Surpresas do Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 13
Encontros e promoções.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Vooltei!
Antes de tudo, só queria dizer que esse capítulo também ficou enorme e queria fazer uma enquete rápida. Vocês se importam com os capítulos grandes? Preferem assim? Menores?
Eu não sei o que acontece, mas a Analu e o Alex só tem capítulos grandes, eles falam demais kkkkk
Espero que gostem, BOA LEITURA :3



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  Alex

 

  Analu era realmente um furacão e eu não tinha mais forças para resistir a ele. Estava sendo arrastado com ela e por ela e, parte de mim, não estava mais tão preocupado com isso, mas tinha outra parte que estava apavorada com a ideia.

  Encarei a parede do quarto de hospital de Rose e suspirei.

  Quando recebi a ligação sobre Rose entrei em pânico. Foi um medo tão irracional que quando vi estava descontando minha raiva em minha moto. A ideia de perder mais alguém me apavora de um jeito que não sei explicar, não aguento mais isso, primeiro a minha mãe e com ela o meu pai, depois meus avós e agora Lucy, as pessoas em minha vida tendiam a se machucar e partir, por isso não queria que Analu fizesse parte dessas pessoas. As mais que especiais. As que levavam parte do meu coração consigo quando iam.

  E Analu era uma dessas e eu sabia pelo jeito como o seu sorriso mexia comigo, como seus olhos não saiam da minha cabeça e, como ela fazia tudo melhorar só com a sua presença. As coisas que falavam às vezes eram demais para o meu coração burro. “Meu bebê” ela se referiu tantas vezes a Tommy assim e em cada um delas meu coração errava uma batida. Eu nem consegui achar ruim por que eu via em seus olhos que ela o amava, estava tão preocupada com meu filho quanto eu e isso era um perigo, por que eu e principalmente Tommy poderíamos interpretar errado.

  Colocá-la nesse lugar que estava ocupando ainda que sem querer era perigoso. Analu estava agindo, se preocupando e cuidando como se fosse mãe de Tommy, seu eu não estava sabendo diferenciar, imagina ele? Eu não precisava que Tommy tivesse o coração quebrado quando ela se fosse. Mas como nos manter longe se Analu insistia em estar por perto? Cuidando, sorrindo e se preocupando?

  Eu ainda estava surpreso com o fato dela ter me abordado e me ajudado assim simplesmente. Mesmo por que ela estava certa, eu não era nem de longe tão corajoso quanto Analu, fugi dela nas últimas semanas por que não queria pensar nela, ou no beijo ou em seus olhos verdes que vivem me perseguindo aonde quer que eu vá. E agora ela está na minha casa, com meu filho fazendo sabe Deus o que. Sorri com a ideia, eu não conseguiria me livrar de Analu nem se quisesse.

  E, talvez, só talvez, se eu tivesse muita sorte, ela me deixasse beijá-la outra vez, mas para isso eu sabia que teria que no mínimo me desculpar, ou quem sabe implorar. A ideia me fez sorrir, ela já havia ameaçado jogar um sapato na minha cabeça e eu não duvidava nem por um instante que ela era mesmo capaz disso. Ao vê-la hoje brigando comigo, me defendendo e cuidando de mim e Tommy com tanto entusiasmo só me fez querer beijá-la outra vez em mais de uma ocasião. Será que vou ter essa oportunidade?

  - Você está pensando nela, não é? – a voz de Rose me assusta me tirando dos meus pensamentos. Minha avó do coração sorri pra mim.

  - Eu... – me interrompo, mas decido ser honesto. – Como sabe?

  - Está aí com esse sorriso bobo olhando para a parede, Alex. Não é preciso ser muito esperto para adivinhar. Você não vai deixá-la ir, não é?

  - Ela nem está aqui para inicio de conversa.

  - Pelo que eu vi e ouvi, ela está sim, Alex, e resta você dizer que ela pode ficar.

  - E se eu não quiser que ela fique? – pergunto e ela suspira. São quase uma da manhã, Rose nem devia estar acordada.

  - Então você vai estar mentindo ou ficando louco. Qualquer que seja o caso não devemos levar em consideração suas palavras.

  - Rose... – começo e ela ri.

  - Você quer mesmo que eu acredite que você não a quer por perto quando passou as últimas horas pensando nela? Vamos, Alex! Coragem! Eu vi o jeito que você olhava para Analu, eu também vi o jeito que ela olhava para você e Tommy.

  - Como ela olhava pra gente? – pergunto e minha avó sorri.

  - Como alguém completamente apaixonada.

  - Você acha mesmo? – eu odeio isso. Odeio querer saber, odeio me importar e odeio ainda mais gostar da ideia.

  - Você acha mesmo que Analu faria tudo o que fez por você e Tommy por qualquer um? Vir até aqui? Oferecer carona? Ficar? Cuidar de Tommy? Eu não a conheço tão bem, mas você deve saber. E então?

  Eu paro para pensar nas palavras de Rose e nas ações de Analu hoje. Eu sei que ela tem um coração enorme e que ajudaria uma pessoa que precisasse. Mas a esse ponto? De se intrometer, tomar as rédeas da situação e cuidar de tudo? Não, desse jeito não. E Analu tinha me dado a resposta hoje mesmo quando eu perguntei o porquê dela fazer tudo isso e ela disse com todas as letras que era por mim e Tommy, que amava meu filho e que não deixaria “seu bebê” se machucar. Como eu podia sequer imaginar que ela não tinha feito tudo isso movida única e exclusivamente por sentimentos, e, talvez, se eu tivesse sorte, sentimentos esses que talvez pudessem dizer respeito a mim também.

  - Não – digo por fim. – Analu ajudaria, mas não assim. E ela me disse o motivo.

  - Eu sei, eu ouvi – Rose sorri. – Só estava esperando que se lembrasse. Ela chamou Tommy de “meu bebê” e quando o fez eu me lembrei de Lucy. Por que eu consigo imaginar nossa Lucy sorrindo e amando a ideia de que Analu agora está cuidando dos dois garotos dela.

  As palavras de Rose me pegam de surpresa e sinto os olhos marejarem, mas não de um jeito ruim, só emocionado. Por que assim como ela disse, eu consigo imaginar Lucy rindo e revirando os olhos antes de dizer um “Vamos, Alex, faça alguma coisa!”. Elas teriam sido amigas, do tipo que riam e fofocavam juntas, escandalosas e intrometidas como só elas, Analu e Lucy teriam se amado. Por isso não consigo não sorrir ao ver Analu com Tommy no colo o chamando de meu bebê e o defendendo com unhas e dentes.

  Tommy tinha tirado a sorte grande, tinha um anjo da guarda no céu e outro na terra, ambos dispostos a mover céus e terras por ele.

  - Elas teriam sido ótimas amigas – digo por fim e Rose assente.

  - Teriam sim. Tommy que se deu de bem – ela boceja fechando os olhos outra vez. – Uma mãe no céu outra aqui, isso é pra poucos.

  - Mãe? – pergunto surpreso depois de uns instantes, mas ela já dormiu outra vez. A palavra é tão definitiva que eu não queria pensar nela.

  Talvez Analu nem entenda o que isso tudo significa para Tommy, talvez ela nem veja em que papel está se colocando quando cuida e protege Tommy daquele jeito. Talvez ela nem veja que já tem o coração dele do mesmo jeito que está conquistando o meu. Mas como me afastar quando ela não dá essa opção? Quando vem destruindo tudo em seu caminho e ganhando espaço mesmo que a força na minha vida e em meu coração?

  - Você já foi mais corajoso, Alex... – murmuro para mim mesmo suspirando.

  Quando passa da uma da manhã eu estou morrendo de sono e todo dolorido de cochilar da poltrona, já liguei para Mason e lhe expliquei tudo, meu amigo da boca grande e do coração maior ainda já estava para morrer de preocupação, claro que a parte que ele mais gostou foi de saber que Analu passaria a noite na minha casa. Ainda uso o uniforme da livraria e daria uma pequena fortuna por um banho. Depois de alguns minutos de discussão interna eu decido dar um pulo em casa, apenas para tomar um banho e comer alguma coisa.

  Aviso a doutora e a enfermeira, elas me garantem que vão ligar caso algo aconteça, mas que Rose está bem e eu não preciso me preocupar. É estranho estar andando em direção ao Jeep de Analu sem ela ao meu lado tagarelando. Quando entro no carro sorrio. Eu só havia prestado de fato atenção em seu interior quando vinha para o hospital sozinho nele. Desde o pompom como chaveiro até as fitas coloridas penduradas no espelho, tudo indicava que se trava do carro de uma mulher.

  Mas claro que em se tratando de Anna Laura Whitmore tinha um livro no banco de trás e sapatos jogados no chão, e, eu tinha quase certeza que o moletom debaixo do livro no banco era o meu que ela havia levado consigo e nunca mais me devolveu. O pensamento me fez sorrir. Dirigi em silêncio até em casa e quando cheguei lá estava tudo escuro. Sai do carro, o tranquei e fui até a varanda para pegar a chave extra debaixo de um dos vasos de flores que assim como os outros precisavam de cuidados.

  Entrei me sentindo quase um intruso em minha própria casa, e, talvez essa noite eu fosse mesmo, uma vez que disse a ela que não voltaria antes da manhã seguinte. Respirei fundo e passei pela sala que continuava do mesmo jeito, ou era impressão mim e ela parecia mais organizada? Fui até a cozinha tomar um copo de água e sorri ao ver a pilha de sanduíches devidamente organizada e tampada. Analu era mesmo o cúmulo da organização.

  Ao me lembrar dela um pensamento me ocorreu, um pensamento que eu não tinha tido até então. Se ela não estava no sofá e o quarto de hospedes tinha sido praticamente inundado depois da janela se quebrar na última tempestade estragando a parede e inutilizando a velha cama que estava lá desde a época dos meus avôs, que no fim eu joguei fora, onde Analu estava dormindo? A ideia de que aquela garota linda estava dormindo em minha cama nesse exato momento mexeu comigo.

  Eu subi as escadas sem saber se queria ou não vê-la, mas se pretendia tomar banho, precisaria de roupas limpas. Passei pelo quarto de Tommy e vi o bebê dormindo tranquilo em seu berço então segui com uma calma absurda até a porta no fim do corredor, quando a empurrei ela fez barulho e eu me encolhi, mas nada aconteceu. Entrei no quarto e sorri com a visão, Analu era como um anjo. Espalhada na cama, os cabelos escuros emoldurando o rosto, eu não saberia dizer o que ela usava, mas não precisei, por que ela chutou as coberta e eu engoli em seco.

  Suas pernas torneadas estavam totalmente à mostra assim como sua calcinha, a camiseta – minha não pude deixar de notar – tinha se enrolado de um lado de sua cintura e eu tinha uma visão perfeita de toda a lateral de sua perna direita. Por um instante eu só fiquei lá olhando-a até me sentir um idiota por o fazê-lo sem ela saber e me forcei a ir até o guarda-roupa e pegar as primeiras peças de roupa que eu encontrei. Quando me virei para ir embora vi que as duas pernas dela estavam descobertas agora, engoli em seco e sai dali. Eu precisava urgente de um banho.

  - Um banho frio – disse assim que sai do quarto. – Um banho muito, muito frio.

  Eu tomei meu banho – frio – no banheiro do andar debaixo e quando terminei fui atrás de preparar um suco, eu estava morrendo de fome, e, Analu que me perdoasse, mas eu ia comer seus sanduíches. Derrubei alguns copos dentro da pia enquanto separava os limões para a limonada da madrugada.

  - Merda – praguejei juntando tudo.

  - Quem está aí? Alex? – a voz de Analu me surpreendeu e eu me virei para vê-la terminar de descer as escadas, os cabelos bagunçados, usando a minha camiseta, descalça e com um livro nas mãos, ou seja, linda.

  - Sou eu. Pra que o livro? – perguntei e ela sorriu olhando para o objeto em suas mãos.

  - Foi à única arma que eu encontrei. Alguém já não disse que palavras têm poder? – ela perguntou dando de ombros e eu ri e a vi sorrir também. Como eu poderia não querer estar perto de Analu quando ela me sorria assim e me fazia sorrir desse jeito? Como eu consegui fugir dela por duas semanas? – Está olhando o quê? – ela arrumou a camiseta que usava e sorriu tímida. – Gostou do meu modelito?

  - Está linda – disse sinceramente a vi corar. Eu amava isso nela, Analu conseguia ser uma garota tímida que corava com elogios como esse, mas também era corajosa para não abaixar a cabeça para ninguém e tomar as rédeas de uma situação como a de hoje cedo.

  - Você não se incomoda?

  - Pela camiseta? – quis saber e ela assentiu. – Não. Mesmo por que eu acho que vi meu moletom no banco do seu carro – comentei e ela ficou ainda mais vermelha.

  - Se eu te disser que ele está lá por que eu ia devolvê-lo, você acreditaria?

  - Claro – digo divertido. – Você jamais faria alguma coisa diferente disso não é?

  - Exatamente.

  - Desculpe acordar você – digo por fim me voltando para o meu suco.

  - Tudo bem, a Rose está bem?

  - Ótima então aproveitei para vir até aqui tomar um banho e comer. E falando em comer, eu vou pegar alguns dos seus sanduíches.

  - Na verdade eles são seus, eu fiz mais pensando em levar pra você amanhã caso não voltassem cedo – ela diz para minha surpresa. E me viro para olhá-la, ela sorri.

  - Pra mim?

  - Claro. E me desculpe por não ser nada muito elaborado, eu mal sei cozinhar um macarrão instantâneo, mas você já sabe disso – ela tagarela me fazendo sorrir. – Tommy e eu vamos visitar vocês amanhã, na verdade acho que já é hoje. De qualquer forma se quiser que eu leve alguma coisa, só avisar.

  - Por quê? – pergunto talvez pela milésima vez nas últimas horas. Eu odiava ser esse garoto carente de afeto, mas tinha horas que eu simplesmente não entendia como Analu podia ser assim, esse anjo em forma de pessoa de um jeito tão simples e fácil.

  - Por que, o quê? – ela devolve a pergunta como das outras vezes. Isso só mostra o quão simples e certo isso parece para ela. Minhas perguntas não fazem sentido para Analu por que ela não entende toda essa gentileza, carinho e por que não, amor, como sendo algo demais.

  - Por que você faz coisas como essas parecerem tão simples?

  - Por que você complica tudo?

  - Talvez eu tenha medo de facilitar e me machucar com isso – murmuro voltando aos meus limões.

  - Você vai querer alguma coisa? – Analu pergunta, eu não sei se ela não ouviu o que eu disse ou fingiu não ouvir, de qualquer forma sou grato.

  - Talvez Rose vá precisar de algumas roupas e essas coisas. Agora à noite eu provavelmente não acharia nada na casa dela, talvez amanhã você possa procurar.

  - Ela não vai se incomodar?

  - Duvido muito. Tem uma chave extra debaixo do vaso de tulipas na varanda dela.

  - Considere feito. Mais alguma coisa?

  - Não – digo me virando para olhá-la mais uma vez, Analu sorri. – E obrigada pelos sanduíches.

  - Estou à disposição – ela brinca. – Bom apetite. Eu acho que só vou voltar a dormir.

  - Boa noite, Analu.

  - Boa noite, Alex – ela diz começando a se afastar, mas para no meio do caminho e volta a me olhar. – E Alex.

  - Sim?

  - Não pense que eu esqueci que você me deve uma conversa sobre o nosso beijo. Talvez até um pedido de desculpas – Analu diz simplesmente e sai como só ela consegue, mexendo os quadris e me acenando sem se virar. – Boa noite.

  Acabo sorrindo sozinho.

  - Você realmente não existe, Anna Laura Whitmore.

 

~ X ~

 

  Analu

 

  Mães são realmente seres incríveis, eu, nesse exato momento estou me perguntando como minha mãe cuidava de Noah e ficava de olho em mim e Drew e ainda fazia várias coisas, tudo ao mesmo tempo. Afinal, vasculhar o armário de Rose e fazer uma pequena bolsa pra ela com Tommy ao meu lado está se mostrando uma missão quase impossível. Adquirir superpoderes como fazer as coisas com uma única mão e estar prestando atenção em tudo quando se é mãe, aparentemente é inevitável.

  Ajeitei Tommy em minha cintura o segurando com minha mão esquerda e usando a direita para fazer meu trabalho. Meu bebê ria divertido com toda a movimentação enquanto mordia com seus dentinhos o carrinho de borracha que tinha nas mãos. “Meu bebê” eu nem sabia quando tinha começado a o chamar assim, mas eu só conseguia pensar em Tommy desse jeito agora, meu bebê, e não tinha ideia do que isso significava. Eu não tinha coragem para me colocar em qualquer lugar que fosse na vida dele por que eu não sabia se ia ficar. Na verdade, a ideia que me machucava era que Alex não gostasse de toda essa aproximação e me pedisse para me afastar.

  Eu apertei Tommy com mais força apenas com a ideia disso acontecer. O bebê me olhou curioso.

  - Qualquer coisa a gente convence o seu pai a me deixar ficar. Você me ajuda? – dos olhos escuros do bebê até suas bochechas rosadas e o cabelo loiro, eu tinha a impressão que se pudesse falar Tommy teria dito que sim. Sorri com a ideia.

  Voltei ao meu trabalho e mesmo que sem querer meus pensamentos me levaram até Alex. Nosso encontro totalmente aleatório na madrugada ainda me fazia sorrir, era incrível como ele podia ser um Bad Boy marrento e ao mesmo tempo, um garotinho assustado. Eu não sabia muito sobre o passado dele, mas tinha certeza que ele explicaria muita coisa. Não era possível que todo esse receio viesse apenas do fato de ter perdido Lucy, será que a mãe de Tommy era realmente o grande amor da vida de Alex?

  O pensamento me deixava triste por várias razões. A primeira e mais nobre era que isso significava que ele não a teria mais, que nunca mais veria sua Lucy e de brinde Tommy não teria a mãe. E a outra muito menos nobre era que isso significava que não importasse o quão apaixonada pelo meu Bad Boy eu estivesse, ele jamais seria meu, pelo menos não agora, não quando era tudo tão recente. Se ele tinha perdido um amor eu duvido que ia querer outro para se machucar outra vez.

  - Por que tão complicado? – suspirei e Tommy voltou a me encarar, acabei rindo. – Quando eu pedi emoção na minha vida, não precisava ser tanta. Um cara me querendo já estava ótimo. Mas não, tinha que vim com drama familiar, filho e mais um monte de coisa. Eu te amo Tommy, o problema não é você, somos eu e o seu pai mesmo.

  - Hm? – o bebê resmungou e eu o beijei só pela sua fofura, brinquei com ele até ouvi-lo rir, o som mais doce que já presenciei. Eu amava a risada de pai e filho e meu medo era amar o pai tanto quanto eu já amava o filho e acabar saindo machucada.

  Terminei a bolsa de Rose, sai da casa dela tranquei tudo, devolvi a chave para o seu lugar e assim que entrei na casa de Alex outra vez, meu celular que estava sobre a mesinha de centro tocou, coloquei Tommy em seu cercadinho e peguei o aparelho, era papai me ligando.

  - Alô – atendi finalmente.

  - “Alô” Analu? Alô? Eu estou te ligando há quase uma hora, já perdi uma reunião importante por causa disso. Cadê você que ainda não veio trabalhar?

  - Não sei se o senhor lembra, mas você me demitiu ontem.

  - Aquilo era uma brincadeira. Se você tivesse esperado, mas não, é tão sem paciência quanto a sua mãe. O Sr. Calven queria que eu a demitisse, mas você é a herdeira de tudo Analu, quem você acha que vai cuidar da empresa futuramente?

  - O Sr. Calven? – perguntei irônica e escutei papai grunhir do outro lado da linha.

  - Anna Laura Christine Whitmore eu te amo por ser esse ser humano único que é, que, para meu azar, saiu uma cópia ainda mais corajosa e confiante da mãe.

  - Agradeço o elogio, mas ainda não me convenceu.

  - A empresa é sua Analu. Eu trabalhei para que você pudesse herdar tudo, Drew fugiu daqui na primeira oportunidade, Noah vai terminar trabalhando com a sua mãe cozinhando e fazendo doces, resta nós dois cuidarmos de tudo. Ontem era pra ter sido uma brincadeira, eu a demiti de ser a auxiliar do Sr. Calven para se tornar a minha. Já está na hora de você ver de perto como tudo funciona. E não me peça para repetir, princesa, estou exausto. Você sabe, não é? Que sua mãe tomou suas dores e veio gritar comigo? Quase dormi no sofá. Então tenha piedade do papai sim? E venha trabalhar. Por favor.

  Eu acabei rindo, eu conseguia imaginar claramente mamãe gritando com ele e ameaçando jogar alguma coisa em papai. Esses dois eram incríveis juntos.

  - Eu amo você e obrigada por explicar. Eu agradeço a promoção, mas não posso ir.

  - Analu!

  - É sério, arrumei outro emprego, não posso ir. Eu quero, mas não posso.

  - Como?

  - Isso mesmo que ouviu. Eu tenho outro emprego.

  - Como em nome de Deus você arrumou outro emprego entre ontem à noite e hoje de manhã?

  - Mamãe não te contou?

  - Não. Só disse que ia dormir fora pra ajudar um amigo— papai resmungou a palavra e eu sorri. – Já até posso imaginar quem é o amigo.

  - Se está falando do Alex, acertou. Eu o encontrei quando sai da empresa e aconteceram várias coisas. Mas no fim o que o senhor precisa saber é que a avó dele que cuida de Tommy está doente e como eu estava desempregada me ofereci para cuidar dele ao menos por essa semana. Então sinto muito Sr. Whitmore, mas eu na posso ir.

  - Então a senhorita está me dizendo que eu perdi minha nova assistente para um bebê?

  - Exatamente, mas Tommy é um bebê muito fofo, admita.

  - Ele é uma graça, mas eu continuo precisando de você. A planilha que deixou pela metade ontem ninguém no seu setor sabe terminar, e o Calven ainda não encontrou o contrato dos estagiários. Muitos deles precisam disso pra levar para a faculdade.

  - Como se eu não soubesse. Sério que o Sr. Calven sumiu com o contrato que deixei na mesa dele? Aquele babaca...

  - Analu...

  - Eu até posso ir aí, mas isso se nem você nem o Alex se importarem de eu levar o Tommy. Eu dei a minha palavra que cuidaria dele, nisso eu não posso voltar a trás.

  - Sua mãe te criou direitinho – papai diz e sorrio. – Por mim, fique a vontade, sua mãe vivia trazendo vocês, eu os trazia também, venha e traga quem quiser, mas venha, por favor.

  - Ótimo. Vou falar com o Alex e papai.

  - Sim?

  - Eu preciso do Marco. O Blu ficou com o Alex e eu não tenho como chegar aí.

  - Por que ele está com o seu carro?

  - Por que o dele estragou e eu não o deixei ir de moto para o hospital.

  - Você não deixou? Ah quer saber? Não importa. O Marco estava com a sua mãe. Ligue para algum deles, aposto que não vão se importar em te dar uma carona.

  - Certo. Caso eu não consiga ir, te aviso.

  - Então espero que não me avise.

  - Sr. Whitmore — escuto a voz de Kelsy do outro lado da linha e papai suspira.

  - Tenho que ir, por favor, não demora.

  - Vou me esforçar para não demorar – digo e desligamos.

  Mamãe até havia tirado habilitação, mas odiava dirigir, então Marco acabou se tornando mais motorista dela que do papai. E, para não contratarmos mais ninguém meu pai simplesmente abriu mão dele. Era divertido ver como ele cedia tudo a ela. Já não bastasse quando eu e Drew estávamos na escola e mamãe precisou dividir ele conosco rendendo muitas e muitas histórias, algumas envolvendo mamãe nos esquecer na escola por causa de algum evento da doceria, isso acontecia muito quando ela esquecia de avisar ao Marco que era ele quem devia ir nos buscar.

  Sorri com as lembranças e liguei para o motorista que era mais parte da família do qualquer outra coisa. Marco me atendeu, disse que tinha acabado de deixar minha mãe no trabalho e que poderia me levar onde eu quisesse. Mesmo depois de tantos anos mamãe sempre dizia que ele continuava um conquistador e era divertido pensar assim quando ele era casado com a Jane.

  Quando chegou à casa de Alex, Marco me ajudou com Tommy em sua cadeirinha e as bolsas que eu levava. Quando nos acomodamos todos ele me sorriu pelo espelho do carro.

  - Para onde, senhorita?

  - O hospital, por favor – pedi. Dei todas as informações a ele e passei o resto da nossa viagem brincando com o bebê na cadeirinha ao meu lado.

 Quando chegamos, ele estacionou e me ajudou a descer, eu deixei a cadeirinha do bebê no carro assim como a bolsa dele também, independente da resposta de Alex nós voltaríamos ao carro.

  - Precisa de mais alguma coisa, senhorita? – Marco perguntou e eu revirei os olhos segurando Tommy com uma mão e duas bolsas com a outra.

  - Que você pare de me chamar assim. E odeio pedir isso, mas pode me esperar por alguns minutos?

  - Espero sim, pode ficar a vontade, Analu – ele sorriu e eu sorri de volta.

  Ajeitei as bolsas e Tommy e segui para dentro do hospital. Não foi difícil me identificar e ter permissão para subir, quando cheguei ao quarto Rose e Alex estavam no meio de uma conversa.

  - Então fale com ela! – dizia a senhora.

  - Mas eu... – Alex começou ainda de costas pra mim, mas Rose me viu e o interrompeu.

  - Analu! Que surpresa boa – quando ela disse isso ele se virou, seus olhos se grudaram nos meus e nós dois sorrimos.

  Tommy se remexeu em meu colo e Alex veio pegá-lo, perto o suficiente para eu sentir seu cheiro que agora eu conhecia de cor e estava grudado em mim depois de passar uma noite em sua cama.

  - Por que veio tão cedo? – Alex perguntou e eu dei de ombros colocando as bolsas sobre a pequena mesa no canto do quarto.

  - Imaginei que talvez quisessem café da manhã, tem café, sanduíches e salada de frutas. E Rose, eu trouxe algumas coisas para você, desculpe a invasão.

  - Não é invasão, muito obrigada por cuidar de tudo e desculpe estar dando mais trabalho.

  - Não é trabalho. Melhor comerem logo.

  - Café? – Alex perguntou e dei de ombros.

  - Imaginei que fossem gostar.

  - Adorei. Mas você não veio só por isso, não foi? – Alex pergunta para minha surpresa enquanto Rose está matando as saudades de Tommy.

  - Por que acha isso?

  - Por que você já olhou para a porta e o celular umas dez vezes no último minuto. O que aconteceu?

  - Meu pai quer que eu vá até a empresa, a demissão era brincadeira e aparentemente meu ex-chefe é mesmo um babaca e ele precisa de mim.

  - Eu entendi, você não pode ficar mais com o Tommy – ele suspira e toco seu braço antes dele querer se afastar.

  - Não! Não é isso, nem tente levar meu bebê, nós temos muitos planos para hoje. Eu só queria te perguntar se você se importa de eu levar Tommy até lá durante algumas horas.

  - Como?

  - Nós vamos com o motorista da minha mãe. E vamos estar em casa para o almoço, eu prometo. Mas se você não achar conveniente tudo bem, eu te dei a minha palavra e vou cuidar de Tommy do melhor jeito que eu conseguir.

  - Você está mesmo falando sério?

  - Por que sempre que eu digo alguma coisa você me olha como se eu fosse louca? – pergunto irritada e ele sorri colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha fazendo meu coração errar uma batida.

  - Por que você diz algumas coisas com uma tranquilidade assustadora. E não Analu, eu não me importo que você leve Tommy com você. Pode levá-lo a onde quiser. Se ele estiver com você, eu sei que ele vai estar bem.

  Eu não estava preparada pra isso, eu definitivamente não estava preparada pra isso. Suas palavras, seu sorriso. Alex não devia me dar tanta liberdade, por que eu vou querer usá-la e sair com Tommy como se ele fosse um pouco meu também. Nós estamos perto o bastante para eu querer beijá-lo. Senhor me dê forças para não fazer isso!

  - Será que eles vão se beijar, Tommy? – escutei a voz de Rose e me afastei de Alex com o coração aos pulos.

  - Rose... – ele murmurou e eu a ouvi rir.

  Depois disso não me demorei muito mais, peguei Tommy outra vez e o bebê não pareceu nenhum pouco incomodado por deixar o pai e a bisa para trás, nós acenamos fazendo Rose e Alex sorrirem e quando desci Marco ainda me esperava no mesmo lugar. Entrei no carro, prendi Tommy e sorri para o motorista pelo espelho.

  - Para onde agora?

  - A empresa, Marco. Por favor.

  - Eu sempre soube que ainda ouviria isso de você, Analu. Seu pai tem muito orgulho de você. Isso eu posso dizer com certeza.

  - Obrigada.

  Quando chegamos eu disse ao Marco que saísse do carro e fosse tomar um café no saguão da empresa – onde todos já o conheciam – por que eu provavelmente demoraria um pouco. Sai do carro e levei Tommy com cadeirinha e tudo comigo juntamente com a sua bolsa. Subi pelo elevador até o andar que eu já conhecia tão bem, quando cheguei Kelsy sorriu pra mim, olhou para Tommy, franziu o cenho, mas não disse nada apenas indicou a saldo de meu pai.

  - Ele está esperando por você.

  - Obrigada – sorri, passei por ela e entrei na sala.

  Papai andava de um lado para o outro com o celular na orelha gritando com alguém.

  - Vocês só podem estar de brincadeira. Vão achar o arquivo e o vão fazer até o fim do dia – e dito isso desligou na cara de alguém. Papai me olhou e suspirou. – Seu tio saiu por uma tarde ontem e os outros advogados conseguiram sumir com um contrato que estávamos trabalhando há mais de um mês e o cliente está nos esperando amanhã para a reunião.

  - Sinto muito. Eu sei o quão irritante é você fazer alguma coisa e alguém simplesmente dar fim no trabalho. Oi papai, como está? – perguntei divertida e ele sorriu vindo até mim e me abraçando, papai beijou minha testa.

  - Eu fiquei preocupado ontem, Analu. Você com esse seu temperamento saiu sem me deixar explicar e não me atendia ao celular, até a sua mãe explicar tudo eu estava em pânico achando que alguma coisa podia ter acontecido com você. Nunca mais suma assim, está me ouvindo? – ele perguntou se afastando só o suficiente para me olhar nos olhos.

  - Estou, papai. Desculpe-me, mas o senhor me irritou com toda aquela história. O Sr. Calven é o babaca e eu sou demitida? Eu não acreditei.

  - Com você foi brincadeira, mas você não é primeira a relatar abusos vindo dele. Eu pedi à Kelsy para fazer uma pesquisa anônima sobre esse tipo de abuso de poder, os resultados são alarmantes. Nós vamos ter muito trabalho pela frente, Srta. Whitmore. Está preparada?

  - Com certeza. Mas eu ainda não entendi muito bem o que o senhor quer de mim. Eu vou fazer o que agora? – perguntei quando Tommy começou a se remexer e eu me afastei do meu pai e coloquei a cadeirinha de Tommy no sofá e comecei a remexer a bolsa dele atrás do carrinho que ele tanto gostava, talvez assim eu tivesse mais alguns minutos antes dele começar a chorar para sair da cadeirinha. – Aqui meu amor, seja bonzinho, Ok?

  - Quando foi que você cresceu tanto? – papai pergunta para minha surpresa e eu me viro para vê-lo me olhar com um sorriso no rosto. – Você vai ser minha assistente, Analu, vai me auxiliar com contratos, empregados, vai entender como tudo funciona. Vai ser meu braço direito para que quando eu precisar me ausentar por alguns dias você possa tomar conta de tudo.

  - Mamãe vai amar saber disso – comento e ele ri.

  - Com certeza vai. Espero que sua secretária esteja pronta para ajudá-la, por que vocês vão ter muito trabalho.

  - Ah ela está. Manuella vai amar tudo isso.

  - Ótimo, mas antes de tudo eu preciso que me ajude a encontrar o contrato dos estagiários e termine a planilha sobre os gastos do setor que você trabalhava.

  - Não era o Sr. Calven que devia dar conta desses dois? – pergunto irônica. – Afinal, é o setor dele. Não meu.

  - Nós dois e metade das pessoas que trabalhavam com você sabiam que era o seu setor.

  - Tudo bem, a planilha termino com prazer, mas se não acharem o contrato que eu dei àquele babaca, eu vou precisar ir em casa para enviá-lo a você. Eu não tenho outra cópia do arquivo aqui comigo, mas ele está salvo no meu computador.

  - Pode ficar a vontade então – papai indicou sua mesa e eu o olhei com uma sobrancelha arqueada.

  - Sério?

  - Muito, eu preciso providenciar uma sala pra você aqui no meu andar. Vou falar com Kelsy agora mesmo sobre isso e ir falar com os advogados.

  Tommy se remexeu em sua cadeirinha e começou a resmungar. Suspirei e fiz menção em ir até ele. Papai negou com a cabeça.

  - Deixa comigo. Você quer ir dar um passeio, Tommy? Vamos intimidar umas pessoas? – Anthony Whitmore perguntou, para a minha surpresa, com aquela vozinha que só usamos com bebês a Tommy se abaixando para soltá-lo da cadeirinha.

  - Pai o senhor tem certeza?

  - Claro – ele pegou o bebê que o olhou curioso, mas não chorou. Tommy era o bebê mais sociável que eu conhecia. Então papai me olhou. – Eu não posso fazer mais nada até encontrarem o contrato que sumiram e se não acharem vou ter que redigir outro em menos de doze horas e ser obrigado a demitir algumas pessoas. Vai ser divertido. Faça o que tiver que fazer, eu e Thomas vamos dar uma volta. Não é Tommy?

  Sorri vendo-os se afastarem com papai animado num monólogo sobre contratos e demissões que parecia estar divertindo Tommy. Vê-los juntos aqueceu meu coração. Então me livrei desses pensamentos, e comecei a trabalhar, eu precisava terminar a tempo de levar Tommy para almoçar em casa. Eu havia dito a Alex que seria assim.

  Eu já estava terminando a planilha que tinha salvado no meu e-mail ontem quando o telefone da mesa do meu pai tocou.

  - Sala do Sr. Whitmore – atendi mesmo que provavelmente não fosse da minha conta.

  - Analu, sou eu – a voz de papai soou do outro lado da linha. – Tem alguém que vai levar um documento até a minha sala. Pode receber pra mim e assinar?

  - Assinar?

  - Sim, você é minha filha e eu te dou total autonomia para o fazê-lo, fora que você sabe do que se trata o documento e Tommy e eu estamos muito ocupados comendo bolo aqui na recepção com o Marco.

  - Papai! Não dê muito bolo a ele, Tommy precisa almoçar.

  - Bem, você tem que se preocupar com o almoço, eu me limito a dar doces a ele.

  - Papai... – murmurei e o ouvir rir, assim como também ouvi baterem na porta. – Chegaram aqui, vou ver quem é assinar o tal documento então. Tchau.

  - Tchau, vai lá, Princesa – nós nos despedimos e desligamos.

  - Entre – disse para quem quer que fosse.

  - Sr. Whitmore eu... – o Sr. Calven parou assim que me viu. Estava com um maço de papéis na mão e estancou como uma árvore presa ao chão. Ele se recuperou uns instantes depois e voltou a sua expressão arrogante de sempre. – O que você está fazendo aqui?

  - Trabalhando, coisa que você aparentemente não faz – respondi com um sorriso imaginando como papai estava se divertindo com isso, o senso de humor dele só perdia para a mamãe.

  - O Sr. Whitmore não a havia demitido?

  - O meu pai me recontratou e olha que legal? Agora eu sou assistente dele e talvez um dia eu venha a ser sua chefe, não vai ser divertido? – o choque em seu rosto só me fez sorrir ainda mais. – Eu soube que trouxe papeis para eu assinar.

  - Você!?

  - Eu. Papai está ocupado no momento.

  - Você não tem autonomia nem autoridade para algo assim. É só uma criança, uma mulher. Chame logo o seu pai – ele disse cheio de desdém e a minha raiva cresceu. Eu fiquei de pé.

  - Se você tivesse apenas me ofendido eu poderia deixar pra lá sabe? Você é só um homem ridículo que vive no século passado e eu me pergunto se tem alguma coisa na cabeça além de preconceito. Mas você ofendeu meu trabalho, desdenhou o fato de eu ser mulher como se isso me fizesse menos merecedora do meu cargo. Disse com todas as letras que eu não devia estar aqui e sabe a melhor parte? Você sabe que eu sou boa, que trabalho bem e isso mais que qualquer outra coisa o ofende, por que eu sou mulher e por ser boa o suficiente ainda vou mandar nisso tudo. Então eu não preciso nem me rebaixar ao seu nível e ofendê-lo de volta, meu sucesso faz isso por mim.

  - Ora sua... – ele rosnou fechou as mãos em punho, aquilo me assustou, mas apesar de assustada não recuei ou abaixei a cabeça.

  - O quê? Vai me agredir agora? – perguntei e ele recuou.

  - Me desculpe, eu me exaltei – disse como um cavalheiro que ele não era. – Mas gostaria que chamasse o Sr. Whitmore.

  - Ele está ocupado, sou eu quem vai atendê-lo. Preciso ver do que se trata o documento antes de assiná-lo. Posso? – indiquei as folhas em suas mãos.

  - Eu prefiro tratar com o Sr. Whitmore em pessoa. Onde ele está?

  - No saguão. Mas pode ligar para ele também se quiser. Ele nunca se separa do celular da empresa.

  Vi o Sr. Calven pegar o próprio telefone e se afastar, me sentei com a respiração meio irregular, ele tinha me assustado, mas não era esse o motivo do meu descontrole, era a raiva. Eu odiava esse cara e a expressão que ele usou ao me olhar quando estava com raiva. Era realmente um babaca. Ele voltou para perto da mesa, a expressão queimando de raiva.

  - Ele me disse para tratar com você que agora está ocupado.

  - Como eu disse – respondi sorrindo. Ele me entregou os papeis de má vontade e meu sorriso só aumentou ao ver o que era. O contrato dos estagiários que ele insistira que eu não o havia dado ontem.

  - Vejo que finalmente encontrou o contrato. Eu disse que o tinha deixado com você – respondi com o maior sorriso que pude, o homem parecia prestes a explodir.

  Depois de dar uma olhada e constatar que era realmente o mesmo arquivo que eu tinha arrumado, sorri e o assinei, eu mesma o revisei várias vezes e tio Miguel o tinha lido pra mim na semana anterior então eu sabia que estava tudo em ordem. O Sr. Calven saiu da sala com o contrato na mão e o rosto em uma mascara de raiva, papai apareceu com Tommy pouco depois.

  - Então como foi? – ele perguntou enquanto eu trocava Tommy em seu sofá e papai conferia a planilha que eu havia terminado em seu computador.

  - Incrível, o Sr. Calven é um babaca e eu percebi que vou amar mandar em tudo por aqui.

  - É claro que vai, é filha da sua mãe – papai diz divertido e eu beijo Tommy depois de vesti-lo outra vez. O bebê tem manchas de chocolate pela blusa como papai tinha no paletó que tirou.

  - Isso era tudo? Eu e Tommy temos que ir. Eu pretendo fazer uma faxina e ver uns filmes ainda hoje.

  - Faxina? – papai pergunta e sorrio.

  - Longa história. E então ainda vai precisar de mim, Sr. Whitmore?

  - Não Srta. Whitmore, está liberada.

  - Se é assim vou indo. O senhor sabe onde está o Marco?

  - Ainda na recepção, ele estava numa conversa animada com um dos advogados mais antigos quando sai de lá.

  - Ótimo – disse saindo da sala com Tommy preso em minha cintura e sua bolsa em meu ombro.

  Não foi difícil achar o Marco, quando voltamos ao carro ele perguntou mais uma vez pra onde e antes de voltar à casa de Alex eu fui à minha, eu ia levar meu notebook comigo caso precisasse trabalhar, ia levar o livro que estava lendo e precisava de coisas menos importantes tipo algumas roupas por que alguma coisa me dizia que eu ainda ia me sujar muito nesse meu novo trabalho, principalmente dada a ideia de diversão que eu tinha para depois do almoço.

  Não tinha ninguém em casa, então foi fácil pegar tudo o que eu queria, quando voltei para a casa de Alex parecia que eu estava saindo de férias, eu tinha trago uma mochila e uma bolsa cheia de coisas que talvez eu precisasse, ou não. Agradeci ao Marco toda a ajuda e disse que ele podia ir, eu ficaria bem, pelo menos eu esperava ficar.

  - Tommy, como eu já disse não tenho nenhuma habilidade culinária. Vamos comprar nosso almoço e depois vamos limpar a casa, que tal? – o bebê em meu colo sorriu mesmo que eu tivesse certeza que ele não tinha entendido nada.

  - Hum?

  - Não me olhe assim, aposto que o meu pai te encheu de bolo. O que o seu pai vai achar disso em? – Tommy só piscou seus olhinhos e num momento de distração ele se agarrou ao meu cabelo. – Tommy!

  A julgar por esse começo, minha tarde vai ser tão animada quanto a minha manhã foi. Só espero que dê tudo certo no final. Esse foi meu último pensamento antes de sair de casa com Tommy no colo atrás de comprar um almoço para nós.

  Com meu bebê preso em um braço enquanto eu caminhava pelo bairro simples e calmo eu comecei a me perguntar se me envolver tanto assim tinha sido realmente uma boa ideia.

  - Agora é meio tarde para se preocupar com isso, não é mesmo, Analu? – perguntei a mim mesma e suspirei.

  No fim mamãe tem razão, vai ser o que tiver que ser.


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Notas finais do capítulo

Mas então? Gostaram? Eu estou apaixonada pela interação do Bonitão com o Tommy, ele não gosta muito do pai, mas está sendo conquistado pelo filho kkkkk
E a Analu colocando o ex-chefe no lugar dele? Eu quero opiniões, comentem por favor, vocês sabem que odeio falar sozinha u.u
Beijocas e até, Lelly ♥



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