God save the Prince escrita por Fanfictioner


Capítulo 6
Sorte no jogo, sorte no amor


Notas iniciais do capítulo

Helloooou!
Como eu falei, ficou inviável postar mais uma vez por semana, já que a faculdade está sugando minha alma como um dementador, mas aqui está, uma atualização semanal ❤
Esse capítulo foi excepcionalmente difícil de construir, porque sempre parecia que eu não tinha o rumo claro do que escrever, embora soubesse aonde pretendia chegar. Gostei do resultado final, e queria deixar dedicado esse capítulo pra Yamilli, que acompanhou meus surtos essa semana, sendo meio Beta Reader, e meio psicóloga!
Não vou enrolar mais, e finalmente deixar vocês lerem! Encontro vocês nas notas finais, boa leitura!



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— Estava começando a pensar que você ia me dar um perdido, Potter. – disse Lily quando James chegou no Três Vassouras, dez minutos depois do horário combinado.

— Peter tinha saído com minhas chaves e eu não podia trancar a porta de casa, sinto muito pelo atraso, Lily. – explicou ele, colocando o casaco cinza no encosto da cadeira. – Já começou os trabalhos sem mim então, senhorita Evans?

Havia um caneco de 300ml de cerveja ali, já bebericado, e Lily brincava de rodar a cartela do cardápio sobre o tampo de madeira da mesa.

— Não sabia que era um encontro para eu ter esperado... – provocou Lily dando um sorriso levemente malicioso.

— Vou deixá-la saber quando for um encontro, minha cara Lily, tenha certeza. – James levantou um dedo, chamando pelo garçom. – Pode trazer uma Schwarzbier, por favor?

— Então James Potter gosta de cerveja preta... – comentou Lily tomando um gole de sua cerveja Pilsen como de costume. – Um apreciador de morenas...

Para deixar claro, desde o começo, que James não era o único ali que entendia de bebidas, Lily lançou logo mão do comentário piadista tradicional entre amantes de cerveja. As feitas de malte torrado eram mais escuras, e por isso chamadas de morenas. Cervejas como as de Lily eram de um tipo levemente amargo, e muito mais clara, sendo a tradicionalmente conhecida cerveja de cor dourada, chamada de loura por esse motivo.

Havia, era óbvio, um duplo sentido intencional ao perguntar aquilo, e Lily estava muito empolgada para ter um motivo para implicar com James depois que ele respondesse. Ele riu, achando graça, e sentou-se em um banco alto, de frente para Lily, no lado oposto da mesa redonda.

— São boas, são boas... mas prefiro as ruivas, sabe? – respondeu ele com um sorriso maldoso.

Era claro que ele era esperto o bastante para notar o duplo sentido, e acharia uma resposta à altura. Cervejas Bock eram avermelhadas e muito menos amargas do que as que estavam bebendo naquele sábado, mas Lily sabia que James não estava de fato se referindo à bebida, e seu rosto ruborizou com a percepção.

— Esperto, esperto... você quer comer algo? Eu pedi uma batata frita logo que cheguei... desculpa, eu tava morrendo de fome!

James pegou o cardápio, olhou rapidamente, e então decidiu que petiscaria as batatinhas com Lily.

— Fico na batata por enquanto. E então, conseguiu fazer tudo? Você disse que estava cheia de coisas...

— Fiz nada! Acho que não adiantei mais do que um terço. Professor Dumbledore, meu orientador, ele me passou uns sete artigos diferentes para ler para a reunião de quinta que vem, e as minhas matérias não conhecem o sentido da palavra folga, sabe?

— Eu entendo completamente! – disse James dando um gole generoso na bebida recém chegada. – Quer dizer, tem sempre tanta coisa para ler! Você dá conta?

— Depois que você passa a dormir apenas cinco horas por noite, você dá conta. – James riu antes de perceber que ela falava sério.

— É sério isso? Você vai acabar pirando, Lily!

— Nunca fui muito legal das ideias... brincadeira, eu alterno com sonos longos nos finais de semana, e tem funcionado bem esse ano. Mas e você?

— Meu sono é razoavelmente bem regulado, madame.

— Ah, qual é, James! Tudo que sei é que você não é o maníaco sexual do Hyde Park, e que tem... uhm... ambições políticas... – disse Lily baixando a voz. – Quando vai me contar um pouco mais de você?

— E quando eu vou saber mais de você? Porque tudo que sei é seu curso, que sua irmã está noiva, e que você gosta da minha comida. – respondeu James com um sorriso presunçoso enquanto arrepiava os cabelos.

— Do seu macarrão com queijo! – corrigiu Lily.

— Detalhes, Lily, detalhes. – disse ele virando os olhos. – Para sermos justos então, vamos jogar.

— Jogar...?

— Cada um tem direito a cinco perguntas. Ou responde, ou bebe um gole. A gente alterna as perguntas, que acha?

— Ótimo, eu começo! – disse Lily com uma empolgação quase maldosa. James se empertigou na banqueta. – Aonde estudou? O que gosta de fazer? Amigos além de Peter e Frank ou a vida Real não deixa?

— Epa! Isso são três perguntas, sua trapaceira! – resmungou James pegando quatro batatinhas de uma vez com um palito.

— Ah, droga! Certo, certo... fala sobre sua vida acadêmica, então. Sobre aonde estudou e tal... como acabou decidindo por Cambridge?

— Você sabe que descobriria aonde eu estudei se colocasse meu nome no Google, não sabe? – debochou ele. – Brincadeira, brincadeira... eu estudei em Eton College desde os 13 anos, e acho que é basicamente daí em diante que importa. Eu, Sirius e Remo fomos para lá.

— Sirius? Você fala o Duque da Cornualha? – perguntou Lily, não parecendo muito impressionada.

— Ele mesmo. Meu primo, e irmão de criação. O Remo é o filho do Conde de Northamptonshire, Sir John Lupin, sabe quem é?

— Não tenho a menor ideia! – James riu.

— Imaginei. Bem, Eton é uma escola interna, tem tipo, uns quase 600 anos e surgiu como uma espécie de escola irmã do King’s College. Eles não direcionam, nem nada, mas é claro que tem uma propaganda forte sobre Cambridge. Foi meio que natural, para mim, escolher o King’s. Bem, não para todo mundo, já que Sirius foi ser piloto da RAF, e Remo partiu o coração de todos os nossos professores e escolheu Oxford. – Lily riu com isso. - E você? Cogitou outras faculdades?

— Nem podia! Meus pais são aqueles fãs doentes de Cambridge, e eu acho que dizer Legislação no King’s College deve ter sido tipo, a minha primeira frase quando bebê! – disse Lily revisando os olhos, fazendo James rir. – Juro! Eu acho que meu ensino médio foi todo baseado em como entrar aqui, sério! Principalmente depois que minha irmã não passou nas provas de A Levels dela, uns 6 anos atrás, e decidiu que queria ser dona de casa. Meus pais quase me fizeram assinar um contrato que garantisse que eu me formaria e faria faculdade!

— Isso não é, tipo, ilegal? – perguntou James franzindo a testa.

— Acho que não. Mas é certamente imoral! Acabou que, no fim, foi uma escolha óbvia porque foi a única coisa que me apresentaram a vida toda... é bem longe de ser ruim, pelo contrário! Amo o King’s! Mas, às vezes, eu queria ser como minha irmã e ter liberdade para escolher, sabe?

— Eu entendo, ruiva.

E Lily soube que ele falava sério porque, se houvesse alguém que não tivesse chance de tomar escolhas baseadas unicamente em suas vontades, esse alguém seria James Potter. Ou qualquer pessoa que fosse o príncipe herdeiro de uma das maiores economias do mundo. Quer dizer, James não devia sequer poder fazer uma viagem sem ter permissão do governo, imagine se ele quisesse jogar um esporte de alto risco?

— Bem, minha vez! – disse Lily tentando quebrar o clima. – Fish and Chips ou English Breakfest? E, entenda, isso é tipo, definidor do quão boa pessoa você é, e provavelmente decidirá se continuaremos sair para beber!

— Ah, por favor, né, ruiva? Todo mundo sabe que English Breakfest é uma comida injustiçada!  

— Amém, Senhor! Alguém do meu lado nesse mundo! – riu Lily, pedindo outra cerveja com um aceno e pegando batatinhas do prato.

— Qual seu filme favorito, e por quê?

— São duas perguntas, Potter. Eu notei! – debochou ela.

— Ah, merda! Reformulando... Qual seu filme preferido? Justifique sua resposta. – disse James finalizando o caneco de bebida e fazendo Lily rir alto.

Ela pareceu pensar um momento, contornando a borda do copo vazio com um dos dedos, e fazendo um bico com os lábios. Durante aquele breve momento, James se pegou encarando a boca de Lily com muito mais gosto e interesse do que seria pudico de se fazer em público, e corou quando Lily o olhou de volta, parecendo achar graça da situação.

— Definitivamente é “O Diabo veste Prada”, com a Anne Hathaway. Porque tudo nele é perfeito! A história, o humor da Miranda, a Anne Hathaway, o poder dela andando com um salto e um casaco diferente por dia em Nova York... eu amo!

James riu e pareceu convencido, passando a acrescentar seus comentários e memórias sobre esse filme, e contar à Lily sobre o seu preferido também.

As conversas duraram muito mais do que o previsto, dando a James a chance de pedir um terceiro, um quarto e um quinto caneco de cerveja ao dois, além de hambúrgueres muito saborosos, com cebolas fritas. Já ficava tarde, e Lily começava a parecer sonolenta e cansada, o que era compreensível dado o tanto que ela confessara ter estudado.

O jogo de perguntas continuou mesmo após eles terem saído do pub, com questionamentos alternados durante todo o caminho que fizeram até o prédio de Lily, o qual James fez questão de acompanhar.

Lily se perguntava se alguma vez rira tanto ao sair com alguém, porque sentia até mesmo vontade de urinar de tanto que achava graça das piadas de James, mas talvez pudesse ser apenas o efeito das cervejas todas.

— Ah, James, pare! Minha bexiga vai estourar se eu rir mais um pouco! – disse Lily passando a mão pelo rosto.

Eles já haviam chegado ao prédio dela, de qualquer modo.

— Seus vizinhos devem achar você uma maluca, Evans! Você ri de tudo! Parece sob efeito de gás hélio!

Lily riu mais alguns bocados, se apoiando contra a parede do prédio e dando um tapinha no braço de James.

— Certo, certo... minha última pergunta então, James. – comentou Lily após se acalmar. – Você se divertiu hoje? Porque eu aproveitei muito! Fazia tempo que não achava alguém no meu nível de habilidade para beber... e esse seu humor idiota! Nossa!

— Obrigado pela parte que me toca! Brincadeira, foi uma noite ótima, Lily. Você realmente tem o dom para beber... são os olhos claros que dão essa resistência ao seu fígado ou o quê?

— É a prática! – ambos riram do comentário. – Brincadeira, amanhã a ressaca vem... espero conseguir estudar algo amanhã.

— Olha aquela história de dormir nos finais de semana para compensar, eim? Vou pedir que Alice me avise se você inventar de acordar cedo. – disse ele em um tom quase sério.

— Pode deixar, chefe! – houve um tempo em um silêncio confortável antes de Lily se começar a se despedir. - Obrigada pela saída! Boa noite, James.

— Boa noite, ruiva... aliás! Uma última pergunta, para terminar o jogo! – Lily cruzou os braços, achando graça. – Aquela sua manteiga de cacau tem gosto de quê mesmo? Não deu bem para saber quando você me beijou aquele dia...

Lily riu da audácia dele, corando no processo, e James soube que ela estava igualmente interessada, e que sua cantada tinha sido bem recebida.

— Ah, bem... é de baunilha. Mas você pode conferir por si próprio se quiser, James. – respondeu ela, sorrindo com malícia e sentindo o coração bater depressa de um jeito bom.

A boca de James era, de fato, tão macia quanto cogitara quando dera aquele selinho apressado dois dias atrás, e Lily agradeceu, pela primeira vez, o fato de sua rua ser muito mal iluminada e esconder os dois na penumbra.

Sobre a boca de James Potter, o Duque de Cambridge, os lábios eram gordinhos e, céus, ele provavelmente tinha a melhor pegada que Lily já conhecera! A coisa logo escalonou, e não levou muito para que Lily tivesse enfiado uma das mãos nos cabelos atrapalhados e escuros dele. James, por sua vez, puxava Lily para cima com um braço contornando sua cintura, além de segurar o rosto dela nas mãos e, por Deus, cheirar absurdamente bem!

— Eu... eu chamaria você para entrar, James, mas as meninas estão em casa e, bem...  – murmurou Lily algum tempo depois, muito bem envolvida pelos braços de James.

— Não se preocupe! Não tem pressa... – respondeu ele, dando mais alguns inúmeros beijos em Lily. – Quer sair sexta? Um encontro mesmo, Evans... com direito a eu passar aqui de carro, e você colocar aquele vestido azul que usou em Londres, de novo.

Era engraçado como James a fazia se sentir desejada, querida e, céus, muito instigada.

— As oito, Potter. E, pelo amor de Deus, não se atrase de novo! Não pega nada bem para o Duque de Cambridge! – resmungou ela em resposta, rindo e tascando um último beijo em James antes de entrar em seu prédio.

**

— Você não está mesmo me obrigando a aparecer em uma chamada de vídeo com máscara de hidratação no rosto, está, James? – resmungou Dorcas ao atender a ligação.

O cabelo escuro de Dorcas estava amarrado no topo da cabeça, e seu rosto estava coberto por uma película esbranquiçada, que James não sabia dizer se era de tecido ou de plástico. Máscaras de hidratação eram as que grudavam no rosto? James nunca se lembrava dessas coisas.

— Pontas, é bom ser importante... tem noção do que você está empatando? – perguntou Remo aparecendo ao lado de Sirius na chamada de vídeo.

Pelo que James conseguia reconhecer, os dois estavam no dormitório de Remo na faculdade de Oxford, o que era meio surpresa para ele, dado que Remo era muito preocupado com a possibilidade de alguém desconfiar de algo e geralmente não gostava que Sirius fosse visitá-lo.

— Eca! Eu não preciso saber das intimidades de ninguém nesse grupo, sabia? – retrucou Marlene. – Estou pausando minha série por você, James! É sexta à noite, é bom ser importante.

— Então, como vocês estão galerinha do mal? – disse James presunçosamente implicante.

— Ah, vai à merda, Pontas!

— Ui, a madame está nervosa! Aliás, o que tá fazendo aí, Sirius?

— Remo tomou bomba em uma prova ontem, eu não queria correr o risco de deixar o Senhor autodepreciação sozinho em um final de semana.

Dorcas e Marlene fizeram alguns comentários positivos com a intenção de animar Remo, que parecia momentaneamente desconcentrado de seu fracasso acadêmico, embora James o conhecesse bem o bastante para saber que era unicamente porque Sirius estava por ali, e que assim que Almofadinhas fosse embora, Aluado se entregaria a uma autopunição tremenda por sua nota ruim.

— A vovó sabe que você está aí, Almofadinhas?

— Disse a ela que Lene vinha para uma visita em Oxford e eu a acompanharia. Claro que ela não faria objeções, mas pediu que eu fosse discreto, então vim no carro da Lene.

— Você emprestou seu carro ao Sirius? – berrou Dorcas em estado de choque. – Meu Deus, esse namoro é sério mesmo, eim?

— Nada como aparências, Dorquinhas. -  comentou Lene piscando e fazendo os rapazes rirem. – E falando em aparências, mais alguém notou que o James está sorrindo demais nessa ligação?

Como que em reação imediata, todos os amigos olharam para James, sorrindo maliciosamente, e Sirius deu uma assoviada maldosa.

— Ué, agora virou crime exibir meu sorriso por aí? – rebateu ele, aumentando o sorriso no rosto.

— E eu nasci ontem, né, Pontas? Essa cara aí tem um motivo.

— Um motivo e um nome, Remo. E eu aposto o que você quiser que é aquela menina da carona! – disse Dorcas, fazendo uma careta estranha enquanto ajustava a máscara facial na altura do nariz.

— Evans não é? Você nunca disse as redes sociais dela para a gente, disse, James?

— Lily Marie Evans... ela não usa muito redes sociais, de qualquer modo. E vocês estavam certos... eu sou um grande emocionado.

Lene e Dorcas deram gritinhos afetados, enquanto Sirius caiu na gargalhada, acompanhado de Remo, fazendo James corar e sorrir meio sem graça.

— EU SABIA! EU TINHA CERTEZA! Viu, Dorcas! Três semanas! Eu conheço o meu pequeno Padawan! – disse Sirius exaltado, sacudindo o celular e fazendo a imagem da chamada ficar toda borrada.

— Uhm... eu meio que estou ficando com ela há um tempo já, Almofadinhas...

— AHA! SABIA! – gritou Dorcas, levantando-se num pulo da cama e dando soquinhos no ar.

— E ficou na moita? Qual é, Pontas?!

— Foi mal, foi mal! Foi de repente, na real. Eu encontrei com ela no departamento dela na quinta-feira depois que a gente voltou de Londres...

— Rápido assim?! Meu Deus, a Doe tava certa, não foram nem cinco dias, veado! – disse Remo muito surpreso. – Você precisa se preservar, James! As garotas vão começar a achar que você é fácil demais, sabia?

Dorcas e Marlene riram, e James mostrou o dedo do meio, rindo e continuando a narração.

— Ela estava muito estressada naquele dia. Tinha esquecido o celular sem bateria ou coisa assim, não queria nem papo. Ajudei a fazer umas compras de mercado, e fomos para o apartamento dela.

— Mas você é um pequeno Deus Baco, não é? – interrompeu Marlene. – Já foi ao apartamento dela de cara assim?

— Deixar compras! Juro, nenhuma intenção! – Sirius e Remo fizeram caretas maliciosas e descrentes. – Ah, claro, coisas passavam sim na minha cabeça, mas eu juro que fui só para deixar as compras! No fim eu acabei ficando, ela estava muito cansada e irritada, preparei algo para o jantar, comemos juntos, batemos papo...

— Eu simplesmente não consigo entender como você é tão emocionado, James! Juro! Você conhecia essa Lily Evans há uma semana! Uma semana, James! E foi cozinhar para ela?

— Para você ver, Doe, eu não cozinho para o Remo mesmo com quatro anos de namoro!

— Mas aí é porque você é incapaz até de fritar um ovo, né, Sirius? – rebateu Remo, olhando com deboche para o companheiro.

— Minhas bebidas são boas e isso que importa!

— Vou servir um copo de água da próxima vez que disser que está com fome, então.

— Será que a DR de vocês pode ficar para depois? Porque eu meio que queria contar que a Evans me beijou naquele dia...

Remo riu, completamente chocado, seguido por Marlene e Dorcas que deram gritinhos empolgados. Sirius explodiu em gargalhadas, dizendo que ele sabia.

— Então quer dizer que a antimonárquica deu uns pegas no príncipe? – comentou Sirius, que sabia detalhes da conversa de James e Lily na volta de Londres a Cambridge, fazendo Lene e Dorcas fofocarem sobre o posicionamento político de Lily. – Ela meio que odeia a gente, sabiam?

— Ela não é contra a monarquia, Almofadinhas. Lily é uma pessoa muito legal, é super inteligente, e vocês iam adorar conhecê-la, inclusive! – resmungou James, meio incomodado. – Ela só não gosta dessa adoração bizarra que as pessoas têm com a gente, o que não é lá algo que eu discordo... a menos que você ou Lene gostem de terem os rostos estampados em panos de prato de souvenirs.

Sirius deu de ombros, como que dizendo que estava apenas implicando, e que não iria discutir o assunto de sua face estampada em souvenirs disponíveis por todo o país.

— Mas afinal, é sério, então? Você está namorando com ela? É algo oficial?

— Não é oficial porque a vovó rejeitaria qualquer relacionamento que não fosse com, no mínimo, a filha de um Conde, não é, Lene? – disse dando de ombros em um tom de resignação. – Mas a gente saiu no final de semana depois desse beijo. E houve muitas cervejas e muito mais beijos. E saímos na sexta, semana passada...

— Então é sério, James! – disse Dorcas revirando os olhos.

— Bem, ao menos tão sério quanto é possível ser um relacionamento que não envolve famílias, sim, eu estou namorando Lily Evans.

— E assim, Pontas quebra seu próprio recorde de relacionamento que começou mais rápido, indo de um mês para uma semana! – comentou Sirius num tom irônico. – Sabe que estou implicando, você é emocionado, Pontas, e eu tenho medo de que quebre essa sua cara com garotas que só querem se aproveitar de você.

— Você é cavalheiro e sentimental, James, e ninguém aqui quer precisar fazer rodízios de pub com você se ela der um pé na sua bunda depois de ganhar um presente caro. – disse Marlene, com uma expressão afetuosa no rosto.

— Você é gado de mulheres bonitas, James. Só isso! Come na mão delas direitinho... – acrescentou Dorcas.

— Ninguém quer repetir a série Amélia Bones, é só isso...

Amélia Bones tinha sido o último envolvimento afetivo de James. Acontecera ainda nas primeiras semanas do primeiro trimestre de James no King’s College, quando tudo ainda era novidade e ele tinha apenas 19 anos. Amélia Bones era uma veterana do último ano do curso de James, e fora muito rápido que eles dois se envolveram num relacionamento intenso. Intenso e meio impensado.

James se apaixonara de uma maneira pouco saudável, mergulhando de cabeça no relacionamento, embora Amélia só quisesse mesmo ter o privilégio de ter um príncipe em sua lista de ficantes. Após algumas recusas a pedidos de namoro, ela decidiu que berrar com James a plenos pulmões em um restaurante, virar uma taça de vinho sobre ele, e dizer que ela precisava apenas dormir uma vez com alguém “como ele” (referindo-se ao título nobiliárquico) para saber como era, era uma maneira satisfatória de dizer que não pretendia continuar o envolvimento, o que resultou em James sem comer por quase uma semana, e um coração partido por quase seis meses.

— Eu acho que enjoei só de lembrar dela, Almofadinhas. – disse James numa expressão forçada de nojo, arrancando risos dos demais.

— Ei! Mas ninguém está sendo contra, viu, Pontas? Pelo contrário! Todo mundo aqui sabe que você merece uma companhia legal para sair e dar uns beijos. Acho que a gente já imaginava que isso ia acontecer, só foi... rápido! Mas a Evans parecer ser gente boa... você acha que vai durar esse namoro?

— Eu gostaria, Aluado. A Lily é... não sei, é imprevisível, e me faz sentir meio idiota às vezes, mas de um jeito bom, sabe? Eu poderia ouvir aquela mulher falar, durante o dia inteiro! Ela é extremamente inteligente, provavelmente mais do que a maioria de nós aqui! E, puxa vida, aquele cabelo ruivo dela é a coisa mais maravilhosa!

— E lá vamos nós de novo... – murmurou Sirius, recebendo de Remo um safanão particularmente ruidoso na orelha.

— Nós vamos conhecer a famosa Evans, ou não, James? – perguntou Dorcas, finalmente tirando a máscara de hidratação e, então, sumindo da câmera alguns segundos para lavar o rosto.

— Quem sabe, quem sabe... – respondeu James com um sorrisinho de canto de boca. – Era isso, gente... vocês têm novidades? Marlene? Doe?

— Jantei com sua mãe antes de ontem, James. Ela reclamou que você não liga mais para ela, e eu me fiz de sonsa e disse que não andava falando com você também.

— Depois ele não sabe por que eu sou o filho preferido, né Lene? – disse Sirius, fazendo James mostrar-lhe o dedo do meio.

Dorcas contou que estava tudo normalmente chato e parado, e que estava muito envolvida com a organização da feira de arrecadação ao projeto social do qual era madrinha, que seria em trinta dias, na penúltima semana de junho.

— Você não pode vir? Tipo... todos vocês. Ia ser incrível se você e Sirius viessem, e com certeza ia fazer muito mais gente se engajar. Nem precisam doar nada... mas, é claro, mais cachorros seriam castrados e comeriam comida de qualidade se eu ganhasse umas duas mil libras da Família Real, sabe? – murmurou ela com fingida inocência.

— Você tem que estar maluca para nos chamar para qualquer coisa em junho, Dorcas! Provas finais, não lembra?

Remo parecia realmente estressado com a iminência das provas do final de trimestre, e considerando seu desempenho ruim na última avaliação que fizera, todos os estudos deviam estar colocando ainda mais pressão nele. Claro, as provas finais do trimestre (em especial as do último trimestre do ano) eram sempre exaustivas, levavam os alunos à loucura com revisões, flash cards, e reuniões para tirar dúvidas, mas o alívio quando elas acabavam era de uma doçura inexplicável.

— Espera... você tem a data certinha?

— Dia 30, Jay... 30 de junho, vai começar às 11h, e devemos acabar no final da tarde. Por favor, venham!

James ponderou por alguns segundos. Ele não vinha aparecendo em qualquer compromisso social além dos obrigatórios, já que os deveres da faculdade sugavam 70% de todo seu tempo livre, e ainda era esperado que ele tivesse amigos e assistisse alguma série de vez em quando. Todas as aparições públicas daquele ano tinham sido na companhia da família, em eventos oficiais, e até mesmo as instituições filantrópicas que James apadrinhava não o viam há quase seis meses. Talvez fosse bom comparecer ao evento de Dorcas, e a causa animal sempre lhe fora cara, de qualquer modo.

— Bem, por mim parece um ótimo plano. A semana de avaliações acaba na sexta-feira mesmo... vamos, Aluado?

— Sem chance! Tenho a última prova na terça seguinte, e eu preciso muito não levar bomba, Pontas!

— Não vai levar bomba, Aluado! Pare de drama, você é o mais inteligente de todos nós, vai fazer as provas de olhos fechados, eu tenho certeza! – disse James para incentivá-lo. – Vai ser por uma boa causa, e vamos poder nos encontrar, todos nós... vamos, Aluado!

 Remo continuou negando, mas depois de James apresentar uma boa lista de motivos, Lene alegar que iria, mesmo tendo provas na segunda-feira após o evento, e Sirius insistir mais uns bocados, Remo finalmente cedeu.

— Mas não vou ficar até o fim! E vou chegar na sexta-feira de noite para já estar lá cedo desde o começo, vou logo avisando!

Dorcas comemorou com palminhas, sabendo que iria ganhar gordas contribuições dos Duques de Cambridge e da Cornualha, e em nome do Conte de Northhamptonshire, na pessoa de Remo.

— Ótimo! Ficaremos todos hospedados na casa da Doe, e aí vocês podem conhecer Lily. Vou dar um jeito de convencê-la a ir comigo!

A conversa se estendeu por algum tempo a mais, mas logo Marlene precisou desligar porque o delivery de sua janta estava na portaria do prédio, e Sirius e Remo pretendiam assistir à um filme, o que James logo entendeu o significava e escarniou um pouco. Dorcas se despediu em seguida para ir tomar banho, e James ficou sozinho, sentindo-se muito feliz de poder compartilhar com os amigos o que estava vivendo com Lily.


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Notas finais do capítulo

Muuuuuuitos acontecimentos, hahaha!
Bem, primeiro eu queria acrescentar uma coisa importante que é: tudo que tá na fic (exceto, óbvio, os personagens e itens canônicos de HP) é 100% real. Então o Eton College, ou o King's, realmente existem, e eu faço tipo muuuuuuita pesquisa para não falar besteira. Todos os títulos nobiliárquicos também são reais, e é tudo escrito com a maior tentativa de ser próximo do real.

Sei que ninguém liga para isso, mas achei legal falar.
O que estão achando? Meio rápido demais esse namoro? Tem justificativa eim....
Espero vocês nos comentários! Beijos!