A Origem da Energia - Ascender da Lenda escrita por OrigamiBR


Capítulo 12
Acelerando o passo


Notas iniciais do capítulo

Confesso que esqueci completamente de postar o capítulo kkk
Mas está aqui, aproveitem!



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O garoto foi ficando cada vez mais empolgado quando começou a praticar novas combinações. Não parecia treino, e sim uma nova descoberta a cada uso de Energia, um novo mistério a ser desvendado. Sabia que Ar e Luz dava Raio, mas que também, ao combinar Luz com Água, conseguiu formar Vapor. Deduziu que era pela velocidade das partículas, e acabou gastando menos Energia para tal. Combinando Ar e Água, ele conseguiu fazer Gelo, o que foi uma surpresa. Não esperava essa combinação, mas achou melhor não usá-la, pois o gelo formado era mais fraco. Era mais rápido de se fazer, mas poderia não ser muito útil em batalhas.

Uma coisa, no entanto, lhe deixou consternado: ao contrário de quando conseguiu usar a Água e o Ar, ao liberar a Luz, Vergil não sentiu nenhum aumento em suas capacidades. E isso lhe inquietou, pois o Guardião ainda era mais poderoso que isso, muito mais. Mais opções sempre eram bem-vindas, mas ele precisava de mais poder, mais força. De nada adiantaria se ele fosse criativo o bastante, mas faltasse peso por trás de seus movimentos. Percebendo esse conflito, Luz tentou lhe tranquilizar, ao ver o lutador pensativo na arena do relógio solar.

— Acho que sei porque está pensativo, Vergil – disse a mulher, prestativa – Você não sentiu um aumento de sua Energia, não é? – o rapaz ficou surpreso, mas já esperava algo assim. Suas expressões eram bem óbvias.

— Pois é. Não me leve a mal, Luz, eu estou muito feliz que consigo usar a Luz, e que minha Energia aumentou, mas não senti “sem um bloqueio”, que aconteceu com Água e Ar.

— Entendo sua preocupação – confortou a mulher – Infelizmente, então, terei que pedir que continue sua jornada. Esses 7 dias foram muito interessantes, e queria que ficasse mais para continuar a treinar, mas você precisa melhorar sua compreensão e seu domínio dos elementos...

— Imaginei que diria algo assim – disse o garoto, enquanto olhava para a mestra com compaixão – Eu ainda agradeço, Luz, por tudo que fez por mim. Todo esse conhecimento não será em vão, garanto a você. Vou salvar Ryokun e Universo!

A mestra do Santuário de Guará fez uma mesura, agradecendo à Vergil e foi se aproximando, dando um abraço no garoto. O mesmo foi pego de surpresa, mas aceitou o carinho. Ela lhe lembrava sua mãe, com aquela aura de compaixão e amor em seus gestos e feições. Juntou as coisas com Niéle e Kai, dentro dos aposentos, e se prepararam para partir. Receberam alguns presentes dos alunos e instrutores, como panos novos para acampamento, novos utensílios de cozinha e provisões para viagem. Guardaram numa trouxa organizada para ficar mais fácil de transportar. Ao saírem e descerem para a base da montanha, Luz caminhou para um aposento perto de seu quarto: a câmara que usava para se comunicar com a Ordem do Equilíbrio. Tocou no altar, e a imagem da Grande Sombra apareceu de forma holográfica, junto com a de Ar, Água e Fogo. Os outros membros não estavam, já que não havia sido uma reunião programada.

— Luz, o que aconteceu? – perguntou a Grande Sombra, o olhar atento nas linhas de expressão.

— S-Só avisando que já enviei eles para o próximo Santuário... – a mulher respondeu, a timidez bem à mostra.

— Como foi o treinamento, então?

— B-Bem, ensinei o que pude, mas eu ainda não entendo essa insistência, Sombra – Luz soava indignada, mesmo depois da hesitação inicial – Eu tive que apresentar o treinamento de 1 ano em 7 dias!

— Olhe pra mim, Luz – comentou Água, também indignado. Sua imagem tremulava com seu movimento – Eu também tive que fazer isso... Os movimentos dele não estão refinados o suficiente.

— Eu achei que tava bom... – disse Ar, despreocupado. Estava sentado numa poltrona confortável, próxima do altar. Os dois membros olharam para ele e suspiraram.

— Claro que você acha que tava bom, Ar... Você não se preocupa com nada!

— Calma, calma – advertiu a Grande Sombra, o olhar se afiando – Não queremos acusar ninguém, até porque foi por minha requisição que ele acelerasse os treinos. Ele tem menos Energia que Alucard, Geardyne, Niéle e até Kai, e ainda me pergunto como ele conseguiu enfrentar e derrotar quase todos...

— T-Também não sei... Ele é quase um ser humano comum – disse Luz, preocupada.

— Mais uma raz-- - começou Água, mas foi interrompido.

— Mas ele é nossa única esperança – admitiu a senhora, se sentindo derrotada. Pôs a mão na testa quando continuou – Ele conseguiu fazer em poucos meses o que Alucard não conseguiu em anos. Soube que ele encontrou e terminou o treinamento com Tau, coisa que nem o Equilíbrio anterior conseguira. Ele é nosso salvador, e se pudermos acelerar as coisas para que ele consiga, então vou fazê-lo, e arcar com todas as consequências disso.

— E o que você acha que vai dar depois disso tudo? – perguntou Ar, curioso – Ele não é de nosso mundo.

— Não sei, Ar, porém acho que por causa disso, ele vai acabar iniciando uma nova era para Ryokun...

—-

Já na descida lateral da montanha, assim que chegaram na altura da coluna de nuvens, os garotos pararam para descansar, na mesma reentrância que pararam na ida. Assim que comeram em meio ao ar rarefeito, continuaram a descer enquanto conversavam.

— Vergil, uma coisa que não entendi ainda é como você conseguiu criar aquele tipo de arma – perguntou Kai, subitamente – Aquela que usou quando enfrentou o dragão.

— Ah, aquela arma... – disse o garoto, pensativo – Aquilo é algo mais comum em meu mundo: uma arma de fogo. Não é problema onde moro, mas são as novas formas de matar que conseguiram encontrar, já que não tem Energia no Universo.

— Armas de fogo? – questionou Kai, pondo a mão no queixo – Mas essas armas são extremamente antiquadas e ineficientes...

— Como assim, existem armas de fogo aqui em Ryokun?

— Sim – respondeu Niéle, simplesmente – Mas arcos, bestas e a própria Energia acabam sendo muito mais úteis e eficientes. Só malucos usam isso pra se defender.

— Pólvora e balas são muito difíceis de fazer e estragam muito fácil com o clima daqui – continuou Kai – Assim, só alguns grupos em Kal que ainda a usam, já que lá é muito seco.

— Que estranho – ponderou Vergil – Em Universo, foi a tecnologia que prevaleceu, e hoje temos várias formas diferentes para vários fins. É realmente curioso como uma única coisa faz tanta diferença...

Recebeu tapinhas amigáveis nas costas e o trio prosseguiu com o trajeto. Diferente da subida, o caminho de volta foi muito mais tranquilo. O uso da Luz ajudou muito para Vergil enxergar detalhes com o forte sol da manhã, que banhava a montanha pedregosa. Com um preciso controle, ele refratava os raios luminosos para um ponto diferente, sem que impedisse raios mais fracos, para que assim pudessem enxergar. Algumas pequenas pedras caíam com o caminhar, mas nada que fosse permiti-los cair.

Ao chegarem na base, viram o estrago presente nas proximidades de Givictus, decorrentes de seu embate com os gêmeos, mas já havia alguns aldeões e aventureiros movendo a terra, seja com Energia, seja com força física, para aplainar a estrada e organizar as plantas e caminhos devastados. Consultaram o mapa, procurando o próximo Santuário, mas não havia nenhum muito mais próximo de onde estavam, como um vácuo no espaço, sem nada. Havia o de Tupã nas proximidades de Uranos, nas perigosas e relampejantes planícies de Voltacom, e o de Fogo na Ilha Traedyr, pouco depois da Lua Crescente.

— Então, para onde vamos? – questionou a maga, se debruçando.

— Voltacom é mais perto, mas é um dos que a Grande Sombra recomendou completar depois. O trajeto até lá é perigoso pela tempestade constante. Traedyr vai ser ainda mais complicado de chegar, já que é uma ilha vulcânica ativa – disse Kai, enquanto analisava os caminhos, observando o mapa – Mas é o mais recomendado. Fogo vai aumentar seu potencial ofensivo, e é um dos elementos base.

— Nossa... – admirou-se Vergil – Parece perigoso só de chegar em qualquer um dos dois.

— Considerando o que a gente já passou, Vergil... – comentou Niéle, apoiando um braço nas costas do garoto e dando um sorriso maroto – Isso daí vai ser tranquilo, não importa qual seja.

— De todo jeito, temos que parar em Uranos pra ambos. Podemos decidir lá – finalizou a ninja, dobrando o mapa.

Os dois confirmaram com a cabeça, acatando. Alguns minutos depois que começaram a andar, passaram pelas cercanias da vila e cumprimentaram Zaron, o chefe da guarda. Ele supervisionava os esforços de reconstrução, impedindo trabalhos fora do escopo. Depois, eles se encaminharam pela costa, sendo agraciados com o sol desimpedido que agora banhava o resto do continente de 10 horas da manhã. Aproveitaram esse tempo de caminhada, atravessando trechos de areia firme, próximos à praia, quando de repente Niéle sentiu uma instabilidade na Energia, através de seus sentidos como Herdeira.

Sentiu como se fosse um evento natural ocorrido, mas havia algo a mais que não sabia descrever. Apressaram o passo, retornando um pouco para a mata interna e pegando um caminho usado por aventureiros, uma trilha pela floresta. Lá, já tendo avançado alguns metros, o garoto reuniu a Energia, acessando os aspectos da Luz e do Ar, para tentar chegar mais rápido e pôr em prática seus conhecimentos.

Primeiro, envolveu os três numa camada de ar que permeava a pele. A ideia era que os protegesse durante o transporte. Depois, fechou os olhos, lembrando-se dos muros amarelos, a forma circular e o porto que compunha a cidade de Uranos, o máximo de detalhes que conhecia. Assim que teve uma imagem mais clara, apontou os braços para frente e externou sua Energia, fazendo surgir um túnel de bordas esbranquiçadas. O centro dele não era totalmente visível, um pouco translúcido e embaçado, mas dava para distinguir a cidade que enxergara na sua mente. Deu um aceno para as garotas, mesmo com o rosto em esforço e atravessou o portal. A caminhada foi bem mais fácil do que esperava, sem solavancos, mas assim que passou, sentiu a proteção que tinha criado sumindo. Niéle e Kai passaram pouco depois, e o círculo tremulante luminoso sumiu. Respirou fundo, ajoelhado, mas depois sorriu, vendo que haviam chegado na cidade dos caçadores de recompensa. A surpresa de ambas não sumiu quando se viram na frente do grande portão, o teletransporte tendo funcionado.

Sua estadia foi curta, em vista que tinham que verificar logo o motivo da instabilidade. Venderam alguns materiais de criaturas que enfrentaram na jornada até então, mas prosseguiram imediatamente para o porto. Kai se aproximou do poste degradado e fez a sequência de toques, onde convocou a jangada-lancha novamente. Os três se amarraram e navegaram a toda velocidade em direção à ilha vulcânica, o local onde o caos estava acontecendo.

Diferente do caminho para a Lua Crescente, o transporte foi mais turbulento. Viram a ilha de monstros ir diminuindo à medida que desviavam para a parte sulista do continente. Só tiveram um vislumbre breve da Lua Marinha até a atenção ser tomada pela enorme e escura nuvem adiante. Não parecia realmente uma nuvem de chuva, pois sua consistência era mais volátil e dispersa. Acompanhando a origem, vendo cinzas começarem a brotar do céu pelo acúmulo de gases, contemplaram a magnificência de um vulcão ativo.

Com o comando da ninja, o barco acelerou. As quicadas nas ondas ficaram mais frequentes, com o impulso lançando a embarcação metros adiante em meio ao mar revolto. Em poucos minutos chegaram na ilha avistada, cuja praia era cinza, diferente de Ryokun. Não viram pessoas correndo por ali, mas cinzas e pedras caíam constantemente pela atividade da montanha furiosa.


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Notas finais do capítulo

Devo postar o próximo daqui a uma semana, mais ou menos, que já está pronto. O livro deu uma parada no momento, por estar estudando bem pesado esses dias, mas espero voltar com força total assim que passar esse aperto. Até a próxima!



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