Dê-me a sua mão escrita por Mary


Capítulo 1
1. Bárbara


Notas iniciais do capítulo

E tudo começa com a nossa querida Babs...
Não pensem que os primeiros capítulos serão só enrolação, eu estou preparando vocês para o que está proposto...
Esse mês de junho está sendo bem caótico no meu mundo, parece que ele não vai acabar nunca. Dia 30 de junho, que junho/2020 diga adeus e até nunca mais.



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O mar de cobranças para ser uma mulher perfeita me engoliu e por muito pouco eu não morri afogada na autocomiseração. Sábios eram aqueles que me diziam sem rodeios que todas as respostas que eu procurava no exterior encontravam-se literalmente embaixo do meu nariz. Para chegar a conclusões, eu deveria formular questionamentos e para levantá-los, havia um obstáculo a ser superado: me conscientizar se estava pronta para descobrir e acolher verdades sobre mim mesma porque eu cavaria fundo e embarcaria numa jornada que me transformaria para sempre.

Nos porões da sua alma a verdade está escancarada e escondida por detrás de caixotes empoeirados. No fundo, você não quer enxergar e trava uma queda de braço desgastante que pode se desenrolar por anos, por uma vida toda, em casos mais extremos. Também valho-me de uma reflexão que se não li, ouvi por aí, sobre não estar pronta para ter suas ilusões desfeitas.

A Bárbara de dez anos atrás aceitaria de bom grado ser aquela amiga que só tem serventia numa noite entediante de sábado, quando todas as outras caíram na farra ou estão com seus namorados, posto que em passeios, seguraria vela para os casais e as garotas falariam em códigos, lamentando meu estado civil como se em vez de estar sozinha, eu vivesse meus últimos dias na terra em função de uma moléstia em estado terminal, desenganada. Ainda que eu padecesse de um câncer incurável, nunca aceitaria a pecha de coitadinha. Odeio diminutivos.

Por que eu sei disso tudo?

Porque eu já ouvi pelas entrelinhas que era a "amiga feia". E abracei esse rótulo. O barbante machucou a palma da minha mão. O balão havia estourado e só eu não percebia o quão tola era minha postura. Eu agia como se fosse figurante da minha própria vida, abrindo precedentes para ser presa fácil de abusadores e prolongo este parágrafo para ilustrar algo que você já deve saber: amizades também podem ser abusivas.

A Bárbara de hoje gostaria de dizer muitas coisas para a Bárbara do passado, ser aquela amiga que respeita a linha tênue a separar sinceridade de aspereza, embora às vezes seja necessário colocar os pingos nos is, mas acreditem em mim quando digo que cada pessoa tem o seu momento de despertar. Nunca force o de ninguém, por mais que te machuque sobremaneira ver alguém que ama se depreciando, se diminuindo para sustentar um relacionamento abusivo ou retalhando a dignidade para ser aceita por quem nem merece, mentalize toda positividade do mundo para ela e seja a mão que se estende quantas vezes preciso for porque os amigos verdadeiros são aqueles que te amam do jeito que você é e se alguns deles te derem uma sacudida volta e meia, a verdade pode doer mais se você ignorá-la. A mentira, por sua vez, é uma ferida que nunca se fecha.

Menti. Menti muito. Antes fosse acrescentar alguns centímetros de altura, reduzir a idade e alguns quilinhos na balança, descrever-me o oposto do que sou fisicamente numa dessas salas de bate-papo (comportamento que já entrega minha idade), iludir vocês que a adolescência foi a melhor fase da vida.

Mais do que compartilhar uma jornada de autoconhecimento mesclada com alguns momentos bem humorados e outros dramáticos, estou escrevendo para liberar a perdão à pessoa a quem mais feri com tantas mentiras: eu mesma.

 

— Babs


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Notas finais do capítulo

Tomara que alguém em algum lugar desse universo goste. =)



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