God save the Prince escrita por Fanfictioner


Capítulo 2
Missão noivado


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo... Vocês são incríveis! Que recepção boa à fic, tô mega empolgada com essa história, e espero que vocês também.
Postando hoje como um especial de dia dos namorados (meio atrasado, eu sei), e espero que curtam a primeira aparição da nossa querida ruivinha.
Sem mais delongas, aí está! Boa leitura! Vejo vocês nas notas finais.



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Uma situação como aquela deixava Lily Evans à beira de uma crise de choro, e àquela altura ela só conseguia pensar que odiava a irmã com uma força descomunal. A participação na Sociedade Acadêmica de Legislação naquela quinta estava sendo um fiasco completo, tendo deixado seu rosto vermelho de constrangimento ao fazer um comentário completamente desconectado da pauta.

Claramente aquele dia precisava acabar o mais rápido possível, de preferência comendo alguma coisa com as amigas e tentando achar uma solução que não arrancasse fora seu juízo ou seu prestígio acadêmico.

Ventava razoavelmente, de maneira que quando Lily saiu da sala da Sociedade em direção ao átrio externo, seus cabelos ruivos se despentearam em todas as direções, e ela amargou não ter vestido seu casaco, pois estava realmente mais frio do que pensara.

— Lice? Pode atender?

— Oi, sim, posso... está tudo okay? – perguntou preocupada.

— Está tudo uma merda! Eu estou beirando um surto, e preciso de ajuda.

Talvez Lily estivesse exaltada e, talvez, sua voz beirasse o pânico.

— Certo, certo... calma. Aonde está?

— Na Sociedade, a reunião vai acabar em meia hora... você pode por favor preparar uma janta? Eu preciso conversar com vocês... Mary está em casa? – Lily se sacudia, virando-se de costas contra o vento e cruzando um braço sobre o peito para esquentar a mão.

— Estamos sem compras, Lily. Não lembra? Íamos ao mercado hoje... Mary ainda está na aula, vai sair logo. Vou mandar uma mensagem para ela e podemos jantar naquele pub ao lado da praça, uhm? Podemos pedir hambúrguers...

— Tá. Tá, tá bom... – embora não parecesse que estivesse muito consciente.

— Lily? – chamou Alice. Lily resmungou ao telefone, mostrando que estava dando atenção. – Respira fundo, toma uma água e tenta se concentrar na reunião da Sociedade. Eu vou buscar você aí.

— Não precisa, estou bem. Eu encontro vocês lá. Até já, Lice.

A reunião da Sociedade de Legislação acabou perto das 20h, sem terem deliberado uma decisão comum sobre a pauta do dia, e Lily não se incomodou em ficar para as conversas informais seguidas de cafezinho no hall do prédio.

Levou cerca de quinze minutos de caminhada para que Lily chegasse ao pub que tinha combinado com as amigas, e ambas já estavam em pé na porta do prédio, com as mãos escondidas no bolso do casaco. Era incomum aquele frio em abril, mas tinham avisado no noticiário que seria apenas uma massa fria, e que não duraria mais que três dias.

Alice Fortescue era baixinha e loura, sempre parecendo muito delicada e meiga, sendo a antítese física de Mary MacDonald, que tinha os cabelos escuros, a pele naturalmente bronzeada, e era quase um palmo mais alta. Alice era amiga de Lily desde o ensino médio, e tinham decidido cursar faculdade juntas, tendo a primeira escolhido Ciências Políticas, e a segunda, Legislação.

Mary tinha se juntado à dupla ainda no primeiro ano da graduação, pois moravam no mesmo andar dos dormitórios de calouros, e tinha sido uma daquelas amizades instantâneas e naturais, pois queimar miojo e quase destruir uma cozinha na madrugada realmente é uma experiência que une pessoas.

— Eu odeio Petúnia com todas as minhas forças, e a esganaria viva se pudesse! – sibilou Lily, sentindo sair fumaça de sua boca devido ao frio.

As três entraram no pub, sentindo o alívio imediato da mudança de temperatura.

— Eu posso estar errada, mas suponho que não seja muito útil esganar alguém já morto, Lily. – comentou Mary com um risinho.

— Podemos pedir primeiro antes de Lily começar a contar o que aconteceu? Eu estou morrendo de fome! E ainda vou ajudar Frank a estudar para a supervisão de sábado! – gemeu Alice.

— Estudar né? Sei! – sorriu maliciosa. - Mas sim, vamos pedir logo. Eu quero um hambúrguer de frango e cheddar, e você, Lily?

— Peixe com fritas mesmo. O estresse de hoje merece que eu me afogue num balde de fritura!

Lily coçava os olhos em cansaço, colocando o casaco no encosto da cadeira. Alice saiu para fazer os pedidos no balcão, e quando retornou trouxe três copos de cerveja preta, ao bom estilo medieval, e uma porção de castanhas salgadas, sobre a qual Lily e Mary avançaram, famintas.

— Eu estou com fome como se tivesse ficado amarrada o dia inteiro! Você faz ideia de quanta ATP seu cérebro gasta para fazer balanceamento estequiométrico de reações de carbonatação em metais?

— Dói meu cérebro só de ouvir a palavra estequiométrico, sabe, Mary? – ironizou Alice. – Por que engenharia química? Por quê?!

— A gente pode focar no meu problema hoje? – resmungou Lily rindo e bebericando sua cerveja. – Tudo culpa de Petúnia, aquela vaca...

— Não ofenda as vacas, por favor. Ou eu vou precisar concordar com os veganos aqui.

As duas riram enquanto Mary atacava as castanhas.

— Aquela egocêntrica da minha irmã mandou um convite, não! Nem isso! Foi uma intimação para eu estar em Londres amanhã a noite, sem falta, para jantar com ela, meus pais e a família daquela morsa desapescoçada do Válter Dursley, porque eles vão... adivinhem?!

— Embarcar numa nave para Plutão e diminuir o nível de idiotice do planeta?! – Alice perguntou com falsa expectativa.

— Quem me dera! Vão casar-se! Noivos! Eles vão ficar noivos amanha de noite, e eu tenho que estar em Londres para assistir a essa pantomima!

— Eu sou super a favor das liberdades individuais, sabe? Mas em um caso desses o governo deveria intervir! Imbecis não deveriam coabitar uma casa, que dirá casarem-se, ou correr o risco se reproduzirem!

— Exato! – comentou Alice, abocanhando seu hambúrguer, com fome. – Mas o que deu afinal? Você não está pensando em ir para Londres amanhã, está? E por que Londres se seus pais vivem em Reading?

— A família dele é de lá, e a empresa em que ele trabalha vai removê-lo para a filial em Surrey logo em breve, então acho que para eles é lógico que deva ser em Londres. – explicou, revirando os olhos enquanto comia. – Eu mandei uma mensagem para minha mãe perguntando que absurdo era aquele e o porquê eu estar sendo avisada, literalmente, na véspera.

— E ela?

Os olhos azuis de Mary estavam atentos em Lily.

—  Ela falou que foi um pedido de Petúnia para que eu não inventasse desculpas para não ir, e que sentia muito, mas que eu tinha que estar lá.

— E ela acha que de última hora tem menos chance de você não ter compromisso? Ela é insana!

— Eu sei! Eu pedi, expliquei, fiz o que pude, mas minha mãe foi irredutível, e até mesmo mandou o dinheiro para a passagem de ônibus, que eu estivesse lá antes das 17h para ir com eles, ou então fosse ao restaurante sozinha.

Por um momento nenhuma das três falou nada, porque o hambúrguer do pub Três Vassouras era algo perfeito em sua essência, um sabor que deveria ser apreciado com toda a sua magnificência.

— Você já comprou a passagem?

— Aí é o problema, querida Alice! é que está a questão! Não tem mais passagens disponíveis. Nenhuma. Não para qualquer ônibus depois das 10h, e eu preciso estar na supervisão até o meio dia. Aliás, tem duas passagens... PARA O ÔNIBUS DAS 20H!

— Ah, meu Deus! Mas que bela merda! Você já viu quanto tempo é indo... sei lá, de carro? De bicicleta?

— Com que carro? O que você vai roubar comigo na calada da noite enquanto eu escrevo meu artigo? E se eu pedalar até Londres minhas coxas estarão mais grossas que o Big Ben, e da cor do manto da Rainha, sabe?

A imagem de Lily escrevendo um artigo sobre uma prancheta enquanto corria na ponta dos pés para roubar um carro fez Mary explodir em gargalhadas, quase engasgando-se com sua cerveja. Lily tinha um humor ácido e tipicamente inglês, o que sempre rendia risadas. As três continuaram a conversa trocando respostas espinhosas em tom de desdém e deboche durante algum tempo, até que o celular de Alice tocou e ela se retirou para atender.

— Vocês não se incomodam de Frank vir aqui, não é? Ele acabou de sair da Sociedade de História e ele queria jantar algo antes de irmos estudar...

— Frank já é parte do rolê, ele só precisa me pagar outra cerveja e estamos ótimos. – avisou Mary, relaxando a postura na cadeira.

— Ele vem com dois amigos, mas não vão incomodar, Lily, prometo. Podemos continuar discutindo sua questão.

— Claro! À vontade!

Não demorou mais que dez minutos e Frank chegou, de fato acompanhado por dois outros garotos. Frank era alto, tinha o rosto anguloso, e seu cabelo era castanho e fino. Os outros dois eram opostos cabais. O primeiro era volumoso, e a iluminação ruim do pub indicava que ele devia ser louro, além de não ser muito mais alto do que Alice e os olhos serem uma extensão do sorriso amigável.

O outro era alto e com uma postura atlética, e Lily teve a impressão de conhecê-lo. O cabelo era escuro e estava totalmente despenteado, o que fez Lily se perguntar sobre o quanto ventava lá fora.

— Ei, Lice! – cumprimentou Frank, dando um selinho em Alice. – Boa noite, meninas. Elas são Mary MacDonald e Lily Evans, gente. E esses são Peter Pettigrew e...

— James. Pode ser só James mesmo. – adiantou-se James, estendendo a mão para Lily e depois para Mary.

Os garotos pediram licença para irem ao balcão encomendar seus pedidos e buscar cervejas, tendo Frank levado o copo de Mary junto.

— Certo, vamos pensar... aonde vai ser essa comemoração, Lily?

— Uhm... não lembro, deixa eu ver. – comentou, abrindo as conversas do celular. – Uau! Eles devem ter muito dinheiro! É um coquetel no The Shard, às 19h. Perto do Borough Market... tem uma parada de ônibus em London Bridge que seria tudo se eu pudesse descer lá, sabe... eu tô muito ferrada!

Lily levou as mãos ao rosto, apoiando os cotovelos na mesa, completamente desestruturada pela confusão que sua irmã insana tinha jogado em cima dela 24h antes, em outra cidade.

— Calma, Lils... vamos pensar, vamos dar um jeito! – consolou Alice, fazendo um carinho sobre a mão dela.

— O que aconteceu, Lily? Você parece preocupada.

Em poucas palavras, Lily resumiu à Frank, e consequentemente a Peter e James, que precisava estar em Londres no dia seguinte para o noivado da irmã e que, simplesmente, não havia mais passagens disponíveis, deixando claro o grau da confusão que isso estava gerando.

— Bem, acho que acabamos de resolver seu problema então, não é, James? – Peter comentou entre duas mordidas generosas do hambúrguer, falando de boca cheia sem perceber. – James está indo para Londres amanhã também.

Lily moveu os olhos de Peter para James, que pareceu meio constrangido com a repentina atenção nele enquanto comia.

— Ahm, é. Estou indo para Londres amanhã de tarde, depois da minha supervisão.

— Você conseguiu passagens?! – perguntou Lily, interessada em se ele teria um bilhete sobrando.

Não fazia muito sentido o que Peter insinuara, sobre que os problemas de Lily estavam resolvidos porque James iria para Londres. Bem, não estavam, quem tinha o bilhete era ele, e não ela, e não era como se ele fosse entregar ou vender essa passagem, porque, afinal, ele também precisava ir para Londres.

— Bem... não. Eu não planejava ir de ônibus... é uma viagem meio emergencial, e que eu não planejava fazer...

— Sei como é. – murmurou Lily revirando os olhos ao somente pensar no nome da irmã. – Sabe de alguém que esteja indo e tenha vaga no carro para uma carona?

— James vai de carro, Lily! – Frank acrescentou rindo enquanto bebia sua cerveja. – Vai sair umas 15h, James?

— Por aí... 14h30min, 15h no máximo. Vou fazer minha supervisão mais cedo e assim que acabar, pegar estrada.

— Olha aí, Lily! Perfeito! Vocês chegariam a Londres até umas 18h, não é? – Mary agarrou o pulso de Lily, animada.

— Antes até, se não houver muito trânsito. Eu costumo dirigir rápido, então umas 17h40 estaríamos lá.

Lily ponderou. Precisava muito estar naquele coquetel de noivado, por mais que não quisesse, e não havia muitas alternativas para chegar até lá, e então, como um enviado dos anjos (de fato, porque que homem bonito!), James aparecia indo para Londres no mesmo dia que ela, de carro, disposto a lhe dar uma carona.

A ideia era tentadora, no entanto, nem mesmo conhecia o rapaz, e Lily não era o tipo de pessoa que se arriscava a esse ponto, pegando caronas intermunicipais com estranhos que conhecera em um pub na véspera. Em verdade, essa parecia a receita para o desastre completo, terminando com seu corpo jogado em um matagal na beira da estrada. Como se lesse sua mente, James acrescentou

— Bem, eu já irei para lá de qualquer modo, meu carro está vazio, e você pode ir com certeza. E, se deixar você mais segura, você manda sua localização em tempo real para Alice e Mary, sei que deve ser uma merda sempre se sentir insegura.

E como se aquilo fosse o bastante para os dois neurônios de Lily que ainda não tinham colapsado de raiva por ser obrigada a ir para Londres no meio do período letivo, ela simplesmente confiou que James não era um sequestrador e respondeu.

— Eu ficaria feliz em contribuir com a gasolina, se você pudesse me deixar no The Shard quando chegássemos a Londres.

The Shard? – James pensou por alguns segundos. – Okay, funciona para mim. Será um prazer deixar você lá, Lily. E não precisa contribuir nada na gasolina, fica como um favor meu em troca de uma cerveja qualquer hora com você. 14h na biblioteca da faculdade de história?

— A do King’s? – James assentiu para ela. – Tudo bem, estarei lá. E marcamos essa cerveja alguma hora aí... alguém quer batata frita?

 


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Notas finais do capítulo

Lily nem sequer imagina com quem vai pegar carona, eim? Opiniões em como ela vai reagir ao perceber que James é O James Potter? Alguma expectativa e/ou sugestão?
Espero vocês nos comentários! Beijinhos!