Vapor escrita por Downpour


Capítulo 19
19. Surpresa de Natal




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CAPÍTULO 19

 surpresa de natal

 

alissa fontes

 

         Era quase Natal, e Alissa Fontes não poderia estar mais desesperada.

         O semestre tinha passado bem e relativamente rápido. Ela e o namorado acabaram não passando tanto tempo juntos quanto no semestre anterior, contudo mesmo com a distância o sentimento de carinho de ambos os lados permanecia. Era de se esperar que Hood passasse o Natal com sua família, contudo a banda tinha conseguido uma grande oportunidade de fazer uma série de shows entre o Natal e a virada de ano na Europa.

         Alissa sentiu-se culpada e egoísta por desejar que Calum estivesse ao lado dela naquele momento e não em outro continente. Ela tinha certeza de que a presença dele durante o Natal na residência dos King iria facilitar muito as coisas. Seria um rosto conhecido, alguém quem ela poderia buscar o olhar quando se sentisse desconfortável no meio do jantar.

         Quando foi acompanhar os garotos no aeroporto e viu a multidão de fãs se aproximando para se despedirem, finalmente as palavras de Aimee ressoaram em sua mente.

         A distância.

         Ela tinha lhe alertado que a distância seria um infortúnio no relacionamento.

         A princípio aquilo não tinha incomodado a Fontes, afinal das contas eles mantiam o contato através de mensagens e ligações no facetime. Só que naquele momento em especial ela precisava de algo, precisava de alguém para acalmar seus pensamentos enevoados como quando ele a ajudou quando reencontrou Victor.

         Alissa odiava o fato de sequer considerar Calum como uma âncora. Era injusto que ela tomasse ele como alguém que a ajudaria a resolver seus problemas, sendo que na verdade, a única pessoa que tinha a responsabilidade de resolver aqueles problemas era ela.

         Ela também odiava o fato de ignorar o que o seu terapeuta dizia. Sobre a forma em que ela insistia em reprimir seus sentimentos sobre o passado de sua família, sobre como tinha doído ter cortado os laços com o seu pai tão abruptamente. E agora que ele buscava reatar esses laços, ela vivia se esquivando.

         — Tem certeza de que você vai ficar bem? — Marina perguntou olhando cuidadosamente para a amiga.

         Desde que Calum tinha viajado com os garotos e o semestre tinha acabado, ela tinha ficado sem nada para preencher o seu tempo. E agora com a data da ida para a casa dos King se aproximando, a ansiedade estava a corroendo de dentro para fora. Alissa passava a maior parte de seu tempo deitada, olhando para o teto tentando preencher a sua mente com qualquer pensamento que não fosse seu pai e a família perfeita dele.

         — Ali, se você não quiser ir-

         — Eu prometi. — a garota murmurou com a voz fraca porém com uma certa teimosia evidente — Eu não vou voltar atrás com a minha palavra, caso contrário vou mostrar que ele ganhou.

         Marina fechou os olhos, como se estivesse juntando paciência.

         — Ali, isso não é um jogo. Nunca foi um jogo.

         — É importante para mim. — ela rebateu em um tom seco — Não ir para lá, significa que eu ainda sou a garotinha que meu pai deixou para trás por uma família de comercial de margarina. Não ir para lá significa que eu falhei com o meu eu do passado.

         — Alissa, você ao menos está ouvindo o que está dizendo? — Marina disse quase que desesperada. Ela compreendia o rancor que a garota sentia do pai, só que aquilo era um pouco demais. — Por que você não mente? Diga que está doente.

         Mesmo assim a Fontes negou, balançando a cabeça.

         Mesmo que ela não quisesse, ou que aquilo a machucasse, ela iria.

 

 

 

         Victor tinha combinado de buscar Alissa no campus da faculdade porém a garota negou, ela não queria passar muito tempo com o pai dentro de um carro, a sós. Seria tortuoso demais. Então apenas pediu o endereço, disse que iria de táxi, e assim o fez.

         Todo o caminho ela sentia seu coração palpitar e as mãos suarem frio. Alissa não queria admitir, mas a verdade era que ela estava com muito medo de ser maltratada ou receber olhares de desprezo de Daphne e o restante das crianças. Era como se ela estivesse entrando em um covil por livre e espontânea vontade.

         Não precisou olhar pelo retrovisor do carro para perceber que estava pálida. Suas mãos coçavam para que ela pegasse o celular e mandasse ao menos uma mensagem para Calum, como que num pedido de socorro. Só que ela não queria atrapalhá-lo. Seu namorado estava a cada dia alcançando um auge diferente de sua carreira. Seria injusto da parte dela incomodá-lo com problemas familiares. Talvez Calum tivesse coisas mais importantes para se preocupar do que o drama mal resolvido de infância dela.

         Sua mãe também tinha tentado conversar com ela, só que Alissa era realmente muito boa em esconder emoções, ainda mais quando a maioria das conversas entre ela e a mãe eram curtas e normalmente realizadas por mensagens de texto. Alessandra sequer imaginava o nervoso que a garota estava passando.

         Quando o táxi parou na frente da residência King o estômago de Alissa se revirou.

         Como seu pai morava em uma casa tão diferente da que eles tinham em Brisbane?

         Pensar em Brisbane fez com que ela fosse atingida por uma enxurrada de memórias da sua cidade natal. Conseguia se lembrar da casa que eles tinham perto da praia, de como ela passava o fim de tarde caminhando perto do mar, os castelos de areia. Podia visualizar perfeitamente o dia em que seus pais tinham ido fazer um piquenique próximo ao rio Brisbane.

         Aquelas memórias fizeram com que um nó doloroso surgisse em sua garganta. Em que momento seu pai tinha decidido que não era aquela vida ensolarada e tranquila que ele queria para si? Por que ele não tinha a escolhido? Ela tinha falhado como filha? Não tinha sido boa o suficiente?

         Alissa não teve muito tempo para permanecer naquela linha de pensamentos, porque Victor apareceu na porta da casa imensa. As paredes eram de vidro, ela poderia ter visto ele se aproximando com a mulher caso estivesse mais atenta.

         A mulher.

         Daphne King.

         — Alissa, é uma honra finalmente conhece-la. — Daphne sorriu de forma gentil para a garota.

         A Fontes se viu dando um passo para trás.

         Daphne King era assustadoramente bonita, como o tipo de mulher que provavelmente teve um carreira de modelo e saiu de algum concurso de beleza americano. Ela era branca – óbvio -, com olhos azuis que a lembrava do céu em dias de calor, e cabelos loiros que caíam como cascatas em seus ombros.

         — Olá. — foi a única coisa que ela conseguiu falar.

         A Sra. King deu um sorriso nervoso, como se a presença da filha do marido também a deixasse brevemente desconfortável. E então juntou suas mãos atrás do próprio corpo.

         — Nós preparamos um quarto para você no quarto de hospedes. Se desejar ficar conosco, será seu.

         “Ficar conosco”. Ela estava falando de uma estadia permanente.

         Alissa se perguntava se ainda dava tempo se virar e sair correndo como uma covarde. Agora ela não parecia mais se preocupar com orgulho ou com honrar o seu eu mais novo. Ela só queria fugir.

         — Que atencioso da parte de vocês. — ensaiou um sorriso no rosto.

         — Não trouxe uma mala, filha? — Victor perguntou franzindo o cenho ao perceber que a garota apenas tinha uma mochila em seus ombros.

         Ela negou com a cabeça.

         — Não seria necessário.

         Era uma resposta que indicava que ela nunca teve o intuito de passar mais de dois dias na presença da família King, e aquilo pegou Victor de surpresa. Enquanto ele e a mulher vestiam roupas mais formais, Alissa usava uma calça jeans comuns e uma camiseta com o logo de super herói. Ela realmente tinha pego a primeira roupa do guarda roupa ao vir para ali.

         — Você gostaria de ir ao shopping mais tarde? Eu, você e Melanie podemos comprar vestidos-

         — Estou confortável com as minhas roupas. — cortou Daphne antes que ela sequer tivesse a chance de terminar. — Espero que isso não seja um incomodo. — Alissa disse, novamente com um sorriso ensaiado e calculado em seu rosto.

         Aquela situação era mais desgastante do que ela tinha imaginado.

         — Tudo bem, iremos leva-la ao seu quarto. E bem, para conhecer as crianças. — Victor disse sorrindo genuinamente o que surpreendeu Alissa.

         Ele realmente queria que ela conhecesse a família dele. E diferente do que ela tinha pensado, Victor não tinha arquitetado um super plano maligno de fazer com que ela se sentisse um lixo enquanto lhe apresentava seus filhos perfeitos. Na verdade ele queria fazê-la perceber de que talvez ela também pudesse ter um lugar ali.

         Enquanto ela subia as longas escadas da casa em companhia do casal, Daphne aproveitava para tentar puxar assunto numa forma de se aproximar da garota.

         — Então... você pode convidar seu namorado para passar a noite de natal conosco. Costumamos ter vários visitantes.

         — Meu namorado está fazendo shows na Europa. — Alissa respondeu, deixando o desânimo transparecer em sua fala. Se ela pudesse, teria pedido para que Calum a acompanhasse na noite de natal.

         Victor tencionou os ombros.

         — Ele parece ser um bom rapaz. — disse incerto.

         Mais uma vez, Alissa foi pega de surpresa. Ao reparar atentamente nas expressões faciais do pai, ela notou que ele realmente estava demonstrando ou ao menos tentando ser aquele tipo de pai coruja.

         Ele estava se preocupando... com quem ela namorava.

         Ela teve de piscar várias vezes – sem que os dois vissem – para voltar para a realidade.

         — Este é o seu quarto, nós deixaremos você descansar um pouco e talvez tomar um banho antes do jantar. Te apresentaremos as crianças durante o jantar, elas estão ansiosas para te conhecer. Se precisar de algo, é só nos chamar. — Victor disse com um pequeno sorriso no rosto.

         Alissa apenas assentiu, agradeceu e entrou no quarto, querendo ficar sozinha por um tempo.

         Quando ligou as luzes, ela piscou incrédula.

         Aquele não era um quarto de hóspedes.

         Victor tinha planejado aquele quarto esperando que ela morasse ali. O guarda-roupa estava vazio, era por isso que Daphne tinha a chamado para o shopping. Toda a decoração... era como ela teria planejado o seu quarto em Brisbane. E haviam fotos. Claro que haviam fotos. Fotos dela e dos pais nas praias de Brisbane quando ela era menor.

         Aquilo tinha sido demais.

         O corpo de Alissa escorregou até o chão, ela se encolheu ali deixando as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto.

         Era doloroso demais para ela passar por aquela situação, porque ela tinha se convencido de que seu pai não a queria mais em sua vida, tinha sido isso o que a fez tentar superar o sentimento de abandono e seguir em frente. Contudo aquilo contradizia muito do que ela tinha se forçado a acreditar, e isso doía.

         Ela não sabia se o casal se importaria caso ela acendesse um cigarro no quarto, mas o fez mesmo assim, porque no fundo não se importava.

         Ficou tentada a mandar uma mensagem para Calum, ou até mesmo para Marina. Havia tanto que ela gostaria de falar, havia tanto que ela estava sentindo e pensando tudo de uma vez.

         Alissa estava se sentindo sufocada.

         Ela se sentia gelada, e tudo o que queria era Calum Hood ao seu lado.

         Conforme tragava, Alissa deixou seus pensamentos se perderem nas formas que a fumaça fazia ao escapar de sua boca. Ficou bons momentos ali no chão, sozinha com seu cigarro.

 

 

        

         Quando saiu do quarto, a garota tinha tomado banho e passado maquiagem no rosto para disfarçar os olhos inchados. Alissa trajava um simples vestido azul marinho que caí-lhe perfeitamente.

         Ela não fazia a mínima ideia de onde a sala de jantar ficava, então acabou vagando perdida pela casa, até se deparar com Victor em um dos corredores.

         — Alissa.

         — Pai.

         A palavra “pai” fez com que um sorriso singelo aparecesse no rosto do homem.

         — Você gostou do seu quarto?

         — Aquele não é um quarto de hóspedes. — ela respondeu fugindo da pergunta dele.

         Victor assentiu.      

         — Fiz aquele quarto há quase três anos, está lá o tempo todo, esperando por você.

         Alissa piscou com dificuldade. Por um momento ela se pegou pensando se não tinha sido doloroso para Victor selecionar todas aquelas fotos de Brisbane e colocar sob a escrivaninha.

         — Mas vejo que você não tem intenção de ficar. — a voz dele soou mais baixa, frustrada.

         — Eu quero voltar para São Paulo. — as palavras fugiram da boca da garota e ela se amaldiçoou por isso. Aquele era um assunto que ela evitava tocar até mesmo com Marina e Calum, e agora estava falando com Victor?

         Victor por sua vez, piscou com surpresa.

         — Mas eu achei que seu sonho fosse fazer faculdade em Sydney.

         — E é.

         — Eu não entendo. — ele riu nervoso.

         — A vovó está doente. — Alissa disse de uma forma quase que infantil, a dor aparente em sua fala junto com as lágrimas que se formaram nos cantos de seus olhos — Não posso me dar o luxo de perde-la também.

         E a mãe não tem tempo para cuidar dela integralmente, porque assim como você ela tem outra família para cuidar. Alissa sentiu vontade de dizer mas guardou aquelas palavras, sabendo o como estas poderiam ser destrutivas.

         — Oh, Alessandra não disse nada sobre...

         Victor se sentiu estúpido por um momento. Era óbvio que Alessandra não iria lhe dizer que a mãe dela estava adoentada. O único assunto em comum entre os dois era a filha.

         — Posso tentar trazer Amélia para cá. Ela estará perto de você e...

         — O senhor sabe que a minha vó nunca concordaria com isso.

         Ele suspirou, sentindo-se tenso.

         — Não, é claro que não. — desde o divórcio Amélia o odiava. Na verdade ela nunca fora uma grande entusiasta do casamento da filha. — Já conseguiu a transferência?

         — Ainda não. — Alissa suspirou com frustração. Aquela transferência era como uma faca de dois gumes, enquanto ela voltaria para casa, para a família que lhe amava, iria perder contato com amigos queridos que ela amava muito.

         Um momento de silêncio se passou.

         — Filha, você nunca considerou passar um tempo conosco, não é?

         — Não. — respondeu com honestidade, sabia que aquelas palavras iriam machucar Victor, porém ela tinha compreensão de que toda aquela situação não era culpa dela.

         Antes mesmo que Victor pudesse dizer alguma coisa, uma garotinha tropeçou entrando no campo de visão de Alissa.

         Ela era pequena e não deveria ter mais de oito anos, seus cabelos eram da mesma cor que os de Alissa só que lisos. Os olhos eram iguais ao de Victor, de um profundo castanhos.

         — Melanie. — Victor murmurou vendo a filha pequena se aproximar.

         Melanie parecia estar assustada enquanto olhava para Alissa, os olhos da pequena estavam marejados.

         — Você não vai levar o papai embora, ou vai?

         O queixo da Fontes caiu.

         — Não! — Alissa exclamou — Eu jamais faria isso.

         — É que o papai fala muito de você, ele sempre está preocupado com você, então eu pensei...

         A mais velha piscou os olhos incrédula. Podia ver uma parte de seu trauma naquela garotinha.

         Institivamente Alissa se agachou no chão, ficando quase da altura da menina.

         — Venha aqui. — disse com voz suave.

         Melanie a olhou incerta, seu olhar vacilando entre Alissa e Victor que ainda estava abalado demais com aquela fala. Por fim a garota se aproximou de Alissa.

         — Nós temos os mesmos olhos, e a mesma cor de cabelo. — Alissa riu baixinho em meio as lágrimas enquanto olhava para a meia irmã.

         — Mas não somos parecidas, porque você é mais bonita.

         — Você me acha bonita? — Alissa quase se engasgou, surpresa com a sinceridade daquela criança.

         Melanie concordou balançando a cabeça positivamente.

         — Bem, eu acho você muito bonita Melanie.

         — Mel. — a menina corrigiu — Todo mundo me chama de Mel.

         Um sorriso leve surgiu no rosto de Alissa.

         — Ok, Mel.

         Melanie piscou, ainda inquieta, e quando finalmente achou a brecha que queria, disparou a falar.

         — Então você é do Brasil? Como é lá? É muito quente? Papai sempre diz que as praias são muito boas e que vocês tem um doce gostoso chamado briderio.

         — Brigadeiro? — Alissa riu.

         — Você... sabe fazer?

         — Melanie, por favor. — Victor tentou falar porém Alissa deu de ombros.

         — Eu posso fazer brigadeiro para você.



marina gozales 

 

Marina estava preocupada com sua melhor amiga. Já tinha se passado duas horas que Alissa saira do apartamento e mesmo assim  não tinha dado um sinal de vida. Todo tipo de possibilidade passou na cabeça da mexicana, era possível que Alissa tivesse tido um ataque se ansiedade e fosse para o hospital? Ou que a recepção dos King tenha sido tão ruim que ela resolveu fugir? Não, não era provável. Em todos esses casos a menina iria lhe mandar mensagens, Alissa confiava muito nela.

Irwin estava ao seu lado com o cenho franzido. Até então ele não sabia que a menina iria passar o feriado com a família, talvez nem mesmo o namorado dela soubesse disso, caso contrário, estaria preocupado também.

A ideia de Alissa era passar uns dois dias na casa dos pais e então deixar o apartamento para Marina e Ashton. E se não estivesse extremamente preocupada com a melhor amiga, Marina estaria tendo uma ótima noite com Ashton e a garrafa de vinho que ele tinha levado até a casa delas.

— Ash, mas e se ela não gostar deles? Ou e se eles não gostarem dela? Não, é impossível que alguém não goste da a Ali, mas mesmo assim… — ela falava apressadamente e as vezes soltava uma palavra ou outra na sua língua de origem o que deixava o rapaz bem confuso.

Ele deu um sorriso de canto. Era impossível que alguém não gostasse de Alissa.

— Acalme-se, você está parecendo uma mãe que deixou a filha na creche pela primeira vez. — um sorriso gentil e sutilmente brincalhão surgiu no rosto dele.

Marina teve de contar até cinco para não perder sua concentração e ficar encarando aqueles lábios que lhe eram tão atrativos. Depois que se recompôs, ela ergueu a sobrancelha de forma ameaçadora.

— Engraçadinho você. — disse fuzilando ele com o olhar.

Um brilho malicioso surgiu no olhar de Ashton. O rapaz passou suas mãos pelos ombros da menina numa tentativa de amenizar aquela tensão, e conseguiu. Marina soltou um suspiro ao sentir o toque quente dele em sua pele, os dois olhos castanhos se encontraram e uma disputa silenciosa se iniciou.

Cansada de esperar, Marina se inclinou juntando os seus lábios ao dele. O toque de Ashton era quente e carinhoso e já fazia um certo tempo que ela não queria ficar com mais ninguém que não fosse ele. Os dois passavam bastante tempo, mas ela sentia que nunca poderia enjoar da forma em que ele a beijava, em como as mãos dele moldavam o seu rosto.

Ashton bufou quando o momento foi interrompido por um toque de telefone.

         — Eu atendo. — ela murmurou rindo da careta que ele fez.

         Marina se desevencilhou do abraço de Ashton e atendeu o telefone. A princípio seu cenho se franziu, e então o pequeno sorriso que estava em seu rosto morreu. Um misto de preocupação e confusão brilhava em seu olhar. Quando ela finalmente desligou a ligação, ainda ficou alguns momentos de braços cruzados olhando para a parede.

         — O quê foi? O quê aconteceu? — Ashton perguntou, começando a ficar preocupado com o silêncio dela.

         A mexicana xingou baixinho em sua língua nativa, e então virou-se para ele.

         — Ali teve um pedido de transferência aprovado para São Paulo... no Brasil.

         O Irwin recuou alguns passos, com a surpresa evidente em seu rosto. Ele como todos os amigos de Alissa, sabia o quanto a família brasileira dela era extremamente importante para a garota mas...

         — Por quê? Ela está tão bem aqui...

         Ela fez uma careta ao ouvir aquilo. Para ser honesta Alissa já esteve melhor, todavia sua amiga não parecia estar terrível. Sabia que ela ainda estava triste por estar longe da mãe, e ainda mais triste porque a doença de sua avó estava em um estágio avançado o que significava que em breve ela não poderia vê-la novamente. Pensar nisso a fez perceber o porquê da escolha da garota.

         — Eu acho que entendo o porquê da escolha dela. Só queria que ela pudesse ter me contado antes. — ela suspirou enquanto se sentava no sofá com um olhar desolado — Ela provavelmente está fazendo isso para poder ficar com a avó dela, a Sra. Fontes está muito doente e provavelmente não vai viver mais do que dois anos... Ali já me falou sobre isso antes, que como a mãe dela casou de novo com Phillip, ela está muito ocupada para ficar cuidado da mãe o tempo todo...

         — Oh. — Ashton murmurou com a compreensão o atingindo — Será que... Calum sabe sobre isso?

         — Para ser sincera? Eu acho que não. — respondeu suavemente — Se nem eu estava sabendo disso, tenho minhas dúvidas que ela contou para o namorado.

         — Oh.

         — Pois é, oh. — Marina suspirou com a voz fraca.

 

 


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