Surpresas do Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 14
O que você quer de mim?


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
É eu não morri, estou de volta, lembram? Eu posso sumir, mas eu volto, sempre volto!
Mas gostaria de me desculpar pelo sumiço, ele envolveu meu trabalho, bloquei criativo e agora por último eu ficando doente, mas despois de tanto tempo me esforcei para terminar o capítulo hoje. Como eu não estou muito bem, me desculpem qualquer erro!
E eu queria dedicar esse capítulo a Leitora Jovem, obrigada pela recomendação linda que você deixou na história! ♥
BOA LEITURA :D



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  Alex

 

  Estacionei a moto em frente a minha casa. A casa que eu morei mais da metade da minha vida, vi a luz acesa pela janela e talvez, só talvez, eu não quisesse entrar.

  Eu tinha trago Rose mais cedo com o Jeep de Analu, na ocasião eu praticamente gritei da varanda que estava indo buscar a moto na livraria e sai, eu sabia que não era muito corajoso da minha parte, mas talvez eu estivesse com medo do que a linda garota que agora estava na minha casa iria dizer, ela havia me prometido, hoje de madrugada uma conversa e eu sabia que não escaparia dela assim que entrasse em casa.

  Não era nem a perspectiva dela brigar comigo que me preocupava, isso ela fazia de qualquer jeito, era a perspectiva dela dizer que havia se cansado desse nosso jogo e que sei lá, nesse meio tempo em que eu a beijei e fui um idiota ela tinha arrumado alguém, a ideia me deixava apavorado.

  - Tenha coragem – dissera Rose enquanto voltávamos para casa. – Fale com a garota, implore se for preciso, só não a deixe ir, tenho certeza que vai se arrepender depois.

  Suspirei, desci da moto e a empurrei até a garagem. Depois de guardá-la e fechar tudo eu segui até a porta de entrada, a abri e sorri, simplesmente por que a cena a minha frente era não encantadora que eu não pude fazer mais nada além de admirá-la. Analu estava sentada no sofá com o cabelo preso em um coque, usando uma camiseta minha e com uma almofada no colo onde ela apoiava o notebook, a garota digitava tão concentrada que pareceu não me notar ali. Tommy dormia tranquilo em seu cercadinho devidamente coberto com uma manta.

  A cena era tão familiar e inesperada que não soube como reagir.

  - Boa noite, Alex – Analu me cumprimentou sem desviar os olhos do computador, acabei sorrindo. – Um minuto, só preciso salvar isso daqui.

  Ela deve ter gastado esse tempo mesmo para terminar de editar o que quer que fosse, fechar o notebook colocá-lo no sofá com almofada e tudo e ficar de pé. Analu sorriu pra mim e eu só consegui retribuir o gesto. Foi só quando o seu computador ameaçou cair de cima do sofá e a garota foi segurá-lo que eu notei algumas mudanças em minha sala. 

  Para inicio de conversa não havia brinquedos espalhados pelo sofá e o chão, na verdade não havia nada no chão além do tapete antigo da minha avó que aparentemente estava muito bem limpo. As pilhas de livros na pequena estante estavam organizados, os brinquedos de Tommy guardados, a sala em si parecia diferente, talvez maior, mais arejada ou talvez só mais limpa.

  - Por que você está encarando a estante? – Analu perguntou e eu voltei a olhá-la.

  - Por favor, não me diga que você estava limpando a minha casa – pedi sem acreditar e a garota a minha frente me deu um sorriso travesso.

  - Eu não posso dizer isso, por que eu estava limpando a sua casa.

  - Por quê? – perguntei como sempre acontece quando estamos juntos, Analu sorriu.

  - Por que, o quê?

  - Por que você estava limpando a casa, Analu? – questiono sem acreditar e ela suspira.

  - Por que estava suja, desorganizada e eu não tinha mais nada pra fazer. Tommy é um amor e depois do segundo filme da Barbie, nem eu, nem ele estávamos mais interessados na bonequinha cantora, dançarina, princesa, fada, sereia, enfim, ela é muita coisa.

  - Barbie?

  - Eu gosto, Ok? E o Tommy também gostou, nós estávamos cantando juntos. Mas depois de um tempo toda essa confusão começou a me irritar e quando vi eu estava dobrando suas camisetas na gaveta do seu guarda-roupa.

  - Como? – perguntei sem acreditar e Analu corou.

  - Me desculpe. Mamãe sempre fala que às vezes exagero com isso de organização e limpeza. Eu sinto muito ter invadido assim, mas eu fiquei realmente entediada, principalmente depois que o Tommy dormiu.

  - Tudo bem – resolvo deixar pra lá. Mas a ideia de Anna Laura Whitmore limpando a minha casa simplesmente por que não tinha mais o que fazer, era surreal demais até pra mim, mesmo que a garota em questão esteja usando minha camiseta e de pé a minha frente. – Eu só preciso de tempo para aceitar que você limpou toda a minha casa por que estava entediada.

  - Não foi à casa toda, ainda— ela murmura. – Papai me enviou trabalho para fazer daqui e faltou terminar a cozinha e aqueles dois quartos estranhos que não tem cama.

  - Ainda? – pergunto, mas ela não está me ouvindo.

  - Talvez amanhã eu termine, mas eu também tenho que arrumar um jeito de cozinhar alguma coisa. Talvez eu suborne o Noah para me ajudar.

  - Você vai subornar o seu irmão? – quero saber divertido e ela finalmente me olha e sorri.

  - Bem sim, o Noah é apaixonado pelo Tommy talvez aceite vir aqui cozinhar pra gente, não custa tentar – Analu sorri e me aproximo dela, coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e sorrio.

  - Você é realmente um ser humano único.   

  - Se você está fazendo isso para me beijar e eu esquecer da nossa conversa não vai funcionar – ela avisa sorrindo. – Eu só vou beijar você outra vez depois que me dizer o que você quer de mim, Sr. Bad Boy? E por que se desculpou aquele dia?

  Assim na lata, sem preparo ou meias palavras, o furacão Analu como sempre passando e arrastando tudo consigo. E eu gosto disso nela, com Analu não há meias palavras ou fingimento, ela sempre diz o que pensa, nos dá a verdade e espera o mesmo em troca, e dessa vez eu vou dar isso a ela.

  - Me desculpei por que não queria me envolver com você Analu, por que seu pai me ameaçou caso eu a magoasse e mesmo sem isso eu não queria magoá-la, você especial demais para alguém feri-la como for. Desculpei-me por que queria me afastar, se eu não tiver ninguém por perto, não vou perder ninguém e é mais fácil assim – digo com todas as letras e vejo quando ela compreende.

  E é claro que para minha surpresa, Analu faz a última coisa que eu esperava dela agora, me abraça.

  - Você não pode fugir assim – ela murmura contra o meu peito e então levanta os olhos para me encarar. – Aposto que as pessoas que você perdeu, se te amassem como você as amava estão odiando vê-lo assim se afastando de todos.

  - Não tem como você saber – digo e ela sorri, um sorriso convencido que me faz querer beijá-la e não parar nunca.

  - Claro que tenho, por que se fosse comigo eu estaria irritada, eu quero que as pessoas que amo sejam felizes, independente de isso me incluir ou não.

  - Você se parece com ela – digo sem pensar. Lucy também tinha um coração enorme como o de Analu.

  - Quem?

  - Lucy. Vocês duas tem esse coração enorme, essa luz própria e uma teimosia que devia ser estudada – comento e ela ri. Eu amo esse som.

  - Se é assim, então eu posso dizer com ainda mais certeza Sr. Bad Boy, sua Lucy deve estar odiando o ver assim. Só seja feliz, vai fazê-la feliz onde quer que ela esteja olhando por vocês. Por que se eu fosse ela, não me separaria tão fácil de Tommy – ela diz e vejo suas bochechas adquirirem um tom escarlate antes dela continuar. – Ou de você.

  Seguro sua nuca e estou prestes a beijá-la outra vez quando Analu segura meu rosto com ambas as mãos, me para e milímetros de sua boca e sorri.

  - Você ainda não me disse o que quer de mim – sussurra, seu hálito quente fazendo cócegas em minha pele.

  - Quero que fique, Analu. Quero beijar você, quero sair com você, quero me sentar com você no sofá e ver um filme, quero só curtir sua companhia como faço com Tommy por que você é a garota mais especial do mundo e tudo o que eu quero é poder beijá-la outra vez.

  É a resposta certa, eu sei que é por que vejo os olhos verdes de Analu brilharem e isso por si só já seria suficiente para me deixar feliz, mas como o anjo que é, Analu faz algo ainda melhor, ela usa suas mãos em meu rosto para juntar nossos lábios e beijá-la pela segunda vez é tão bom, ou talvez melhor quanto a primeira. Ainda há fogo, coração acelerado, essa garota ainda me desconcerta.

  Minhas mãos vão para a sua cintura e a puxo para mais perto de mim e ela enlaça meu pescoço e me puxa mais para perto. Ainda nos beijamos com toda a avidez da primeira vez quando Analu para e se afasta poucos centímetros, seu rosto corado a deixa extremamente encantadora.

  - Vamos com calma – ela diz ainda arfando e faço que sim beijando sua testa.

  - Como você quiser, Princesa.

  - Você está dizendo que sou eu quem decide?

  - Sim, sempre – digo e ela sorri me dando um selinho para depois se afastar outra vez e me encarar.

  - Sendo assim amanhã vou terminar minha faxina e você não pode falar nada.

  - Analu! – digo sem acreditar e ela gargalha saindo do meu aperto e me soprando um beijo indo em direção ao seu notebook que ainda está em cima do sofá. A garota rebola e é difícil ter certeza se ela usa um short ou não sob minha camiseta, eu ainda me lembrava do contorno de suas pernas alvas que vi noite passada.

  - O quê? Isso aqui está uma bagunça e eu entediada. E você disse que eu mando. Mas eu já sabia disso antes de você falar – ela sorri inocente.

  - E é mesmo é? – pergunto com um sorriso e ela faz que sim.

  - Já se esqueceu das suas chaves? – ela arqueia uma sobrancelha e dou de ombro.

  - Touché — digo e ela ri pegando o computador e subindo as escadas.

  Jogo-me no sofá sorrindo e só então noto Tommy de pé no cercado, ele me olha curioso e sorrio indo pegá-lo.

  - Papa! – diz animado quando o aperto num abraço e volto a me sentar no sofá.

  - Eai campeão, se divertiu hoje? Fiquei sabendo que você estava assistindo Barbie, gostou? Aposto que sim, qualquer coisa com ela é divertida, não é? – pergunto e ele está sorrindo de pé sobre minhas pernas. E nós ficamos nessa brincadeira alguns minutos. – Vocês vão se divertir ainda mais, por que é com ela, então tenho certeza que vai ser ótimo.

  - Fico lisonjeada – a voz de Analu nos alcança e vejo quando Tommy a busca, quando seus olhos a encontram atrás de mim chegam a brilhar. Eu amo esse amor dos dois. – Olá, meu amor – ela diz e tenho certeza que não é comigo que está falando.

  Vejo meu filho se jogar todo para o colo da garota de sorriso encantador quando ela se aproxima e não o julgo, queria poder fazer o mesmo. Analu coloca a mochila que segura no chão antes de pegar o bebê. Agora está usando uma blusa sua e um short jeans.

  - Já vai? – pergunto como um garotinho que não quer se separar da mãe, Analu se abaixa para me dar um selinho e sorri.

  - Já tem mais de um dia que não vejo minha mãe e meus irmãos, acho que esse foi o maior tempo que já fiquei longe deles – ela ri. – Amanhã eu volto, vou buscar algumas coisas, e preciso... – Analu se interrompe e cora.

  - Precisa o quê? – pergunto ficando de pé e ela dá de ombros.

  - Contar tudo pra mamãe e a Manu. E só pra avisar a Manu disse que amanhã não tem curso e vem pra cá me fazer companhia.

  - Isso significa o que exatamente? – quero saber e Analu sorri.

  - Que vamos falar muito sobre você e provavelmente Matt, talvez o Will, meu irmão e os rolos dele, enfim, sobre garotos e muitas outras coisas.

  - Fofoca?

  - Claro, você acha que eu me junto com a Manu pra quê? – ela pergunta divertida e rio. – Não tem problema ela vir pra cá não, certo?

  - Não, Analu. Você e a Manu podem ficar a vontade.

  - Obrigada – ela se inclina para me beijar outra vez e é nesse momento que Tommy resolve exercitar suas mãos curiosas se grudando ao cabelo de Analu.

  Sorrio um pouco mais vendo os dois travarem a rotineira batalha pelos fios, depois de tudo resolvido Analu me avisa que vai esperar eu tomar banho e comer antes de ir e fico grato por isso, estou exausto pela noite mal dormida e tenho muito o que fazer antes de ir trabalhar no dia seguinte. Analu como o anjo que é, me garante que vai tomar conta de Rose também no dia seguinte, então fico mais tranquilo.

  A noite na cama com o cheiro de Analu é inquieta no começo, só até o cheiro doce e inebriante da garota me envolver e eu dormir um sono mais tranquilo e sem sonhos do que eu tive em anos.

  Vê-la pela manhã me deixa feliz, Analu vem até mim e sem cerimônias me beija, sorri como se não tivesse feito nada demais e pega Tommy que não hesita um único minuto em ir para o seu colo. Como ela chegou muito cedo eu ainda tenho uns minutos até sair e ficarmos os três na cozinha é diferente da primeira vez em que fizemos isso e Analu era praticamente uma estranha, agora ela está com Tommy preso em um braço enquanto vai organizando e limpando coisas com o outro, vez ou outra me olha e sorri, eu estou terminando de tomar café para sair e penso que se fosse para ser sempre assim eu não ia me importar.

  Saio de casa e como toda manhã eu vou até a casa de Rose para lhe cumprimentar antes de sair, só estranho fazer isso sem ter Tommy comigo para entregá-lo a ela. Rose também comenta sobre isso quando vem me receber, ela sorri me deseja um bom dia e diz que irá ver Analu e Tommy mais tarde, esses três juntos com certeza vão ter histórias para contar mais tarde.

  Dirigir para a faculdade é tranquilo, mas não imaginar ver Analu ou mesmo fugir dela pelo campus é estranho.

  - Ok, eu quero a fofoca completa, por favor! – é como Mason me cumprimenta. Nada de “Oi” ou “Como você está?”.

  - Não sei do que você está falando – digo depois de cumprimentar Will e Caleb que chegam depois.

  - Não sabe? Analu dormiu na sua casa e está lá nesse momento, vai, por favor, diz que a beijou – ele pede com os olhos castanhos quase saltando pra fora das órbitas.

  Não consigo não sorrir diante do seu pedido e isso é o suficiente para ele entender.

  - Eu não acredito! – é Caleb quem diz.

  - Eu que não acredito – Mason fala. – Você beijou mesmo Analu?

  - Não é como se fosse da conta de vocês - comento começando a andar, eles vêm atrás de mim.

  - Como se precisasse de alguma confirmação quando você está com esse sorriso idiota no rosto – Will diz sorrindo também. – E então?

  - E então o quê? – pergunto sem entender e Mason me olha exasperado.

  - Como assim “Então o quê?”. Fala logo de uma vez, vocês são um casal? É oficial agora?

  - Mason a gente se beijou, eu não a pedi em casamento – digo e meu amigo revira os olhos.

  - Por que é burro, já devia ter pedido. Por que alguém vai fazer isso, ou talvez não, a Analu é determinada o suficiente para pedir o cara em casamento – ele diz divertido e concordo. Se tem alguém que faria isso, seria ela.

  - Então é só torcer pra ser você o cara, Alex – Will comenta fazendo todos rirem e eu revirar os olhos.

  Depois da sessão de fofoca nós finalmente seguimos para a aula, ter conhecido os meninos na faculdade foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos, tê-los por perto sempre me rende muitas risadas, histórias e há algum tempo atrás, festas. Nós terminamos nossas aulas e quando Mason se convida para ir à minha casa depois do trabalho, Caleb e Will fazem o mesmo, todos curiosos para verem a garota dos incríveis olhos verdes, eu simplesmente não consigo dizer não.

  As horas passam tão devagar que no meio da tarde tenho certeza que o relógio da parede da livraria simplesmente parou de funcionar. Eu recebo uma ligação dela, atendo, sorrio sem nem perceber e sou motivo de riso por parte de Mason depois disso, mas não me importo, gosto de ouvir sua voz, sua risada, ver seus olhos.

  - Se vai continuar sonhando acordado com a namorada, pelo menos fecha a boca, por que ou você vai babar, ou vai entrar um mosquito – Mason comenta e reviro os olhos terminando de arrumar a estante em que estava trabalhando.

  - Idiota – digo e ele sai gargalhando.

 Quando nosso expediente termina meu amigo fofoqueiro é o primeiro a sair, ele já está com o capacete extra na mão parado ao lado da moto, Mason tem um sorriso tão grande no rosto que é meio assustador.

  - Vai assustar as criancinhas assim.

  - Como se eu ligasse, estou animado, vamos logo! Will me ligou, ele e Caleb só estão esperando a gente.

  - Você está brincando, certo?

  - O que você acha? – ele pergunta quando nos acomodamos na moto e eu só abaixo a viseira do capacete sem responder. É obvio que era sério.

  Caleb morava a duas quadras da minha casa e nós só soubemos disso quando eles vieram fazer um trabalho comigo. Will deve ter passado à tarde com ele, os dois estavam “curtindo o momento” o que também significava que não estavam trabalhando no momento, Caleb por que não precisava e Will por que tinha sido demitido recentemente devido a um corte no quadro de funcionários.

  Eu dirigi com Mason como carona e aproveitei a sensação de liberdade, eu amava isso e não era a primeira vez que eu pensava na ideia de convidar Analu para dar um volta comigo, será que ela aceitaria?

  Enquanto eu dirigia me veio outra pergunta, como eu deveria cumprimentá-la quando a visse? Um beijo? Um abraço? Só um “Oi”? Meus amigos intrometidos também estariam lá, será que ela iria se incomodar? Quando estava chegando perto de casa vi Caleb e Will na esquina da rua, acabei desacelerando e eles nos alcançaram, e, é claro que as senhoras fofoqueiras começaram a conversar antes mesmo de alcançarmos a calçada de casa.  

  - Como será que ela vai estar? Impaciente pela demora? Querendo ir embora? – Caleb brincou e eu sorri.

  - Conhecendo Analu, ela provavelmente vai estar usando alguma camiseta minha e mexendo com alguma coisa que não devia – digo sem me importar com os olhares curiosos.

  Eu sei que qualquer um deles vai falar, mas somos interrompidos por uma voz que até então não fazia parte da conversa.

  - Analu, eu avisei que isso era uma péssima ideia! – a voz de Manu nos alcança antes de eu estacionar a moto. – Esse buraco já está bom, pelo amor de Deus!

  - Eu quase acabando! – minha princesa disse de volta com a voz entrecortada. Os garotos me olharam com uma pergunta muda de “O que está acontecendo?”. Essa era uma ótima pergunta.

  Nós alcançamos a calçada de casa e a cena a minha frente me deixou surpreso e me fez sorrir. Analu estava de joelhos ao lado do jardim da minha avó, haviam ferramentas de jardinagem a sua volta, assim como folhas secas, galhos quebrados, ela tinha os cabelos presos num rabo de cavalo onde escapavam alguns fios, as mãos e as roupas dela estavam todas sujas de terra, mas ela não parecia se importar, e todo o dialogo anterior fez sentido quando a vi com uma pequena pá na mão fazendo um buraco no chão ao lado das roseiras.

  Manu estava sentada nos degraus da varanda olhando a amiga e Noah estava pelo jardim brincando com Tommy, o adolescente ajudava o bebê a andar segurando suas mãos, eles riam e pareciam estar se divertindo com a brincadeira. A cena era, mais uma vez, meio ou totalmente inacreditável. Sorri um pouco mais descendo da moto. Quando Analu e os outros nos notaram, sorriram também.

  - Você chegou cedo – foi como Analu me cumprimentou ficando de pé, a camiseta que usava dessa vez era sua, mas estava coberta de terra. – E trouxe visita – sorriu vendo os meninos atrás de mim.

  - Eu não acredito que você é Anna Laura Whitmore! – Mason disse divertido e parou a centímetros de abraçar Analu, isso a fez rir.

  - Sinto muito decepcioná-lo.

  - O que você está fazendo? – perguntei e ela deu de ombros.

  - Cuidando do jardim. Depois que limpei a cozinha, nós comemos com Rose, jogamos banco imobiliário e vimos um filme, ela foi embora para casa outra vez e resolvemos ficar aqui pelo jardim.

  - Ai depois de dois minutos a minha irmã metida à jardineira não conseguiu não furar e bagunçar todo o chão do seu jardim. Ela me fez ajudá-la a revirar sua garagem atrás das ferramentas de jardinagem e eu usei a sua cozinha, desculpa a invasão – Noah termina de narrar trazendo Tommy no colo.

  - Tudo bem, fico feliz que alguém alimentou esses dois – digo e ouço todos gargalharem e Analu me olhar feio. – Como foi o dia, campeão? – chamo Tommy e ele vem para o meu colo.

  - Mas você entende mesmo de jardinagem? – pergunto curioso depois de beijar Tommy e acomodar o bebê em meus braços.

  - Sim, eu amava ficar pelo jardim quando criança. Depois de um tempo acabei aprendendo e gostando. Nós temos uma pequena horta com temperos na estufa lá em casa que mamãe e Noah usam para cozinhar, mas sou em quem cuido – ela conta dando dois passos e ficando a centímetros de mim. – Oi, Alex.

  - Oi, Analu – sorrio e vejo seus olhos verdes brilharem antes dela se esticar e me beijar, nós ouvimos nossos amigos rindo e fazendo piada.

  - Isso tudo é inveja? Vão beijar, vão – Analu brinca e estão todos rindo.

  Noah a ajuda com as ferramentas de jardinagem, Will guarda a moto pra mim e depois todos entramos. A casa toda arrumada ainda me surpreende por que eu não sou bom com organização, essa é a primeira coisa que os meninos percebem.

  - O que aconteceu aqui?

  - O furacão Analu passou organizando tudo – comento e ela sorri.

  Noah pega Tommy do meu colo que vai com ele sem nem me olhar e vejo o garoto se jogar no sofá como se estivesse em casa, sorrio com isso. Noah e Analu eram parecidos, com sorrisos fáceis e sempre uma resposta inusitada na ponta da língua, eram a cara da mãe deles.

  - Você está de brincadeira, certo? – Will pergunta sem acreditar e se vira para Analu. – Você arrumou aquela bagunça?

  - Eu só estava entediada, Ok? E não ia custar nada. Agora Noah você disse que faria o jantar.

  - Mas você não disse que ia ser uma festa – o garoto que está deitado no sofá com Tommy sobre si responde.

  - Eu também não sabia, mas você prometeu. Eu quero aquele frango empanado que só você sabe fazer, por favor – Analu pede fazem todos rirem. Vejo Noah suspirar.

  - Só se alguém me ajudar. Na verdade faço sozinho, mas quero algo em troca.

  - Suborno? – pergunto e ele faz que sim divertido.

  - Exatamente.

  - Qual seu preço? Por que o frango empanado do Noah é realmente uma delícia – Manu comenta e todos olhamos para o adolescente que brinca despreocupado com Tommy.

  - Analu sabe o que eu quero.

  - Você não está falando de... Mamãe vai te matar!

  - Se ela não souber de nada não tem problema, depois eu falo com ela – ele comenta se sentando e colocando Tommy de pé ao lado de suas pernas no chão.

  - Então peça a ele, eu vou tomar banho, já volto meu amor – Analu dá de ombros e sobra um beijo para Tommy que sorri para ela e então sobe as escadas e some no andar de cima.

  - E então, qual seu preço cozinheiro? – Mason pergunta e Noah sorri.

  - Alex me ensinar a pilotar moto.

  - Sua mãe vai realmente vai te matar – Manu ri.

  - E então, Alex? Ao que parece eu sou quase seu cunhado, você podia fazer isso por mim, em? – o garoto sorri e gosto de ouvir que ele não se importa de eu estar com Analu.

  - Eu não me importo e já falei, mas você tem que falar com a sua mãe.

  - Eu falo, mas você vai me ensinar mesmo? – o sorriso de expectativa dele é tão contagiante que não conseguiria dizer não, principalmente depois de ver todo o carinho que ele tem por Tommy.

  - Vou. Mas agora acho melhor você fazer o frango que a sua irmã vai voltar do banho querendo, precisa de ajuda? – ofereço e ele faz que sim.

  - Se você não se importar, um par de mãos que saibam o que estão fazendo nunca é demais.

  - Analu não cozinha, não? – Mason pergunta e eu, Noah e Manu negamos com a cabeça.

  - Nem água fervida ela sabe fazer – Noah diz divertido ficando de pé, Tommy acompanha seus movimentos. – Quando você crescer um pouquinho mais eu te levo pra me ajudar – diz ao bebê.

  - Eu só vou tomar um banho rápido aqui no banheiro debaixo enquanto você separa os ingredientes. Vocês podem ficar de olho no Tommy enquanto isso? - pergunto aos meninos e a Manu, todos fazem que sim.

  Não é difícil tomar um banho e eu termino primeiro que a Analu, quando volto à sala Manu, Will, Mason e Caleb estão tentando jogar banco imobiliário com Tommy querendo pegar as peças, Noah está gritando da cozinha que precisa de ajuda. Eu gosto do barulho, das risadas, da confusão. Sempre que Lucy vinha aqui nós comíamos e riamos, e depois com os meninos, sempre que tem mais alguém aqui em casa faz parecer mais como era quando meus avós estavam vivos e isso era de fato um lar.

  Vou ajudar Noah na cozinha e deixo os outros se resolverem com Tommy e seu jogo. O garoto além de um bom cozinheiro me de um resumo do dia deles, que Analu cuidou de Rose como disse que faria, mas que minha avó veio ficar com eles boa parte da tarde até minha princesa a expulsar para a própria casa para descansar. Noah chegou depois da escola e passou à tarde com Analu, Manu e Tommy, esses dois últimos fizeram companhia a ele enquanto Analu limpava a casa. Coisa que eu ainda achava loucura.

  Mas ele me garantiu que não era nada pessoal, isso era coisa da Analu, de acordo com ele a irmã era assim desde de pequena, organizada como o pai deles, o que o irmão mais novo tinha de desorganizado a irmã mais velha tinha de organizada, era divertido ouvir os relatos de Noah, ele tinha a mesma empolgação que Analu então era fácil conversar com ele.

  Quando Analu voltou estava com os cabelos molhados e anunciou que Drew tinha se convidado pra vir comer conosco, ela disse que o irmão reclamou que tinha sido abandonado e ia morrer de fome em casa sozinho já que os pais deles iam sair juntos. No fim depois de rirmos muito do drama de Drew, ela respondeu que ele podia vir.

  No fim quando o gêmeo de Analu chegou à bagunça com o banco imobiliário ficou ainda pior, alguma coisa sobre Caleb ter pegado uma propriedade sem pagar. Da cozinha eu e Noah só ouvíamos a bagunça, em determinado momento Analu pegou Tommy para dar o jantar do bebê, sentada conosco na cozinha enquanto conversávamos e os outros praticamente gritavam na sala. Depois que terminou a princesa fez Tommy dormir e eu e Noah recrutamos todos para nos ajudarmos com os pratos. Analu usou esses minutos para colocar Tommy no berço e correr até a casa de Rose e se certificar que ela estava bem, tem horas como essa que eu ainda acho que Analu é um anjo, não uma mulher.

  Ver todos em volta da mesa rindo, se implicando e conversado me faz sorrir e me sentir menos sozinho do que tem sido nos últimos meses.

  - Eu achei que você fosse se incomodar com essa gente toda do nada na sua casa – Analu sussurra sentada ao meu lado, Drew e Will estão no meio de uma discussão sobre qual o melhor pedaço de frango para se comer frito.

  - Nunca, os meninos vivem vindo pra cá, Lucy vinha também, eu gosto da bagunça – digo sorrindo e ela sorri também se esticando para me beijar bem ali no meio da mesa de jantar com seus irmãos olhando.

  - Dá pra vocês se beijarem em outro lugar? – é Drew quem pergunta e sorrio sem me conter vendo-o nos encarar quando me separando de Analu.

  - Você não estava ocupado com o frango? – Analu pergunta e o irmão revira os olhos fazendo todos rirem.

  - Quero ver você contar ao papai – ele provoca e Analu o olha feio.

  - Você vai ficar quietinho.

  - Como quiser, irmã mais velha – Drew sorri e a irmã lhe dá língua arrancando risos de todos.

  - Idiota.

  Os irmãos começam uma discussão e todos se envolvem, quando vejo estão todos falando ao mesmo tempo, rindo e se provocando. Se pudermos continuar rindo juntos assim, eu acho que consigo finalmente ir em frente sem medo de, mais uma vez, perder alguém importante pra mim.   


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de ver esse nosso casal se resolvendo e sendo esse amorzinho que todos nós sabemos que eles são!
Mas eu tenho uma pergunta importante: Vocês acham que está indo tudo muito rápido? Acho que eu nunca escrevi um livro com protagonistas que se beijaram e se tornaram um casal tão rápido, eu não sei bem como isso aconteceu e quero muito saber o que vocês estão achando, por favor! É importante, ainda dá tempo de apagar tudo u.u
E, ao que parece, vocês preferem capítulos grandes kkkk então vou me esforçar!
Por hoje foi isso, espero que tenham gostado, comentem!
Beijocas e até, Lelly ♥



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