disse ainda sem entender muita coisa, mas dei passagem a ela.

  - Onde está aquela coisa fofa?

  - Tommy está dormindo – disse apontando para o cercadinho e mamãe suspirou e fez bico como uma criança, eu sorri vendo-a se sentar no sofá como se estivesse em casa, me juntei a ela. – Posso saber o que você veio fazer aqui?

  - Vim visitar minha filha que agora passa mais tempo na casa do namorado que na própria – ela sorri e eu coro. Mamãe não tem jeito.

  - Mamãe!

  - O quê? Eu estou falando alguma mentira?

  - Também não é assim.

  - Sei... Mas não foi sobre isso que vim falar. Cadê o Alex?

  - Não chegou ainda e eu sabia que tinha alguma coisa aí. O que é?

  - Quando seu namorado chegar eu conto.

  - Ele não é o meu namorado – digo dando de ombros e mamãe sorri.

  - Não é isso que o Noah fica dizendo por aí, ou a Manu. Seu pai está para ter um ataque – ela diz divertida e acabo sorrindo também.

  - Eles estão viajando.

  - Será?

  - Ele não me pediu nada então não sou sua namorada. Mas gosto de estar com Alex.

  - Minha princesa está apaixonada – mamãe cantarola e sinto as bochechas esquentarem mais uma vez. – Não vai negar?

  - Não. Você sabe que não sou esse tipo de garota. E eu estou mesmo apaixonada por aquele Bad Boy.

  - Você só me dá orgulho! – mamãe me abraça e sorrio. Ela me solta, mas segura minhas mão. – Agora falando sério. Eu realmente tenho orgulho de você Analu. Da mulher que se tornou, e eu amo que não tenha medo do que sente, nem de sentir isso, que seja corajosa o suficiente para ir atrás dos seus sonhos e isso me deixa muito feliz.

  - Por que isso agora? – pergunto surpresa com as palavras, minha mãe sorri.

  - Por que é a verdade e por que eu acho que você vai ganhar o mundo e nós vamos ter poucos momentos assim.

  - Não mesmo, eu posso ir a aonde for, mas sempre vou voltar para o melhor lugar do mundo, ou seja, o seu colo – digo a ela e vejo os olhos verdes marejarem.

  - Droga! Virei uma velha chorona – ela reclama me abraçando outra vez e sorrio pensando na sorte que tenho em ter uma mãe tão especial.

  No fim como os cochilos de Tommy não duram muito ele acorda e mamãe vai mimá-lo e aproveito a oportunidade para ir tomar um banho. Eu já tinha coisas minhas espalhadas por toda a casa, sapatos, roupas, alguns livros e até documentos do trabalho, no fim acho que mamãe tem razão eu estou mesmo passando muito tempo na casa de Alex. Consegui me trocar e descer, mas vi Alex e mamãe em uma conversa animada quando desci.

  Tommy ainda estava no colo da minha mãe e Alex ainda tinha a mochila nas costas, minha mãe não tinha dado a ele nem tempo para tirá-la, isso me fez sorrir, Alex era sempre arrastado por nós.

  - Olá, Sr. Bad Boy – o cumprimentei e ele sorriu vindo até mim e me dando um selinho bem ali na frente da minha mãe. Depois de uns dias Alex finalmente pareceu entender que eu não me importava nenhum pouco se alguém nos visse juntos ou não.

  - Oi, Princesa – respondeu depois de se afastar um pouco.

  - Eles são lindos, não são Tommy? – mamãe pergunta ao bebê e os dois estão nos olhando.

  - Estava com saudades, campeão? – Alex pergunta chamando atenção de Tommy e o pegando no colo, demorou uns instantes até ele tentar agarrar meu cabelo. Alex fez careta e eu ri. – Saudades dela, né?

  - Nós passamos o dia juntos, ele estava com saudades de você.

  - Sei... – Alex resmunga olhando Tommy que está rindo sem saber do que toda essa comoção se trata e acho graça.

  - Agora que tal agora você ir tomar um banho? Minha mãe veio falar alguma coisa, mas disse que só falava quando você chegasse e eu já não aguento mais esperar para saber o que é – digo e Alex sorri.

  - Então melhor eu ir.

  - Por favor – peço. – Vem cá meu amor – chamo Tommy que não hesita em vir comigo.

  - Vou nem comentar sobre isso, eu perco feio – Alex reclama e acho graça. Ele sorri e beija a testa de Tommy e a minha antes de subir as escadas.

  - Meu Deus! Esse seu namorado é um fofo, Analu – mamãe diz como Manu faria e acho graça.

  - Mãe...

  - “Mãe” nada. É a verdade, vocês três são uma bela visão e vejo como fazem bem um ao outro então espero que isso continue e dê tudo certo.

  - Eu também, mãe. Eu também.

  No fim minha mãe decide que vai fazer o jantar e só me resta agradecer a ela e ficar com Tommy brincando em cima da mesa e vendo-a cozinhar. Quando Alex volta mamãe está colocando os bifes que ela resolveu assar no forno.

  - Elisa, você não precisava fazer isso.

  - Eu sei, mas eu quis. Vamos jantar juntos.

  - E o papai e meus irmãos?

  - Se Drew e Tony não convenceram Noah a cozinhar, eles pedem uma pizza – mamãe diz divertida.

  - Realmente, ninguém além de você e Noah cozinham? – Alex pergunta a mamãe puxando uma cadeira e se sentando ao meu lado.

  - Não. Somos eu e ele para alimentar essa senhorita e os outros dois – ela responde apontando para mim e se juntando a nós na mesa, mas antes de se sentar ela pega Tommy do meu colo.

  - E então, o que a senhora queria com a gente? – pergunto sem conseguir me conter e minha mãe sorri.

  - Não é nada demais.

  - Mãe... – resmungo e ela ri.

  - Essa mãe que arrumou é muito impaciente, não acha Tommy? – mamãe pergunta ao bebê que a olha, ele está sempre atento a tudo. Até ela com essa história de mãe? Mamãe volta a nos olhar. – Enfim, domingo seus avós vão comer lá em casa, é para a senhorita estar lá, eu vim aqui para dizer que é para levar Alex e Tommy também.

  - Quais avós?

  - Minha mãe e a Eva, vamos fazer um almoço de família.

  - Isso significa que vão os tios todos não é? – pergunto e ela apenas sorri.

  - E você acha que algum deles perderia a oportunidade? Os pais da Lena só não vêm por que já tinham marcado um compromisso. De qualquer forma, o que me diz, Alex?

  - Que se é algo de família, melhor eu não atrapalhar – Alex disse e mamãe o olhou feio.

  - Atrapalhar? Que história é essa? Minha filha passou a última semana metida na sua casa, se ela com a mania de limpeza dela não atrapalhou, você com todos os seus dotes culinários com certeza não atrapalha.

  - Mãe! – digo sentindo as bochechas corarem, minha mãe ri e vejo Alex sorrir também.

  - O quê? É a verdade. Eu estou convidando, Alex, então com certeza não é nenhum incômodo, você já conhece a todos de qualquer forma e os avós de Analu vão adorar conhecê-lo, tenho certeza – minha mãe sorri e bato a testa no tampo da mesa, vó Cassy assim como mamãe não ia me deixar em paz.

  - Analu? – Alex chama e mexo a cabeça para olhá-lo. – Tudo bem se eu for?

  - Tudo – digo por fim sorrindo, é a minha família, se Alex quiser ficar por mais um tempo, esse momento ia acontecer de qualquer forma, então que seja. – Mas já adianto, meus avós, no geral, gostam muito de conversar.

  - Como você? – ele provoca sorrindo e faço careta me sentado outra vez.

  - Exatamente. Eu aprendi com a mamãe que aprendeu com a vó Cassy – mamãe fez menção em protestar, mas parou no meio do caminho e deu de ombros.

  - É bem por aí mesmo. Certo, eu tenho que olhar a minha carne, aqui o filho de vocês – minha mãe ficou de pé e me entregou Tommy antes de ir até o forno.

  - Ah, Alex, antes que eu me esqueça – disse me virando para ele e sentando Tommy em meu colo, o bebê se distraiu brincando com minhas pulseiras e nem nos olhou. – Eu tenho uma novidade que talvez você não goste, mas no momento você não está podendo reclamar então tudo bem - tagarelei e ele sorriu.

  - O que é?

  - Eu consegui com a diretora da creche aqui do bairro uma bolsa de meio período para o Tommy o que significa que Rose só vai ficar com ele parte do dia. E antes que você comece a achar ruim, lembre-se: eu não posso mais ficar com ele o dia todo, nem você e nós dois sabemos que nem a Rose.

  - Por quê? – ele pergunta como sempre e sorrio.

  - Por que você não pode pagar pelo dia todo, por que você não aceitaria se eu pagasse e por que eu amo esse bebê e não quero uma pessoa qualquer com ele – disse beijando os cabelos claros de Tommy e o bebê me olhou, o apertei um pouco mais em meus braços e ele reclamou.

  - Ainda assim se for...

  - Aquele papo de caridade outra vez? Já esqueceu? Eu vou jogar meu sapato em você se continuar com isso. E você nem pode reclamar.

  - Eu ia dizer que mesmo que seja só meio período já vai ajudar muito. Obrigado, Analu – ele diz tão sinceramente que sinto as bochechas corarem.

  - Não foi nada. Mas a verdade era que eu acharia melhor se fosse o dia todo, Rose ainda não está bem – suspiro frustrada.

  - Eu pago – diz mamãe de repente. Nós dois a olhamos, por um instante eu esqueci que ela estava na cozinha.

  - Como? – é Alex quem pergunta.

  - Eu disse que pago. É sobre a creche do Tommy, certo? Considere um presente – ela diz simplesmente depois de colocar a travessa fumegante que estava na bancada de volta no forno.

  - Eu agradeço, mas isso é demais e eu não posso aceitar – Alex diz e minha mãe sorri para ele, não há diversão nem nada assim, ela está muito séria.

  - Pode sim e vai, é para o seu filho. Mas não pense que isso é algum tipo de caridade. Eu só estou devolvendo um favor, pagando uma dívida. Uma vez quando eu era só uma garotinha assustada sem mais nada, eu fui acolhida e cuidada por pessoas maravilhosas e sem elas eu não estaria aqui hoje. Um dia alguém me ajudou e agora eu quero ajudar você, é só isso.

  - Eu não sei nem o que dizer, ou como agradecer – Alex disse parecendo realmente e emocionado e mamãe sorri um pouco mais.

  - Um dia quando puder, ajude alguém que precise, passe essa gentileza adiante.

  - Eu vou, muito obrigado. Você não vai me deixar dizer não, vai?

  - Não mesmo, Analu, arrume tudo, esse bebê fofo vai ficar bem cuidado e Rose vai descansar. Que tal convidar ela para jantar, eu adoraria conhecê-la.

  - É uma ótima ideia – digo ficando de pé. – Vou lá.

  - Analu – Alex me chama e eu me viro ainda com Tommy no colo. – O que você quis dizer com eu não podia nem reclamar hoje? – ele pergunta e sorrio ironicamente.

  - É que eu fiquei sabendo que certo bebê fofo vai fazer aniversário, mas o idiota do pai dele nem me avisou nada, você acredita? – pergunto e o vejo engolir em seco.

  - Olha eu posso explicar. Mas antes, quem te disse sobre o aniversário do Tommy?

  - A Rose, claro. Agora desembucha.

  - Eu não falei nada por que ainda estava decidindo se faria ou não festa. Eu tenho que terminar de consertar aquela janela do quarto de hospedes e pintar o quarto do Tommy. Talvez seja só um bolo com os tios malucos dele.

  - Bom saber que eu nem seria convidada – digo irônica, mas estou realmente um pouquinho magoada.

  - Como se isso pudesse acontecer, você é a... – ele se interrompe ficando de pé. - Você está aqui sempre, é praticamente o amor da vida de Tommy, eu faria isso sem bolo, mas nunca sem você.

  - Idiota, não dá nem pra fazer cena e ficar com raiva com você sendo fofo assim. E o amor da vida do Tommy provavelmente é o Noah e com certeza vai ter festa eu e Rosa já estamos organizando tudo, se você achar ruim é só não aparecer – digo divertida e o vejo sorrir e vir me dar um selinho.

  - Você é realmente um ser humano único.

  - O amor é uma coisa linda, não é? – mamãe pergunta e nós dois damos um pulo de susto pra longe um do outro e ela ri.

  - Mãe!

  - O quê? Que culpa eu tenho se vocês esquecem que eu aqui? Tudo bem que a casa é de vocês, mas poxa é muito amor.

  Alex e eu acabamos rindo, ele pega Tommy e eu resolvo ir chamar Rose de uma vez pra comer com a gente. No fim a senhora gentil amou o convite e veio comigo, ela e mamãe passaram o jantar conversando sobre eu, Alex e é claro, Tommy, a festa do bebê já era o assunto do momento para desespero do pai dele. No fim só restou a Alex se calar e concordar, éramos três e ele só um.

  Depois do jantar eu me ofereci para lavar a louça e mesmo sob protestos consegui a satisfação de deixar a pia brilhando. Depois disso minha mãe e Rose não demoraram a sair, minha mãe nem pareceu surpresa quando eu disse que ficaria um pouco mais. Eu não havia dormido mais aqui desde a primeira noite, eu já havia invadido demais, isso eu esperaria Alex pedir, se ele me pedisse eu ficaria, mas em uma semana ele ainda não pediu nenhuma vez, era frustrante.

  Suspirei depois de colocar Tommy no berço, o bebê tinha dormido em meus braços, Alex estava terminando um trabalho da faculdade no computador quando subi e como ainda não eram nem 22h00m da noite eu ainda podia recolher os brinquedos de Tommy do chão e guardar tudo antes de me despedir.

  - Como você consegue ser tão bagunceiro quanto o seu pai, em Tommy? – eu ia resmungando enquanto juntava uns brinquedos do chão. Peguei um carrinho que estava na porta do quarto de Alex. Levantei a cabeça e levei um susto ao vê-lo ali. – Alex!?

  Ele se virou com a exclamação, mas antes disso eu pude ver muito bem suas costas. Alex estava de costas pra mim e sem camisa, suas costas nuas me dando uma visão completa de sua pele bronzeada o que por si só já era incrível, mas o que me surpreendeu foi ver a tatuagem que ele tinha. Eu já havia reparado que ele tinha algum desenho gravado no corpo, mas ainda não tinha tido a oportunidade de vê-lo.

  Começando pelo meio das costas e cobrindo toda a extensão do seu braço esquerdo até a altura do cotovelo havia uma tatuagem em forma de asa. Não um par delas, apenas uma, uma enorme asa de anjo tão bem desenhada que eu poderia jurar que era mesmo dele, meu Anjo Bad Boy. Mas eu não entendia o motivo de a outra não estar ali também.

  - Quer me matar do coração? – ele perguntou com a mão sobre o peito largo e eu suspirei vendo-o ali pardo. Alex deu um meio sorriso. – Gosta do que vê, Srta. Whitmore?

  - Muito – devolvi o sorriso. – Bela tatuagem – disse e ele tocou o braço esquerdo com a mão direita e dessa vez não estava mais sorrindo.

  - Obrigado, ela é... Especial.

  - Era para ser assim mesmo ou você ainda não a completou? – eu estava curiosa então não ia fingir que não tinha visto.

  - Acho que nenhuma coisa nem outra. Ela até tinha outra metade, mas no fim, depois de tudo, resolvi deixar assim.

  - Eu posso saber o que foi esse tudo ou...?

  - Você não vai me deixar em paz, vai? – ele perguntou agora com um sorriso divertido vindo até mim e me prendendo contra si pela cintura.

  - Não. A menos é claro que você não queira falar sobre, ai eu e minha curiosidade vamos deixá-lo em paz.

  - Não precisa, a tatuagem foi ideia de Lucy.

  - Alguma coisa me diz que tem uma história por trás disso.

  - Tem sim.

  - Eu vou poder ouvi-la? – pergunto e ele faz que sim, então me solta e nós nos sentamos em sua cama.

  Alex apóia as costas na cabeceira da cama e me puxa contra si e nem por um minuto me oponho a ideia de ficar aconchegada em seu peito. Ele começa a mexer com as pontas do meu cabelo antes de voltar a falar.

  - Pouco antes de descobrir a gravidez Lucy brigou com os pais por que eles não queriam que ela terminasse com o namorado idiota dela. O que não adiantou muito já que ela além de terminar com o namorado ainda brigou com eles. Então depois disso tudo ela decidiu que faria uma loucura e então teve a ideia da tatuagem.

  - Vocês combinaram de fazer juntos? – pergunto curiosa e um pouco incomodada, eles tinham feito uma tatuagem de casal?

  - Na verdade não. Eu só ia acompanhar ela, mais nada. Lucy queria fazer a tatuagem, não eu. No fim ela se decidiu por um par de asas de anjo no pulso esquerdo, havia também uma aureola com as asas, era linda e me lembrava ela, todos sempre diziam que Lucy era como um anjo.

  - Ela aproveitou a deixa.

  - Exatamente.

  - Mas e você? – pergunto curiosa o olhando e Alex sorri pra mim.

  - Eu fui totalmente levado por ela. Eu sempre quis fazer uma tatuagem, mas quando era mais jovem minha avó era totalmente contra então nunca fiz, a moto era o suficiente para matá-la do coração. Então quando Lucy foi fazer a sua me perguntou por que eu não fazia uma também. Um par de asas para que pudéssemos voar juntos. Eu sempre gostei de andar de moto por que eu tenho a sensação de que é como voar. Então pensei “Por que não?”. Mas se era pra voar então que eu o fizesse totalmente, então resolvi fazer nas minhas costas, um par de asas que me levariam aonde a moto não podia. Talvez para perto da minha mãe ou dos meus avós, no fim não me levou a lugar nenhum.

  - O que aconteceu?

  - Basicamente a tatuagem ficou muito grande e eu não consegui completá-la de uma única vez então deixei para ir lá outra vez com Lucy, mas isso nunca aconteceu. Ela ficou grávida, depois se machucou e quando Tommy nasceu e ela se foi a ideia de ter asas para voar já não me agradava. E ter apenas uma das asas se tornou significativo, por que eu tenho a impressão de que tudo e todos que são importantes para mim me são arrancados, assim como meu outro par de asas. No fim, não pude voar.

  Suas palavras me pegaram de surpresa. No fim não era uma tatuagem de casal e eu me senti mal por ter sentido ciúmes de algo assim. Eu queria perguntar a Alex sobre seus pais e seu passado, mas parecia nunca ter uma brecha pra isso, ao menos não uma que não o deixasse como ele está agora, triste e parecendo deprimido. Afastei-me de seu aperto apenas o suficiente para abraçá-lo.

  - Não diga uma coisa dessas, no fim, talvez você só precise de outro par de asas para fazê-lo voar. Alguém com uma mão estendida, ou simplesmente alguém que o queira bem. Tommy pode ser o outro par de asas que Lucy te deixou. Você só não pode desistir de voar – digo com o queixo apoiado em seu peito e olhando em seus olhos.

  - Muito obrigado por isso, Princesa. Você é realmente um ser humano único.

  - Gosto quando diz isso – digo sorrindo. – E não há de quê, é só a verdade.

  - Gosto mais da sua versão dela.

  - Eu também se isso o fizer sorrir – digo e o vejo me olhar divertido. Sinto as bochechas corarem e me escondo em seu peito mais uma vez. Nós ficamos em silêncio alguns segundos e por fim suspiro saindo de seus braços e me sentado na cama. – Melhor eu ir.

  - Por que você não fica? –Alex pergunta para a minha surpresa e eu sorrio, um sorriso amplo e verdadeiramente feliz.

  - Eu posso?

  - Você poderia ter passado todas as noites aqui se assim quisesse.

  - Eu até quis, mas você não disse nada – comento dando de ombros e ele me olha parecendo surpreso.

  - Está me dizendo que você não ficou por que eu não pedi?

  - Exatamente, eu já invadi a sua casa, Alex, você tinha ao menos que dizer se eu podia ficar ou não.

  - Você pode – ele sorri. – Com certeza pode.

  E antes que eu possa dizer alguma coisa ele me puxa para um beijo, doce, quente e completamente apaixonado. Talvez eu possa realmente ficar no fim das contas.


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Notas finais do capítulo

Quando eu digo que a Analu e o Alex falam demais vocês não acreditam! Esse capítulo devia ter mais uma parte, mas quando eu vi simplesmente NÃO DAVA pra colocar por que ele já estava ENORME kkkkk mas espero que tenham gostado!
Eai, gostaram do capítulo? As conversas que esse povo teve? E esse almoço de família o que será que vai dar?
Quero opiniões, comentem!
Beijocas, Lelly ♥
PS: Eu estou muito apaixonada por esses três!
PPS: Link da tatuagem do Alex https://i.pinimg.com/564x/b4/e5/c8/b4e5c897851ad57fc503f4a37129b9a0.jpg



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