Summer Camp escrita por Tahii


Capítulo 3
Bolo do Dragão


Notas iniciais do capítulo

Oie! Tudo bem com vocês, pessoal? ♥

Gostaria de agradecer pelos comentários do capítulo anterior e aos novos leitores. Espero que gostem do nosso segundo dia de acampamento ♥

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[13 DE JULHO, SEGUNDA-FEIRA]

10:09 AM

Segunda-feira é o pior dia da semana desde que o mundo existe, mas o acampamento de Hogsmeade estava intencionado a mudar esse fato. A primeira grande atividade do dia seria uma oficina de confeitaria, o que eu considerei uma péssima ideia já que açúcar deixa os seres viventes mais enérgicos; as crianças, porém, adoraram. Eu dividi a sonserina em três grupos de cinco, deixei que eles escolhessem o sabor do bolo que fariam e pensassem já nos enfeites. 

— Tem como ser sabor meleca? — um garoto dentuço, Wilson, perguntou dando risada junto com Hilliard, Travers e Jones. 

— Como você é criança, Wilson — Madson, a única garota do grupo, cruzou os braços irritada e revirou os olhos como se fosse irmã gêmea de Rose Weasley, inclusive pela cor dos cabelos cacheados. Ela estava extremamente insatisfeita por ter sido escolhida para ficar no grupo do Travers. Wilson tinha gritado algo como “SCORPIUS, ESCOLHE A MADSON POR FAVOR” e ela realmente parecia a única capaz de suportar os garotos. — Por que não leva nada a sério?

— Meninos são assim, Mad — fingi maturidade, folheando o livro de receitas que nos foi dado. — Os outros grupos já decidiram. As meninas vão fazer bolo de céu azul, e os meninos de chocolate. Infelizmente não tem como fazer bolo de meleca, cera de ouvido ou sabor vômito. 

— E se fosse bolo de cenoura? — a garota sugeriu, entediada. Fitei os garotos que, meio frustrados, concordaram. — A cobertura pode ser de chocolate. 

— Ou de pimenta — os olhos azuis de Hilliard se arregalaram de animação. — Quem morder vai poder soltar fogo pela boca FEITO UM DRAGÃO! — todos deram risada, até Mad. De repente, o gordinho se encolheu e pôs as mãos ao lado da boca para sussurrar, me olhando como se eu fosse seu redentor. — A monitora da corvinal não parece ter gostado da ideia — virei o rosto na direção que ele apontava com o dedo; os alunos da corvinal estavam quietos pensando no passo a passo e Rose estava apoiada na ponta da mesa fitando o meu grupo com uma sobrancelha arqueada, o olhar indicando que estava perdida em algum devaneio, não necessariamente nos matando mentalmente. — Mas podemos fazer mesmo assim, né?

— Por que não mudamos para uma geleia de morango que podemos achar na despensa? 

— Parece ótimo — Mad disse, levando os demais a assentirem. — O que devemos fazer agora? 

— A massa — coloquei o livro aberto sobre a mesa, apontei para os ingredientes. — Caprichem porque é a sobremesa. Se eu ver um ovo quebrado no chão, menos dez pontos por gema. 

Enquanto eles pegavam o livro, mexiam nas canecas de medida, bowl e colheres, fui na despensa pegar os itens indispensáveis para as coberturas: granulados, geléia, castanhas, calda de caramelo e jujubas eram apenas o começo de uma longa lista. Quando voltei, ajudei as meninas a colocar a massa na assadeira, ficou tão surpreendentemente bonito que pedi para Alice tirar uma foto nossa; depois fui para a mesa dos meninos, que haviam feito uma lambança com o óleo, prometi que tiraríamos foto depois que tivesse tudo pronto e limpo. 

Talvez fosse muito chato ter favoritos, mas, sim, eu tinha favoritos, e era a mesa do bolo de cenoura. 

— Podemos chamar de bolo do dragão! — Jones, um menino de óculos quadrados meio nerd, sugeriu enquanto segurava o bowl e Mad passava a colher.

— Acho um excelente nome.

Porque realmente era; até levaria um pedaço para Weasley e diria que foi feito em sua homenagem. 

Coloquei as três assadeiras no forno e mandei que todos limpassem as mesas antes de começarem os preparativos para as coberturas. Me sentei ao lado de Mad enquanto esperávamos o tempo das massas, ficando um pouco alheio na conversa sobre Minecraft. Tudo na sonserina parecia estar em paz e harmonia, o que era ótimo, a tarefa nem estava sendo tão árdua assim. 

— Você tem namorada, Scorpius? — Hilliard perguntou, chamando a atenção dos outros. Neguei com a cabeça. — Duvido. 

— Por que eu mentiria pra você, Hilliard? 

— Não sei — deu ombros. — Mas por que você não tem uma namorada? Você é legal e as meninas te acham bonito. 

— Falta de oportunidade, eu acho.

— Ele está te perguntando porque quer pedir uma menina em namoro e não sabe como — Travers o delatou no meio de risos, levando um cutucão embaixo da costela. — É verdade! 

— É mentira! — retrucou. 

— Não é mentira — Wilson dentuço se intrometeu. — Você gosta dela faz tempo, vive falando que ela é bonita. 

— Você já beijou ela, Hilliard? — Jones se inclinou para perguntar num tom mais baixo. 

— Ele nem tem idade pra isso — Mad acabou a graça, fazendo os garotos revirarem os olhos.

— Eu já tenho onze anos para o seu governo, Madson — Hilliard fez uma careta pra ela, que devolveu na mesma moeda. 

— Continua não tendo idade pra isso.

— Por que você é tão chata?

— Por que você é tão irritante?

— Chega vocês dois — suspirei cansado. — Olha, vocês ainda não tem idade pra ficar pensando em beijo, mas não tem nada demais gostar de alguém. Todo mundo gosta de alguém.

— Você gosta? — a garota pareceu realmente interessada na resposta. — É a irmã da Parkinson?

— O quê? Não — franzi o cenho. 

— A gente conhece?

— É alguma monitora?

— Sabemos que vocês estudam na mesma escola — o sorriso maléfico de Travers só não foi tão ruim quanto os seus amigos achando graça.

— Não, não é nenhuma monitora e eu não vou contar mais da minha vida pra vocês — falei rápido, dramatizando um certo descontentamento, enquanto me levantava.  

— Ah não, Scorpius, fica aqui com a gente — Jones juntou as mãos, implorando. — Não vamos mais falar da garota que você gosta. 

— A gente promete — Madson me estendeu o dedinho, parecia ser um bom acordo a aceitar. Voltei a me sentar, eles ficaram um tempo me olhando. — Ela é bonita?

Tive que inventar uma boa história para eles calarem a boca. 

Os bolos ficaram prontos, foram enfeitados, tiramos várias fotos e eles quase tentaram comer; mas a regra era que só comeriam após a janta. Nada de extraordinário aconteceu no almoço e as atividades da tarde pareciam um bom jeito de gastar energias: faríamos uma gincana com a corvinal na quadra e depois as casas se juntariam para brincar de paintball. 

— PRESTEM ATENÇÃO! — a professora Hooch berrou no megafone, quase deixando eu e Rose surdos. Estávamos amarrados bem ao lado dela, e as trinta crianças estavam sentadas no chão nos olhando, apenas alguns insistiam nas conversas paralelas. 

A perna direita de Rose e a minha perna esquerda estavam grudadas por uma corda nos tornozelos. Ela parecia estar tão feliz com a atividade quanto eu; tinha os olhos fixos nos alunos, os braços cruzados bem na boca do estômago, vestia uma blusa mais solta do que a de ontem, mas ao invés de uma calça legging estava com um short da corvinal grudado até um palmo acima do joelho. Às vezes me fitava como se estivesse bolando um plano malígno, e eu realmente não duvidava dessa hipótese, embora tive que me esforçar para não deixar transparecer a sensação do arrepio que me subiu pela coluna.

E não foi um arrepio pré-morte.   

— Nessa gincana nós vamos aprender sobre trabalho em equipe! Quero que todos formem duplas com as pessoas de sua casa, menina com menina, menino com menino. Quem sobrar vai ficar com alguém da outra casa — de repente pareceu que a quadra havia sido tomada por um formigueiro, que aos poucos foi se acalmando e revelando as tais duplas. — Cada dupla vai ter que fazer o percurso: bexiga, pneus, obstáculos, bola de basquete e bambolê. Uma dupla da sonserina e uma dupla da corvinal por vez. A casa em que todas as duplas concluírem o percurso primeiro, vai ganhar quarenta pontos — eles vibraram, claro, com palmas e assovios. — Levantem-se! Sonserina para a esquerda, corvinal para a direita. Nossos monitores vão fazer uma demonstração. 

As crianças ficaram quietas quando Hooch apitou, ansiosas para verem eu e Rose levarmos, no mínimo, um belo tombo; algo que quase aconteceu ao tentarmos dar o primeiro passo. Era necessário uma sintonia que não tínhamos e que deixaria aquelas crianças atordoadas até pegarem o ritmo, mas talvez fariam isso mais rápido do que nós. 

Bexiga. 

Tínhamos que estourar cinco com os nossos quadris, não foi tão difícil, tirando a parte que Rose perdeu o equilíbrio duas vezes e quase nos levou para o chão. 

Pneus.

Andar por cima deles sem relar no chão, com a penalidade de ter que recomeçar. Quando estávamos quase na metade, Rose pisou em falso e tivemos que reiniciar. Segurei a mão dela para tentar evitar outra queda dramática. 

Obstáculos.

Tivemos que desviar de pinos de boliche em linha reta, fazendo um zig zag de contorno. Foi péssimo porque eles estavam muito próximos e eu percebi que Rose tinha uma tendência à falta de equilíbrio. Ou era naturalmente tonta. 

Bolas de basquete. 

Weasley fez uma cesta na primeira tentativa, quem penou para acertar fui eu. Ela não me deu o mínimo de apoio moral, jogando na cara que eu não tinha dotes atléticos suficientes para jogar no time de Hogwarts. Mas pelo menos eu não era um bocó igual o namorado dela. Ficante. Sei lá.

Bambolê. 

Hooch deveria ganhar um prêmio por tamanha criatividade. Tivemos que pular em cada círculo colorido no chão, deveria ter pelo menos uns quinze. A linha de chegada nunca pareceu tão distante. 

— Só façam melhor e mais rápido do que eles — a professora disse observando nossa trágica caminhada de volta. 

De fato, eles fizeram, mas o desempenho da sonserina foi lamentável. Eles caíram várias vezes, derrubaram os cones, não acertavam as malditas bolas de basquete e não importava o quanto que eu mandava eles mirarem certo; eles não conseguiram e a corvinal ganhou os trinta pontos. Vieram se arrastando até onde eu estava, alguns com cara de choro pela terrível decepção de ter que ver os corvinalistas comemorando. Rose pulava junto com as crianças entre assobios e gritinhos. 

— Perdemos de lavada — Hilliard resmungou, o rosto redondo avermelhado. — Tudo culpa das meninas.

— Não foram as meninas que derrubaram os cones, nem as meninas que precisaram de mais de quinze bolas para acertar a cesta! — Madson retrucou na hora. 

— Ela tem razão — me pronunciei, sendo abraçado na cintura por Rebecca. — Vocês todos foram péssimos, não ganhamos trinta pontos, mas ainda é o segundo dia. Aproveitem o paintball para descontar a raiva… Quem sabe não ganhamos um ponto por deixar tudo verde? 

A performance no paintball foi melhor, eles se empenharam para que a maioria dos alunos tivesse pelo menos um ponto verde nas roupas. Quando fomos lavar a tinta do corpo na ducha externa do acampamento a cor que mais se via era a da sonserina. 

Eles demoraram um tempo considerável para se limparem, já passava das seis da tarde e eu ainda estava lá fora tentando ajudar Alice a tirar uma bexiga que havia ficado presa no cabelo de uma lufana, tarefa que eu não estava conseguindo me concentrar devido ao pequeno fato de Rose Weasley ter se enfiado debaixo da água para grudar de vez aquela camiseta no corpo e… Era difícil aceitar que ela ficava gostosa de várias formas, inclusive toda molhada, e que eu era muito trouxa.  

— Ai! — a garota gemeu assim que Alice puxou o elástico do cabelo.

— Pronto! Vai lavar o cabelo lá dentro, passa bastante condicionador antes de pentear! — a monitora mandou, negando com a cabeça. — Será que Roxanne já saiu do banheiro?

— Talvez.

— Vou lá ver. Não se importa de eu ir primeiro, né?

— Não — neguei veemente, logo sendo deixado sozinho, sem desculpa para não olhar Rose. — Você vai acabar com a água do mundo desse jeito, Weasley. 

— Você não cansa de ser implicante? — ela fechou o registro, levou as mãos aos cabelos para torcê-los enquanto andava em minha direção com um sorriso. Engoli a seco. — Deveria estar preocupado com o fato de ainda estar verde… Embora essa seja a cor natural de ogros, imagino. 

— Estou preocupado porque nunca vi um dragão tomar banho, isso sim. 

Ela revirou os olhos e passou por mim dando uma risadinha, sem dizer mais nada. 

Foi a minha deixa para tirar a tinta do corpo antes de entrar na cabana dos monitores. Chegando lá, Alice e Roxanne estavam sentadas no sofá e Rose na porta do quarto vestindo um short jeans e uma camiseta cor de rosa, passando a toalha nos cabelos. Segui as recomendações da Weasley e tomei um banho quente — algo perigoso naquele calor infernal —, e pode-se dizer que fiquei mais relaxado para o resto da noite. 

Após o jantar houve a degustação dos deliciosos bolos. Mandei Hilliard entregar o último pedaço do bolo do dragão para o próprio dragão, Rose. Ele foi um um sorriso no rosto, as duas mãos segurando o pratinho, falou com ela dez segundos ou menos e voltou saltitante para onde estávamos. 

— Ela agradeceu e mandou falar que o que é seu está guardado. Será que ela vai te dar um pedaço do bolo vulcão da corvinal, Scorp? Tinha brigadeiro no meio pelo o que eu vi — seus olhos brilhavam de desejo. 

— Não tenho tanta certeza, Hilliard — acenei para ela de longe, forçando um sorriso. Ela fez o mesmo, provavelmente sentindo vontade de jogar o bolo da minha cara. Não estava ruim, apenas tinha um gosto meio… Exótico. 

Todos foram para a fogueira ouvir o professor Baldrick tocar violão depois disso. Entre gostos musicais duvidosos e vozes desafinadas, os ânimos à flor da pele pareceram se acalmar, principalmente quando o professor negou fazer covers dos Hipogrifos Nervosos, alegando que precisavam de uma música mais calma para relaxar

— Vocês já ouviram a Beadle, o bardo? — as crianças não pareceram gostar tanto da ideia. 

Hipogrifos Nervosos, professor Baldrick, por favor! — os garotos da Grifinória pediam, com as melhores das expressões. 

As Esquizitonas! — teria sido mais uma tentativa em vão caso eles não tivessem se unido para conquistar a música e acordar os esquilos nas árvores. — Esquizitonas! Esquizitonas! Esquizitonas! Esquizitonas!

— Tá bom — Baldrick desistiu, cedendo à demanda popular. — Qual?

— Do the Hippogriff — foi Madson quem respondeu, representando todos eles. 

— As Esquizitonas é um clássico — Roxanne chiou animada ao meu lado, baixinho. — Lembra do Flitwick cantando e da McGonagall fazendo backing vocal?

— Como esquecer? 

Era realmente uma cena icônica, mas a noite da fogueira daquele ano se tornou memorável para mim por um outro único e simples motivo: Alvo Severo Potter. 

Você está dando na cara! — ele sussurrava entre risadinhas. — Todo mundo dá vendo que você tá olhando pra ela.

Cala a boca, Alvo — eu grunhi, desviando minha atenção para o professor baixinho que estava empolgado na cantoria.

Por que não assume que gosta dela?

Eu assumi. Se não, você não saberia.

Não pra mim, idiota, pra Rose! — as coisas sempre foram muito fáceis na imaginação fértil de Alvo. — Assume pra ela. Fala assim “oi, eu gosto de você”. Não, não, já sei! Chega e fala: “Oi, você sabia?”, aí ela vai perguntar “o quê?”, aí você fala “que eu gosto de você!”. Quem sabe ela não te dá um beijo! 

Ela vai me dar um soco na cara, isso sim. 

Você é um bunda mole! 

Ambas fogueiras envolveram uma discussão quase infindável. Na que eu estava presente, vários vídeos do youtube foram ouvidos entre as músicas até que o professor Baldrick resolveu tentar algum hit dos Hipogrifos Nervosos versão acústica — um desastre. Roxanne ficou ao meu lado, sempre puxando um assunto; Rose e Alice estavam mais envolvidas com os professores no outro lado dos bancos, mas às vezes eu pegava a Weasley ruiva me olhando. Ou eu me pegava olhando para ela. Não sei.  

Às dez e meia, todos já estavam em seus devidos dormitórios sentindo os efeitos reversos do excesso de açúcar. Baldrick e Hooch praticamente desmaiaram de sono na cabana dos monitores, Roxanne foi fazer uma vídeo chamada com Kira — dando voltas pelo acampamento em busca de sinal —, Alice digitava sorrindo para o celular, e Rose estava trancada no banheiro há séculos, me impedindo de fazer xixi. 

Esperei na cama, apertado, e nem deu tempo de reparar no pijama de Rose quando ela apareceu na porta; eu tinha outras necessidades no momento. Ao voltar, porém, ela estava abaixada tentando conectar o carregador na tomada aos pés de sua cama. Fiz de conta que não dava para ver sua bunda e deitei.

— Por que essa merda não carrega? — resmungou. Primeiro eu pensei que era retórico, depois que ela perguntou pela segunda vez considerei a hipótese de responder.

Eu estava de olhos fechados quando ela apagou a luz. Ouvi ela mexer no interruptor para ver se o ventilador melhorava em algo e depois se jogar na cama, as molas do colchão fazendo um barulho irritante. Aquela noite, pra variar, estava tão quente quanto a anterior, talvez fosse culpa do teto baixo e da falta de um ar condicionado. Minhas costas suadas grudavam no lençol, o ar que vinha do teto era quente; morreríamos, fim. 

Parecia que tinha passado uma eternidade quando Roxanne e Alice apagaram a luz do quarto delas, dava para ouvir os grilos ao pé da janela aberta, minhas panturrilhas estavam sendo devoradas aos poucos por mosquitos famintos, eu não conseguia pregar o olho e tinha a sensação das horas estarem voando. Eu estava quase dormindo quando, de repente, as luzes foram acesas.

— Malfoy? — respirei bem fundo antes de encarar Rose. Ela estava de pé, ao lado do interruptor, com uma mão na cintura. Inferno. 

— O quê?

— Vamos na cozinha?

— Pra quê?

— Pra comer. 

— Comer o quê? — tampei meu rosto com o travesseiro, não queria levantar. 

— Alguma coisa. Estou com fome. 

— E o que eu tenho a ver com isso? Não tô com fome — resmunguei, tendo o travesseiro abruptamente tirado dos meus braços. Ela me bateu duas ou três vezes. — Isso não é jeito de pedir favores, Weasley. 

— Qual é, Malfoy — grunhiu. — O que custa ir lá comigo?

— Pede pras meninas, elas também estão tentando ter uma noite de sono em paz. 

— Mas você está acordado! 

— Porque você me acordou! — aparentemente vencida, ela me olhou com a pior das caretas: as sobrancelhas franzidas, um olhar de quem iria me matar quando voltasse, os dentes quase rangendo. 

— Qual é o seu problema, Malfoy? — foi o que disse apagando as luzes, nervosa, saindo do quarto em passos firmes. 

Fiquei um tempo pensando se deveria ou não acompanhá-la, mas… Não tive muitos recursos para conseguir me auto convencer a virar e dormir, principalmente porque alguma coisa fazia com que eu quisesse ir. Rendido, coloquei uma camiseta e fui atrás dela, que ainda estava na frente da cabana. 

— Você pegou a chave da cozinha, cabeça de tomate? — falei baixo quando cheguei ao seu lado. Rose ergueu a mão, a argola do chaveiro no seu dedo indicador, um sorriso arteiro em seus lábios. — Por que está sorrindo?

— Porque você é insuportável.

— Ah, você quer lindo e prestativo? Muito obrigado, Weasley, mas assim eu fico constrangido — apesar de não vê-la tão bem por causa da iluminação fraca dos pontos de luz no caminho, imaginei sua feição incrédula. 

— Não se faça de modesto. 

Não conversamos até chegar no refeitório e, lá dentro, estava tudo escuro. Rose não levou o celular — o que explicava a minha função de barreira contra seus terrores noturnos, naquele momento —, foi difícil enxergar só pela iluminação das janelas, mas, felizmente, encontramos a geladeira e alguns pedaços de bolo que sobraram.

Embora eu não estivesse com fome, foi satisfatório forrar o estômago. A tarefa de comer teria sido mais fácil, e menos seca, caso eu não sentisse uma sensação claustrofóbica pela presença do dragãozinho ruivo. Ela sentou na pia, e eu fiquei encostado no balcão contrário, ouvindo ela falar sobre as crianças da grifinória. Só voltamos para a cabana quando Rose começou a bocejar. 

Só voltamos para a cabana — com Rose enroscada no meu braço — quando ela começou a bocejar. Eu estava quase dormindo, de novo, e meu coração acelerou sozinho ao ouvi-la murmurar alguma coisa. 

— Sério, Malfoy, qual é o seu problema? 

Franzi o cenho, pensativo. Talvez eu tivesse vários, de fato, mas naquele momento a resposta era tão óbvia quanto a minha súbita falta de ar. Respirei fundo, uma ou duas vezes, tentando deixar a pergunta se dissipar no ar. 

Você, teria sido a resposta certa. 

 


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Notas finais do capítulo

E aí, qual é o problema dele? Lentidão? kkkkkk Scorpius, meu filho, acorda!

Espero que tenham gostado, pessoal. Me contem o que acharam desse dia, se gostaram das crianças da sonserina e se comeriam esses bolos ♥ amanhã tem capítulo novo!! Preparem os óculos de sol rs

Um grande beijo pra vocês ♥ ♥ ♥