Sempre haviam flores no camarim de Angela, quando ela voltava de um grande show. As espécies variavam, assim como as cores das pétalas. Essas flores sempre eram encontradas em frente ao grande espelho, com um bilhete escrito á mão perto do pequeno buquê.

A princípio, ela imaginou que fosse mais um perseguidor querendo acabar com a sua sanidade mas a cada bilhete ela percebia que não era um mero fã, que se julgava o maior entusiasta de sua carreira quem a presenteava.

Era Tao.

E a letra dele era péssima. Angela só salientara sua certeza quando notara uma presença diferente nos corredores que levavam ao palco e que ninguém além dela e Katy conseguia ver.

Tao havia desaparecido mas ainda torcia por ela, em algum lugar de Marte.

E uma noite, depois de uma apresentação que a esgotara quase que completamente, Katy a esperava em frente a porta do camarim. Uma estrela dourada com seu nome gravado no meio e um sorriso cúmplice iluminava o rosto de sua agente.

— Tenho uma surpresa para você, senhorita Angela.

Do outro lado da porta, era ele quem a esperava em frente aquele grande espelho, havia uma flor branca sobre a penteadeira e o rosto de Tao não parecia muito contente.

— Ela me pediu para ficar e te esperar mas não tenho muito tempo.

E Angela gostaria de poder dizer algo inteligente sobre aquilo, queria brigar com ele por ter sumido francamente, ela adoraria poder dizer qualquer coisa, se seu rosto não estivesse tão quente, se sua garganta não estivesse entalada com algo que ela não compreendia.

Angela poderia ter agido de forma diferente, se lágrimas não estivessem turvando sua visão.

Em meio a soluços, ela agradeceu pelas flores e pelas palavras de apoio e notara com certa lentidão, uma de suas mãos sendo segurada com cuidado e um beijo sendo colocado sobre a parte externa de uma delas.

— Por favor, não desista Angela.