God save the Prince escrita por Fanfictioner


Capítulo 5
Pasta Primavera


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! As atualizações têm sido bem frequentes até aqui, mas acredito que podem diminuir um pouco devido ao tempo curto que tenho tido para escrever. Essa fic em especial demanda um pouco de pesquisa, para garantir que não vou falar alguma besteira sobre a hierarquia da família real, ou ao falar das distâncias e lugares da nossa história... com isso, é possível que só tenhamos uma postagem por semana... :(
Esse capítulo esta excessivamente fofo e Jily, e começa a trabalhar nosso casal favorito... espero que gostem! Vou esperar vocês nas notas finais!



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A primavera avançava sobre Cambridge deixando o clima mais agradável e ensolarado, permitindo que flores nascessem pelos jardins dos campi da universidade, e fazendo as feirinhas de rua voltarem a aparecer com maior frequência na principal praça da cidade. Era ali, caminhando entre barraquinhas variadas, que vendiam desde comida tailandesa à sabonetes artesanais, que Lily, Alice e Mary tinham decido ir jantar e papear naquela noite de quarta-feira após as aulas.

— Então você realmente não fazia ideia de que James era O James? Sério mesmo, Lily?! – perguntou Mary enquanto enrolava o macarrão de seu yakisoba em um garfinho de plástico.

— Nenhuma ideia! Vê lá se eu tenho cara de quem segue as fofocas do Kensington Gossip nas redes sociais!

— Mas você vê jornal, ué! Não é possível que não tivesse reconhecido o James! – disse Alice petiscando um saquinho de amendoins caramelizados excepcionalmente cheirosos.

— Ei! Estava escuro no Três Vassouras aquele dia! E eu não tenho a obrigação de saber que o príncipe estuda no meu campus, tenho? – respondeu Lily enquanto tentava limpar, com um guardanapo, uma mancha de molho de kebab em sua blusa.

Mary e Alice a encararam numa expressão de que era óbvio que Lily devia ter a obrigação de saber que James estudava em King’s College, e era o príncipe.

— Ah, vão se ferrar! E vocês duas sabiam e não me falaram nada!

— Bem, Frank pediu que eu não espalhasse, e como Mary fez uma cara de que ia dar um berro aquele dia no pub eu a cutuquei para não falar nada também, mas não achei que você seria lerda a esse ponto, Lily!

Lily revirou os olhos ao ouvir aquilo, e jogou a garrafinha de refrigerante e o guardanapo sujo em uma lixeira, sentando-se no banco ao lado e sendo acompanhada por Alice e Mary.

— Ele beija bem, Lily?! – perguntou Mary numa animação exasperada.

— Tá maluca?! Não fiquei com ele! Não ainda, pelo menos... mas não, não acho que vamos acabar ficando.

— Ah, para, Lily! Ele convidou você para beber com ele, tem que estar minimamente interessado!

— E a menos que você o esteja ignorando, tenho certeza de que ele vai chamá-la para sair. – Lily deu de ombros para o comentário de Alice. – O que? Você não está ignorando-o, está Lily Evans? Porque se estiver, eu juro que vou dar um safanão nessa sua cabeça oca!

— Não conversamos mais desde que eu voltei, James não mandou mensagem.

— E você não mandou um “oi”? – perguntou Mary achando Lily a maior das idiotas.

— Tem sido corrido para mim também, então estou achando bom que não estejamos nos falando. Eu não teria tempo para dar atenção para homem nenhum, e James não seria uma exceção por ser quem é...

Mary amassou a caixinha em que seu Yakisoba viera servido e jogou-a no lixo, parando em pé na frente de Lily.

— Você é quase um robô, sabia? Esse seu jeitinho racional demais é que impede você de já ter dado uns pegas em James Potter. Porque ele claramente está interessado em ficar com você, e você fica com esse mimimi de não poder dar atenção para ele... vai viver, Lily! Meu Deus! Quando que outro príncipe vai querer sair com você? Se ele tivesse minimamente olhado para mim, Deus sabe que eu não me responsabilizaria pelo que faria com aquele homem!

Lily ruborizou violentamente. Mary era muito mais solta e interativa quando se tratava de garotos, e às vezes até constrangia Lily com sua personalidade forte para questões de sexualidade.

— Você me envergonha as vezes, sabia?

— Por quê? Eu sei que na sua cabecinha você já se imaginou agarrando James, Lily, não minta! – acrescentou Mary, com uma sobrancelha levantada e um olhar intenso.

— Ele podia ser menos gostoso, não é? Ou não ser príncipe, já tava bom... – choramingou Lily. – Eu queria ser celibatária às vezes, sabia?

Alice e Mary riram do comentário de Lily, e logo o assunto mudou, pois nenhuma das três gostaria de ser ouvida falando sobre a atração sexual que sentiam pelo herdeiro da coroa britânica. Seria, no mínimo, esquisito, e, na pior das hipóteses, uma espécie de abuso.

Lily dormiu tarde naquela noite, mas satisfeita pelo momento de distração com as amigas. A semana tinha corrido tão rápido que nem parecia que 7 dias atrás ela estava maluca com Petúnia e querendo gastar seu réu primário com a irmã.

O sol demorou a aparecer na quinta-feira e Lily acordou atrasada para sua rotina de estudos. À medida que o trimestre caminhava para o final o cansaço ia se acumulando e parecia inevitável que as horas de sono soassem insuficientes, assim como todos os tempos livres e os blocos de estudos.

O café que faculdade de Legislação fornecia aos alunos era forte e sempre era servido as 9h na antessala da biblioteca, junto de uma bandeja com cookies e bolachas de água e sal. Dado o atraso em seus estudos, Lily decidiu que, naquele dia, aquele seria um café da manhã suficientemente bom, e pouparia o tempo de cozinhar algo.  A cama ficou desfeita, o pijama no chão e todo o quarto de Lily estava muito mais bagunçado do que de costume, coisa que ela ignorou em prol da preocupação com os trabalhos atrasados.

Quintas-feiras eram sempre os dias mais atribulados de sua semana. De manhã, Lily estava livre para leituras e estudos até as 11h, e depois entrava em aulas seguidas até as 16h, tendo apenas 20min para almoçar. Das 16h as 18h tinha orientação de pesquisa com Dumbledore, seu professor de Legislação Internacional, e meia hora depois começava sua reunião da Sociedade Acadêmica, terminando só as 20h.

E foi justo num dia como aquele que, acordando atrasada, Lily esqueceu o celular no dormitório.

Com aquela correria toda, o café petiscado em meio a um livro de doutrina legislativa moderna, e as aulas consecutivas, Lily só sentiu a falta do celular na hora do almoço, quando quis mandar mensagem para Alice.

— Grande dia, Lily! Grande dia! – bufou ela, agradecendo mentalmente por não ter esquecido a carteira, porque estava morrendo de fome e precisava comprar algo no refeitório.

Não havia a menor chance de ir buscar o aparelho, não antes das 18h, ou se atrasaria para os compromissos da tarde. E se fosse agora, não almoçaria. Não era impossível passar uma tarde sem celular, pensou por fim, e tentou se resignar, esquecendo o fato assim que entrou na primeira aula após o almoço, graças à quantidade absurda de anotações que precisou fazer.

Professor Dumbledore fora muito amável e compreensivo ao liberar Lily dez minutos mais cedo ao saber que ela estava sem celular, embora tenha devolvido o favor com sete artigos diferentes para que ela lesse e estudasse para a reunião da semana seguinte. Lily agradeceu e saiu o mais rápido que pode, decidida a lidar com um problema de cada vez.

A grande questão sobre os dormitórios do King’s College era o fato de ficarem a uma média de 10 a 20min de distância do campus, o que parece perto, mas não o suficiente quando se tem muitas aulas por dia e horários apertados. Lily chegou em seu prédio um pouco depois das 18h, passando primeiro na cozinha para pegar um lanche para a reunião da Sociedade, e então descobrindo que, de fato, estava sem comida alguma.

— Pelo amor de Deus, Lily! Vai fazer compras! – xingou-se, acrescentando a nota mental inadiável de ir ao mercado naquele mesmo dia.

Chegar ao seu dormitório, no final do corredor, não foi exatamente agradável, dado que se deparou com a bagunça deixada pela manhã (a qual a deixou extremamente arrependida), e levou algum tempo para achar o celular em meio às cobertas desarrumadas. Não foi muito surpreendente que ele estivesse sem bateria, mas foi absurdamente irritante não conseguir achar o carregador com rapidez.

Quando Lily finalmente pegou o que precisava, separando a caderneta em que anotava as discussões da Sociedade e a sacolinha retornável que levava ao fazer compras, percebeu que, outra vez, estava atrasada. Faltavam dez minutos para sua reunião começar, e ela precisaria correr se quisesse chegar no horário.

Com fome, sem bateria no celular, e muito muito irritada, Lily assistiu à reunião da Sociedade Acadêmica de Legislação em quase absoluto silêncio naquele dia, negando todos os convites a se pronunciar, e apenas fazendo anotações que considerava pertinente. Seu celular recarregava no fundo da sala, e inúmeras vezes Lily se perguntou quão mal educado seria se ela fosse buscá-lo para tentar se colocar a par dos acontecimentos do dia. Mas ela não o fez.

Quando a reunião acabou, Lily estava com um humor insuportável, e tinha a sensação de que gritaria com o primeiro ser humano que visse em sua frente. Juntou suas coisas e buscou o celular, agoniada para ir embora fazer compras e, finalmente, ir para casa encerrar aquele dia péssimo.

— Primeiro eu achei que você estivesse me evitando de propósito, mas depois de quase vinte e quatro horas sem ficar online eu comecei a ficar preocupado com você, ruiva.

Sentado de pernas cruzadas em um banco do hall de entrada da sala da Sociedade, ali estava James, usando óculos escuros (mesmo que o sol já tivesse se posto quase completamente) e rodando uma caneta entre os dedos com uma habilidade despretensiosa. Lily deu um leve gritinho com o susto, ficando dividida entre o choque por ele ter aparecido ali tão inesperadamente e a raiva colossal que sentia pelo dia horroroso que tivera.

— Como...? Quem falou que eu estava aqui? Como me achou?

— Eu mandei mensagem hoje cedo, mas acho que você não viu... – disse James, indicando o celular que Lily carregava nas mãos.

— Esqueci no dormitório, e depois fiquei sem bateria. É a primeira vez que vou mexer no celular hoje.

— Cogitei algo assim ter acontecido. Mas como você não respondia, tomei a liberdade de pedir ao Frank que perguntasse a Alice aonde você estaria, e ela disse que não tinha falado com você hoje, mas que devia sair da Sociedade as 20h. – explicou ele, colocando uma mão no bolso da jeans ao se levantar.

— Entendi...

Lily estava tão surpresa quanto confusa, e não sabia ao certo o que fazer, dada a raiva crescente que sentia pelos planos frustrados de seu dia. A barriga doendo de fome também não ajudava, e sentia seus olhos arderem de tantas leituras que tinha feito. De fato, Lily só queria um banho, um prato de macarrão e dormir algumas horas antes de voltar a estudar, porque havia alguns deveres para o dia seguinte que estavam incompletos.

Desbloqueou o celular, começando a andar em direção à saída do prédio, com James ao seu lado. Além das mensagens de Mary e de Alice no grupo que as três tinham juntas, das duas chamadas perdidas, uma de Alice, outra de James, e das muitas notificações de outras redes sociais, havia duas mensagens de James naquela manhã.

“Bom dia, ruiva! Desculpe o sumiço, esses dias foram puxados... posso me redimir pagando um café para você na hora do almoço?”

“Ou pode ser uma cerveja de noite também, a depender do seu humor e preferência, claro :) Saio da Sociedade de História as 20h, me avisa o que prefere fazer...”

Era muito fofo e atencioso, e Lily teria adorado qualquer uma das sugestões, mas não naquele dia, não com o humor que ela estava naquele momento.

 - Uhm, James... eu vi suas mensagens agora, sinto muito. – parou para encará-lo. – Eu não quero parecer indelicada, eu teria adorado um café hoje cedo com você... mas eu estou realmente muito cansada e irritada, e eu não sei como não ser grossa no momento.

Lily até tentou dar um meio sorriso para compensar, mas não funcionou muito.

— Que bom que eu sou treinado desde pequeno na arte da etiqueta para saber justamente o que fazer num momento como esse! – disse ele, e Lily riu sem se dar conta. – Quer falar sobre o que está incomodando?

— O dia só foi uma merda, deu tudo errado! Eu não como nada desde o almoço, não tenho absolutamente nada de comida em casa, estou com trabalhos acumulados para amanhã e estou muito muito cansada, James! Desculpe, hoje não tem a menor chance...

— Você costuma ir em qual mercado?

— Como?

— Mercado... você vai ao Sainbury’s? – perguntou James, insistente.

— Uhm, sim. Por quê?

— Compras a dois é mais rápido, pode acreditar. Peter e eu só fazemos compras de mercado juntos para poupar tempo... ajudo você nessa. – explicou ele enquanto os dois saiam pela portaria do King’s College.

— Não precisa, James, sério. Posso fazer isso sozinha.

— Claro que pode! Não tenho a menor dúvida disso, só estou querendo fazer companhia e compensar o café que não tomamos. – ele deu uma piscadinha e Lily achou graça, sabendo que não havia mais como argumentar com James.

De fato, fazer compras em dupla era muito mais fácil. Lily especificou o que precisava da sessão de frutas e legumes (basicamente morangos, bananas, baby tomates, baby cenouras e kits de salada verde) e se dirigiu a comprar os mantimentos maiores, como macarrão, cereais e biscoitos. Quando se encontraram, faltava apenas buscar os laticínios e embutidos, e podiam ir ao caixa.

Lily se permitiu comprar duas barras de chocolate com a promessa de durarem duas semanas, mesmo que ela soubesse que teriam acabado até domingo, e três energéticos, porque aquela madrugada prometia ser realmente longa. Eram quase nove horas quando chegaram em seu prédio. James fez questão de subir as sacolas de compras até o terceiro andar em que Lily morava (assim como Alice e Mary), e insistiu que ficaria para ajudar a guardar tudo.

— Não faz parte das suas atribuições reais, Vossa Alteza. – brincou Lily em meio a um riso. – Brincadeira, mas falo sério... você já pode ir, James.

— Faz parte das atribuições de me importar com o bem estar de Lily Evans. – devolveu ele, encarando Lily nos olhos e fazendo-a corar. - Anda logo, ruiva, aonde é a cozinha?

— Lily, é você? – chamou Mary, colocando a cabeça para fora do vão da porta da cozinha. – James! Que surpresa! Só você para achar a nossa Lily perdida!

Lily não sabia se era possível corar mais. James parecia muito à vontade carregando compras de mercado da sala para a cozinha que Lily dividia com as duas amigas e mais duas calouras, e era óbvio que Mary e Alice estavam prestes a enchê-lo de perguntas e fofoquinhas. Essa ideia deixava Lily perturbadoramente constrangida.

— James só veio ajudar a trazer as coisas, já está indo. Desculpem não ter avisado!

— Como se a gente não o conhecesse, né Lily? – retrucou Alice enquanto mexia uma panela de mingau no fogão. – Como vai, James? Que bom que você conseguiu achar a Lily no fim das contas... Aliás, o que aconteceu com você hoje, amiga?

— Esqueci o celular, e depois fiquei sem bateria. Gente, eu tô muito cansada, James precisa ir, deixem só eu guardar essas compras com ele e já nos falamos. – disse Lily levemente incomodada.

Àquela altura, sua raiva diminuíra sensivelmente graças ao arsenal bem humorado de piadas e comentários de James durante todo o caminho juntos até em casa, mas a fome persistia, fazendo seu estômago doer terrivelmente, e Lily só queria alguns momentos de silêncio e sossego em seu quarto.

— Vai tomar um banho.

— Oi? – perguntou Lily confusa.

— Banho. Vai lá tomar um banho, relaxar. Tenho certeza de que Alice e Mary podem me ajudar a guardar tudo por aqui, e daí preparo um macarrão com queijo para o jantar. – respondeu James guardando as frutas em uma bandeja sobre o balcão, conforme Lily indicara.

— Que isso, James! É ridículo, eu posso fazer isso! Já está tarde, e você também tem que fazer suas coisas, é sério, pare!

— Ruiva... Eu já tinha deixado o horário da minha noite para tomar a cerveja com você, não tenho qualquer outro plano, e ainda não comi nada também. – disse James com simplicidade, como se explicasse algo a uma criança. – Agora vai lá relaxar que eu preparo um macarrão para nós... bem, a menos que não queira jantar comigo. Daí eu preparo um macarrão para você, e vou embora.

James deu de ombros e apresentou um sorriso convencido quando Lily o encarou descrente. Era claro que aquela discussão já tinha sido encerrada, e James tinha vencido outra vez, porque por mais cansada e atarefada que Lily estivesse, ela não queria recusar a companhia dele, e nem a ideia de poder relaxar uns segundos enquanto alguém a mimava e preparava a janta.

Reclamando mais um pouco, Lily saiu para seu quarto, determinada a tomar um banho morno e colocar um pijama confortável. James que lidasse com isso, ela estava cansada demais para colocar qualquer coisa mais apresentável. O cabelo de Lily estava meio opaco e parecia sujo, mas ela não se arriscaria a lavá-lo àquele horário nem se lhe pagassem bem para tal, e no fim das contas ela só o prendeu em um coque desleixado e colocou um cardigã por cima da blusa com uma arte minimalista de raposa.

A bagunça do quarto se transformou em uma semi-organização. Lily arrumou a cama, esticando as cobertas e deixando-as prontas para quando viesse se deitar, fez uma pilha com os papéis espalhados em sua mesa e recolheu as roupas que tinham ficado caídas sobre o carpete, se fazendo a promessa de que sábado organizaria tudo no devido lugar.

— Lily? Posso entrar? – perguntou James educadamente ao bater na porta duas vezes.

— Ahm, oi! Espera um pouco!

Lily deu uma rápida conferida no quarto, garantindo-se que nada constrangedor estivesse à mostra, e correu para abrir metade da porta, numa forma sutil, mas eficiente, de dizer que “Sim, quero falar com você, mas não, não quero que entre no meu quarto agora”.

— Só vim avisar que fiz uma janta. – disse ele sorrindo.

Se contassem a Lily que um príncipe herdeiro faria compras de mercado com ela e depois prepararia um prato de macarrão com queijo para jantarem juntos em um dia de semana, no meio de um período de aulas da faculdade, ela teria rido muito e recomendado um terapeuta cognitivo-comportamental à pessoa. Mas não era mentira.

James realmente tinha feito uma comida maravilhosa. Talvez fosse a fome voraz de Lily, mas parecia que aquele era o melhor macarrão que já tinha provado, e ela nem sequer falava enquanto jantava. James Potter estava, de fato, no apartamento de Lily. Tinha cozinhado, se servido e estava ali, agora, sentado do outro lado da mesa, com a postura relaxada depois de ter acabado de comer.

— Espero que tenha sido a fome que deixou você quieta esse tempo todo, e não o desgosto pela comida. – brincou James quando Lily terminou.

— Tá maluco? Eu comeria isso pelo resto da minha vida! – ele gargalhou. – Juro! Você cozinha muito bem para um d-u-q-u-e, James Potter! – acrescentou Lily soletrando e falando em um sussurro, pois as duas calouras estavam conversando no sofá logo ao lado.

— Fico feliz de ter sido útil, Evans.

Lily achou que perdera uma batida do coração quando ele piscou para ela.

— Você está jogando baixo, James... quer me conquistar pelo estômago.

— Cada um com as armas que tem, não é? – Lily deu um risinho. – Brincadeira. Eu só queria uma desculpa para ver você, passar um tempo... acho que ficou óbvio depois que eu apareci no seu departamento, não é?

— Só um pouquinho... A cerveja ainda tá de pé, ou eu gastei meu vale rolê com você hoje?

— Convite para beber sempre vai estar de pé, ruiva. – ela não admitiria, mas o sorriso que ele deu fez Lily desejar beijá-lo ali mesmo. – Você precisa dormir, e eu preciso ir lavar essa louça.

— Eu acho que é quase um serviço exploratório! Você carrega compras, guarda compras, cozinha e ainda lava a louça? E sem ser pago! Eu vou ser denunciada no ministério da justiça!

— Gosto de pensar que estou guardando créditos com você... não se preocupe, vou cobrar todo o pagamento a que tenho direito, Lily... não se preocupe.

— Okay, já chega! Você precisa ir ou eu vou ser obrigada a agarrar você aqui e agora, Potter. – disse Lily em tom de brincadeira, sabendo que não brincava tanto assim.

James gargalhou e levantou-se da mesa junto com ela, indo pegar o casaco no pendurador ao lado da porta, e calçar os tênis novamente.

— Obrigado pela noite, ruiva. – falou ele, encarando Lily fundo nos olhos. – Agora que sei aonde achar você, farei mais vezes.

— Não prometa o que não vai cumprir, James... – devolveu Lily em tom de aviso.

— E quem disse que não vou?

Tão inesperado quanto aparecera na porta da sala de aula de Lily, James deixou um beijo na bochecha da menina, fazendo um carinho rápido nos cabelos ruivos e logo em seguida saindo em direção ao elevador do prédio, deixando Lily plantada na porta do apartamento, absorvendo.

“Vai viver, Lily! Meu Deus!” repetiu a voz de Mary em sua cabeça.

— James! – chamou ela, correndo até o elevador que já fechava. – James!

— Oi! Oi, tudo bem?! – ele estendeu a mão, segurando a porta do elevador aberta.

— Boa noite! – e ficando na ponta dos pés, Lily plantou um beijo nos lábios dele. Fora algo simples e suave, para não haver chance de ela não conseguir se soltar dele.

Quando terminou, correu até a porta do apartamento e, de lá, acenou para um James perplexo, que esperava a porta do elevador fechar.  Haveria outras oportunidades de experimentar todos os sabores e intensidades que a boca de James parecia ter, e Lily não tinha a menor pressa em desenvolver o que quer que estivesse começando ali.


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Notas finais do capítulo

Fofos demais, não acham?!
Quem nunca teve um dia em que tudo deu errado desse jeito,uhm? E no final das contas Sirius estava certo, não demoraria muito para James ficar caidinho pela nossa ruivinha, eim?
Vejo vocês nos comentários! Beijooo!