A Origem da Energia - Ascender da Lenda escrita por OrigamiBR


Capítulo 13
O poder da natureza


Notas iniciais do capítulo

Disse que ia postar em uma semana, e passaram 3 meses... Ops, hehe.
Mas tá aqui, e já estava pronto já tem um bom tempo também. Espero que gostem.



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— Onde está a instabilidade?! – procurou Vergil, em busca da maga.

— Logo na base do vulcão! – apontou a garota, os dedos começando a acumular os restos da combustão, caindo por todo o céu.

— Vamos!

Kai retirou uma madeira do barco e a fincou na praia. O poste surrado ficou translúcido, bem a tempo de Vergil envolver o grupo na sua Energia.

Aer Volare Tris!— e decolaram, passando por cima das palmeiras e plantas rasteiras. Algumas pedras elevadas tomavam conta do caminho, juntamente com casas de diversos tipos e formas, mas eles não prestavam atenção. Desviaram de algumas rochas incandescentes que voaram da agressividade da erupção. Por estarem no ar, não sentiram o chão tremer violentamente, destruindo algumas casas, mas viram mais lava ser lançada com força pela lateral da fúria montanhosa. Viu pessoas correndo para segurança, fugindo da cólera da natureza, e uma única figura, vestida de vermelho, com cabelos ruivos intensos, desviando chamas e mais fogo das pessoas que escapavam. Checou com os olhos as laterais: ainda tinham aldeões que não estavam seguros do rio de lava. Acenou com a cabeça para Kai, e pousou próximo a elas. Niéle também entendeu o recado, puxando o cajado ao mesmo tempo que uma névoa fria deixava seu rastro pelo ar.

Glacies Muralis Septem!— instantaneamente, espetos de gelo partiram do chão, despontando para bloquear o avanço da lava derretida. Sete paredes grossas seguravam a violência do impacto que estava por vir, com uma rajada de ar quente que emergiu do contato. Vergil sobrevoou a proteção e ativou o Primeiro Nível: o próximo passo não seria nada fácil. Respirou fundo e bradou:

Aer Volare Septemdecim!— sua intensidade foi ouvida pelos céus, com correntes de vento suspendendo rapidamente 17 pessoas que haviam ficado para trás. Com um comando mental, o garoto moveu os resgatados para trás da muralha. A maga ativou também o Primeiro Nível, aprimorando a densidade e quantidade de gelo na parede, pois o vapor violento estava indicando que o magma superficial já havia perfurado bastante a proteção. Kai coordenava como podia a evacuação, apontando para locais mais altos para evitarem o incêndio letal enquanto os resgatados corriam.

Silens Vultus: Pons Charta!— criando plataformas de papel grande para se erguer, a ninja subiu pelos telhados com saltos medidos e vislumbrou a enxurrada de labaredas que atropelava as casas e fluía para os lados, Niéle tendo feito uma ponta de lança congelada para dividir o avanço mortal. Viu Vergil no ar, fazendo muito esforço para puxar os gases que emergiam do contato para longe de si, mas não pareceu resistir: começou a cair, o controle sobre o Ar vacilando e sem responder.

Vendo aquilo, Kai deu um salto poderoso e atirou uma faca trigonal com uma corda, puxando o garoto para perto de si com um efeito bumerangue, e pousando logo ao lado da maga.

— O que aconteceu com ele?! – perguntou Niéle, preocupada, mas ainda mantendo o contato com as paredes.

— Não sei: ele perdeu o controle depois que desviou os gases! – exclamou Kai, na primeira demonstração de ansiedade. O garoto piscou os olhos rapidamente, recobrando a consciência pouco depois.

— Arg, porcaria! Não foi o suficiente! – reclamou Vergil, se desvencilhando e retomando o Primeiro Nível, enfraquecido pela queda, mas não em menor determinação – Não vou desistir...

— Pare – sentiu a mão de Kai no seu ombro, exibindo uma calma que nada condizia com sua exaltação anterior, mas com uma firmeza já conhecida – Vai acabar se matando. Vamos sair daqui.

O lutador olhou indignado, mas viu que ela tinha razão. Tocou Niéle no ombro e rapidamente levitou os três, vendo que as pessoas já haviam saído do local. Pouco depois de terem subido, a parede de gelo desmoronou, atropelando o local onde estavam. Olhou para os lados, não mais vendo a mulher de cabelos ruivos, mas vendo que a lava que havia transbordado estava indo para o oceano, não mais acertando nenhuma vila ou casa. O pior já havia passado.

— Será que nada consegue parar a natureza? – comentou o garoto, observando toda a consequência flamejante. Procurou um canto pra pousar e descansar, desativando a emissão. Respirou fundo enquanto via as pessoas olharem normalmente para as casas destruídas, como se aquilo fosse corriqueiro. Seu cansaço estava maior que o normal por causa dos gases tóxicos, e pelo esforço que teve que desprender. Deitou na rocha e arfou, ainda exasperado pela falta de poder. “De que adianta ser o Equilíbrio se não consigo impedir a destruição? Se não consigo impedir as pessoas de morrerem... Será que devo deixar tudo para os outros, para o Guardião?”.

— Imagino o que tu deve tá pensando, garoto – disse uma voz feminina sedutora, mas ao mesmo tempo sem insinuação para ele – Mas a natureza não é algo que você, ou qualquer um, consegue enfrentar... Pelo menos não agora, haha!

Levantou levemente a cabeça, mirando na pessoa que surgiu à sua frente: a mulher que lembrava como “Fogo” da reunião na Lua Marinha parecia o próprio elemento. Era de altura média, com 1,65m, voluptuosa como Niéle e Kai, de atitude forte, vestida com trajes vermelhos, leves e provocantes, revelando sua pele negra e reluzente. Tentou se ajeitar, puxando um mínimo de etiqueta, mas o cansaço era demais, e só pôde acenar com a cabeça.

— Fogo... Me desculpe pela falta de tato, mas-- - começou Vergil, sendo interrompido.

— Rapaz, deixa de coisa – respondeu Fogo, coçando atrás da cabeça com os olhos fechados, aparentemente aproveitando o gesto, mas gesticulando com a outra mão – Esse tipo de coisa acontece bastante, e sinceramente não vejo uso pra esse tanto de “polimento” – terminou fazendo aspas aéreas com uma careta.

“Se a gente se respeita, então não tem pra quê falar que nem chato. Bora, vamos pro Santuário.”

Forçou-se a levantar, sendo ajudado por suas amigas e foram descendo a encosta. Seus membros doíam, mas ainda encontrou forças para pelo menos se apoiar. A mulher liderou o caminho, os cabelos oscilando no ar de forma quase fluida, parecendo vivos. As chamas que atacavam a mata lateral foram extintas quando Fogo passou por elas, sem fazer nenhum gesto. Os passos foram se tornando constantes, e em poucos minutos foram se aproximando do vulcão. Os habitantes das vilas iam voltando para as casas (ou o que restou delas), começando a reconstrução e reorganização das moradias. A líder do Santuário acenava para eles, e eles respondiam com genuína felicidade, fora a eficiência como estava sendo executada a reparação. Ao atravessarem um galho especialmente retorcido, o Santuário entrou em vista.

Diferente dos outros, que eram construções feitas para se adaptar ao ambiente ou aproveitar formações naturais, o Santuário de Fogo era uma amostra da resiliência do povo da ilha. Tinha pilares de pedra metamórfica sustentando um teto abobadado de rocha magmática, que servia como proteção para a rocha bruta esculpida e para proteção da lava, se complementando com as escadarias douradas de acesso, bem na base do caminho marrom e ligeiramente elevado. Pátios abertos, mas protegidos do eventual rio mortal povoavam as laterais, com alguns pequenos domos que representavam os dormitórios, provavelmente. No geral, era algo muito magnífico e até “deslocado”, mas a combinação de cores e formas lembrava uma construção persa e não parecia exagerado ou pomposo, um poderio da cultura local.

— Isso aí é o Santuário de Angra, a deusa do Fogo! – apontou Fogo, exibindo a construção como se fosse uma mãe orgulhosa. Os três observavam deslumbrados, pois era enorme, diferente dos outros santuários que visitaram.

— Uau! – exclamou o garoto enquanto prosseguiam – Acho que o que mais me surpreende é que não parece nem um pouco quente, mesmo depois de toda aquela lava...

— Haha, aqui a moça mantém a influência dela pra toda ilha. E o Santuário não é exceção. Cês devem ter notado também que o Santuário é bem grande, diferente dos pequeninhos dos outros.

— Verdade... Acho que o maior que visitamos foi o de Carã, em Arteris – comentou Niéle, curiosa.

— Não me comparo com aquele almofadinha, mas sim: o de Angra é maior – respondeu a mulher, com um quê de orgulho – Os Sensitivos de Fogo precisam de uma área grande, ou podem tocar fogo nas coisas quando não conhecem a total extensão dos poderes.

“É o elemento com maior potencial ofensivo naturalmente, e por isso os usuários devem ter muito cuidado ao usá-lo. Ao mesmo tempo não hesitam ou pensam demais... Mas tô falando muito aqui: bora pra dentro pra começar o teu treino, e assim a gente sair desse perrengue.”

O grupo atravessou as portas de pedra pesadas após subir as escadas, enquanto viam raros jorros de lava e cinza nas laterais, cobrindo as planícies chamejantes em luzes ocasionais.


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Notas finais do capítulo

No geral é um formato diferente do que tô acostumado a trabalhar, mas nem por isso menos interessante. Até o próximo!



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