A Origem da Energia - Ascender da Lenda escrita por OrigamiBR


Capítulo 8
Liberdade e ousadia


Notas iniciais do capítulo

Esse foi um capítulo bem reflexivo, e espero que continue interessante pra vocês.



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A sensação era de estar flutuando nas águas da praia, mas não estava molhado ou imerso. Estava sentado no ar, como se estivesse numa cadeira instável, ou era o que parecia, pois viu Niéle na mesma posição e Kai na inversa, como se estivesse caindo de paraquedas. Elas flutuavam próximas a ele, mas não era isso o mais bizarro. Viu o sol mais forte que nunca (talvez tão forte quanto em Leautar, quando havia amanhecido após a luta contra Geardyne) e estavam muito próximos às nuvens, voando em direção ao Santuário. O mais bizarro de tudo era que não pareciam que iriam cair, mesmo com a poeira interminável abaixo deles.

O templo foi ficando maior e mais próximo gradualmente, suas formas ficando mais definidas com a aproximação, e assegurando que eram de fato muito parecidas com a construção inca. Diante das escadas de acesso, estava uma figura peculiar, que haviam visto lá na Lua Marinha: Ar estava diante deles com um sorriso no rosto. Seus cabelos totalmente brancos eram curtos, mas extremamente lisos e em constante movimento. Seus olhos eram verdes e transbordavam liberdade, como se fosse feliz o tempo todo. Ele acenava para eles alegremente, mas contido. Diferente de Água, ele não usava vestes longas como uma túnica ou um robe, preferindo algo mais casual como uma camisa de mangas curtas, feita de algodão tingido, e uma calça também de algodão, mas muito folgada. Fez um gesto com o braço magro em direção a eles, os trazendo mais rapidamente para perto com uma lufada de vento que os propeliu.

— Bem-vindos ao Santuário de Pólo – disse ele com os braços abertos quando os garotos pousaram na base da escada. Subiram alguns degraus, e ele os acompanhou para dentro, continuando a falar – Peço desculpas pelo teste para chegar aqui, mas o Ar é um elemento egoísta: não deve tentar contê-lo ou ele não lhe obedecerá.

— Estranho se referir ao elemento como uma coisa viva... – disse o lutador, intrigado. Coçava atrás da cabeça. – Achei que era apenas um aspecto da Energia.

— Ah Equilíbrio, sua compreensão ainda tem que melhorar – advertiu Ar, mas em tom de brincadeira, e com simplicidade – Mas foi uma boa ideia que teve para chegar aqui. Você é mais próximo do elemento do que eu achei.

O Santuário parecia um castelo, pelos corredores longos e repletos de pedra. As portas eram com panos pesados, que não se mexiam com a brisa que corria os caminhos, e outras delas eram feitas de pedra leve, mas resistente. O templo também não balançava, mesmo com a ventania constante da altura, parecendo que estava ancorado no solo. Também não deixaram de notar que estavam sozinhos naquele corredor.

— Err, senhor Ar? – começou Kai, hesitante – Onde estão os outros alunos e instrutores?

— É verdade, não vimos mais ninguém... – comentou Vergil, olhando para os lados.

— É porque eles estão voando, olhem só – respondeu com um sorriso sincero, apontando para o horizonte assim que saíram do corredor, com uma pontada de orgulho na voz.

Dezenas de pessoas estavam no ar, e não pareciam que tinham pulado. Estavam planando ocasionalmente e de repente davam uma guinada para cima, se impulsionando vários metros. Ar botou as mãos na cintura, visivelmente feliz.

— Mas vocês não vieram até aqui para observar meus alunos. Vocês vieram para aprender os caminhos de Pólo, certo?

— S-Sim – confirmou o lutador subitamente.

— Querem descansar da viagem, ou conseguem acompanhar o treino?

— Eu consigo! – avisou Vergil, determinado. Havia gasto bastante Energia no trajeto até lá, mas toda essa visão, essas sensações novas e as possibilidades pareceram ter um efeito positivo nele, e se sentia bem carregado.

— Então esperamos você mais tarde, Vergil – disse a maga, levando a ninja para dentro em busca de uma sala, mas antes dando um beijo na bochecha dele. Atônito, o rapaz ficou alheio aos chamados do instrutor até sentir uma rajada de vento súbita que quase o derrubou.

— Vamos, Equilíbrio? – disse Ar, chamando o lutador. Enquanto caminhavam, ele emendou – A senhorita Dorman é um bom partido, hein? – comentou baixinho, mas com um olhar brincalhão.

— O QUE?!

Ele não disse nada, só deu uma gostosa gargalhada. Eles foram para uma área mais próxima dos limites do Santuário, na borda de um precipício, com pedras peculiares compondo a margem do terreno. Os dois se sentaram num dos círculos demarcados no chão, onde a grama não crescia e a areia não se dispersava. Uma leve brisa passava pelos arredores, contrastando com os fortes ventos que se tinham no resto do templo.

“Iremos iniciar a Harmonização Espiritual para chegar ao estado do Ar. Você sabe como o Ar se comporta? O que ele quer? Como ele vive? Essas são as perguntas que você deve se fazer para entendê-lo.”

A lista, certamente, não se tratava somente dessas: era bem mais longa, o que fez o lutador ir parando de prestar atenção nos arredores gradualmente, como se o som fosse sumindo. Com os olhos fechados, focou seus pensamentos no elemento invisível, mas que era tão essencial que muitas vezes era simplesmente esquecido. Um elemento que sozinho moldava as estruturas naturais da Terra, seja de maneira lenta, com as correntes constantes desenhando rochedos, montanhas, cânions e florestas, como a mão de um artista caprichoso, ou de maneira rápida e impiedosa, com furacões e tempestades expressando a ira e volatilidade da natureza sobre o continente. Ao mesmo tempo, dava uma sensação de liberdade, de despreocupação, de desprendimento, sem compromissos e obrigações. Mas também uma necessidade de se espalhar, ir para todo lado, sem contenção e restrição. Um elemento amigável, carinhoso, mas também volúvel e egoísta. Uma verdadeira dualidade, poderosa e frágil, forte e fraca, gentil e violenta.

Enquanto pensava, teve aquele mesmo vislumbre da sala de esferas, que sempre via em seus sonhos. Um raio branco partiu de uma das esferas laterais, transformando a central numa junção de poeira revolta. Mesmo com a esfera que representava a Água conectada, a central mudou para o Ar. Assim que a imagem de uma pessoa correndo passou com um flash de luz, ele voltou a si. Mas estava esquisito: estava com a sensação que praticamente não tinha peso, que poderia ser levado embora pela leve brisa que os envolvia. Ficou com medo e se agarrou no chão, ficando os dedos no solo fofo e se esforçando para se manter. Não conseguiu acessar a Água para congelar a superfície e se segurar melhor, o que não entendeu e só serviu para aumentar o desespero. De repente, suas pernas começaram a flutuar, subindo para o infinito azul em meio aos raios de sol desvanecidos pela hora.

— Ar! Me ajude, por favor! Tô sem peso! – gritou o garoto, sem saber o que fazer, com pavor da queda. O instrutor deu um sorriso enigmático, e puxou as mãos dele, mas as segurou.

— Libere sua Energia! – exclamou o homem, e soltou Vergil,

Começou a subir lentamente, mas girou sem controle. Sem ideia do que fazer, uma pequena parte de sua mente tomou o controle e fez o que o instrutor mandou. Apontou os braços numa direção e os jogou.

A sensação de falta de peso sumiu, uma rajada de vento bagunçou a grama e os cabelos dos presentes e freou a queda do lutador num único movimento. Pousou suavemente, olhando para as mãos incrédulo, e flexionou os dedos.

— Você, Equilíbrio, está se sentindo melhor? – perguntou Ar, mas já sabia a resposta.

— Isso foi muito perigoso... Mas ao mesmo tempo muito legal! – pulou, e sentiu-se mais forte que antes. Talvez o mais próximo de sua força quando enfrentou Geardyne. Estava mais leve, mais rápido, mais energizado, e a tendência, à medida que fosse passando pelos Santuários e o caminho do Equilíbrio, era só de aumentar. Apesar da felicidade que sentia, ainda não era o suficiente: o Guardião era muito mais poderoso que isso. Se ele quisesse, poderia o aniquilar ali mesmo. Não se esqueceu daquela sensação esmagadora, e em comparação com seu estado atual, teria que se apressar e terminar o treinamento o mais rápido possível para chegar no nível dele.

— O Ar retira inibições comuns às pessoas. Não quer dizer que somos imprudentes como os Sensitivos de Fogo, mas tomamos mais riscos.

— Sim, sim! Parece que tirei um grande peso das costas... Como se pudesse ser mais... Corajoso.

— Haha! Muito bom! Agora, pratique um pouco a sensação do elemento. Você deve ser capaz de conseguir manipular os que você sabe dessa vez.

Nesse momento, as amigas de Vergil vieram correndo, pois a Harmonização havia liberado uma quantidade de Energia muito grande, comparável a um fenômeno natural, e com toda essa “pressão” no ambiente, foram ver do que se tratava.

— O-o que foi isso?! – exclamou Niéle. Estava vestida com a mesma camisola cinza e usando seu cajado, numa mistura de “preparada para o combate” e “pronta para dormir”. Kai vinha logo do seu lado, armada com uma das suas facas e a mão pronta num movimento, apesar de trajada com um longo vestido esverdeado e cabelos soltos.

— Ah... – disse Vergil, no susto – Foi a Harmonização Espiritual – respondeu, envergonhado.

A maga não respondeu, mas seu olhar mudou de surpresa para orgulho. A ninja observava com expectativa, esperando o lutador fazer algo com a nova Energia, os olhos a brilhar. E num movimento súbito, Niéle lhe abraçou. A felicidade transbordava dela, e Vergil mesmo surpreso com a atitude, retribuiu o abraço alisando as costas dela.

— Ótimo! Estou feliz por você – e deu uma bocejada – Agora me dá licença que vou dormir...

Retornou para dentro do castelo cambaleando. Kai deu um sorriso, que deixou seu rosto muito bonito, cumprimentou o lutador e o instrutor, e voltou junto da maga, a amparando.

— Isso foi no mínimo curioso – disse Ar, levantando uma sobrancelha – Você tem boas companheiras, Equilíbrio.

— Obrigado, mas acho que vou me juntar a elas – disse ele, e rapidamente emendou – Na atividade de dormir! Não na mesma... Cama. – completou envergonhado.

Ar deu uma risada e indicou o lutador ao quarto que ele deveria usar. Cansado, mas feliz pelo progresso, adormeceu quase imediatamente.

Sonhou com a sala das esferas novamente. Só que estava um pouco diferente: ao invés da central estar mudando constantemente de estado, ela estava lá, simplesmente parada, sem alterações. As ligações com as duas laterais permaneciam, ainda mostrando sua conexão com o Ar e a Água. De repente, sentiu o chão tremer, como se alguma coisa muito pesada tivesse acabado de pisar. Das sombras formadas pela iluminação fraca da sala emergiu um dragão azul. Diferente daquele que os enfrentou, esse era mais parecido com a forma tradicional que conhecia: tinha um corpo comprido, como um lagarto, uma cauda gigantesca e grandes asas nas laterais do corpo. Seu rosto era reptiliano, com uma névoa branca e gélida saindo das narinas. A bocarra, repleta de dentes que permaneciam fora mesmo fechada, expelia um pouco da névoa.

A enorme figura continuou dando seus passos pesadíssimos até chegar bem perto do garoto, que observava tudo paralisado. “Como é que é possível que um dragão estivesse nesse lugar?”. Foi aí que, antes de tentar se acordar, a voz do dragão soou pelo ambiente.

— Equilíbrio... – era uma voz poderosa, mas ao mesmo tempo não era assustadora. Mais como um velho sábio que havia feito muito na vida para promover a paz, ao invés de um réptil superdesenvolvido capaz de matar só com a presença. Ainda assim era um dragão, então não deveria ofendê-lo.

— Q-Quem é você? – perguntou hesitante, mas curioso. Tomou cuidado de não usar “O que?”.

— Sou apenas a imagem de Carã, o deus-dragão da Água... Você finalmente conseguiu nos ver.

— E agora consegue acessar nossos aspectos – disse uma outra figura, que saiu detrás da fera. Era um homem de estatura baixa, mas atlético. Usava uma conjunção de penas e couro para cobrir o corpo, como um índio das tribos brasileiras. Seus adereços se moviam constantemente, como se ele estivesse dentro de uma ventania constante. Um detalhe era que seus membros pareciam vibrar de movimento permanente, parecendo que ele não ficava quieto – Ah, e me chamo Pólo, o deus mensageiro do Ar.

— Então... – Vergil juntou as peças – Foi isso que Ar quis dizer que os aspectos são vivos... É o poder dos próprios deuses...

— Sim... E não – acrescentou Carã – Os aspectos foram feitos por nós, e certamente vivemos neles, mas eles são unicamente seus. Não temos nenhuma influência exceto a que você vê agora.

O dragão se aconchegou como um gato, se encolhendo e juntando os membros e cauda, numa posição mais confortável, o que provocou alguns terremotos. O índio subira num dos ombros dele, e balançava os pés em tom brincalhão.

— Estamos junto com você, e esperamos que consiga retornar o mundo ao seu estado natural – disse Pólo, enquanto olhava ao redor - Tau ficou muito forte, e nem mesmo a força combinada de todos nós é capaz de equilibrar a balança.

— Mas se nem vocês que são deuses conseguem, o que eu posso fazer? Sou apenas um garoto...

— Ah, aqueles velhotes da Ordem não te explicaram? Você é a balança! Você que junto com a humanidade é capaz de equilibrar as forças cósmicas de Ryokun.

— Mas como? Não imagino que eu vá brigar diretamente com Tau...

As risadas combinadas do índio e do dragão ecoaram pela sala das esferas, o que fez uma vibração bem audível.

— Certamente, você é o Equilíbrio mais interessante que já passou por nós... Se bem que não foram muitos – disse Pólo.

— Deve ter algum agente que está afetando diretamente o conflito de forças. Procure os sinais – disse Carã – Mesmo com nossa situação divina, nós não sabemos de tudo. Sabemos as coisas apenas daquilo que criamos, mas não conseguimos influenciar.

— Podemos lhe dar alguma orientação sobre o que você pode fazer, mas a decisão é ultimamente sua. – disse Pólo, explicativo.

— Entendi. Então, assim que terminar minha Harmonização Corporal, eu devo continuar para Leautar... – comentou Vergil, pensativo.

— Aconselho ir em direção ao Santuário de Tau, Equilíbrio – advertiu Carã – Você deve ter uma noção do que os deuses maiores estão passando.

O lutador pensou em perguntar o porquê, já que a Grande Sombra havia recomendado que fosse aos Santuários maiores depois de conhecer e se conectar com os outros elementos, e era de Tau que estavam falando, mas a sala foi ficando obscura. As imagens do dragão e do índio foram sumindo como em névoa e eles se dissiparam, voltando ao negro silêncio de sua mente. De repente, sua visão se iluminou, e ele se viu acordando. Entretanto, a clareza fora temporária: era de noite no Santuário de Pólo. Estava num quarto com outros aprendizes, que respiravam calmamente pela noite. Levantou sem sono e caminhou até os pátios externos. A lua estava minguante e tudo pouco iluminado, mas com a proximidade dos céus as estrelas conseguiam compensar um pouco. O tapete celestial estava pontilhado de luzes, com nuvens cósmicas refletindo de milhares de anos-luz o esplendor de inúmeros sóis. Ficou curioso se o mesmo céu que via em Ryokun era o mesmo que via no Universo, já que eram dimensões paralelas. Ainda era um pensamento estranho imaginar que estava num mundo separado ao seu, mas que estavam ligados de alguma forma.

Sentou-se no local próximo onde havia acordado para sua aptidão ao Ar. Deitou na grama suave e curta, e continuou com sua contemplação. Aquele sonho estranho com os deuses certamente havia aberto mais questões do que respondido, mas tirou algumas dúvidas da jornada. Amanhã iria continuar o treinamento para usar o elemento e partir logo para o Santuário mais próximo. Não sabia que respostas iria encontrar, ainda mais indo em direção ao local do deus inimigo. O mais estranho de tudo é que Vergil sentia que ele não era o inimigo, e sim uma vítima do que estava acontecendo.

A forma de obter respostas seria indo para lá, então o garoto se levantou e voltou para seu quarto. Ao deitar, adormeceu quase imediatamente, sem nenhum pensamento na cabeça.

—-

Acordou cedo e bem descansado apesar da incursão noturna. Os raios solares perfuravam suas pálpebras, e o calor da manhã o mobilizou a se levantar. Tomou o café da manhã na sala conjunta, trocando conversas com os outros discípulos. Apesar da aura de amizade, haviam alguns que estavam preocupados demais na própria comida. Caminhou para fora do templo, e encontrou Ar dando instruções e flutuando alguns centímetros. Virou-se ao sentir a Energia dele, e acenou. Vergil deu dois passos e sentiu um cutucado no ombro. Virou-se e não viu ninguém, mas então sentiu um peso do outro lado: Niéle lhe deu um abraço forte (que mais parecia uma investida), e o derrubou junto. Sem esperar aquilo, ele deu uma risada bem alta e se levantou, ajudando a garota no processo. Kai aparecera logo depois, surgindo do lado como se materializasse lá. Com os três a postos, Ar perguntou, com certa malícia.

— Estão prontos?

— Sim! – responderam os três em uníssono.

A Harmonização Corporal do Ar era bem dinâmica, repleta de movimentos circulares, mas diferentes da Água. Esses eram mais como evasões propriamente ditas, ao invés de contra-ataques, evitando por completo qualquer ataque vindo de qualquer direção, apenas com trabalho de pés. Dito isso, a arte marcial era mais parecida com o Kung-Fu, pois se atacava com qualquer parte dos membros disponível depois das passadas circulares. Ela foi mais fácil de entender que a da Água, mas as esquivas se provaram algo desafiador para entender. Mesmo com sua agilidade, não se dependia disso e mais de técnica. Os movimentos também eram muito precisos, com necessidade de se atingir alvos muito pequenos com rigor, utilizando pontas de dedo e juntas.

Foram precisos 3 dias de intenso condicionamento, o que incluiu também lições de voo. Vergil tinha muito receio de altura, mas assim que Ar ensinou como envolver o corpo com o elemento e manter o controle de pressões ao redor, ele foi capaz de voar. Essa parte havia sido muito mais fácil do que pensou, já que não estava pensando da mesma forma que os outros discípulos, e graças à sua Energia e seu conhecimento de Física, ele foi capaz de manter o estado virtualmente sem se esgotar e podia também controlar os outros. Niéle foi a que mais sofreu com o aprendizado, pois não conseguia entender como eles funcionavam. Já Kai teve bastante facilidade, o que reforçava a teoria do lutador que o elemento dela era uma ramificação do Ar.

Mesmo com a pressa, Ar insistiu que eles ficassem mais um dia para poder refinar o controle do Ar. As palavras foram bem intuitivas, e como eram parecidas com o português, não teve problemas. O garoto também mencionou seu sonho para as meninas e o mestre do Santuário.

— Entendo sua hesitação, srta. Dorman, mas o Equilíbrio tem razão: Tau parece mesmo uma vítima do que está acontecendo do que um progenitor do problema.

— Mas, mas... Ele é mau! – exclamou a maga, ainda sem querer acreditar. Quando queria, ela era bastante inflexível – Ele foi a razão de minha irmã ficar daquele jeito!

— O fato de ela controlar os Lendários do Caos foi um acaso do destino, não do deus... – disse Ar, mantendo a calma, mas Niéle estava muito agitada. Foi aí que Kai interveio.

— Niéle, o verdadeiro caráter das pessoas aparece quando se dá poder a ela. Ela conseguir os controlar apenas mostrou sua real personalidade.

Ela não quis aceitar, mas as emoções falaram mais alto, começando a chorar. A ninja e o lutador a ampararam, tentando diminuir a perda que a garota sentia. Não devia ser nada fácil para alguém que perdeu toda a família de repente e que ainda tentava encontrar algum semblante de decência nos mortos. A culpa de Vergil, por mais dormente que estivesse, aflorou mais uma vez, e ele se sentiu na obrigação de cuidar dela.

— Calma, Niéle. Como falei para Kai, se a sua família lhe rejeitou, então eu vou lhe acolher. Você merece mais que isso, e mesmo que eu não consiga dar conta, farei de tudo para que você jamais se sinta sozinha.

Ela lhe olhou com os olhos inchados, fungando de emoção e lhe deu um abraço apertado, parecendo se acalmar. Ar pigarreou.

— Como havia falado, procure o Santuário de Tau, nas Escarpas. Ele deve ter as respostas que você procura.

Caminhou com suas companheiras para o limite do Santuário, depois de se despedirem de todos. Confirmou com um gesto de cabeça se elas estavam prontas para o que viria, e os três saltaram para baixo, em direção à Ailieno.


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Notas finais do capítulo

E por enquanto é só. Pretendo voltar a escrever mais ativamente, já que consegui fechar um buraco que tinha entre capítulos, e finalmente na vanguarda. Até a próxima!



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