Idiot, sweet idiot escrita por Any the Fox


Capítulo 3
Nostalgia




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E Wakiya deixou-se levar por aquela situação. Caminhava lado a lado com Rantaro em direção à sua mansão. Rantaro já conhecia bem o caminho para casa do colega, costumavam treinar no ginásio do mesmo quado as aulas o permitiam. Os anos de secundário mudaram muita coisa. Foi estranho quando sairam da academia beygoma para comecar a usar o uniforme do colégio... Todos ficaram mais altos e as coisas mudaram... Por um tempo, até acharam que o Beyblade tivesse deixado de ser uma prioridade em suas vidas, mas foi uma fase que pouco durou. Mesmo com os dezoito anos quase feitos, todos se encontravam para jogar Beyblade nos intervalos dos exames e concorriam em todos os torneios que podiam. O beyblade manteve os rapazes juntos por anos... E agora, talvez os tenha separado.

— Wakiya, você está muito quieto hoje, não? – Rantaro estranhou o silêncio do outro, olhando diretamente para ele.

Wakiya desviou a face na direção oposta fingindo desprezo, mas apenas para disfarçar o rubro da sua face ao sentir a observação do loiro.

— Não tenho nada para dizer a você. – Resposta firme e direta, no entanto, não era sincera.

— Sabe, podia começar por dizer “obrigado por me acompanhar a casa, Rantaro, você é um bom amigo”. – O rapaz da t-shirt vermelha provocou com intuito mesmo de alterar o outro.

— O que é que você quer? – Era normal do outro provocar, mas naquele dia, Wakiya estava com tudo menos paciência para isso.

               - Você está estranho, andámos umas cinco ruas sem você me insultar uma única vez. Eu vou embora em setembro, vai perder sua última oportunidade? – O rapaz não sabia que estava tocando na ferida, nem sequer suspeitava que estava a passar um terreno tão hostil.

               Wakiya respirou fundo antes de responder. Se Rantaro soubesse metade do que ia na sua cabeça naquele momento talvez não quisesse desbravar mais aquele caminho. Mas Rantaro era um idiota, então nunca se iria aperceber disso. Wakiya continuou andado e forçou a sua expressão mais enjoada e indiferente na direção do outro, pensando rapidamente numa resposta.

               - Meu desprezo é minha melhor resposta. Parece estar o irritando. – Um sorriso vitorioso foi construído na sua face. Com meia honestidade, afinal, fazer Rantaro reparar nele era uma vitória no meio disto.

               - Na verdade, é apenas normal eu me irritar com você. Nada de novo nesse seu desprezo.

               Ambos continuaram caminhando em direção à mansão de Wakiya, falando sem qualquer tópico, coisas banais como o tempo e o stress para os exames finais, até chegarem em casa do roxo.

               - E pronto, princesa, entregue no seu castelo. – Rantaro disse debochando uma vénia se apoiando em seu leque.

               - Que piada… Como se você não tivesse vindo aqui muitas vezes. – O outro retorquiu revirando os olhos.

              - Eheh, é verdade – riu – lembro bem das seções de treino aqui com todo o mundo. Ah, e na sua casa de campo também! Você fica uma gracinha com vertigens.

               Rantaro estava debochando do medo de alturas do parceiro, causando alguma vergonha em Wakiya por o outro dizer que “ele era uma gracinha”.

               - Não ria, é um problema sério! – Respondeu na sua frustração tradicional – Ao menos o treino fez algo em mim e fui mais do que o a claque do Valt o tempo inteiro!

               Rantaro fingiu-se ofendido. Há muito tempo que não ligava que dissessem que ele não eram um bleyder tão bom. Na sua visão, os seus tempos de bleyding já haviam acabado e queria dar espaço a uma nova geração de bleyders que viriam por ali. A sua verdadeira vocação era treinar e motivar, não batalhar.

               - Pois bem, mas eu me dei bem a nível mundial, com o BC Soul, não estou vendo o Sunbat United bem posicionado nesses rakings. – Respondeu na mesma moeda tocando numa das feridas do ego do outro.

— Quem precisa de se dar bem com isso? Eu posso já não estar jogando com eles, mas ainda sou o líder e fundador de seu principal rival em Espanha. O secundário me afastou do Sunbat United, mas não o vai tirar de mim! – Wakiya exclamou orgulhoso de sua equipa. Era comum demais ele se juntar a uma equipa existente, ele tinha de criar sua prória.

— Era um rival tão bom que Silas vos deixou e veio para o BC Soul.

— Porque eu deixei!

— De qualquer jeito, não faço questão de ser melhor que você no bleyding. Sabe que não batalho faz muito tempo. – O punk lembrou.

— Sinceramente? O mundo não perdeu nada. – Wakiya tinha de ser o Wakiya, mesmo quando isso o desfavorecia.

Rantaro riu, mesmo que o comentário o devesse ter ofendido.

— Os tempos que passei no BC Soul ajudando alunos foram os mais gratificantes para mim. Acho que é essa minha grande vocação. Talvez fique mesmo pela Europa como coaching. Como você diz, eu não sou tão bom bleyder assim, mas sou uma boa claque. – Rantaro riu da própria piada.

O estômago do ouvinte deu um nó. Ouvido assim não soava nada bem seu comentário… Rantaro não era o melhor bleyder que o mundo já viu, mas também nunca quis que ele parasse de batalhar.

— N-não foi isso que quis dizer!

O outro se espantou com a reação do colega. Não era nada comum ele agir tão desprevenido. Muito menos voltando atrás no que estava a dizer. Especialmente se fosse algo que dizia desde os seus 11 anos.

— Que deu em você? – Indagou.

O loiro processou algo dentro de sua mente que não soasse demasiado como um pedido de desculpas, mas que não fosse atrapalhado o suficiente para parecer algo inventado.

— O facto de você ser um melhor torcedor que bleyder… - O que quis dizer foi: “não é totalmente verdade, é só meu jeito de te provocar e ter sua atenção”, mas não foi isso que exprimiu – não é razão para você deixar de batalhar.

               Wakiya parecia muito sério, meio sem graça. Rantaro notou e não conseguiu deixar de achar fofo. Deu uma risadinha tímida antes de se aproximar mais do rapaz e por a mão no seu ombro. Apercebeu-se que nunca lhe tinha explicado muito bem o porquê de ter parado de ir a torneios depois da sua temporada no BC Soul.

               - Wakiya, – chamou – eu não parei de batalhar por não me achar bom. Eu parei porque já não era o que eu queria. Eu queria um futuro no beyblade, mas competir já não me preenchia. Me stressava na verdade!

               Rantaro passou a mão na testa lembrando épocas complicadas de competição e treino dos seus tempos de competição na equipa espanhola.

               - Eu percebi que me dava melhor fazendo estratégias, planeando e motivando. Foi aí que decidi me retirar e ofereci o Roktavor para Ranjiro. Ele ia fazer muito mais uso dele que eu.

               Wakiya revirou os olhos ao ouvir o nome de Ranjiro ser pronunciado. O colega parece não ter reparado. O loiro não suportava o irmão mais novo da sua crush, inicialmente pensou ser apenas ciúmes, mas apercebeu-se que era mais que isso. Ranjiro era muito protetor do seu irmão, sempre foi, desde que eram bem pequenos, e o dono do Sunbat United suspeitava que aquele pirralho sabia mais sobre os seus sentimentos do que realmente transmitia, ou pelo menos, suspeitava.

               - …então não se preocupe, eu ter saído não tem nada a ver com seus comentários. Você não é assim tão importante. – Terminou de explicar com um sorriso sincero e cortando o contacto físico com o ombro de Wakiya.

               Um silêncio entre os dois. “você não é assim tão importante para mim” não era exatamente o que ele queria ouvir, mas sentir o sorriso de amizade que acompanhou a frase o reconfortou do embaraço. Ambos pareciam ter ficado sem assunto e estava na hora de se despedirem, mas alguma coisa os impedia. Wakiya queria que ele ficasse. Queria pedir-lhe para ficar e não voltar para a Europa, mas sentia que não tinha o direito de o pedir.

               Então, ambos tentaram falar ao mesmo tempo, como se coordenados estivessem. Ambos riram.

               - Você primeiro. – O punk pediu.

               O roxo ia começar a falar, não sabia muito bem onde iria dar, mas queria confessar-lhe que queria que ele ficasse com ele ali no Japão. Não lhe contar da paixoneta… pelo menos, ainda não. Mas dizer-lhe que se ele fosse, ia sentir muito a falta dele… Nada fazia sentido na sua cabeça e esperava que nas palavras ditas fizesse sentido, apesar de não ter qualquer confiança de tal.

               No entanto, o diálogo entre os dois foi interrompido pelo grito enfurecido vindo não de muito longe, direcionado aos dois.

               - Rantaro!! O que faz em frente à casa desse snob a esta hora da noite?!

Era ele… O feroz guarda costas de Kiyama Rantaro tinha vindo fazer a sua escolta. 


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