Em Tempos de Guerra escrita por Slinwood


Capítulo 3
Abrigo Temporário




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Apesar de tudo, o trio se aproximava do grande arco de pedra.

Este ficava numa área bem mais rochosa do que a anterior, o que trazia mais do que desvantagens naquele momento. Mesmo sem conhecer o País do Vento como os Areia qualquer um poderia se esconder por algum tempo sem ser percebido de cara. Além do mais, o arco partia de uma pequena colina à outra, com uma passagem escura perfeita para emboscadas e armadilhas. O grupo teria alguma visão e tempo de se preparar caso inimigos surgissem.

Assim que chegaram à colina mais próxima, Minato e Mei se sentaram com tudo no chão arfando pesadamente. Kazuko não havia se dado conta, mas as garras da Salamandra deviam estar envenenadas para Minato ficar daquele jeito, o que a tornava a única do grupo sem uma gota de veneno nas veias. Agora ainda mais preocupada do que antes, se ajoelhou perto dos dois e os ajudou a recostarem suas cabeças na rocha:

—Água, Sasaki-san... por favor... - sussurrou Minato. O shinobi olhava bem no fundo dos olhos da amiga, mas ainda sim parecia desnorteado. Kazuko assentiu, tirando um dos cantis de dentro da mochila e o passando para Minato, que bebeu alguns goles antes de passá-lo para a kunoichi ao seu lado. Enquanto Mei bebia, Kazuko analisava com cuidado os ferimentos nos braços dos dois, e pela profundidade daqueles cortes precisaria se preocupar não só com o veneno para o qual não tinha o soro, mas também para com possíveis infecções.

Respirou fundo e começou a trabalhar. Procurou deixar ambos confortáveis o suficiente para tratar de suas feridas, mas não o bastante para que dormissem ou perdessem a consciência. Queria todos atentos e tão vigilantes quanto possível. Minato até podia ser a prioridade da missão, mas como a Raíz havia sido exposta ao veneno primeiro Kazuko decidiu cuidar dela antes, questão de lógica. Nenhuma das duas estava afim de conversar, e por isso Kazuko se concentrou na tarefa.

Lavou as mãos...

Limpou os cortes...

Suturou...

E enfaixou, tudo com o mínimo de reação da outra. Mesmo sem suportar Danzo e seus projetos obscuros ela tinha de admitir: aqueles ninjas eram durões. Assim que terminou com os braços de Mei passou sua atenção a Minato, que por sua vez não se comportou nem de longe como a outra kunoichi. Toda vez que Kazuko limpava e tentava suturar seus cortes ele fazia caretas e sons altos o bastante para acordar Mei de seus cochilos. Kazuko sorria com a cena, mas assim que levantou a cabeça para checar melhor os dois tudo perdeu a graça.

Estavam ainda piores do que antes: pálidos, suando sem parar, com olheiras fundas e o corpo mole de exaustão. A visão fez Kazuko trabalhar ainda mais rápido e analisar consigo mesma onde conseguir uma cura para os companheiros-

Espera, espera aí. Eu acabei de incluir essa Raíz no pacote de "companheiros"!? Devo estar mais desesperada do que achava..., pensou a jovem.

Terminando de enfaixar os braços de Minato, Kazuko se sentou exausta em frente aos dois, se apoiando no chão com os braços esticados de cada lado. A dor aguda que veio em resposta foi o suficiente para lembrá-la das costelas possivelmente quebradas durante a luta. Não era nada com o que não tivesse lidado no passado, mas ela precisaria tomar muito cuidado para não chamar a atenção dos outros dois. Já tinham problemas mais do que suficientes nas mãos, e uma líder frágil e ferida com certeza não era do que precisavam:

—Pronto. Nada mal, não acham? - ela disse, tentando levantar a moral enquanto se ajeitava melhor, procurando uma posição de não doesse tanto.

—Nada... nada mal mesmo, Sasaki-san. Obrigado – afirmou Minato pouco mais alto que um sussurro. Ele olhou na direção da ninja ao seu lado, acotovelando-a para que dissesse alguma coisa também. Mei podia estar cansada, mas aparentemente tinha energia suficiente para ser insuportável por mais uns minutos:

—Claro, claro... obrigada Sasaki-san – disse enquanto revirava os olhos ainda sem olhar na direção de Kazuko. Foi nesse momento que Mei se sentou ereta, totalmente desperta e com a cabeça a mil. Só foi preciso um instante para que Minato e Kazuko entendessem o que estava acontecendo – Nossos clones foram emboscados próximos a um braço de rio. Seis ninjas. Meu clone acaba de ser derrotado, mas os de vocês continuam lá.

—Em qual direção eles estão exatamente? - perguntou Minato, mais desperto e com a voz um pouco mais firme do que antes.

—Seis quilômetros a noroeste.

—Se não dermos conta deles, a armadilha com as cobras gêmeas dará. Não se preocupem – Kazuko assegurou, o que infelizmente não deixou nenhum deles menos tenso - Só me ajudem a pensar, sim? O que faremos sobre o veneno?

—Nenhuma de suas invocações poderia nos dar uma mão, Sasaki-san? - perguntou Minato – Talvez até alguma das suas, Mei-san.

A Raíz o olhou com a testa franzida e respondeu:

—Não tenho certeza se algum dos lagartos conseguiria...

—E por que não? - perguntou diretamente Kazuko – Os da Folha não são famosos pelos talentos curativos?

—É claro, mas Sasori produz apenas venenos únicos. Ninguém, nem mesmo invocações, poderiam produzir um antídoto. Pelo menos é o que acho.

—Hm, tinha medo de que dissesse isso.

—Mas Sasaki-san, e suas cobras? - insistiu Minato, determinado a não desistir.

—Nenhuma das que uso produzem veneno.

—Nem mesmo a líder delas? Ela não poderia nos ajudar? - Mei perguntou curiosa. Kazuko balançou a cabeça em negação:

—A Cobra Branca Sábia? Pff, ela não ajuda ninguém. Pelo menos não sem um preço... - não foi preciso dizer mais nada para que os outros dois entendessem que tipo de preço ela cobrava: sacrifícios humanos. O trio então parou por um momento para que pudessem pensar melhor em suas chances. A cada minuto Minato e Mei ficavam mais fracos, não tinham tempo a perder.

Enquanto refletia sobre tudo Mei pediu comida e Kazuko entregou a mochila pra que todos pegassem o quanto quisessem. Talvez pensassem melhor de barrigas cheias. Não demorou muito para que, enquanto engolia o último pedaço de sua barra de proteína, Kazuko recebesse toda a informação de dois de seus clones, um seguido do outro. As notícias não eram boas:

—Ganhamos a batalha a noroeste, mas um dos ninjas conseguiu fugir. Minato e eu o estávamos perseguindo quando fui atacada de surpresa – assim que parou de falar, Minato piscou algumas vezes, também recebendo as informações de seu clone.

—O ninja nos levou direto para uma armadilha, não tínhamos a menor chance... Continue, Sasaki-san.

—Nossos clones ao sul estavam bem longe quando bateram de frente com Sasori. Ele está furioso, lançando tudo o que tem sobre nós, mas vocês dois devem segurá-lo por mais algum tempo – Mei ouvia tudo em silêncio, não parecendo ter grandes esperanças até que se virou e chamou a atenção dos outros dois:

—Precisamos sair daqui. Logo.

—O quê, o que houve? Viu alguma coisa, Mei? - perguntou Kazuko olhando diretamente para onde a outra kunoichi apontava. - Ah merda, nos acharam!

Minato foi o último a conseguir enxergar graças a escuridão profunda da madrugada, mas assim que viu todos aqueles inimigos surgindo no horizonte ofegou surpreso:

—Droga, ainda não estamos prontos! O que faremos!?

—Mei, rápido, tem algum mapa da área com você? - Kazuko perguntou já estendendo a mão.

—Acho que... sim, aqui está - a Raíz puxou um pequeno pergaminho de sua cintura e o entregou a outra, que o abriu no meio dos três para que todos pudessem ver melhor – O esconderijo fica bem... aqui, no Vale dos Murmúrios. Nós estamos aqui, a mais ou menos dez quilômetros a sudeste. Chamam este lugar de Arcos Vermelhos.

—Bem, podemos deixar algumas armadilhas na passagem ali embaixo... - sugeriu Minato.

—... e contornar os ninjas usando aquela grande rocha, estão vendo? - completou Mei.

—Sim, perfeito, mas ainda precisamos de um chamariz: uma distração. Como Minato é o mais rápido é a melhor escolha. Concordam? - os dois assentiram com a sugestão de Kazuko – E já que sou especialista em armadilhas posso montar várias ao redor do arco e das colinas. Mei, pode montar guarda?

—É claro. Vou me preparar – com alguma dificuldade ela foi a primeira a se levantar, seguida por Minato e Kazuko. A adrenalina inundava as veias de cada um deles, e Kazuko - usando seus poderes sensitivos na direção do horizonte - contou cinquenta inimigos. O trio se entreolhou, sabendo que suas chances não eram favoráveis, mas era claro que nenhum deles iria desistir, muito menos ser morto enquanto pudessem se mover:

—Minato, enquanto os Areia não chegam perto o suficiente monte guarda com a Mei, talvez em cima do arco. Entendido?

—Sim!

—Já sabemos nossas tarefas. Nos encontraremos aqui de novo assim que tudo estiver pronto. Dispensar! 

 


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