Tales of Star Wars escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 22
Deixar o passado morrer (Watto x Darth Vader)


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores ♥

Estou voltando com mais um conto e, como prometido, esse é o conto com o Darth Vader! É um conto BEM curtinho, mas acho que ele passa exatamente o que eu queria passar, então espero que gostem!



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Estava escuro e silencioso. Não via nem ouvia nada nem ninguém. O único som eram seus gemidos de dor e o bater de seus dentes. Talvez, fosse melhor que o matassem de uma vez, mesmo que tudo aquilo fosse um tremendo engano. Obviamente era um tremendo engano... Mas não queria viver. Não mais. A recuperação daqueles ferimentos seria um processo longo e doloroso. Longo demais. Doloroso demais. Morrer era uma muito mais lucrativo.

            O som das duas placas de metal da porta deslizando uma sobre a outra foi acompanhado de um clarão de luz que adentrou aquela sala. Os dois stormtroopers que entraram, então, puderam ver com clareza o que havia restado dele: estava amarrado pelos braços e pernas, todos os membros abertos e presos a um amplo suporte de metal que o envolvia, como o alvo de um atirador de facas de um daqueles circos itinerantes de Tatooine. A diferença era que as pessoas que se dispunham a ser alvos não eram torturadas ou tinham as suas asas cortadas.

            — Mas que cheiro horrível... – disse um dos stormtroopers ao entrar na sala, sentindo o cheiro de dias de sangue, fezes e urinas acumulados abaixo do homem amarrado.

            Watto sentiu seus braços e pernas serem desamarrados. Em condições normais, ele aproveitaria o momento para tentar fugir. Mesmo que soubesse que isso era impossível, que não conseguiria. Mas tentaria. O fato era que, nem para isso ele tinha forças. Nem sequer conseguia andar: agarrado pelos ombros ele foi arrastado pelos dois stormtroopers para fora da sala e por longos corredores.

            Das janelas desses corredores, ele apenas conseguia ver o inferno: rios e lagos da mais quente lava de toda a galáxia borbulhavam e explodia até além do horizonte, levantando, na atmosfera daquele planeta esquecido no fim do universo, uma nuvem de uma fumaça preta e tóxica.

            Quando, finalmente, os stormtroopers o soltaram, ele já não mais sabia onde estava. Apenas permaneceu caído no chão metálico e frio, sem forças para se mexer. Mas então, algo chamou a sua atenção. Um som. Um som que congelou a sua espinha e o fez ter mais medo do que sentira nos últimos dias. Um medo que fazia com que cada célula de seu corpo gastasse suas últimas reservas de energia em um tremor que era incontrolável.

            Uma respiração.

            Robótica, artificial e agonizante. Mas uma respiração cujo som entrava na sua cabeça e o atormentava de pavor. Que, mesmo sem palavra alguma, já lhe informava que a morte era uma certeza.

            — Sabe por que está aqui?

            Mas Watto não respondeu. A fraqueza e o medo lhe impediam.

            — O que eu disse sobre matar ele? – disse a voz.

            — Nós não matamos, Lorde Vader – um dos stormtroopers respondeu. O medo era nítido em sua voz. – Apenas o trouxemos pra cá.

            Conforme a respiração se aproximava, Watto conseguiu ver, pela primeira vez, o homem. Uma figura sombria que vestia um traje preto e uma capa igualmente preta. Em seu rosto, um capacete que em muito lembrava o aspecto de um crânio.

            Aquela figura macabra o olhou por alguns instantes, percebendo que os stormtroopers diziam a verdade quando vi os olhos do toydariano se moverem. Sabendo que ele já não tinha mais condições de responder, o homem a quem o stormtrooper havia chamado de Lorde Vader estendeu a mão sobre a criatura decadente e moribunda ao chão.

            Nesse instante, o mundo congelou e Watto sentiu Vader dentro de sua mente.

            “Eu não vou perguntar de novo”, ele ouviu a voz metálica do homem ecoar em sua cabeça.

            “Um engano”, Watto mentalizou as palavras, mas foi capaz de as ouvir plenamente. – Um completo engano. Eu não sou do povo da areia, sou um toydariano. Só pode ser um engano.”

            “Não é um engano”, Vader lhe respondeu. “Meu objetivo em exterminar o povo da areia nada tem a ver com você. Com você, o meu problema é outro, Watto.”

            O sangue do toydariano congelou.

            Não era um engano, afinal. Vader sabia exatamente quem buscava.

            “Você se lembra de Shmi Skywalker?”

            “Quem?”

            No exato momento em que fez essa pergunta, Watto sentiu dor. Mais dor do que todas as torturas dos últimos dias haviam lhe proporcionado. Uma dor excruciante que vinha de sua alma e tomava conta de cada parte do seu corpo. Era como se sua pele estivesse em chamas e seus olhos estivessem sendo partidos. Fraco, Watto nem sequer conseguiu se mover enquanto sentia o ódio de Vader ser convertido nessa repugnante e agoniante dor.

            Sem entenderem o que acontecia, os stormtroopers apenas conseguiram ver uma lágrima escorrer pelo rosto de Watto.

            “Agora, você sabe porque está aqui”, disse Vader, consumido por um ódio que jamais sentira na vida.

            “Por favor, me mate”, Watto implorou.

            Vader o olhou por alguns instantes, sem se mover ou dizer nada. Olhando para cima, Watto não fazia idéia do que Vader planejava para seu futuro.

            “Misericórdia...”, ele pediu, por fim.

            “Você ainda vai ficar aqui por muito tempo”, anunciou Vader. “Não se preocupe. Você será enviado a instalações médicas e irá se recuperar. Então, eu vou te torturar mais uma vez. E vamos repetir esse ciclo até que você implore perdão pelo que fez com Shmi Skywalker e seu filho. Apenas aí, você terá a minha permissão para morrer.”

            Vader recuou o braço e Watto sentiu que ele havia deixado sua mente. Mas o medo e o desespero que havia lhe causado ainda estavam lá. Assombrando-o no vazio perturbado de sua mente com a perspectiva de um futuro tão horrível como aquele.

            — Levem ele daqui! – Vader ordenou aos stormtroopers. – Levem ele até um droide médico. Quero ele recuperado e com saúde o mais rapidamente possível. Se ele tentar se matar, impeçam-no. A vida dele é responsabilidade de vocês agora. E eu não tolero falhas.

            — Sim, Lorde Vader – os dois stormtroopers responderam imediatamente.

            Como se arrependeria do que fez a Shmi Skywalker se nem sabia quem era ela? E quem era o filho dela, afinal? Essas perguntas cruzavam a cabeça de Watto quando os dois stormtroopers o agarraram pelos braços novamente, arrastando-o para fora da sala.

            Estavam prestes a sair, quando, de um fragmento de memória em sua mente destruída pela presença de Vader, uma avalanche de lembranças tomou a sua mente. Seria possível que Vader... Não... Até onde tinha ouvido, o menino Skywalker havia morrido na grande Purgação Jedi...

            Reunindo suas últimas forças, o troydariano apenas conseguiu proferir uma palavra:

            — Ani...?

            Nesse exato instante, ele ouviu a respiração de Vader parar por um segundo. Os stormtroopers pararam de caminhar e se entreolharam, incertos do que deviam fazer. Por alguns segundos, a sala em que estavam ficou imersa no mais absoluto silêncio. Um silêncio sepulcral. Um silêncio tão atormendador que era quase possível ouvir as bolhas de lava explodindo do lado de fora daquela fortaleza.

            Por fim, Vader falou.

            — Eu ordenei que tirasse ele daqui.

            — Sim, senhor – disse um dos stormtroopers. – Desculpe, senhor.

            No instante seguinte, Vader se viu sozinho na sala, diante de uma imensa janela, observando a grande planície incandescente à sua frente.

            Por que fazia aquilo? Por que buscava por uma vingança que não era mais sua? Ele era Darth Vader. Anakin Skywalker estava morto e, de suas cinzas, ele havia nascido. Por que não deixar o passado simplesmente morrer com o Jedi?

            Ali, sozinho, ele quase conseguia ouvir a voz de seu mestre em sua mente.

            “Ainda há muito de Anakin Skywalker em você.”


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Notas finais do capítulo

É aquele negócio que eu já disse em outros capítulos: ao meu ver, o Anakin nunca foi totalmente embora. Sei lá, pra mim, muito do Darth Vader pode ser descrito como um Anakin que sempre foi do lado sombrio. Digo, o Darth Vader faz o que alguém brilhante como o Anakin sempre teria feito se ele tivesse sido descoberto por um Sith em Tatooine, não por um Jedi. Mesmo ele tentando se desvencilhar disso, acho que sempre teve um pouco dos sentimentos do Anakin ali, nem que fossem os piores sentimentos dele.

Mas e vocês? Acham o mesmo? Acham completamente o oposto? hahahaha Me contem!

Quanto ao Watto, eu achava que não tinhamos referências a ele pós-episódio III, mas faz 1 dia que descobri que sim, temos hahahaha Uma única referência e que não é bem datada na linha do tempo.

Enfim, espero que tenha gostado. O próximo capítulo será um prompt proposto pela Pugamegold ♥

Beijinhos e até o próximo.



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