Tales of Star Wars escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 21
Aceitação (Obi-Wan x Satine)


Notas iniciais do capítulo

Em minha missão de equilibrar Anidala's e Obitine's, eis aqui mais um conto! hahaha

E o conto de hoje é mais um com trilha sonora! Se quiserem, coloquem pra tocar "Illicit Affairs", da Taylor Swift (inclusive, esse novo álbum dela está FENOMENAL, meu senhor amado hahaha super recomendo!)

Espero que gostem ;)



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Look at this idiotic fool that you made me

 

You taught me a secret language

 

I can't speak with anyone else

 

And you know damn well

For you, I would ruin myself

A million little times

 

("Illicit affairs", Taylor Swift)

 

Não havia uma única hora do dia em que o templo Jedi em Coruscant não era um local coberto de paz e calma. Durante a madrugada, os imensos vãos davam um aspecto fantasmagórico ao prédio, ainda mais silencioso do que de costume, mas a Força era tão intensa lá que nem mesmo isso era capaz de instabilizar a harmonia e o equilíbrio do templo. Era tudo tão sereno, tão único, tão belo. Como poucos lugares na galáxia eram, ultimamente.

            Mas havia um local de todo o templo que não compartilhava daquela paz. Qualquer Jedi poderia sentir a instabilidade na Força presente no corredor dos dormitórios dos Jedi. Uma instabilidade crescente a cada passo a diante. Uma instabilidade que se concentrava atrás de uma porta em específico. Uma instabilidade que não deixava uma pessoa dormir, mesmo com todas as técnicas de meditação tentadas nas últimas quatro horas, desde que havia se deitado.

            Lembranças e sentimentos antigos assolavam a sua cabeça e, diante de toda a perturbação que eles lhe causavam, Obi-Wan Kenobi ainda se culpava por se comportar como um adolescente irresponsável e inconsequente. Como era possível que, mesmo após tantos anos, ele ainda se sentisse dessa forma? Como era possível que não tivesse se livrado desse tipo de falha mundana? Como era possível que isso ainda o incomodasse como se fosse apenas um Padawan em aprendizado?

            Ele virou na cama, buscando o lado mais gelado e confortável do travesseiro, passando a dar as costas para seu quarto e a encarar a parede. Mas estava inquieto. Sua mente não desligava nem mesmo por um segundo, seus pensamentos iam e voltavam com uma velocidade assustadora demais para quem estava tentando dormir. Estava exausto. Tivera um dia intenso e sabia que o seguinte seria ainda pior. Ele precisava dormir. Mas nada no universo conseguiria fazê-lo pegar no sono.

            O Jedi não conseguiu manter aquela posição por muito tempo. Em questão de poucos minutos (ou seriam segundos?), ele se sentou no colchão, tirando as cobertas de cima de si. Já em pé, em sua inquietude, ele se adiantou até a cômoda onde deixava uma jarra com água e um copo, esperando que (mais) um gole pudesse lhe ajudar a se acalmar. Mas não havia mais uma única gota lá. Já havia bebido tudo que havia trazido para passar a noite toda.

            Furioso consigo mesmo, ele voltou a se jogar na cama, enterrando o rosto no travesseiro, já sem esperanças que aquele inferno fosse terminar. Após alguns segundos, ele rolou no colchão e encarou o teto, já mentalizando quantas xícaras de café precisaria tomar na manhã seguinte para conseguir lidar com cada um dos milhares de compromissos que tinha sem dormir. Ele inspirou fundo, mas nem isso conseguiu lhe acalmar: furioso, ele agitou as pernas, chutando sua coberta para fora da cama.

            Por que raios ela tinha que ter vindo para Coruscant?

            Por que raios os caminhos dos dois tiveram que se cruzar?

            Como se movido pela Força, o holocomunicador de Obi-Wan vibrou sobre a cômada.

 

            — Mestre, não tem mesmo problema sair do templo? – questionou Anakin, de apenas dez anos de idade, caminhando ao lado de Obi-Wan pelas movimentadas ruas de Coruscant. – O mestre Windu disse que os Padawans não podem sair do templo sem um bom motivo.

            — Desacompanhados, não – respondeu Obi-Wan. – Mas você é meu Padawan e está me acompanhando. Não precisa se preocupar, Anakin. Não está cometendo nenhuma irregularidade. Não dessa vez, pelo menos.

            Obi-Wan olhou com a sobrancelha arqueada para o menino, que fingiu não ter ouvido a indireta. O Jedi riu e, então, voltou a olhar para frente.

            — E o que exatamente estamos indo fazer?

            — Vamos visitar um amigo meu – Obi-Wan respondeu. – Ele é dono de uma oficina de naves, e acho que você pode aprender muito com ele. Digo, você já tem um talento natural para consertar coisas e voar. Então, acho que tenho que incentivar isso em você. Concorda?

            Obviamente, Anakin concordava. Ele pareceu imensamente animado com a idéia. A oficina de Watto era um lugar grande, mas lá, Anakin costumava trabalhar com peças velhas e defasadas para piratas e caçadores de recompensa. Uma oficina de verdade, com certeza, seria uma experiência diferente para o menino. Muito melhor que os seus anos de escravidão, sem dúvida.

            Mestre e aprendiz viraram uma esquina e, alguns metros à frente, viram-se em uma imensa avenida que, ao longe, terminava na imponente construção do Senado Galáctico. Mas, por algum motivo, o fluxo de naves e pedestres estava interrompido. Seguranças fortemente armados patrulhavam os dois lados da avenida e, então Obi-Wan se lembrou o motivo para aquilo.

            Pouco menos de um ano antes, após a invasão a Naboo, começou-se a discussão de possibilidade de uma guerra. Dezenas de sistemas protestaram, dizendo que a República não os arrastaria para uma guerra que não era deles, e assim, ameaçaram se declararem neutros caso a guerra, de fato, viesse a acontecer. Felizmente, ainda não era o caso, mas o posicionamento de alguns sistemas tornava o futuro nebuloso. Uma guerra poderia ser começada a qualquer momento. Em um dia, um mês um ano, ou dez anos.

            Naquele dia em específico, os líderes desses planetas ditos neutros se reuniriam no Senado. Uma das maiores reuniões já feitas no Senado Galáctico (pelo menos, Obi-Wan não se lembrava da última vez que uma reunião contara com a presença de mais de noventa por cento dos senadores). Uma tentativa de intermediar uma comunicação entre os sistemas em conflitos. Evitar a guerra. E, justamente, por isso, Obi-Wan sabia quem passaria por ali.

            Imediatamente, seu coração disparou. Enquanto dizia para si mesmo que estava calmo, os olhos do Jedi olhavam para a avenida à sua frente, procurando por ela quase como se fosse uma presa. Por alguns instantes, ele havia, inclusive, esquecido de seu aprendiz enquanto avançava em meio às pessoas.

            — Mestre, espere! – gritou Anakin.

            O menino não demorou a alcançá-lo. Obi-Wan havia chego até os limites permitidos pelos seguranças e, uma a uma, pequenas naves passavam pela avenida, dirigindo-se até o Senado. De onde estava, o Jedi tinha o olhar atento aos ocupantes das naves. Será que ela já não teria passado por ali? Será que iria conseguir vê-la? Obi-Wan não sabia mais dizer se a reconheceria. Três anos haviam se passado. Ela podia estar igual ao que se lembrava, mas podia estar muito diferente.

            — Mestre...? – chamou Anakin, quando o alcançou.

            Mas Obi-Wan não respondeu.

            Seu olhar estava perdido em uma pequena nave que avançava, cercada por seguranças que vestiam armaduras mandalorianas. Nada nem ninguém precisava lhe dizer que Satine Kryze estava em seu interior.

            E, de fato, ela estava bem diferente do que ele se lembrava, mas, ainda assim, reconhecível.

            Seus lindos cabelos loiros haviam adquirido um novo penteado, curto, bem diferente das mexas onduladas que ele se lembrava. No topo da cabeça, uma tiara de metal que brilhava e reluzia tal qual as armaduras de seus seguranças. Ela usava um vestido vermelho, muito elegante, mas com cortes grosseiros e rústicos, que terminavam em ombreiras largas e rígidas. Mas, o que mais havia de diferente nela, não era seus cabelos ou suas roupas. Era a sua expressão. Nos olhos de Satine, Obi-Wan via a personificação do poder. Havia autoridade em cada um de seus traços. Um olhar firme, decidido. A postura de uma líder.

            Satine não era mais a garota de quem ele se lembrava. Era uma mulher.

            Um sorriso se formou no rosto de Obi-Wan e, por alguns rápidos segundos, ele fantasiou que os olhares dos dois se cruzariam. Nem que por um instante. Que os dois se reconheceriam. Desejava apenas aquilo. Um único olhar, era tudo o que queria. Nada mais. Em nome dos velhos tempos, em nome de tudo o que haviam vivido, em nome de tudo o que já tinham sido.

            Mas isso não aconteceu. Satine mantinha o queixo erguido, olhando para frente, sem desviar o rosto. Naquele momento, Obi-Wan era apenas mais uma dentre centenas de pessoas que se acumulavam nas laterais da avenida. Ninguém que se destacassem aos olhos da duquesa de Mandalore. Um simples expectador.

            — Mestre? – Anakin o chamou novamente, puxando-o pela manga das vestes enquanto o sorriso morria em seu rosto. – Não acha que devemos dar a volta?

            Decepcionado, Obi-Wan viu a nave de Satine se afastar cada vez mais em direção ao Senado.

            — Mestre? – Anakin o puxou novamente pelas vestes.

            — Anakin? Quê? – ele se virou para olhar para o Padawan, finalmente se lembrando do porquê estava ali. – Ah, sim. Claro. Dar a volta. Isso... Venha comigo.

            Voltando por onde havia vindo, Obi-Wan se afastou da avenida, sendo seguido de perto por Anakin.

 

            Por todas as maldições e criaturas dos confins da galáxia, quem poderia estar precisando da sua ajuda àquela hora da madrugada? Irritado como a muito tempo não se sentia, Obi-Wan cobriu o rosto com o travesseiro, mentalizando todos os xingamentos que conhecia. Mas a vibração daquele holocomunicador parecia correr em suas veias junto com seu sangue. Parecia fazer parte dele.

            Impaciente, ele se levantou e caminhou até a cômoda, determinado a estilhaçar o pequeno aparelho no chão para ter um minuto de paz (embora ele soubesse que não iria conseguir). Ele chegou a estender a mão, em direção ao holocomunicador, já sentindo os músculos de seu braço contraindo e já sentindo uma fração do prazer temporário que teria em quebrá-lo. Mas ele não o fez.

            “Respire”, ele dizia para si mesmo, tentando se acalmar.

            Afinal, para alguém estar lhe chamado no meio da madrugada, algo muito grave deveria ter acontecido.

            Por fim, já (um pouco) mais calmo, ele pegou o holocomunicador e apertou o botão na lateral, depositando-o sobre a cômoda. Imediatamente, um pequeno holograma se formou.

            E ela estava linda... Linda como sempre fora. Diferentemente da mulher poderosa e decidida que ele vira algumas horas antes, na avenida em Coruscant, Satine não usava maquiagem ou a tiara metálica. Usava apenas um robe azul marinho, cujas barras eram decoradas por inscrições metálicas que Obi-Wan reconheceu na hora como runas ancestrais mandalorianas (após um ano convivendo com ela, ele aprendera a ler algumas delas). Apesar do corte de cabelo (que, vendo de perto, ele chegou à conclusão de que gostava), as feições da mulher se assemelhavam muito às da garota que ele conhecera. E por quem se apaixonara.

            — Achei que não ia responder.

            Era quase inebriante poder ouvir aquela voz novamente. O simples timbre da voz de Satine fez o queixo do Jedi cair, suas pernas tremerem e seu coração acelerar.

            — Não vou mentir pra você – ele disse, por fim. – Eu cogitei seriamente.

            — Imagino que deve estar furioso por ter te acordado.

            — De forma alguma – Obi-Wan respondeu. – Na verdade, eu não estava conseguindo dormir.

            — Eu também não.

            Houve silêncio. Por alguns instantes, Obi-Wan se perguntou se ela também estivera lutando contra o noite enquanto pensava nele. Ele quase chegou a se convencer que sim, acreditando que a Força guiava seus pensamentos. Mas era improvável. Ela, diferentemente dele, não o vira na multidão.

            — Essa cicatriz no seu ombro é nova – Satine quebrou o silêncio.

            Quase que como despertado de um sonho, Obi-Wan lembrou-se, por meio das palavras dela, que vestia apenas a regata e os shorts velhos que costumava usar para dormir. Imediatamente, seu rosto corou e ele se adiantou até a cômoda novamente, pegando a sua túnica, desdobrando-a e a vestindo.

            — Mil desculpas por isso – ele disse. – Eu devia...

            Satine riu.

            — Ben, por favor – ela o interrompeu. – Não tem nada ai que eu já não tenha visto.

            Ele corou ainda mais, mas estava feliz que ela não conseguisse ver isso pelo holograma.

            — Sabe por que eu não estava conseguindo dormir? – ela perguntou.

            — Não – ele engoliu em seco.

            — Estava pensando em você – ela continuou. – Não sei se sabe, mas cheguei hoje... ontem... em Coruscant.

            — Eu ouvi alguma coisa sobre isso – ele disse, tentando se fazer de difícil, mas completamente ciente que não fora convincente.

            Os dois sabiam muito bem que ele não tinha apenas ouvido falar.

            — E imaginei que você pudesse estar por aqui – ela continuou. – Você está? Ou está em algum lugar distante da galáxia, salvando a vida de alguém?

            — Estou em Coruscant – ele respondeu. – Eu vi você hoje, inclusive. Quando estava indo para o Senado. Você estava muito bonita. Muito elegante. Como você sempre foi, na verdade.

            — Obrigada – ela sorriu para ele.

            Por alguns instantes, os dois apenas se olharam. Ver Satine ali, na sua frente, era quase como um sonho. Ele estava hipnotizado. Como se estivesse fora de si, como se estivesse sob efeito de alguma droga ou alucinógeno. Sua atenção era voltada exclusivamente para ela. O que a deixou ligeiramente desconfortável: após alguns segundos, Satine desviou o olhar.

            — Eu fiquei sabendo sobre mestre Qui-Gon – ela disse, por fim. – Eu lamento muito. Fiquei muito triste quando fui informada.

            — Ele morreu lutando – respondeu Obi-Wan, engolindo em seco. – Foi triste, mais foi uma morte honrada para ele.

            — Mas fiquei sabendo que você assumiu o novo Padawan dele também – continuou Satine. – Como ele se chama?

            — Anakin – ele respondeu imediatamente. – Era um escravo em Tatooine. Mestre Qui-Gon havia conseguido libertá-lo poucos dias antes de morrer.

            — Sabe que eu nunca consegui imaginar você treinando alguém?

            Obi-Wan olhou curioso para ela.

            — É mesmo?

            — Você era tão intenso, tão passional... – explicou Satine. – E, pelo que sei, os mestres Jedi ensinar justamente o posto aos seus aprendizes.

            — Talvez eu tenha mudado um pouco nos últimos anos – ele rebateu.

            Aquela frase atingiu Obi-Wan e Satine no meio do peito com a força de uma pancada. Sim, ele havia mudado. Satine havia mudado. Era não era mais um Padawan, era um Jedi nato, um mestre para um aprendiz. Ela não era mais uma menina mimada da nobreza mandaloriana, demandando segurança, mas uma líder poderosa e temível de um planeta. Não eram mais as pessoas que tinham se conhecido no passado.

            Naquele momento, eram completos estranhos um para o outro.

            — Você estava certa, Satine – disse Obi-Wan, por fim, quebrando o silêncio.

            — Sobre o quê? – ela perguntou.

            — Sobre mim – ele respondeu. – Sobre eu precisar aceitar que jamais íamos dar certo.

            — E por que diz isso?

            Por um instante, Obi-Wan hesitou. O que estava prestes a dizer era uma verdade que já aceitara há muito tempo, mas nunca havia dito aquilo em voz alta.

            — Porque, desde que eu deixei Mandalore, não houve um único dia em que eu não pensei em você – ele respondeu. – Eu sofri muito com isso. Ainda sofro.

            — Eu aceitei, mas eu também penso em você todos os dias – ela disse em seguida, quase aos sussurros. – Tínhamos opiniões diferentes, mas que nos levaram pro mesmo lugar, não é? Parece que eu não estava tão certa assim, afinal.

            Novamente, silêncio.

            Os dois permaneceram calados por um instante, no qual Obi-Wan pensou se havia algum meio de descobrir o que a vida poderia ter sido se tivessem tomados decisões diferentes. Se estaria mais feliz ou não se tivesse abandonado a Ordem Jedi e Satine tivesse abdicado do governo de Mandalore e os dois tivesse fugido juntos, como havia planejado em seus mais juvenis e inconsequentes delírios, tantos anos no passado.

            — Estou voltando para Mandalore amanhã – disse Satine, um traço de melancolia presente em suas feições. – Eu ia te convidar para tomar um café comigo antes de partir, mas acho que vai ser melhor assim.

            — Sim – concordou Obi-Wan, embora algo no fundo de seu coração gritasse em desespero para que ela o convidasse, apenas para que ele pudesse aceitar.

            — Foi muito bom poder conversar com você – disse a duquesa. – Eu estava com saudades.

            — Espero que tenha uma boa viagem de volta a Mandalore – ele respondeu.

            — Espero que não – Satine rebateu. – Talvez assim eu precise de proteção pra voltar para casa.

            Um sorriso se formou no rosto da mulher e, em resposta, quase que involuntariamente, Obi-Wan também sorriu.

            Imediatamente, Satine se adiantou para o próprio holocomunicador, ia interromper a transmissão.

            — Satine, espere!

            Assustada, ela recuou, olhando para ele com curiosidade.

            — Sim?

            Obi-Wan olhou nos olhos dela por alguns segundos, não acreditando no que estava prestes a dizer.

            — Na verdade, eu não acho que um café seria má idéia.

 

            O céu daquela lua talvez fosse o mais limpo de toda a galáxia. À noite, era possível ver com clareza uma infinidade espetacular de estrelas. Inúmeras constelações que se perdiam em uma imensidão escura e interminável. Mas, apesar de toda aquela beleza que a natureza proporcionava, Obi-Wan só tinha olhos para a jovem deitada na grama ao lado. Uma das mãos do Padawan envolvia Satine em um abraço, enquanto a outra a segurava pela nuca, os dedos se perdendo em meio aos seus cabelos loiros, enquanto os dois se beijavam.

            Quando a moça o laçou pela cintura com a perna, Obi-Wan rolou na grama, colocando-se em cima dela. “Não pare de me beijar”, disse Satine, puxando-o suavemente pela trança para perto de si. Para o rapaz, aquilo era uma ordem que ele se recusava a desobedecer. Era uma noite muito quente, mas apenas uma fração mínima de todo o calor vinha do lago termal que se encontrava próximo ao local em que estavam. Na verdade, quase nada do calor vinha do lago...

            Em um único movimento, a mão direita de Obi-Wan deslizou pela perna de Satine até a sua cintura no exato momento em que ele beijou o pescoço da moça, fazendo-a suspirar.

            — Eu vou sentir tanta falta de você... – ela disse.

            Nesse momento, Obi-Wan parou. Ele revirou os olhos nas órbitas e rolou para o lado, sentando na grama. Para ele, Satine havia acabado com clima dos beijos.

            — O que foi? – ela perguntou.

            — Sério? – ele rebateu, irritado. – Sério mesmo?

            — Mas o quê? – Satine estava começando a se irritar.

            — Eu já disse que não quero falar sobre isso – Obi-Wan respondeu.

            Dessa vez foi Satine quem revirou os olhos.

            — Está bem, me desculpe – ela disse, se sentando na grama ao lado dele. – Mas eu não quero que você sofra, Ben. Quanto mais cedo você aceitar que vamos nos separar e que tudo isso vai acabar, mais fácil vai ser para você depois que acontecer. Você pode se contar a história que quiser, mas isso – ela apontou de si para ele – é uma coisa que não vamos ter por mais muito tempo, se os planos do mestre Qui-Gon derem certo.

            — Eu não vou sofrer – Obi-Wan rebateu. – Meu treinamento me ensinou muito bem a controlar meus sentimentos. Não vou sofrer. Eu não preciso aceitar nada, por enquanto.

            — Estou vendo – Satine retrucou, ironicamente. – Eu aceitei e, acredite em mim, vai ser bem mais fácil pra mim do que pra você. Só espero que você não me considere uma vilã cruel e manipuladora quando estiver no seu quarto no templo Jedi, chorando pela minha falta.

            Obi-Wan, que, até então, evitava contato visual, olhou enraivecido para ela.

            — Aceitou, é? – ele perguntou. – O que eu sou pra você, Satine? Por favor, fale a verdade. Porque, se você já aceitou tão bem assim que nós vamos terminar, então, o que estamos fazendo juntos ainda? Por acaso eu sou uma espécie de divertimento pra você e só isso?

            Ela olhou para ele, ofendida e furiosa, mas consciente que ele tinha uma certa parcela de razão (mesmo que pequena) em se sentir daquela forma.

            — Você é uma pessoa que eu gosto muito – Satine respondeu. – É uma pessoa que eu admiro. Eu gosto da sua companhia, eu gosto de você. Você me faz me sentir bem e, enquanto for possível, eu quero aproveitar cada segundo do seu lado.

            Diante daquilo, Obi-Wan não sabia o que dizer. Queria dizer algo parecido para ela, quebrar a situação tensa que ele mesmo havia criado.

            — Eu disse que aceitar que vamos ter que terminar vai tornar a situação mais fácil – ela se explicou, agora bem mais calma. – Mas nunca disse que seria fácil. E também não disse que aceitei bem. Eu vou sofrer sim quando você partir. E eu sei que você vai sofrer também. E eu acho que, se você trabalhar isso em você do mesmo jeito que eu estou trabalhando isso em mim, esse sofrimento pode ser um pouco menos insuportável.

            — Bem, eu discordo – ele respondeu. – Mas, eu um ponto nós concordamos.

            Satine permaneceu em silêncio, esperando que ele se explicasse.

            — Eu também quero aproveitar cada segundo com você enquanto eu puder – disse Obi-Wan.

            A moça sorriu e se inclinou para beijá-lo.

            Imediatamente, Satine se levantou e, sem lhe dizer nada, caminhou em direção ao lago termal.

            Parada à margem, ela afastou as vestes, deixando seus ombros à mostra. Satine girou ligeiramente o pescoço, e fitando Obi-Wan pelo canto de olho, disse:

            — Se você quer passar cada segundo possível comigo, então prove.

            Ela afastou ainda mais suas vestes. O tecido escorregou pela sua pele e caiu sobre a grama. Completamente, sem roupa, ela lançou ao Padawan um sorriso leve e malicioso e adentrou o lago.

            Sem pensar duas vezes, Obi-Wan a seguiu.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Comentem!

E podem mandar prompts! Qualquer coisa! Mas confesso que estou com saudade de escrever sobre a Ahsoka, mas COMPLETAMENTE sem idéias hahahaha Se tiverem alguma idéia que queiram ver se materializando na forma de um conto, estou sempre à disposição ♥

Vou dar um micro spoiler o próximo conto: vamos ter Darth Vader e vamos ter o retorno de um personagem da trilogia prequel que ainda não apareceu em nenhum conto. Provavelmente vai ser um conto curto, mas é uma coisa que eu REALMENTE acredito que deve ter acontecido (até porque, até onde eu sei, não temos informações canônicas sobre esse personagem pós-episódio III, então... dá-lhe fanfic hahaha)

Beijinhos e até a próxima ♥



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