Lover. escrita por Jones


Capítulo 1
cruel summer. - Harry e Gina.


Notas iniciais do capítulo

Música da Songfic - https://www.youtube.com/watch?v=ic8j13piAhQ

Eu escrevo durante a minha insônia, então algumas das histórias datam do ano passado - como essa - e outras de semana passada. Então temos temas que variam, de romance adolescente a pós guerra.



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— Ai, caralho. – Eu disse em voz alta enquanto acertava meus cabelos para trás: suando, ofegante e com certeza, completamente vermelha. Eu podia sentir minhas bochechas e orelhas queimando. - De novo não!

Eu não sei qual foi o momento em que eu decidi mudar de vida. E por mais que isso se pareça com um monólogo de autoajuda: o que eu quero dizer é mudar mesmo, não essas besteiras de cocriar DNA e mudar meu mindset – a não ser que você seja uma das que fazem isso, sem julgamentos aqui. Eu mudei porque quis mudar.

Quis deixar de ser a ruiva sardenta enlouquecida por Harry- fucking-Potter que me achava criança demais para ser vista com ele. Deixar de ser a criança possuída por Voldemort - esse não é um status fácil de se recuperar de, inclusive, continuo tentando. Deixar de ser a irmãzinha de todos os Weasley de Hogwarts e, como bem divulgado pelos traços físicos semelhantes, somos muitos. 

No momento em que eu perdi a cara de panaca, e eu não estou falando sobre beleza, porque isso sempre tive. Estou falando da boca aberta e da cara de "oooh, Harry Potter!"— olhos brilhando, bochechas e orelhas pimentão vermelho e rosto incapaz de inclusive esboçar sorrisos ou qualquer coisa parecida com sensualidade. Quando eu perdi essa cara de panaca que eu pensei: eu estou perdendo os melhores momentos da minha vida. Eu poderia estar pegando todo mundo. As pessoas me querem, eu sou dez/dez. 

— Você é uma deusa, Gina Weasley. - Falei para mim mesma, enxugando o suor. - Você não precisa dele.

São nessas noites que eu tenho esses... Sonhos... Que eu fico pensando o que mudou de verdade. Eu estava ali, namorando um cara legal e sonhando com outro. Sonhando com as mãos dele nas minhas coxas, na dormência aliada a arrepio e de repente calor que o rastro dos seus dedos deixaria em minha pele. O que aconteceria se seus dedos avançassem alguns centímetros da minha pele fria e ansiosa, sonhando com gemidos abafados numa sala precisa, às vezes num corredor deserto, às vezes às margens da floresta proibida bem a noite embaixo do lendário manto da invisibilidade...

Às vezes o sonho era tão real que eu me pegava deslizando os dedos pelos lugares onde ele deslizara os dele. Sentindo lábios no meu pescoço e em outros lugares tão sensíveis quanto...

Sacudi a cabeça para afastar o pensamento. 

— Você não gosta mais dele. - Respirei fundo. - Você tem um namorado gostoso.

Saí do dormitório para beber uma água e de repente jogar esse copo de água na cara e tomar a vergonha que eu preciso para viver. Me joguei no sofá, e sem querer comecei a imaginar como aquele local escuro e confortável poderiam ser um lugar ótimo para minhas aventuras com Harry. Mais uma vez e sem sucesso tentei afastar o pensamento. Os demônios estavam jogando com minha libido e os anjos girando os olhos cansados de me proteger da minha própria burrice. 

Ou eu e Dino terminamos ou esse próximo verão será cruel. 

Eu estava inquieta. Talvez eu sempre esteja esperando que ele esteja me esperando aqui em baixo na sala. Faz sentido?

— Gina? 

— Harry? 

Será que eu estava desejando tanto que o convoquei como num feitiço? 

— Não estava conseguindo dormir? - Me perguntou, sentando-se perto demais. 

— Não. - Sorri torto. - Estava pensando no jogo dessa semana. 

Ele baixou a cabeça. 

Harry estava suspenso.

— Desculpa te lembrar que você não vai jogar e tal. - Encolhi os ombros. 

— Relaxa, eu nunca esqueço. - Ele sorriu. Eu senti uma série de comichões em vários lugares. Era uma espécie de formigamento e mesmo sem tocá-la, eu conseguia sentir minha pele úmida de suor. 

"Credo, Ginevra. O cara só sorriu."

Todos os meus sonhos começavam assim, com um sorriso, uma mecha fora do rosto. Uma mão no ombro e a outra sem ter o que fazer acabava por repousar na minha coxa e...

— Gina? - Harry chamou minha atenção. - Você parece distante.

— Estava só pensando. - Por fim, retribuí seu sorriso. - E você? Por que acordou? 

— Eu? - Me lançou um meio sorriso enquanto na penumbra eu via seu rosto mudar de cor. - Eu estava tendo um sonho muito bom e quando ele acabou eu não vi sentido em estar dormindo.

Tive a impressão de que ele se aproximou aos poucos. Por um segundo imaginei se não era um daqueles momentos em que você acha que acordou e na verdade ainda está presa no sonho. Imaginei se ele sonhara comigo e se o teor dos sonhos era sequer remotamente erótico como os meus.

Harry já deixara claro beijando a menina de Corvinal que não sou eu quem ele quer e eu não sou de me humilhar – pelo menos não atualmente. Por mais que esse rolo não tenha dado certo – boatos correm de que ela chorou para caramba e deve ter sido decepcionante. Imagina você ter uma paixonite forte pelo cara e ele vai lá e broxa na sua cara? Estou apenas adaptando a situação.

Ok. Porém ele se aproximou de mim e eu também me aproximei, por que não?

O que não me mata, me faz mais forte. Mentira. O que não me mata me faz querer ainda mais... 

Todo o meu tesão não tão reprimido por Harry, me faz querer ficar cada vez mais perto, por mais que eu saiba que ele não quer nada comigo. Na verdade, eu não sei. Ultimamente ele tem me olhado diferente, vem me destilando uma certa raiva com olhar que às vezes me parece ciúmes e às vezes parece que ele me trata como Ron o irmão superprotetor da irmã galinha. 

Sim. Eu tenho consciência de que as pessoas me chamam daí para baixo. Mas eu não ligo. Eu não tenho culpa se elas são reprimidas sexualmente pelas convenções sociais. 

Às vezes quando eu estou tão perto dele assim eu me esqueço da vez em que eu estava bêbada, na garupa de alguém e eu estava chorando como uma bebê sofrendo porque tinha escutado Harry dizendo para o pessoal do time que eu era como uma irmãzinha para ele. Eu já tenho seis irmãos, porra. Não preciso de mais um. 

Eu lembro que quando ele me encontrou em seguida ele me perguntou como eu estava e eu menti. Disse que estava bem. Eu não queria ter segredos, só queria tê-lo.

— Vamos dizer que, hipoteticamente, eu tenha sonhado com uma garota comprometida. - Harry começou e eu suspirei, como bem lembrado, eu sou a irmãzinha e Hermione tá dormindo. Alguém tem que aconselhar o pobre Harry Potter do caralho. - Eu deveria contar para ela? 

— Depende. - Respondi encolhendo os ombros. - Qual foi o tipo de sonho?

— Do tipo... Quente. - Ele disse olhando para cima e evitando meus olhos curiosos. 

Um calor subiu. 

"Droga. Não comece com isso outra vez."

— Quente, huh. - Confirmei com a cabeça, me ajeitando no sofá. - E você acha que um sonho quente é o suficiente para ela terminar um relacionamento? 

— Não foi apenas um. - Ele me encarou profundamente até que eu me sentisse nervosa. Ou talvez excitada. Hormônios. - Todas as noites desde o verão. 

— Nossa. - Falei com um certo ódio pelo ar sarcástico. - Você deve estar realmente a querendo. 

— Sim. - Ele me disse direto e reto. - Muito. Eu não sei o que aconteceu. Um dia eu a vi mexendo o cabelo e gritando raivosa com alguém e meu mundo parou.

Perdi todas as chances que talvez eu tivesse. Ok. Não sei se eu tinha nem um talvez, mas eu gostava de pensar que sim. Ele deveria estar a fim de uma trouxa bonita que conheceu antes de ir lá para casa. 

— Vê-la com outro faz eu me sentir como se estivesse sendo esfaqueado todos os dias. - Ele me olhou sério e depois sorriu. - Dramático, eu sei. 

Fiquei em silêncio absorvendo as informações sobre o novo amor da vida do meu crush eterno. 

— Interessante. - Disse enfim e suspirei resignada. - Acho que talvez você devesse se declarar de uma vez. 

— É um pouco complicado. - Harry disse puxando o cabelo desgrenhado para trás.

Nem me deixe falar sobre a vontade que eu tenho de colocar meus dedos entre seus fios de cabelo negros e grossos. De repente puxá-los de leve enquanto... Uau.

Harry está cada vez mais alto e diferente. Não está musculoso ou algo assim, mas seus ombros estão mais largos e ele está mais... Audacioso. Confiante.

Apesar de uma conversa sobre sentimentos pessoais nunca ter acontecido entre nós, eu estava além de surpresa e profundamente triste por não ser o alvo de seus sonhos quentes, estranhamente animada por estar mais próxima de uma maneira platônica e patética.

Bem patética inclusive.

— Por que? - Apoiei meus cotovelos nas coxas e o rosto nas mãos. 

— Talvez dê rolo na família dela e eles não curtam muito a situação. - Encolheu os ombros. - Principalmente o irmão dela. 

— Eu mandaria a família ir se foder, uma hora eles aceitam. 

— Sério? 

— Mas é claro. - Sorri. - Ok, talvez eu não usasse a expressão de se foder e tal, mas não dá para ficar pensando o tempo inteiro no que os outros vão falar. 

— Eu gosto disso em você. - Ele pousou uma mão no meu ombro. - Você não se importa com o que os outros pensam. 

— Já me importei mais. - Dei de ombros ignorando – sem sucesso - a parte que ele disse gostar de alguma coisa em mim. 

— Se eu fosse assim como você, talvez eu não tivesse tido um verão tão cruel. - Ele sorriu, sentando-se mais perto de mim. – Eu sou tão patético que eu inventava desculpas todos os dias só para vê-la pegar sol no jardim ou voando sozinha a noite com a luz da lua batendo em sua pele... 

Ele suspirou. Parecia estar muito a fim da garota. Queria descobrir quem é para ter um pouco mais de inveja eterna. 

Eu estava morrendo de inveja.

— E se a gente não tivesse... Regras? – Perguntei, tentando ignorar minha inveja. - Você daria em cima dela? Se não fosse o namorado, a família... 

— Como assim? - Ele se aproximou ainda mais, ou estava ficando louca? Estou achando que eu não devo confiar mais nos meus instintos.

— Fingir que não há impedimentos?

— E se não tivesse impedimentos? - Na minha cabeça fazia sentido. Eu sempre penso em consequências depois, primeiro eu faço e depois eu penso. 

— Eu diria que eu a amo. - Ele me olhou nos olhos e eu me senti diferente. E sorriu olhando para cima, como um daqueles demônios que me atiçam em sonhos. - Não é a pior coisa que você já escutou? 

Então eu entendi. 

Me senti um pouco burra, mas eu entendi. E ele percebeu que eu notei, porque uma mão estava no meu ombro e a outra encontrou o caminho da minha coxa. 

Era novo o jeito que seu corpo sobrepunha o meu. Era gostoso o cheiro do seu hálito. Era quente o toque da sua pele. Era horrorosa a espera para que ele me beijasse.

— Tá legal. - Sorri um pouco mais nervosa que o normal, sabendo que a partir de agora nada iria me fazer largar Harry Potter. Pelo menos por enquanto. - Sem regras. 

O que quer que isso signifique...


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Notas finais do capítulo

Ainda estou meio enferrujada. Mas obrigada por ter lido!