O despertador de Ochako tocou às 19:30 da noite, seu corpo pedia para continuar deitada mais um pouco, mas ela sabia que o pessoal estava a esperando. A castanha se levantou e direcionou ao chuveiro, sabia que precisava ter cuidado com a tala em seu braço, mas ainda assim permitiu que a água quente caísse sobre seu corpo. 

O choque d'água entrando em contato com seu corpo fez com que seus músculos começassem a relaxar, ainda estava dolorida e as queimaduras ardiam um pouco, por mais que fossem pequenas escoriações. A morena ficou tempo o suficiente ali para que diminuísse sua dor, sem pressa e preocupação, merecia aquilo.

Não muito distante dali, no dormitório masculino Bakugou encarava o teto de seu quarto, por mais que tivesse ganhado o festival não se encontrava feliz, não tinha planejado ganhar daquele jeito, sentia que não tinha provado a todos que ele é o melhor e o futuro número um. 

Porém havia algo que estava o preocupando, na verdade, estava lhe perturbando. Bakugou sentia-se preocupado com Ochako, Denki e os meninos disseram que ele havia falado pego pesado com Ochako, por mais que não sentisse isso, despertou algo nele.

Não sabia explicar de onde surgiu aquela preocupação e o porquê de estar tão atormentado assim, sabia que ela estava bem, foi ele mesmo que a levou até a enfermaria. Katsuki se mexeu algumas vezes na cama, mas não conseguia parar de pensar nisso, foi então que resolveu dar uma volta para esfriar a cabeça e depois encontraria com sua turma, apesar de não querer confraternizar muito, ele iria estar presente. 

Bakugou apenas vagou pelo dormitório, não estava raciocinando direito e nem percebeu para onde estava indo. Tinha acontecido muitas coisas naquele dia e ele só queria paz.

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Uraraka lutava para conseguir colocar sua blusa, com o braço imobilizado estava bem difícil, era a única peça que faltava, foi um sacrifício para conseguir colocar o sutiã.

Já havia tentado de vários jeitos colocar a última peça que faltava, mas não conseguia, sua última esperança estava quando alguém bateu em sua porta.

— Finalmente uma de vocês veio me ajudar, eu não consigo colocar minha blusa e já estava desistindo de ir  — ela disse abrindo a porta sem ver quem realmente estava a sua frente — BAKUGO! — ela ficou vermelha como pimentão, estava sem blusa na frente do vitorioso.

— Hã cara de lua, desculpa incomo…  — ele coroou e seu olhar foi em direção aos seus seios — Des... DESCULPA — virou-se de costas, coçou a cabeça e respirou fundo – Mas que porra Ochako, porque ‘tá sem blusa? 

— Deve ser porque esse é o meu quarto, Bakugou. 

Ele tinha esquecido de mínimo detalhe – Eu vim ver como você está, a maioria do pessoal já está lá embaixo –  ele disse ainda de costas – Você não vai colocar sua blusa?

— Eu preciso de ajuda – ela disse envergonhada – Não estou conseguindo colocar por conta da imobilização – apontou para o braço. 

O loiro franziu a testa e virou um pouco a cabeça para o lado, na tentativa de ver o mínimo possível. O susto tinha sido tão grande que ele não tinha visto o braço machucado, o peso de culpa o acertou em cheio. 

— Me desculpe – ele sussurrou. 

— O que você disse? 

— Desculpa toda a confusão, eu vou chamar alguém para te ajudar – disse se retirando.

— Ugh, Bakugou – ela o chamou tímida.

— Sim? – ele perguntou parando no meio do corredor. 

— Bem, é que você – ela respirou fundo – Você pode me ajudar a colocar a blusa? Por favor. 

"Queria ser um avestruz para enfiar a cabeça em um buraco" — a morena pensou.

— PORRA URARAKA, VOCÊ NÃO CONSEGUE COLOCAR UMA BLUSA? — ele não acreditava no que tinha ouvido — Você é uma inútil mesmo!

"Eu deveria estar tirando sua roupa e não colocando ... Que pensamento foi esse,Katsuki?! Se controle, Bakugou ... 5,4,3,2,1 — suspirou — Se controle antes que cometa uma loucura"

— Desculpa se eu me machuquei enquanto te enfrentava — ela respondeu grossa — Pode deixar que eu vou lá embaixo pedir ajuda — disse séria.

— VOCÊ PERDEU O JUÍZO, IDIOTIA?! — ele se alterou — NÃO VOU DEIXAR VOCÊ IR ASSIM LÁ EMBAIXO, O TANTO DE IDIOTAS QUE TEM LÁ — ele apontava para baixo — VÃO FICAR TE SECANDO — estava nervoso — AINDA MAIS AQUELE IMBECIL DO MINETA — seu corpo começou a esquentar.

"Que merda eu acabei de dizer? INFERNOO" — o loiro tentava controlar seus pensamentos.

— Katsuki — ela o chamou — Está tudo bem com você? — ela colocou a mão em seu rosto — Não está febril — o encarava, ficou assustada com o que ele disse, aquele não era o modo Bakugou que ela estava acostumada — Só me ajude a colocar essa coisa logo, antes que apareça alguém e te veja aqui.

— Por acaso é ruim que alguém me veja aqui? — se sentiu incomodado com a resposta da menina, não sabia explicar o que era aquele sentimento, nunca tinha sentido algo parecido — Ah claro, seu namoradinho pode ficar chateado — disse ironicamente, tirando sarro da menina.

— Eu que deveria te perguntar isso, Bakugou — disse em um tom sério — Além do mais, eu não tenho namorado, se não percebeu ninguém me acha atraente e bonita o suficiente — seus olhos demonstraram um tom de tristeza — Mas você pode me ajudar a colocar ou não?! Eu já estou ficando impaciente e com fome.

Katsuki a fitou por alguns instantes, como era possível aquele pingo de gente o desafiar assim? Ela não se importava com sua grosseria e aparentemente sabia lidar com ele — Tsc — ele resmungou — Vamos logo, não podem me ver aqui.

— Vai estragar seu fama de Bad Boy — riu — Entra aí — ela o puxou para dentro do quarto, ele ficou surpreso ao ver a simplicidade daquele local, não era exagerado como os outros e só tinha o necessário, a decoração era fotos e algumas luzes de led e claro não poderia faltar coisas rosas, como um puff, o jogo de cama e as cortinas.

"Tsc, isso é a cara dela"

Ochako pegou a blusa que iria pôr e levou até o garoto, ela sentia seu rosto queimar de vergonha, mas era a melhor opção, além do mais, ela não fazia o tipo do Bakugou, ele com certeza ficava com meninas mais bonitas.

— Bom, vamos lá — ele analisou — Se você colocar a cabeça primeiro, o seu braço não passa, certo? — ela assentiu com a cabeça — E se passarmos seu braço machucado primeiro?

— Podemos tentar — ela sorriu — Pronto?

— Que seja — deu de ombros.

Calmamente passou o braço machucado primeiro, em seguida passou o segundo braço e por fim a cabeça, realmente ela precisava de ajuda. Ele tentou não olhar para os seus seios, mas parecia ser impossível, parecia que tinha um ímã neles.

— Pronto, bochechuda — estava em frente a ela — Te aconselho pedir ajudar da próxima vez ou comece a usar blusa com botões na frente, vai facilitar muito — piscou para ela — Podemos ir agora? — estava começando a ficar impaciente, na verdade, estava com medo do que poderia acontecer só os dois ali.

— Vamos — sorriu.