A Origem da Energia - Ascender da Lenda escrita por OrigamiBR


Capítulo 5
Santuário de Carã


Notas iniciais do capítulo

Capítulo pronto, mostrando algumas coisas que irão acontecer na trama. Acho que vou postar mais um capítulo depois desse sem muito tempo.



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O grupo se dirigiu pelos corredores, passando pelo Santuário. O mesmo parecia um templo de isolação budista, pois em algumas das salas, se viam outras pessoas sentadas e meditando. Já em outras parecia uma escola de treinamento marcial, com alguns aprendizes sendo ensinados por instrutores, mostrando como usar o poder da Água. Esses eram poucos, visto que em Ryokun eram incomuns os Sensitivos que tinham aptidão elemental.

— Bem vindo ao Santuário de Carã, o templo do elemento da Água – apresentou Água, enquanto mostrava com orgulho toda a instalação.

— Aqui é bem isolado. O pessoal de Esquife costuma visitar?

— Sim, não só de Esquife, mas de toda Arteris. Muitas pessoas gostam de vir aqui para receber treinamento nas artes marciais e se preparar para enfrentar alguns dos monstros do gelo. Ah, chegamos...

Eles pararam frente a uma arena de considerável tamanho, com os ventos parando misteriosamente na borda da mesma: era como se houvesse uma cúpula que bloqueasse todo o vento de fora. Do tamanho de uma quadra de futebol, era possível ouvir o eco dos passos no piso de pedra lisa e azulada. Andaram até a metade, quando o homem retomou a fala.

— Aqui está bom. Peço que as senhoritas se afastem até a borda da arena. Pode ficar muito... Frio.

As duas obedeceram, olhando intrigadas sobre o que poderia acontecer. Alguns dos discípulos também pararam para ver o que aconteceria, curiosos.

— A Grande Sombra me disse que você já tem acesso à sua Essência, correto?

— Sim, e consegui também atingir o Primeiro e Segundo Níveis.

— Incrível, tão jovem... – admirou o homem, apoiando com a mão o queixo – Então acho que você conseguirá entender o que vou querer de você – Vergil concordou com a cabeça, empolgado.

“Por ser o Equilíbrio, você pode controlar qualquer aspecto da Energia que existe. Mas para isso você precisa entender como cada aspecto funciona.”

Assim que terminou de falar, fez um gesto amplo e circular com o braço esquerdo, formando pelo caminho uma onda de água, que ao terminar se juntou e acumulou numa esfera aquosa no topo de seus dedos finos. Com a outra, ele atraiu a esfera, que virou um jato, transformando-a em uma bola de vapor. Apesar de disforme, mantinha-se contida na frente dele. Com um movimento brusco para cima, transformou em uma estaca de gelo, que choveu em pequenos cristais logo depois, refletindo a luz em gotas brilhantes.

A apresentação foi bela, e os três não contiveram sua admiração batendo palmas.

— Obrigado, obrigado. Mas você será capaz de fazer isso.

— Como?

— Primeiro, você deve chegar no estado mental da Água. Você deve imaginar-se como o elemento.

— Não entendi.

— O que a Água provoca em você? Que tipo de emoções ela evoca em seu ser?

Vergil parou e pensou no que ele estava querendo dizer. A Água, provocar emoções? Então era uma ligação mais metafísica, voltada aos sentimentos. O que a Água provocava em si? Medo, principalmente o medo de se afogar... Mas também segurança, quando ficava alguns minutos com a água batendo nas costas, relaxando o cansaço. Então, calmaria... Havia também a violência, com as tempestades, os mares inquietos, a destruição de construções do homem com a ferocidade da natureza. Os sons da neve sendo pisada, a água corrente pelo caminho do rio. Pensou ter escutado uma cachoeira lá longe, a água batendo nas rochas, lhe lembrando de uma visita a uma cachoeira algum tempo atrás. Uma torrente de emoções preencheu seu coração e se expressou.

— Acho que a Água sempre procura um caminho apesar de todas as dificuldades. Ela sempre flui, ela sempre avança. Pode ser uma aliada se calma, mas uma perigosa inimiga se violenta--ARG!

Vergil não conseguiu falar mais: foi acometido por uma sensação muito ruim, que o fez estancar. Enquanto estava gesticulando e pensando sobre as sensações, foi levado para a sala com as esferas, que a central ainda se alterava. Mas agora, uma das esferas laterais emitiu um feixe de luz azul para a central, e imediatamente assumiu a forma de uma gota de água, se revolvendo no ar como se suspensa por um campo de força. Quando a imagem de um dragão comprido se formou por cima da esfera, ele voltou a si.

Seu corpo parecia que tinha sido congelado novamente, mas seu sangue estava fervendo, como se estivesse em ebulição. A sensação o paralisou, e ele ofegou. Será que havia conseguido? Não sabia. As meninas fizeram menção de se aproximar, mas Água ergueu a mão rapidamente para não o fazerem.

— O-o que é isso?! – arquejou, tentando buscar forças para se mover.

— A primeira parte do treinamento: a Harmonização Espiritual... Libere sua Energia!

— C-como?!

— Da forma que quiser, mas libere-a!

Quase sem pensar, Vergil abriu os braços e pernas, com o intuito de soltar o que lhe prendia. O efeito foi imediato: um volume imenso de água partiu de seu corpo e expandiu ao redor, transformando todo o campo numa grande piscina. As mulheres quase se ensoparam, tendo saindo da borda da arena pouco antes. O lutador caiu rápido no chão, mas se sentiu muito melhor. Era como se descobrisse uma parte de si há muito esquecida, uma lembrança antiga que definia quem ele era.

— Uau!!! – gritou Vergil, e flexionou os braços e pernas. A sensação era que foi tirado algum bloqueio do corpo, pois se sentia mais carregado de Energia e mais ágil do que antes, apesar de estar arfante pelo esforço – Isso tudo foi só com a mente?

— Exatamente. Você acaba de acessar e segurar um dos aspectos de sua Essência. A jornada de treinamento do Equilíbrio é também uma de autoconhecimento – disse Água, sorrindo agora abertamente.

— É! Eu não sabia que era capaz de tanta... Paciência...

— Muito bem. Agora vamos à segunda parte do treinamento: a Harmonização Corporal.

“Caso vocês duas queiram, podem também aprender essa parte.”

— Mesmo elas sendo de outros elementos, podem também aprender?

— Sem nenhum problema. Artes corporais são muito importantes para manter o uso eficiente da Energia. E deixar o corpo apto também.

Niéle e Kai se aproximaram de Vergil, enquanto Água fazia o trabalho de recolher a água que o lutador havia liberado para outro lado, transformando-a numa bela estátua intrinsecamente detalhada com um movimento simples e circular.

— Os movimentos que irei lhes mostrar me foram ensinados pelo próprio deus-dragão, Carã, que ele usa para mover os oceanos.

As artes marciais que Água mostrava eram diferentes de tudo que Vergil havia visto. Algumas similaridades permaneciam com o Tai Chi Chuwan, mas eram voltadas diretamente para o combate de contra-ataques. Sempre que ele mostrava, havia alguma maneira de redirecionar a ataque de volta para o oponente. Todos os movimentos eram circulares com passadas largas, para conduzir o fluxo de luta. Para Kai, esse tipo de arte foi bem integrado com seu estilo de luta, assim como para Niéle, que já utilizava Água nos ataques. Agora, ela estava aprendendo a atacar na distância corpo-a-corpo mais seguramente.

Vergil aprendeu a ideia dos contra-ataques rapidamente, utilizando sua agilidade natural para treinar seus reflexos de combate, entorpecidos com o período de letargia. Permaneceram pouco mais de dois dias nisso, praticando de todas as formas possíveis para que o uso de seu novo aspecto ficasse o mais próximo do reflexo. Sentiu dificuldades nas passadas, pois estava acostumado com pulos curtos e rápidos para desviar, e ficar parado no chão era mais difícil do que parecia.

Depois, veio o treino verbal: as palavras necessárias para usar o aspecto da Água. Não eram muito difíceis, mas algumas davam uma travada na língua, prejudicando a pronúncia. O representante do elemento era muito paciente, e mesmo com os deslizes constantes, sempre respondia com bom humor e compreensão.

No final do terceiro dia, Água convocou alguns de seus discípulos que eram instrutores para treinar com Vergil. Niéle e Kai também o ajudavam, mas como conheciam muito uns aos outros, as disputas quase sempre terminavam em empate.

— Você deve vencê-los usando somente a Água. Vamos ver se consegue – falou sorrindo com os olhos, mas a afirmação fora um tanto sádica, junto com a boca.

Concentrou-se, acessando o aspecto imediatamente, gotículas de água se acumulando em seus braços e pernas. A sensação era de estar imerso em água, como dentro de uma piscina. Os dois inimigos avançaram rapidamente, impulsionados por ondas debaixo dos pés. Vergil se jogou para cima com um jato de água, e criou vários dardos de gelo logo acima de si.

Glacies Sagitta!— com esse comando, os dardos despencaram rapidamente, cobrindo todo o campo. Mas os dois estavam preparados, cobrindo-se com um escudo côncavo de gelo.

Ainda no ar, Vergil girou o corpo na lateral, chutando circularmente: o chão de pedra foi coberto com uma camada bem fofa de neve, o que freou sua queda. Quando caiu, um dos discípulos o atacou no corpo-a-corpo. Não obstante, o lutador o combateu, vencendo por pura velocidade e jogando-o para longe com uma cotovelada. Parou o avanço do outro com um chute alto, desviando a estaca de gelo que vinha em sua direção para cima. Esticou os braços para os lados, e se cobriu com uma redoma de água. Fazendo um movimento giratório simples com as mãos, a redoma começou a girar violentamente. Se os discípulos iriam fazer alguma coisa, Vergil não viu. Assim que parou, foi recebido com uma bola de neve no peito. Defletiu depois de um tempo de ser arrastado.

Arfou, mas respondeu rapidamente com um movimento ascendente de mãos.

Vapor Nebula!— a água que ele elevou imediatamente se tornou vapor, obstruindo a visão. Girou o corpo e atacou com um movimento circular de cima para baixo. Um volume de água veio dos céus e impactou onde estava a névoa. Duas estacas partiram de lá, consumindo o vapor no caminho. Desviou-as para o lado com duas passadas e viu os dois oponentes, que se aproximaram. Iniciou uma intensa disputa de contra-ataques, com gelo voando, vapor espalhando e água escoando num círculo pequeno, mas de grande raio de efeito. Depois de alguns segundos, Vergil recuou com uma pirueta. Estava com alguns hematomas, mas bem ainda. Concentrou uma grande quantidade de Energia no braço direito e fechou o punho, socando no chão logo depois.

Glacialis Silva!!!— ao seu comando, uma multidão de estacas de gelo brotou do chão ao seu redor, formando uma floresta de frio. Era retorcida, alta e confusa, do mesmo modo de uma mata bem fechada. Os dois discípulos ficaram surpresos com a densidade e tamanho da floresta, mas não deixaram se intimidar. Não havia barulho nenhum, e qualquer coisa que encostassem ecoava por toda a aglomeração.

Um movimento súbito num dos lados alertou Vergil, e com um soco próximo ao chão, mandou uma onda de estacas de gelo brotando do solo, destruindo parte da floresta em minúsculos cristais de gelo. Em meio à confusão, uma bala de água do tamanho de uma bola de basquete veio em sua direção. Pela trajetória, o lutador desviou facilmente, mas viu no canto da visão um jato de grosso calibre prestes a lhe atingir. Sem ter como desviar, ele girou rapidamente as mãos na direção do jato, defletindo parte do impacto com um escudo rotatório de vapor. Mas não foi o suficiente, tendo sido jogado para o chão pela pressão. Com um esforço maior do que o previsto, ele se levantou, vendo que os dois instrutores se aproximavam dele. Desceu o punho e o subiu num gancho direto envolto em cristais, que foram liberados para os lados e atingiram os dois. Porém, por ser um ataque desesperado, Vergil também recebeu parte do dano e sua resistência sofreu. Ofegou, preocupado de como iria se portar contra eles. Mas aí eles cessaram a postura de combate, derretendo as pequenas estacas cravadas no corpo. O lutador estranhou, mas viu Água se aproximando.

— Você lutou bem e ficou bem adaptável, mas precisa de mais variação. A Água é muito versátil, e recompensa os criativos.

— Entendi. Mas o que fazer então? “Criativo” não é algo que realmente sou.

— Então é sinal que você deve continuar seu treinamento com os outros.

— Mas já? Eu tenho tanto a aprender ainda...

— E como tinha dito antes: algumas respostas de suas perguntas apenas virão com o tempo – respondeu com um sorriso.

— Vergil! Vergil! – chamou Niéle, com urgência. Ela parou perto dele, ofegante.

— O que foi? O que houve? – disse Vergil, preocupado.

— Há uma instabilidade logo na saída no templo!

A expressão de surpresa passou pelos rostos dos presentes. Afinal, o que poderia ser essa instabilidade? Antes, eram revoltas no continente. Mas com ele em relativa calma, o que poderia causar isso? Será que...?

— Kai foi ver o que era antes de mim! Por favor, Vergil: estou com muito medo do que seja.

Vergil acenou para Água e os dois instrutores, e todos concordaram em segui-lo para fora. Enquanto corria, o lutador sentia a aflição da moça. O que a deixou tão assustada assim? A última vez que a viu desse jeito foi quando ela viu Monai em Universo e depois quando viu sua irmã.

Foi quando estava chegando perto que sentiu também: uma força opressora e perversa. Uma presença esmagadora, mas não do mesmo jeito que Alucard ou Geardyne. Era um tipo de Energia que parecia não ter fim, que poderia sugar tudo que existe com o mero pensamento. O seu medo cresceu de uma maneira tão avassaladora que só conseguiu se manter no lugar por causa de Niéle. E foi aí que, ao segurar sua mão sem pensar, reuniu o pouco de coragem que lhe restava.

Pararam na ponte azulada que precede o templo, mas não encontraram o monstro, vórtice ou rasgo de realidade que esperavam. Nela, estava apenas um homem de pé. A tempestade de frio parecia ceder ante sua presença. E logo à frente dele estava Kai, com sua katana na mão e uma faca na outra. Alguns dos papéis com inscrições que usava estavam circulando por seu corpo. Não parecia ferida, mas estava estranhamente cansada.

O homem estava com os braços cruzados, e não parecia ser ninguém de Ryokun, pois além de não ter nenhuma semelhança com os cidadãos de lá, ele estava vestido com um terno risca-de-giz, do seu mundo. Mas também não parecia ser alguém de Universo, pois além do cabelo curto e loiro bem alisado, óculos de aro fino circular e olhos de cor roxa que pareciam cintilar, possuía uma cicatriz no queixo, que seguia por todo ele, indo para o lado direito. Na mão esquerda, havia outra, cortando por toda extensão do dedo médio e indo até o antebraço.

— Quem é você? – questionou Água, a constante face de tranquilidade e gentileza dando lugar a uma séria e hostil. Neve e água começaram a se acumular ao seu redor, como em preparação para o ataque.

— Ninguém do seu interesse. Meus negócios são com o Equilíbrio – e olhou para Vergil, que encarou de volta. Algo no olhar dele parecia sugar suas forças, mas sua preocupação com os outros o fez ignorar isso.

— O que você quer comigo? – disse o garoto, tentando parecer mais corajoso do que se sentia.

— No momento, você é um investimento – disse enquanto olhava para o lado, ignorante ao frio cortante que se passava por lá – Estou apenas garantindo que está rendendo bem.

“Não se desvie do caminho: do contrário, eu irei saber.”

E da mesma forma que apareceu lá, sumiu, sem deixar vestígios. A presença esmagadora também sumiu, o que voltou a Energia da área pros níveis normais. Kai pareceu relaxar, caindo de joelhos no chão, os papéis sumindo subitamente. Os dois vieram em seu auxílio.

— Você está bem? – perguntou o lutador, bem preocupado.

— Estou... Só cansada... – respondeu a ninja, arfante. A maga se soltou do garoto e pegou um dos braços de Kai, levantando a amiga.

— Vamos levar você pra dentro.

— C-Certo – disse a ninja, um pouco envergonhada.

Manipulando a Água, Vergil aliviou um pouco a sensação de frio e cansaço de Kai, girando várias gotículas de água e neve ao redor, e ao mesmo tempo formando uma proteção contra a tempestade, que agora voltava com força.

Adentraram novamente o Santuário, e enquanto esperavam Kai se recuperar, Niéle chamou o garoto para perto depois de alguns minutos. Ficaram de frente à cachoeira do centro. Mesmo com o frio, a água era corrente, deixando uma leve névoa e espuma pelo lago que a recebia. O local era muito bonito, e com a aura de tranquilidade, fazia relaxar.

Vergil se espreguiçou, sentado num dos bancos que estavam espalhados por lá. Niéle se sentou do lado dele, observando os traços do lutador com curiosidade. O garoto sabia que estava sendo observado, e por mais que tentasse não transparecer o nervosismo, sua voz saiu trêmula.

— E-Então, o que você queria falar comigo?

— Sabe... – começou a garota, olhando para frente. – Eu acho que sei quem é esse cara que apareceu...

— Sabe? – disse Vergil, se recompondo, mas ao mesmo tempo se sentindo desapontado – Quem ele é?

— Ele se autointitula “o Guardião”. Lembro-me de meu pai falando dele quando estava reunindo os exércitos no castelo. Acho que foi ele o responsável por meu pai virar aquele monstro...

— Mas, Guardião? Se seu pai queria enfrentá-lo, ele deveria ser o mal. Mas a Ordem disse que ele não era o mal... O Guardião então é o mal? Arg! Estou muito confuso!

Niéle riu, após ver a confusão no rosto de Vergil. Foi aí que lhe deu um abraço carinhoso.

— Não se preocupe... Estou aqui por você. Vamos descobrir juntos

— Obrigado... – agradeceu Vergil, dando um sorriso e retribuindo o gesto. Resolveu tomar coragem – Niéle, eu--

O que ele iria dizer acabou ficando perdido em meio ao forte vento estrondoso dali, obscurecendo o céu e fazendo bastante barulho.

— Sim? – perguntou Niéle, olhando inocentemente para ele, a cor das íris parecendo dançar à sua frente como um caleidoscópio. Vergil estava muito corado depois do que disse, e parecia que a coragem que reunira tinha feito as malas e fugido. Ficou paralisado por um momento, mas a vontade de tê-la junto de si superou sua hesitação. Foi se aproximando do rosto dela. A respiração estava calma, mas o coração estava disparado.

Ela arregalou os olhos em surpresa e o rosto corou imediatamente, mas também queria isso, pois os olhos foram fechando lentamente à medida que a distância entre os dois diminuía, os cheios lábios ficando abertos na espera pelo toque.

— Ah... – escutaram os dois e congelaram. Vergil virou mecanicamente o rosto enquanto Niéle soltava os braços do pescoço do garoto em câmera lenta. Diante deles estava um rapaz jovem, de no máximo 15 anos, de cabelo loiro e pele branca. Tinha acabado de virar por uma parede para chamá-los, mas parou de chofre ao ver a cena e estava bastante envergonhado, pelas bochechas avermelhadas.

— O que houve? – perguntou Vergil, sério. Estava confuso, irritado e envergonhado, mas botou os pensamentos em ordem.

— Err... A sua amiga ninja, a Kai, acordou e está procurando vocês.

— Certo, obrigado – disse por fim, e dispensando o garoto, suspirou e virou-se para a maga – Vamos?

Niéle confirmou e pegou alegremente a mão do rapaz, ficando do seu lado enquanto iam para a sala onde Kai estava repousando. O quarto era do mesmo tipo que ele havia usado quando chegou. Ela estava sentada na cama, parecendo muito melhor.

— Desculpem-me por esse susto. Não vou ser um empecilho para vocês de novo...

Sem dizer nada, Niéle andou até a ninja e deu-lhe um tapa no rosto, lhe abraçando logo depois.

— Que coisa é essa, mulher! Você não é um estorvo! – disse quando a soltou, pondo as mãos no quadril e se inclinando para o lado – Diferente de outros aqui... – disse bem baixinho, mas alto o suficiente para que todos escutassem, dando uma olhadela para o lutador de soslaio.

— EI! – exclamou Vergil, aborrecido.

Niéle não disse mais nada, dando o lugar do silêncio uma boa gargalhada. Kai, sem entender muito, também deu uma risada. Ficaram assim por alguns minutos, se esquecendo de todos os problemas que estavam enfrentando.


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Notas finais do capítulo

Nesse capítulo teve de tudo um pouco, heh. Espero que tenham gostado!



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