Em Tempos de Guerra escrita por Slinwood


Capítulo 4
Viagem Inesperada




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Mais uma batalha se aproximava.

Acima do grande arco Minato tomou sua posição como vigia. Um pouco mais a frente, agachada atrás de uma rocha, estava Mei. Graças a escuridão da madrugada todos precisavam estar atentos, já que o inimigo com certeza se aproveitaria do local para bolar emboscadas. Kazuko estava a ponto de terminar as mais de trinta armadilhas montadas ao longo da passagem abaixo do arco e na base das colinas ali próximas. Vez ou outra suas costelas reclamavam do esforço, mas a kunoichi engolia em seco, enxugava o suor da testa e seguia em frente.

Os outros dois ninjas também pareciam penar mesmo com os cortes em seus braços tratados e enfaixados. Cortesia do veneno mortal de Sasori, é claro. Nenhum deles sabia ao certo quanto tempo ainda tinham de vida, o que podia ser assustador até mesmo para uma Raíz como Mei, treinada desde a infância para não demonstrar e nem se deixar levar por suas emoções.

Enquanto observavam os cinquenta guardas da Areia vindo em sua direção, Mei e Minato receberam simultaneamente novas informações de seus clones do sul. A luta com Sasori terminara com ambos sendo atingidos pelas garras da Salamandra no peito, deixando o inimigo para trás vitorioso. Era estranho o jovem titereiro ter prosseguido com a batalha sabendo que eram kage bunshins, afinal era uma perda de tempo se sua intenção era matar o trio. Talvez pensasse que isso enfraqueceria ainda mais seus adversários, já que ninjas sempre absorviam experiência e cansaço de seus clones.

Bem, quase sempre.

O que Sasori não sabia - graças aos deuses – era que Kazuko dera a todos pílulas de comida especiais antes de formarem o jutsu. Isso garantiu a eles maior absorção de experiência e o mínimo de exaustão.

Enquanto Mei e Minato acabavam de processar os novos dados, Kazuko terminou o trabalho com as armadilhas, chamou a atenção de ambos discretamente e todos se juntaram no abrigo para discutirem os toques finais do plano de fuga:

—Muito bem, tudo pronto. Deixei marcas em cada uma de minhas criações para que vocês não acabem pisando em nenhuma – disse Kazuko enquanto olhava na direção dos companheiros e na de seus inimigos ao mesmo tempo.

—Entendido. Recebemos ainda agora atualizações sobre a luta com Sasori, e bom... - dizia Minato até que Mei o interrompeu:

—... perdemos feio, mas foi o suficiente para segurá-lo longe daqui – completou a kunoichi.

—E também aprendemos vários de seus padrões de batalha. Assim que chegarmos à base escreveremos relatórios completos sobre ele. Isso pode ser o diferencial no futuro – disse Minato, como sempre bastante positivo. As duas kunoichi se entreolharam, duvidando se sobreviveriam tempo suficiente para escreverem o que quer que fosse:

—Ah, mais uma coisa: precisamos de chakra, só por precaução. É melhor cancelarmos nossos últimos kage bunshins, não acham? - comentou Kazuko. O outros dois assentiram e cada um dispersou a técnica. Esses clones foram os que chegaram mais longe, por volta de setenta quilômetros a nordeste do esconderijo. Até alguns segundos atrás haviam dez ninjas seguindo o grupo, o que deixou uma dúvida no ar: como os Areia sabiam para onde mandar um maior número de guardas se o trio montara tantas distrações? Juntando rapidamente as peças do quebra-cabeça, o trio afirmou em uníssono:

Rastreadores.

Sendo ela mesma uma rastreadora, Kazuko sabia que com a atenção redobrada era possível diferenciar o chakra de clones dos originais. Para a má sorte do grupo, havia um inimigo bastante atento para perceber a verdadeira posição deles. Novamente, as chances dos três ninjas só diminuíam:

—Certo, então precisamos agir rápido, não é? - perguntou Minato.

—O mais rápido possível, sem dúvida - confirmou Mei.

—Minato, ponha o plano em ação. Atraia-os para a passagem, e pegaremos quantos pudermos, certo, Mei? - disse Kazuko enquanto acotovelava a kunoichi. A outra apenas sorriu de canto, confirmando com a cabeça - E mais uma coisa: sem mortes.

Os outros dois olharam para a líder com certa insegurança, já que deixar inimigos vivos era um grande risco a qualquer missão, mas se quisessem sair dali teria de ser nos termos de Kazuko. Mei suspirou e disse, já se afastando para ajudar na emboscada:

—Esse seu código moral um dia vai te matar, e eu espero não estar com você quando acontecer.

Minato também suspirou, se despediu e partiu como um raio amarelo na direção dos guardas. As duas kunoichi se posicionaram em lugares estratégicos e apenas observaram enquanto o jovem causava um verdadeiro caos na linha inimiga. Quando os Areia começavam a se separar, Minato vinha e os atraía para onde queria, quase como se fossem gado.

Ao ver o amigo de infância se movendo e lutando com tudo o que tinha Kazuko não podia deixar de sentir orgulho. Mesmo depois de uma semana preso, mal nutrido, ferido e envenenado ele ainda era incrível no campo de batalha. A jovem kunoichi sabia que um dia ele daria um grande Hokage.

Primeiro precisamos sobreviver, sonhar fica para depois, pensou Kazuko.

Quando Minato se aproximou o suficiente junto com os inimigos restantes, as duas kunoichis entraram na batalha.

Doton! Barreira rochosa!

Com uma série de selos, Kazuko os cercou com seu jutsu, criando uma barreira tão alta e reta que ninguém seria capaz de escalar, muito menos fugir. O pânico começava a se espalhar cada vez mais, até que Mei lançou um de seus jutsus ao mesmo tempo em que snegra e de cheiro tão forte que até para Minato e Kazuko ficava difícil lutar. Alguns inimigos gritavam em desespero, mas o trio era implacável, nocauteando, derrubando e esmagando um por um. Quando alguns deles chegavam perto de alguma armadilha, Kazuko fazia um selo e a terra os engolia...

Trincheiras enormes se formavam...

Kunais com centenas de papéis explosivos choviam...

Metros de fios de aço imobilizavam...

E serpentes paralisavam.

Em poucos minutos os guardas viraram coisa do passado: a ameaça imediata se fora. De cima de uma grande rocha, Minato, Mei e Kazuko os olhavam, grande parte estando fora de combate e um pequeno número de dois ou três fugindo de volta ao esconderijo subterrâneo. Kazuko sorria com a vitória, mas uma olhada para o lado foi o suficiente para perceber como os dois companheiros estavam exaustos. Tinham de partir o quanto antes.

Puxando um pergaminho de sua cintura a líder fez uma série de selos simples e murmurou em voz baixa:

Jutsu de Invocação: Grande Serpente da Areia!

No chão abaixo do trio surgiu o maior animal que eles já haviam visto na vida: uma serpente tão absurda que podia olhar diretamente para eles apesar de estarem metros acima do solo. Ela tinha escamas amarelas com algumas manchas marrons por todo o corpo, além de uma cabeça triangular e pequenos chifres nas laterais. Os olhos eram negros e refletiam de um jeito distorcido – quase como um espelho d'água – o grupo que estava bem a sua frente.

Kazuko pôde sentir os outros dois prenderem a respiração, e por isso falou para que apenas eles ouvissem:

Fiquem de boca fechado e façam o que eu disser.

—Hm, faz muito tempo, senhorita Kazuko. No que posso ajudar? - disse a Grande Serpente numa voz rascante de ancião.

—Faz mesmo, senhor Macao. Precisamos voltar a nossa base agora mesmo – respondeu cordialmente Kazuko.

—E como planeja me pagar, hm? - isso fez os outros dois ninjas se entreolharem, suando frio com o comentário.

—Tenho certeza de que podemos chegar num acordo. Que tal cem coelhos pelo transtorno?

Macao pareceu gostar da proposta, sibilando satisfeito:

—Sim, sim, seus coelhos me agradam bastante..., mas vejo que tem alguns amigos com você, hm? Por que não triplicar esse número?

A jovem kunoichi pensou por um segundo e balançando a cabeça, disse:

—Fechado, senhor Macao. Trezentos coelhos assim que chegarmos. Podemos embarcar?

—É claro que podem, só peça aos seus amigos para não se borrarem de medo lá dentro, hm? Já tive esse problema algumas vezes – comentou irritado enquanto olhava na direção de Minato e Mei. Em seguida, a Grande Serpente abriu a boca repleta de dentes, e Kazuko começou a entrar sem hesitar:

Venham comigo, só cuidado onde pisam – sussurrou ela. Minato a olhava como se estivesse louca, mas a seguiu assim mesmo. A Raíz foi a última a entrar. Assim que a boca de Macao se fechou, luzes se acenderam e todo o lugar se transformou: já não pareciam estar dentro de uma serpente mortal, mas sim num salão confortável e apenas com um leve cheiro de morte:

—É melhor se sentarem. O senhor Macao viaja muito rápido, e vocês não vão querer cair no fundo de sua garganta - soltando uma risada que reverberou por dentro do "salão", a Serpente aproveitou a deixa e começou a se mover:

—Espere aí, o que está acontecendo, Sasaki-san? - Mei perguntou enquanto tentava se segurar em alguma coisa.

—Algumas invocações conseguem transformar seu interior no que quiserem, funcionam como armadilhas ou abrigos. Os sapos que invoco também fazem isso – Minato respondeu já se jogando em um canto qualquer.

—Isso mesmo. Senhor Macao vai nos levar até a base de inteligência por debaixo da areia para não atrair nenhum inimigo, por isso não podemos ficar lá em cima – completou Kazuko enquanto apontava para o topo do lugar. Mei apenas olhou para os dois a sua frente, balançando sem parar com a movimentação e finalmente se rendeu, se jogando no chão igual a Minato:

—Vocês dois... são malucos


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