God save the Prince escrita por Fanfictioner


Capítulo 15
Manipulações da realeza


Notas iniciais do capítulo

Nem mesmo sei com que cara cumprimentar vocês, já que tem mais de um mês que não apareço aqui. Se serve para aliviar meu pescoço, eu tive razões.
Para poupar vocês de uma enorme ladainha, eu passei 15 dias com covid logo após a última postagem, e depois 15 outros dias tentando colocar minha vida acadêmica, pessoal e familiar em dia, e GSTP acabou saindo das minhas prioridades. Depois eu consegui uma tendinite na mão por culpa da faculdade, e fiquei digitando por comando de voz, e vocês podem imaginar a saga...
De antemão, quero ser muuuuuito grata a todo mundo que comentou no capítulo passado, e dar boas vindas aos novos leitores... já somos quase 5k de views!! Alguém acredita nisso? Prometo que loguinho eu responderei todos com o máximo de atenção!
Ah, e como eu mencionei no meu twitter (se não me segue, é @morgana_botelho), eu me prestei ao desafio insano de atualizar GSTP todas as segundas feiras até o Natal, então fiquem bem ligados que eu vou recompensar o mês ausente.
Último aviso, que na real é um agradecimento, é a exaltação da Carter (@JssicaCarter) que acompanhou meus surtos, minhas escritas, palpitou, teorizou e, principalmente, betou o capítulo enquanto minha mãozinha esteve indisponível para trabalho na semana passada hahaha. Obrigada por tudo, amiga!

CHEGA! Boa leitura, gente!



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Príncipe James e Princesa Emmeline: tudo o que você precisa saber sobre o novo namoro real

 

O amor na realeza: Príncipe James assume namoro com Princesa Emmeline

 

James e Emmeline, o namoro real que reacende as preocupações sobre o Brexit e a relação da europa com o Reino Unido

 

Teste: quem é você no namoro da realeza? Faça o teste e descubra se é mais James ou Emmeline

 

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kesingtonGossip: alguém anotou a placa do caminhão que nos atingiu? Estamos como com esse anúncio de namoro? Impactados, destruídos e apaixonadíssimos nas fotos desse casal poderoso! Qual vai ser o nome do shipp? #kesingtonGossip #príncipeJames #duquedecambridge #principeJamesPotter #princesaEmmeline #princesaEmmelineVance #inglaterra #espanha #casalreal #royals 

 

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oprofeta_diário: Tem casal novo na área! A comunicação do Príncipe James Potter anunciou nesta quinta-feira o namoro dele com a Princesa Emmeline, da Espanha, além de liberar uma série de fotos oficiais do casal. Os pombinhos estão juntos na capital hispânica devido à ida da família Real para festividades nacionais, e os olhares do Duque de Cambridge para a Princesa das Astúrias não deixam dúvidas de que estão aproveitando o tempo juntos. Parece que a ruivinha misteriosa do príncipe foi revelada! Felicidades ao casal! #príncipeJamesPotter #príncipeJames #royalHouse #buckinghamGossip #casalreal #DuquedeCambridge #princesaEmmeline #princesaEmmelineVance #inglaterra #espanha 

***

Lily tinha se deitado perto das dez, mas adormecer, de fato, fora algo para muitas horas depois. Primeiro porque seu quarto era novo, e ela ainda estava tentando se habituar a ele, depois havia o fato de ainda estar dormindo em um colchão de molas horrível que havia no apartamento quando foi alugado - porque a entrega de seu colchão novo só aconteceria no sábado - e, principalmente, porque a conversa com James tinha ficado soando por muito tempo em sua cabeça.

Assim, quando acordou era pouco depois das oito da manhã, e havia uma ligação perdida de Remo, que ela estranhou. Enviou uma mensagem de bom dia, perguntando se estava tudo bem, e foi procurar algo para o café da manhã, com vontade de comer no quarto, sozinha do mundo.

James havia pedido, encarecidamente, que ela não olhasse as matérias que os jornais publicariam, mas acabou sendo mais forte que Lily, e ela não conseguiu se conter em pesquisar pelo nome dele no Google. Havia ao menos uma dúzia de matérias na primeira guia de pesquisa, e na primeira que Lily abriu, do The London Observer havia uma foto de capa de James posando ao lado de Emmeline, com a mão na cintura fina dela, e ambos usando roupas à altura de seus títulos, com sorrisos contidos.

O estômago de Lily embrulhou mesmo sem haver comido qualquer coisa, e ela sentiu vontade de arremessar o celular contra a parede. Falso ou não, ninguém queria ver seu namorado assumindo um namoro com outra pessoa. Principalmente se a pessoa em questão era princesa de um país.

Lily nem sabia se sentia tristeza, chateação ou apenas uma raiva absurda de James. Ele não tinha sido propriamente explicativo, e quando Lily começara a reclamar, em protesto, pela confissão de que ele assumiria um namoro falso com Emmeline, ele se limitou a pedir desculpas excessivas e prometeu dar satisfações assim que chegasse a Cambridge.

Mas faltava mais de vinte e quatro horas para isso ainda, e Lily já sentia que poderia sacudir James contra uma parede, de tão irritada e ansiosa. 

— Que ódio! - ela resmungou quando precisou desbloquear o celular e a matéria ainda estava aberta, sendo a primeira coisa que brotou na tela.

Antes que Lily pudesse navegar em suas redes sociais, porém, uma chamada tocou.

— Acordei você? - ele perguntou com alguma preocupação, o que Lily achou fofo.

— Não, não. Eu havia mandado mensagem, você viu? Está tudo bem, Remo?

— Comigo está sim… - ele respondeu confuso.

— É que… não sei, a gente… a gente não costuma se ligar. Fiquei pensando se estava tudo bem. - explicou Lily, incerta se estava soando mal educada quando, na verdade, só estava curiosa.

Remo riu pela chamada e ela soube que estava tudo bem e ele havia entendido corretamente o tom dela.

— Realmente. É só que Sirius me contou o que aconteceu ontem - Lily grunhiu um resmungo incomodado. - e eu estive pensando se você estava bem. Sei como pode ser estressante se envolver com um príncipe que não pode exatamente assumir você...

Ela sorriu com a sensibilidade de Remo. Era óbvio que ele sabia como ela se sentia, como era ver a pessoa que amava assumir um relacionamento com outra para manter aparências, e, de todas as pessoas no mundo, Remo era a única com quem Lily poderia confortavelmente falar sobre como se sentia.

— É uma merda, né? E no momento eu estou furiosa com o James, porque ele não me contou absolutamente nada, não me explicou coisa alguma, e tem todas essas matérias ridículas… essa Emmeline, ela é um inferno de bonita! -  ela reclamou, fazendo Remo rir do outro lado da chamada.

— Sirius me garantiu que Emmeline não está interessada em James, Lily. Pode ficar tranquila quanto à isso.

— Não está agora, né? Ai, Remo! Eu não sei o que sentir, sabe? Porque estou irritada e frustrada com James, e ao mesmo tempo sei que ele não tem culpa, e estou triste…

— Se sentir mais alguma coisa você explode! - ele brincou e Lily sorriu, deitando-se novamente na cama e colocando sua xícara vazia de café sobre a escrivaninha. - Eu diria para você tentar dispersar a atenção. Só James vai poder explicar tudo para você, o porque desse namoro falso e tudo… o que não quer dizer que exista alguma possibilidade de eu concordar com o jeito com que ele está fazendo as coisas.

— Eu queria pegar um voo para a Espanha e esmagar aquela cabeça oca contra uma parede.

Remo riu e deixou que Lily explicasse um pouco mais sobre como se sentia antes de aconselhar qualquer coisa.

— Conheço o Pontas há anos, Lily. E ele nunca gostou de alguém como gosta de você. Sei que você está chateada, e tem todo o direito, sério. Mas ele realmente ama você, e é honesto sobre isso.

— É, eu sei. - ela murmurou, pequena diante da intensidade com que Remo falava dos sentimentos de James. - Só não queria que fosse tão difícil estar com ele.

— Vai ficar tudo certo. - respondeu Remo em um acalento, acrescentando algum tempo depois. - E Lily?

— Quê?

— Nossa amizade é independente do James, certo? Foda-se ele… eu sou seu amigo também. E se precisar de mim, eu estou aqui. Certo?

Lily sorriu, inundada de gratidão pela sensibilidade de Remo em ser tão solícito e amigável.

— Independente do James, eu sou sua amiga também, Rem. - respondeu, sentindo que podia visualizar o sorriso satisfeito de Remo. - Roubei você dele e de Sirius, agora. - acrescentou, brincando.

— A gente é uma dupla muito mais esperta que eles dois. - ela riu. - Qualquer coisa, ruiva…

— Eu ligo. Pode deixar. - tranquilizou-o. - Obrigada por ligar, Remo.

— Às ordens, Milady. - ele brincou por fim, desligando a chamada e deixando Lily com um sentimento de quase serenidade pelo resto do dia.

Pelo resto da quinta-feira, Lily se ocupou em terminar de organizar todas as coisas de casa que ainda estavam fora do lugar, e se reservou o direito de ir fazer um lanche em uma cafeteria nova que havia aberto em frente à sua livraria favorita. James enviara mensagens carinhosas e atenciosas durante todo o dia, atualizando Lily de seus compromissos até a hora de ir para o aeroporto e embarcar no avião da família Real, mas ela ainda estava chateada o bastante para apenas mandar respostas rápidas e curtas.

Cambridge ainda estava quente, mas o fato de o sol estar se pondo cada vez mais cedo deixava claro que o outono vinha timidamente aparecendo, e Lily gostava da combinação de tempo morno com ventania que havia naquela época do ano na cidade.

Antes de voltar para casa, ela comprou rosquinhas artesanais e capas de almofada novas para decorar o sofá da sala, além de canetas e dois dos livros que seus professores haviam recomendado para as novas matérias que cursaria - mas apenas porque os encontrara em valor promocional, em uma versão usada.

James enviou mensagens perto das nove, avisando que estava saindo para o aeroporto, e que esperava conseguir ligar para Lily antes de embarcar. A conversa deles acabou não durando mais do que cinco minutos, porque James estava rodeado pela avó e os pais, e porque Lily fez questão de deixá-lo ciente de que ainda estava magoada e irritada, tanto com ele, quanto com as matérias de jornais sobre o namoro com Emmeline.

— Sei que você deve me achar um babac-

— Sim, no momento eu acho. - ela o interrompeu.

— Mas eu juro que vou me explicar, Lil… só mais algumas horas. Mais algumas horas e poderemos conversar pessoalmente, e eu juro que explico tudo que quiser saber.

Ela respirou fundo, esfregando os olhos pesadamente. Sentia-se vulnerável pelo jeito com que amava James, mesmo sentindo-se tão afetada pelas coisas que a posição dele o obrigavam a fazer, como aquele namoro com Emmeline.

— Por favor, não me faz de idiota, James. Eu amo você, não me faça de idiota. - ela pediu, ciente de que estava se expondo para ele.

— Eu nunca faria escolhas para machucar você, Lil… nunca. Eu também amo você, meu bem. Por favor, não me odeie muito, eu juro que estou chegando, certo?

— Boa viagem, Jay. - ela desejou, evitando se demorar muito mais porque achava que poderia acabar chorando, chateada com a situação.

Alice obrigou Lily a assistir um filme de romance clichê com ela enquanto comiam sobras de janta da geladeira, porque Mary havia saído com Peter e Frank havia voltado para a casa dos pais, para o final de semana. Nenhuma das duas aguentou ficar até muito tarde, e quando foram para seus quartos, Mary ainda não havia voltado, e ficou subentendido que ela dormiria no apartamento do ficante.

***

Quando Lily acordou na sexta pela manhã, o cheiro de panquecas e bacon inundava a sala, e alguém havia colocado uma playlist de álbuns antigos da Katy Perry na pequena caixa de som sobre o rack da televisão.

— Mas o que…? - perguntou Lily confusa, entrando na cozinha ainda de pijamas.

— Ah, a Bela Adormecida acordou! - comentou Mary, sorrindo enquanto mexia fatias de bacon estourando na frigideira.

— Bom dia, Lily. - Alice passou por ela com uma caixa de leite em mãos, além de canecas e pratinhos para a mesa de jantar.

— O que tá acontecendo? 

Mary deu um tapinha na mão que Lily colocou dentro da tigela suja de massa de panqueca e logo desligou o fogão, saindo para a sala com a frigideira em mãos e trazendo Lily consigo.

— Dia das garotas! - comemorou Alice, servindo-se de bacon e colocando manteiga derretida em suas panquecas. - May, o cheiro está maravilhoso!

— Seguinte, Alice vai para a casa da mãe, eu vou passar meu fim de semana dando muito, eu espero! - Alice enrubesceu com o comentário direto de Mary sobre transar com Peter. - e James está chegando hoje, e vocês tem as coisas de vocês para resolver. Se vocês forem ficar de bem, é bom que você esteja linda para matar a saudade do boy e aproveitar o apartamento vazio, e se for para terminarem, que você esteja linda para dar um fora nele, e não o contrário, né, meu amor?

— Isso é, tipo, uma intervenção para me dizer que estou feia? - perguntou Lily, comendo uma tira de bacon com as mãos, ainda de pé.

— É uma intervenção sobre nós merecermos um dia de folga e beleza antes do trimestre começar e sugar nossa alma para fora do corpo. E melhor ainda se puder ser entre amigas. - corrigiu Mary.

— E a ideia é começar se entupindo de gordura no café da manhã? 

— Ai, como você é chata, Lily! - implicou Alice. - Precisa de um pouco de açúcar nessa sua amargura toda…

Lily revirou os olhos para ela, mas sorriu, sentando-se e servindo uma caneca de leite.

— Supondo que eu aceite… o que a gente vai fazer?

Mary sorriu com alguma malícia e Lily sentiu que não deveria ter perguntado. Após o café da manhã, Alice trouxe para a sala uma caixa com coisas para fazer as unhas, e Mary rasgou saquinhos de máscara de hidratação. O resto da manhã passou muito rápido, com as três envolvidas em suas atividades estéticas, cada uma escolheu uma cor de esmalte diferente, Lily até mesmo deixou que Alice fizesse uma máscara de maizena para hidratar seu cabelo.

Após o almoço,  Mary separou uma mochila de coisas para passar o final de semana no apartamento de Peter e saiu enquanto Lily e Alice assistiam o último episódio da nova temporada de um seriado que acompanhavam. O ônibus de Alice para a cidade dos pais sairia apenas às três horas, e as duas estavam tão entretidas que Lily nem mesmo viu a mensagem de James avisando que saíra de Londres.

Mesmo duas horas depois.

Quando o celular dela tocou, era James ligando.

—  Eu sei que você meio que me odeia agora, mas eu gostaria muito de saber onde é o seu novo apartamento. 

— Apesar de você ser um completo babaca às vezes, eu não te odeio. Vou mandar a localização, só um segundo. - ela riu do tom de James, mesmo sentindo aquela chateação profunda que tinha sido capaz de esquecer durante a manhã.

Depois que ela enviou o endereço, James avisou que estava saindo do apartamento dele, o que significava que chegaria em menos de cinco minutos. Não faltava também muito mais para que o ônibus de Alice saísse da rodoviária, então ela apenas juntou sua mochila e se despediu de Lily, preferindo uma caminhada tranquila a ter que sair correndo.

— Vai dar tudo certo, fica tranquila.  - aconselhou ela com um sorriso tranquilo. -  E se não der, você sempre pode dar uma joelhada nele.

Lily caiu na gargalhada, se perguntando como Alice conseguia manter o bom humor mesmo uma circunstância como aquela, em que ela estava prestes a tomar um enorme pé na bunda por causa de uma princesa espanhola. Ela verbalizou aquilo e foi a vez de Alice rir.

— Eu não acho que você vai levar um pé na bunda, e se alguém merecesse seria o James.  Eu falei sério sobre a joelhada, viu?  Mas também tem chocolate e chantilly na geladeira caso o desfecho seja outro - ela acrescentou com um sorrisinho malicioso brincando no rosto. - Não tinha uma história de que um rei precisava se casar com a mulher que desse a ele seu primeiro herdeiro?

— Claro! No século catorze!

Ela arremessou uma almofada na direção de Alice, que desviou e riu,  finalmente saindo de casa. Lily estava sozinha apenas pela segunda vez desde que tudo acontecera, e ela conseguia sentir a ansiedade crescendo diante do fato de que James estava para chegar.

Não sabia explicar direito se estava com raiva, ou chateada, ou magoada, ou simplesmente tudo junto. Fazia parecer uma eternidade desde a última vez que tinha visto James  e, no entanto,  naquele momento ela não tinha certeza se realmente queria vê-lo.  Não sabia como cumprimentá-lo, estava tudo bem dar um beijo nele, ou será que já teriam terminado e ela só não havia entendido ainda?

Lily se torturou por apenas mais alguns minutos até que a campainha do apartamento tocou, e o coração da garota quase saiu pela boca, numa mescla de susto e uma ansiedade absurda.

Talvez fosse só o cabelo despenteado demais, mas James parecia ao menos um palmo mais alto. Os olhos dele estavam fundos e cheios de olheiras,  e a camiseta social de botões, acompanhada da gravata e da calça social, indicavam claramente que ele tinha tido algum compromisso em Londres antes de vir para Cambridge.

Lily  não precisou tomar a decisão sobre o que fazer para cumprimentá-lo, porque assim que ela abriu a porta James a puxou para um abraço apertado, deixando um beijo no topo de sua cabeça e pedindo desculpas em repetido.

— Meu Deus, como eu senti sua falta, Evans.  Você é algum tipo de droga,  e eu não estou sabendo, por acaso? -  ele murmurou contra os cabelos ruivos dela.

— Eu acho que esse não é o momento de uma piadinha autodepreciativa, é? - brincou ela com um risinho constrangido.

James a beijou e, apesar da raiva, o corpo de Lily inteiramente acendeu à sensação do toque dele. O primeiro pensamento dela foi que era completamente ridículo o tanto que era apaixonada por James, seguido do pensamento de que ela estava tão desesperadamente saudosa dele que poderia até mesmo esquecer toda raiva  do anúncio de namoro falso dele.

A ideia, no entanto, de que as pessoas achavam que James estava beijando daquele mesmo jeito a famosa princesa Emmeline lhe deu náuseas, e ela se soltou dele, subitamente consciente de toda a mágoa que estava sentindo há dois dias.

— Como foi a viagem? Foi boa? Muita turbulência? - ela perguntou ainda na porta do apartamento, esquecendo-se de convidar James para entrar.

James a puxou para outro abraço, dizendo que sim, a viagem havia sido tranquila. Lily se permitiu deitar a cabeça no peito de James, apesar  de o tecido da camisa ser muito engomado e nada confortável.  Durante algum tempo ela apenas ficou em silêncio sentindo o cheiro do perfume dele e se concentrando na sensação que era aquele abraço gostoso, insegura.

—  Eu estou com tanta mágoa de você, e, ao mesmo tempo, com tanta raiva de mim por saber que não vou conseguir ficar chateada de verdade.

Eles ficaram ali em silêncio, abraçados como que experimentando a sensação de estarem juntos depois de tanto tempo e tantos imprevistos e ocorrências. Havia uma sensação estranha, porque os dois sabiam que tinham assuntos pendentes, mas nenhum deles parecia muito à vontade para começar a conversa, ou admitir que havia um problema a ser resolvido.

—  Eu trouxe um vinho espanhol para gente. Se você quiser, é claro. -  comentou James  meio  constrangido. Só então Lily notou a mochila dele apoiada no chão do corredor. - E também tem uma lembrança que eu comprei para você…

— Vinho…  é, ahm... legal,  a gente pode colocar para gelar para mais tarde. -  ela sugeriu, finalmente percebendo que ainda não havia convidado James para entrar. - Então é, bem-vindo ao nosso novo apartamento. O sofá foi escolha da Mary,  e o armário da televisão é novo.

De fato, o apartamento havia ficado muito elegante apesar de as peças serem uma mistura de coisas novas e usadas, estilos e cores diferentes. Havia alguns vasos de planta de um lado da porta, além de um pendurador de casacos, enquanto o outro lado abrigava a mesa de jantar de seis cadeiras e a entrada para minúscula cozinha. 

O sofá e os pufes formavam um ‘L’ virado em direção a janela, enquanto o rack de televisão estava posicionado diretamente de frente para a porta, em um layout que seria o horror de qualquer estudante de arquitetura. Havia varões de cortina pendurado sobre as janelas mas ninguém ainda havia tido tempo de instalar alguma, de maneira que o sol da tarde entrava pela sala, mas era o tapete de pelinhos que Alice colocara que fazia o ambiente parecer coeso.

— Ficou muito legal! Esse tapete é novo?

—  É sim! Alice ganhou de presente da mãe. -  explicou Lily, falando alto enquanto estava na cozinha colocando vinho na geladeira.

—  Ficou muito bacana! -   disse James, que estava cuidadosamente observando os detalhes de decoração expostos no rack da televisão.

Lily Ficou observando ele do alisar da porta que levava a cozinha, e quando James notou que estava sendo observado foi até ela, encarando-a de volta.  Eles ficaram alguns segundos em silêncio e James tomou uma mão dela fazendo um carinho circular no dorso dela.

—  Você quer conversar?

— Depende. Você vai me contar as coisas que aconteceram,  ou vai apenas fingir que tá tudo bem? -  James olhou para baixo constrangido, sem soltar a mão dela. -  Aliás, ficaram bem bonitas as suas fotos com a princesa Emmeline.  Vocês tiraram elas quando? Naquela quarta-feira mesmo?

—  Lil…

Ela não havia se dado conta de  quão irritada e magoada estava até perceber o tom com que as palavras saiam de sua boca:  cheio de ironia e frustração.

—  Eu quero a verdade, James.  Como sua namorada, eu acho que mereço. -  pediu ela, séria.

James respirou fundo e atrapalhou os cabelos antes de começar a falar, soltando o ar com força parecendo cansado.

—  Eu sei, eu sei. É uma história longa, você quer começar agora?

Ela o olhou com as sobrancelhas arqueadas, em uma mescla de confusão e indignação. Ele realmente estava falando sério? Como poderiam fazer qualquer outra coisa que não fosse discutir a razão pela qual estavam basicamente brigados? Afinal não era exatamente todos os dias que alguém anunciava um relacionamento com uma princesa de um país europeu, independentemente de ser ou não o príncipe herdeiro de outro país europeu. 

—  Certo, certo. -  ele respirou fundo uma outra vez, nervoso. - A gente pode se sentar?

James sentou-se num pufe e deixou que ela ficasse com o lugar no sofá, onde era possível se recostar e ficar mais confortável, afinal ele imaginava que não seria a melhor coisa do mundo ser atualizada sobre o namoro falso do seu namorado.

—  Eu não tenho ideia de por onde eu começo.

—   Pelo começo, talvez? -   ironizou Lily,  levemente impaciente . -  Não precisa dessa formalidade toda, sabe? Eu só quero que você me conte…  como sua avó descobriu?  Como começou esse assunto? O que aconteceu para você precisar anunciar esse namoro idiota?

— Aí já são três perguntas em uma. -  brincou James, e Lily deu um risinho quase irônico. -  certo, vamos lá.  Como ela descobriu… aparentemente tiraram uma foto da gente naquele dia em que saímos para jantar, em Shoreditch.

—  Mentira!

—  Verdade.

Ele puxou o celular do bolso e procurou uma foto na galeria. Não era propriamente uma foto, mas uma foto da foto na tela de outro celular, que Lily supôs ser o da Rainha. Do jeito como a foto havia sido tirada não era possível ver o rosto dela porque estava meio coberto pelo cabelo e por um moletom  preto além de óculos escuros. Mas era possível notar as mãos de James e Lily entrelaçadas, além do enorme sorriso que ela dava para alguma coisa  engraçada que ele provavelmente havia dito.

Lily conseguia claramente se lembrar do dia em que aquela foto deveria ter sido tirada.

—  A gente é muito burro. -  Disse ela esfregando os olhos com impaciência, subitamente pensando que se esse deslize não tivesse sido cometido, nenhum dos estresses recentes jamais teria ocorrido

—  A culpa não é nossa, Lil.  Esse pessoal da imprensa costuma ser muito canalha,  a gente não tinha como imaginar que fossem tirar uma foto desse tipo.

— Como imaginar a gente tinha. Você é, tipo, Príncipe da Inglaterra. -  corrigiu ela, exasperada.

—  Você entendeu, Lils. -  retrucou  James cansado. -   como eu dizia, essa foto vazou em  alguns veículos de imprensa bem pequenos, tipo aquelas páginas de fofoca em redes sociais. O fato é que a vovó já estava desconfiada desde o aniversário da Marlene,  porque não é todo mundo que costumam retrucar  a rainha.

O tom com que James disse isso foi leve e engraçado, e Lily não conseguiu resistir dar uma risada ao se lembrar da cara que a Rainha fizera quando Lily a tinha contrariado no meio do jantar de aniversário de Marlene.

— Acabou que não foi muito trabalhoso para ela, já que só precisou juntar dois mais dois. Não acho que sou exatamente bom em esconder minha cara de apaixonado por você, e pode ser que eu tenha comentado sobre você ter um compromisso na ONU no dia seguinte ao aniversário da Lene.

— Ai meu Deus! - Comentou Lily, subitamente ciente do porquê fora tão fácil para a rainha descobrir sobre o relacionamento dela com James.

O garoto deu uma risada quase preocupada e atrapalhou os cabelos antes de continuar.

—  A minha reação foi bem por aí. -  Ele acrescentou, ainda rindo. -  Imagina, eu apresento uma ruiva de Yorkshire no aniversário da Lene e, nem duas semanas depois saiu uma foto na imprensa minha de mãos dadas com uma garota, adivinha, ruiva! 

— Mas então aí ela já sabia que eu não era de Yorkshire, certo?

—  Ela desconfiava. Porque Richard Evans, de Yorkshire, não tem filhas.  E talvez Sirius e eu tenhamos deixado esse detalhe passar… -  o sorriso dele era constrangido, ciente de que tinha sido parte sua culpa.

—  Pega na mentira. Por que será que eu sabia que isso ia dar errado?

A expressão de Lily era uma mescla de presunção e chateação, porque, de fato, ela havia se perguntado muitas vezes se não tinha chance de a rainha desconfiar, ou descobrir, sobre Lily não ser absolutamente nenhuma nobre.

— Mas afinal ela simplesmente chamou vocês para uma conversa, ou o quê? -  Perguntou Lily após  eles ficarem alguns segundos em silêncio. -  ela simplesmente saiu puxando vocês pelo corredor  para tirar satisfações sobre essa mentira gigante que andamos contando?

James deu uma gargalhada, e Lily  subitamente passou a visualizar uma cena da velha rainha puxando James e Sirius pelas orelhas pelo corredor de carpete de veludo.  Na imaginação dela Vitória Potter usava um hediondo terninho cor de beterraba, e os cabelos estavam brancos e altos como um penteado da época da Revolução Francesa.  Seria cômico se não fosse trágico.

—  Mais ou menos…-  explicou James. -  ela disse que gostaria de fazer uma reunião comigo e Sirius, mas não deu muito detalhe sobre o assunto.  Até então a gente estava imaginando que seria algum novo compromisso muito chato, ou alguma coisa sobre o código de vestimenta…  você ficaria surpresa com a quantidade de vezes que Sirius já infringiu o código de vestimenta da família real.

Na verdade ela não ficava surpresa, porque Sirius era tão excêntrico e fanfarrão que Lily conseguia claramente imaginá-lo usando ternos extravagantes, se vestindo como uma cópia da realeza de Harry Styles. Talvez houvesse algum coletivo minúsculo de neurônios que impedisse Sirius de andar daquele jeito na rua diariamente, mas a verdade era que Lily achava que aquele era o tipo de estilo que combinava exatamente com o Duque da cornualha.

—  Mas na real era sobre a gente… -  A expressão dela murchou um pouco, ficando consciente de que estavam para entrar na parte mais delicada do assunto.

— É.

 James esperou algum tempo em silêncio, na expectativa de que Lily  fosse perguntar mais alguma coisa, ou fazer algum tipo de comentário, mas isso não aconteceu. Então ele apenas respirou fundo e coçou a lateral da cabeça, internamente procurando as palavras certas para contextualizar a conversa com a avó.

—  Na verdade, não foi nada demais. Ela só colocou as cartas na mesa, de uma vez.  Começou dizendo apenas que sabia, achando que eu ia contar alguma coisa, mas eu me fiz de sonso e esperei que ela se explicasse mais, porque não tinha como eu saber exatamente o que ela sabia.  A conversa girou basicamente em torno daquilo que você ouviu no áudio do Sirius.

— Sobre ela saber que eu não era da nobreza. -  acrescentou.

—  Sobre quando eu pretendia contar a ela que estava namorando com alguém que não é da nobreza…  acredite, Lil, não é nada pessoal sobre você. - corrigiu James, com uma expressão meio triste, porque sabia que Lily estava magoada.

A garota não parecia muito convencida de que, de fato, não era nada pessoal sobre ela, mas preferiu não fazer qualquer comentário e apenas continuar ouvindo. Suas ideias estavam confusas demais para ter uma opinião concreta sobre como se sentia em relação àquela situação toda.

— Minha avó não gosta que as coisas sejam feitas às escondidas dela, nem da ideia de não estar no controle,  então meio que seria inevitável a gente lidar com uma explosão dela em algum momento... isso não seria diferente se você fosse, tipo, uma princesa ou coisa assim.

—  Você disse que ela não tinha... que ela não tinha concordado em a gente... continuar junto. -  gaguejou algum tempo depois, quando James já havia feito um breve resumo da conversa com a rainha.

— Ela só… -  Ele hesitou antes de começar a falar. - o problema é a ideia super tradicional de que nobres só se casam com nobres, O que é uma baita mentira e uma grande merda, é óbvio. E a minha avó tem, tipo, 80 anos, e foi forçada a se casar com uma pessoa que ela nem gostava apenas por causa dessas regras matrimoniais. Então, ela tem essa ideia estúpida de que todo mundo é obrigado a viver e fazer tudo com base nesse "dever" com a família real.

—  E é por isso que a gente não pode ficar junto. -  repetiu Lily, explicando para si mesma, frustrada e sentindo que poderia chorar.

—  Você coloca as coisas de um jeito que nem parece que me conhece, ruiva. -  brincou James,  arrumando uma mecha no cabelo dela. -  eu ainda nem contei a parte boa da história.

—  E desde quando esse tipo de história tem parte boa, James?

O jeito com que os olhos de Lily estavam baixos, desanimados, e o sorriso triste que havia em seu rosto, fazia parecer que James já havia até mesmo terminado com ela.

— As opções da minha avó foram, basicamente, uma tentativa de não me dar escolha. - Ele comentou casualmente, esperando que isso atiçasse a curiosidade Lily.

E funcionou.

—  E quais exatamente eram essas opções, Potter? -  a sobrancelha arqueada de um jeito impaciente.

James limpou a garganta, porque estava disposto a transformar aquele momento numa forma gloriosa de exaltar suas habilidades e inteligência em ter resolvido a situação da melhor maneira - ou apenas seu ego muito inflado falando alto e desejando atenção.

Além disso, as opções da avó tinham sido tão esdrúxulas que algum tom de brincadeira precisava ser dado para que Lily não ficasse preocupada demais.

— Nossa primeira opção, e que foi descartada de cara, foi eu terminar com você e assumir um namoro com a princesa Emmeline. -  começou ele,  e a cara Lily não foi nada boa. -  Porque o raciocínio da minha avó é que se eu fui fotografado com alguém, então eu preciso mostrar que estou comprometido com aquela pessoa.

—  O que é absurdamente ridículo! -  retrucou Lily, irritada e indignada.

— Exatamente! O que nos leva à segunda opção, e dessa vez a minha avó foi muito esperta. -  por algum motivo, a esperteza da rainha não parecia um bom presságio para Lily.

— Alguma coisa me diz que essa segunda opção é ainda pior que a primeira.

— E é assim que você comprova para mim que está pronta para viver na Realeza. -  ironizou, conseguindo arrancar um mínimo riso dela. -  nossa segunda opção consiste em ficarmos juntos.

A cabeça de Lily  se inclinou para o lado em uma mescla de curiosidade e desconfiança, porque ela sabia que a rainha Jamais seria tão generosa dessa maneira. Certamente havia um preço para que James pudesse continuar sendo seu namorado.

— E para quem eu teria que vender a minha alma para isso?

James deu uma gargalhada com o humor irônico de Lily.

— Então... Sabe a parte de “a minha avó não gosta de ser passada para trás”? A condição dela era que, se a gente continuasse junto, você seria processada por falsidade ideológica.

— É o quê?! -  perguntou Lily exaltada, se levantando do sofá em um pulo.

Aquilo era absurdo. Ela era uma estudante de legislação, como era possível que antes mesmo de estar formada e capaz de se defender fosse ser processada por um crime que nem mesmo tinha cometido, ou achava que não tinha. Um processo parecia um preço meio alto para poder continuar a namorar com alguém, mesmo que o alguém fosse o príncipe James Potter.

— O argumento dela é que você se passou por lady Lily de Yorkshire, tentando ganhar privilégios da realeza o que, é óbvio, a gente sabe que é mentira.  Mas eu não consegui pensar em nenhuma forma que faria sentido para você se explicar no tribunal. Não acho que a corte acreditaria que alguém só colocou um “Lady” na frente do nome para poder ser bem aceita na família do namorado.

Às vezes chegava a ser irritante o jeito como James fazia parecer que tudo aquilo era banal, uma mera questão do cotidiano. Fazia parecer que diariamente ele precisava solucionar problemas de meninas plebeias que usavam roupas da realeza e eram apresentadas como membros da realeza apenas para poderem continuar namorando um príncipe herdeiro.

— Eu queria arrancar esse sorrisinho debochado da sua cara na base da porrada,  James Potter. -  resmungou Lily ficando irritada com o sorrisinho dele.

—  Desculpe, Lírio. -  respondeu , pegando uma das mãos dele e dando um beijo no dorso. -  Eu estou nervoso e com medo de você me arremessar pela janela quando eu explicar o que eu e Sirius pensamos para contornar a situação.

— Você realmente devia estar com medo. - O jeito como Lily era capaz de arquear a sobrancelha quando nervosa realmente podia ser intimidante. -  desembucha logo, o que vocês dois aprontaram?

James atrapalhou os cabelos e ajustou o óculos no rosto, como se estivesse disposto a contar uma história muito longa e então, finalmente, passou a explicar o porquê de, de um dia para o outro, haver um milhão de fotos online dele com a princesa Emmeline, em um anúncio de namoro.

— Sirius estava na reunião porque a vovó tinha certeza de que ele era meu cúmplice nessa história toda, afinal ela sabe os netos que tem. Acabou que, sem ela saber,  isso foi completamente decisivo para a gente montar um plano para burlar as opções que  ela estava me dando.

— Você está me enrolando, James Potter.

—  Não estou não, calma. -  Ele riu nervoso, fazendo um carinho na mão de Lily  que ainda segurava. - Pedi um tempo para pensar e dar a resposta, então Sirius e eu fizemos uma espécie de reunião para avaliar as nossas opções.  Terminar com você nem estava sendo cogitado, eu nem preciso dizer isso, certo?

Lily deu de ombros e revirou os olhos, sem dizer nada, e James concluiu que ela sabia e apenas continuou falando.

—  Deixar você ser processada também não parecia uma opção muito boa. Como eu falei, a gente não conseguiu pensar em como seria a sua defesa.  Então começamos a pensar que não precisava ser namoro de mentira só para sociedade, podia ser uma mentira para minha avó também.

— Isso vai dar errado… -  Comentou ela, esfregando o rosto com preocupação.

— Não vai não, a gente pensou em tudo, eu juro!  Olha só:  minha avó gostaria que eu assumisse um relacionamento com alguém, preferencialmente nobre, para manter uma boa aparência. Isso seria vantajoso para não comprar confusão com a Câmara dos Lordes, já que ano que vem teremos eleições, e a minha avó tem horror a ser eleito um primeiro-ministro libetal.

"Então pensamos, um namoro de aparências agradaria minha avó, e desde que eu conseguisse com que o nosso namoro - ele gesticulou, indicando ele e Lily. - ficasse longe das câmeras, ninguém saberia que o relacionamento com a Emmeline é falso. As eleições geralmente acontecem no final de março, mas isso depende da aprovação do orçamento anual. E você deve estar se perguntando o que isso tem a ve-”

— Eu estou me perguntando como conseguimos chegar nesse ponto da situação. -  corrigiu ela, confusa. 

— A nossa experiência mostra que as coisas que a família real faz  influenciam no jeito como a comunidade pensa sobre o lado conservador ou liberal da política - continuou ele, ignorando por um momento a frustração de Lily.

— Ai, meu Deus! Sua referência virou o empirismo agora, James?! 

Por exemplo, - ele insistiy, falando mais alto. - depois que os pais do Sirius morreram, e a minha avó fez todo um escândalo para que meus pais não criassem ele como meu ‘irmão’, a opinião geral sobre o partido conservador caiu muito. Tanto que no outro ano elegeram um primeiro-ministro liberal. A gente era bem novo, você não deve lembrar disso. -  explicou James, ciente de que Lily estava acompanhando seu raciocínio.

— Eu realmente não lembro. 

— E quando Sirius saiu na imprensa com aquele escândalo sobre ter consumido maconha na Holanda, quando a gente tinha, tipo, 16 anos, isso levou o partido Liberal a perder quase um terço das suas cadeiras no Parlamento.  Então a gente pensou, por que não manipular essas coisas a nosso favor? -  continuou ele.

— James, isso vai dar tão errado! - Lily advertiu, seriamente preocupada. - Não é simplesmente mais fácil a gente só terminar? Só uma coisa, pronto... acabou de uma vez esse monte de problemas.

— Você acha mais fácil? -  perguntou ele com a sobrancelha arqueada em tom de desafio, parecendo magoado que Lily cogitasse aquilo.

— Não, óbvio que não!  Quer dizer, é óbvio que eu não quero terminar com você,  mas olha o tamanho da confusão que a gente vai se meter... você tá tentando manipular o Parlamento, James!

— E esse é o tipo de coisa que você me obriga fazer por você, Evans -  brincou ele.

— Eu não acho que é um momento de piada.

— Desculpa, desculpa. Só estou tentando aliviar o clima porque você parece preocupada.

— Mas é claro que eu estou preocupada! E você deveria estar também!

— Eu já fiquei preocupado, mas Sirius e eu planejamos tudo, não tem como dar errado. - exasperou ele, se justificando.

Ela revirou os olhos e esfregou o rosto, com a sensação de que não adiantava se estressar e era melhor apenas ouvir o resto do plano de James. A verdade era que por mais absurdo que tudo parecesse, por piores que pudessem ser as consequências, e por mais preocupada que Lily estivesse, era inevitável se sentir transbordar de felicidade -  e com o ego inflado -, porque havia um príncipe disposto a manipular o Parlamento para estar com ela.

Se fosse honesta consigo mesma, Lily admitiria  que estava em um tal estado apaixonada por James que, no fundo, estava quase disposta a aceitar qualquer ideia maluca para não precisar terminar com ele

Na verdade, só a ideia de precisar terminar com James parecia um tormento, e por mais que Lily odiasse clichês, ela sabia que seu relacionamento tinha se tornado um.  Embora soubesse que a vida da realeza envolvia muitos deveres, ela não se dava bem com a ideia de que um dos deveres de James era não se comprometer com pessoas não nobres.

— Anda logo, o que vocês dois planejaram? -  perguntou ela, cansada e se dando conta de que James a estava dobrando com a ideia de seu suposto plano infalível.

Também ele percebeu que Lily não parecia muito disposta a se opor, e sorriu ao notar que ela estava quase comprando a ideia do que ele e Sirius haviam planejado.

— Não é nada demais, nada super mirabolante.  A gente vai entrar no jogo da minha avó, e deixar ela pensar que está no comando. Eu aceitei assumir o relacionamento com  Emmeline, então minha avó tem certeza de que estou terminando com você. Mas nós vamos continuar juntos, é óbvio!

—  Eu não vou ser bígama!

James deu uma gargalhada sonora diante da preocupação de Lily,  por que aquela ideia nem mesmo lhe havia passado pela cabeça.

—  Meu Deus, não! -  Exclamou ele rindo. - Ninguém vai ser  bígamo aqui! Emmeline sabe que tudo é um plano, e justamente por isso ela aceitou participar, afinal a gente está no século 21, e nenhuma mulher quer ser vendida como namorada ou esposa de alguém, não é mesmo?

— Agora que você mencionou, é verdade. Sua avó basicamente vendeu outra mulher para você! Que horror! -  Comentou Lily, pela primeira vez, parando para analisar a situação para além do problema em seu relacionamento.

— Sim. É nojento, e eu só quero dar um jeito de isso parar. - respondeu James, com uma expressão que deixava claro o quanto ele achava aquilo um absurdo. - Mas sim, nós explicamos para Emmeline que a ideia é manter as aparências, até mesmo para minha avó. Então quando for mais ou menos um mês antes das eleições do Parlamento a gente vai terminar, e fazer parecer que estamos ambos no fundo do poço. A ideia é criar uma imagem de empatia com a gente, mas fazer parecer que as pressões da família real nos levaram a precisar terminar...

—  E daí manipular a opinião das pessoas sobre o partido conservador! - concluiu Lily, entendendo o raciocínio. -  Isso é o maior absurdo que eu já ouvi, James! Voc-

— Sim! Completamente loucura, mas tem muita chance de dar certo. A questão é que, eu parecendo triste e no fundo do poço é o momento perfeito para você entrar em cena. -  Lily olhou para ele como não estivesse entendendo nada. -  a grande amiga do Príncipe, linda, inteligente, carinhosa, solicita… essa garota perfeita está o tempo todo ao lado do Príncipe, ajudando ele a se recuperar de um término traumático e que partiu o coração dele…  as pessoas compram esse tipo de história.

— Espera, o quê?

— Eu não posso simplesmente assumir você agora, porque eu não teria nenhum apoio de lado algum. A ministra é conservadora, assim como a maior parte do Parlamento; minha avó ameaçou processar você, e as pessoas não a conhecem, Lils!  Então seria um problemão. Agora, se você for aparecendo aos poucos, como a pessoa maravilhosa que é, conquistando o coração de todo mundo, então a gente teria uma chance. -  ele explicou com enorme sorriso no rosto.

“Primeiro porque todo mundo ia ver você do mesmo jeito que eu vejo, sem se importar se você é nobre ou não. Assim, já existiria um enorme apoio popular se em algum momento saísse na imprensa uma foto da gente, sei lá, se beijando. Além disso, a gente tem quase certeza que o meu término com a Emmeline faria uma grande diferença na eleição de um ministro liberal, principalmente porque a tendência política já aponta para grandes votos para o partido no ano que vem. Não gostam da Ministra. Basicamente a gente teria dois terços de apoio, e a minha avó não teria escolha senão aceitar o nosso namoro.”

Lily era capaz de sentir que havia muitos problemas naquele plano, embora não soubesse especificar claramente quais eram eles. Era completamente racional a ideia de contar com o apoio popular e do Parlamento para jogar contra a rainha, e Lily sabia que, por mais que a monarca não gostasse de perder, ela não compraria uma discussão com todos os seus súditos e o Parlamento impedindo um namoro.

De fato, o plano de James e Sirius fazia algum sentido, por mais ridículo que pudesse soar. No entanto, algo dentro de Lily,  algo metafísico, como uma consciência ou uma intuição, dizia para ela que aquele plano daria completamente errado. Algo dentro dela falava para que eles não tentassem blefar com a rainha, e Lily se preocupava muito em não dar ouvidos àquela voz e depois acabar tendo problemas.

— Eu não tenho certeza se é uma boa ideia tentar dar uma de esperto sobre a sua avó, James.  Ela é, tipo, a fucking rainha de um país! Você não acha que ela tem o jeito dela de saber se estamos ou não seguindo os combinados com ela? A última coisa que eu preciso é ser processada por falsidade ideológica e perder o meu diploma… -  perguntou ela, pela primeira vez manifestando calmamente todas as suas preocupações com aquela situação.

A raiva diminuíra quase 100%, sendo substituída pela preocupação, e pela sensação de que tinham que tomar uma decisão muito importante às cegas.

— Ninguém vai ser processado, Lils. Eu prometo. Eu pensei um milhão de vezes sobre tudo o que estava acontecendo, e eu sei que não posso perder você. É claro que é arriscado estar burlando a minha avó, tentando ganhar tempo em cima dela. Mas eu tenho certeza de que isso vale a pena… que depois de abril vai valer a pena, tudo isso, se eu puder assumir você para todo mundo. - o jeito com que James a olhava era suave e amoroso, e não havia uma sombra de dúvida de que ele falava a verdade.

— Você tem absoluta certeza de que isso não vai dar merda?

— Eu tenho, tipo, 99% de certeza. Vou deixar uma margem de erro só para você não me chamar de arrogante. -  brincou ele com um sorriso convencido, fazendo Lily achar graça da situação.

— E você tem certeza de que eu não vou ser presa, nem processada, pela sua avó? -   insistiu ela, perguntando com um sorriso, sabendo que já tinha decidido aceitar o plano maluco de James.

— As masmorras de  Buckingham são bem confortáveis, se você for presa. E a gente arranja um advogado para você qualquer coisa, tenho certeza de que Sirius e Remus testemunhariam a seu favor. -  ele brincou. - por favor, diz que tá comigo nessa...  Você sabe que eu faria tudo por você, Lil…  não sabe?

Houve um momento de silêncio, em que Lily respirou fundo e deu ouvidos uma última vez àquela voz de advertência no fundo de sua consciência. Era certeza que provavelmente haveria algum empecilho no meio do processo, e envolveria um bocado de sacrifício da parte dos dois. Lily sabia também que precisaria lidar com seu ciúme e sua insegurança sobre a princesa Emmeline, que estaria em todos os lugares como a namorada de James.

Havia muitos motivos para que ela simplesmente pulasse fora, pedisse para terminar, insistisse mais para quê James não tentasse trapacear com os planos da avó. Porém, toda aquela situação tinha deixado Lily tão fragilizada que seu coração pareceu derreter de amor com aquela confissão de James.

Sim, ela sabia, depois de tudo que já tinha acontecido, que James realmente estava disposto a fazer de tudo por ela, e esse pensamento a fazia acreditar que por mais insano que pudesse parecer o plano que ele e Sirius tinham feito, James daria um jeito de fazê-lo funcionar.

— Potter, no momento eu amo e odeio você na mesma medida, sabia disso? - disse ela, olhando séria para James, a expressão fechada.

— Eu acho que uma relação sem um pouco de ódio seria muito monótona, você não acha, Evans? -  devolveu James, com um sorriso que fez Lily sentir um arrepio subir por sua nuca, além de um calor agradável nas entranhas e uma necessidade absurda de beijá-lo.

Foi James quem adiantou-se para segurar  o pescoço de Lily firmemente e começar um beijo que era uma mistura de sôfrego e desesperado. Dali em diante foi uma mistura de mãos  e bocas, de gemidos e carícias, de beijos no pescoço e apertos excitantes nos quadris.

Mary realmente acabou se provando certa, e a reconciliação  de James e Lily foi uma mistura de sensualidade, desejo e necessidade de satisfazer um ao outro de jeitos que se oscilavam entre o bruto e o carinhoso. Acabou sendo uma grande vantagem que ninguém estivesse em casa, e a sala nova do apartamento de Lily foi inaugurada em grande estilo.

Ao final da noite, os dois estariam enrolados em roupões, deitados um no colo do outro e com os pés para cima da mesa de centro, bebendo o vinho espanhol que James trouxera, e trocando carinhos e confidências sobre os dias em que tinham ficado distantes. Aquele momento fazia Lily pensar que não importava que as capas de jornais dissessem que James namorava com  Emmeline, eles sabiam da verdade e no fim das contas estavam ali juntos, como sempre tinha sido.

Havia ao menos uma sensação boa em saber que era parte de um segredo íntimo de uma pessoa pública e famosa. Era parte de algo privado e especial, e só ela e James podiam saber como se sentiam, o quanto se amavam. aquilo deveria bastar.

***

Severo Snape estava atrasado, com fome, e ensopado.

Em nenhum lugar da internet estava falando em previsão de chuva para aquele sábado em Londres, no entanto, o rapaz havia sido presenteado com uma garoa fina que o acompanhou desde a estação de ônibus até a sede dos escritórios do O Profeta Diário. Seu pagamento do mês anterior também não havia saído ainda, de maneira que ele não havia conseguido comprar mantimentos suficientes para preparar um café da manhã minimamente decente, e a cada segundo a decisão de tomar café apenas na reunião do estágio parecia mais absurda.

Lúcio Malfoy sempre dispunha de biscoitos caros e patês de empórios famosos de Londres em suas reuniões de sábado, um convite para os funcionários juntarem-se a ele em um ambiente informal de reunião. Snape, como estudante de comunicação, interessado em comportamento social, sabia que aquilo era apenas uma técnica para que as pessoas ficassem mais relaxadas e descontraídas, construindo o ambiente para que críticas e repreensões fossem melhor aceitas.

Nada daquilo, porém, impediria Snape de comer alguma coisa assim que chegasse na empresa, porque estava faminto.

Obviamente a reunião já havia começado quando ele conseguiu chegar, de maneira que entrou em silêncio e assumiu a cadeira vazia ao lado de Amico Carrow. Ele serviu-se de uma torrada com patê e aceitou de bom grado uma xícara de chá, esperando que seu chefe não perguntasse demais sobre por que seu terno estava encharcado.

O que aconteceu foi que Lúcio mal percebeu a chegada de Snape, e continuou a reunião como se nada tivesse acontecido. O rapaz não sabia precisar se realmente não tinha sido notado ou se o chefe o estava ignorando, mas o fato é que Snape não foi convidado a se pronunciar em momento algum da reunião, e quando já passava das 11 horas da manhã e ele ainda não havia tido a oportunidade de apresentar o que havia descoberto sobre a misteriosa garota ruiva que vinha saindo com o Duque de Cambridge, ele levantou a mão.

— Sim? Você deseja falar alguma coisa, Severo? - perguntou Lúcio com impaciência.

— É que percebi que a pauta já está terminando, senhor, e gostaria de apresentar as informações que consegui reunir sobre a senhorita Lily Evans.

— Quem seria ela mesmo? - Questionou Narcisa com uma expressão confusa.

— A garota que estava saindo com o príncipe, a que estávamos tentando descobrir quem era. Ela realmente frequenta  Cambridge, e de fato estagiou na ONU nesse verã-

Lúcio levantou uma mão para interromper Snape, e o rapaz pensou que seria convidado a exibir no projetor os dados que havia coletado.

— Eu não acredito que a senhorita Evans seja mais do nosso interesse, Snape. não sei se leu as notícias dessa semana, mas o Duque de Cambridge anunciou seu relacionamento com a princesa das Astúrias…

Amico deu uma risadinha debochada ao lado de Snape, que cerrou os olhos em uma expressão confusa e perdida. O tom de Lúcio era uma mistura de presunção e certo nojo, como se Snape fosse algo indigno de sua atenção. 

Era óbvio que o rapaz havia lido as matérias da semana, e era mais óbvio ainda que aquilo era uma enorme mentira. Por mais que a foto que haviam tirado do príncipe em Schoreditch não tivesse a melhor das resoluções, e que o rosto da garota não estivesse exatamente muito visível, Snape tinha certeza de que a princesa das Astúrias não era a mesma pessoa da foto.

Mais do que isso, ele tinha certeza de que ao menos alguma coisa havia acontecido entre o príncipe e a garota Evans. parecia no mínimo absurdo que Lúcio não estivesse disposto a dar atenção ao resultado das pesquisas de Snape, primeiro porque haviam levado muitas horas, e segundo porque seria uma matéria muito interessante desmascarar que o príncipe estava mentindo sobre seu relacionamento - ou que ele havia traído a princesa da Espanha a menos de um mês.

— Senhor, eu não entendo... essa matéria ela poderia se-

— Um completo fiasco. As pessoas querem saber sobre o casal real, e não uma fofoquinha incerta sobre um possível affair do príncipe. O moleque tem o quê, uns 20 anos? Me surpreenderia um garoto nobre dessa idade não ter algum affair…

E apesar de a piada ser extremamente misógina, todos na sala deram risadas, incluso as mulheres. Snape não estava entendendo o que acontecia.

— Então, vamos simplesmente deixar passar? Foi um bocado trabalhoso, Malfoy.

Lúcio o olhou como se medisse Snape pela coragem de se referir ao chefe com, no mínimo, o dobro de sua idade, apenas pelo sobrenome. Se tinha achado desrespeitoso, não mencionou. No entanto, falou de outra coisa.

— Eu imagino, Severo. imagino como essa quantidade de trabalho possa estar atrapalhando seu rendimento Acadêmico. Estivemos conversando, nós da diretoria, infelizmente não estaremos mais precisando da sua contribuição.

— Estou sendo demitido? -  perguntou Snape, nervoso e aturdido.

— Bem, eu não posso propriamente demitir alguém que não é funcionário efetivo. Então vamos apenas entender que o seu estágio está encerrado. Você será um ótimo jornalista Snape, mas infelizmente O Profeta Diário precisa de alguém que possa trabalhar em tempo integral, e de preferência que resida em Londres. Estávamos esperando que você viesse para a reunião para comunicá-lo.

— É sério isso? Sem nenhum aviso prévio? Qual a justificativa?

—  Estagiários não precisam de aviso prévio, Severo. E a justificativa é que você está muito longe de Londres, e não faz propriamente o perfil da empresa.

— Eu não sou bem o tipo que gosta de inventar fofocas, não é, Narcisa? -  retrucou ele mordaz. -  Eu gosto de jornalismo de verdade.

— Só que o jornalismo de verdade não tem espaço para todo mundo, e escrever colunas sobre economia nem sempre pagam suas contas.

Lúcio o encarou com uma sobrancelha arqueada, medindo até onde iria a coragem de Snape de retrucar o chefe. Quer dizer, ex-chefe.

Snape não sabia bem o que sentir, porque parte dele achava cruel que seu chefe o tivesse obrigado a gastar dinheiro com passagem de ônibus até Londres apenas para demiti-lo, e outra parte dele achava que teria sido ainda pior se isso tivesse acontecido de maneira virtual. Apenas pensar na quantidade de horas que ele havia gasto naquela semana para descobrir informações sobre Lily Evans fazia com que seu sangue esquentasse, Porque jamais teria se dedicado tanto se soubesse que estava prestes a perder o emprego.

 Emprego não, estágio.

— Eu tenho direito ao meu salário do mês passado. - foi apenas o que ele foi capaz de responder.

— Ah, mas é claro! Narcisa está com um envelope com seu pagamento e um bônus por esse último mês, em que você cuidou das redes sociais.

O bônus, Snape descobriu menos de um minuto depois quando abriu o envelope, eram 20 libras. 20 libras que não pagavam sequer a passagem de volta para Cambridge.

— Obrigado pelo seu trabalho, Severo. Nós do “O Profeta Diário” desejamos sucesso na sua carreira.

Snape só pensava que aquilo era uma grande ironia, porque se Lúcio ligasse de verdade para o sucesso de Snape, não deixaria que o rapaz morresse de fome na faculdade. A raiva era tanta que ainda não tinha sido capaz de pensar o que faria para pagar suas contas dali em diante.

— A reportagem sobre Lily Evans fica comigo, não vou passar nada.

Amico deu uma risada ao seu lado.

—Me diga, quem é que liga para uma estudante de Cambridge que pode ser que tenha saído com o príncipe? você realmente só faz matérias inúteis, não é?

Snape revirou os olhos, terminou seu chá e serviu-se de uma última torrada, antes de se levantar encharcado e completamente fora de si de irritação e se preparar para ir embora.

— Vai à merda. Vamos ver quem é que vai fazer matéria inútil daqui algum tempo, Carrow. Vocês estão perdendo tão feio por não quererem investir na história dessa Evans... tenho certeza de que aqui tem coisa, mas que pena que nenhum de vocês têm acesso aos dados que eu tive acesso dentro da Universidade de Cambridge, não é mesmo?

A expressão calculista de Lúcio e a irritação no olhar de Amico e Alecto Carrow pareceram diminuir ao menos 1% do péssimo humor de Snape, e quando ele saiu, batendo à porta e mostrando o dedo do meio, sua cabeça só conseguia pensar que ele estava absurdamente ferrado e não tinha ideia de como faria para seguir sua vida acadêmica estando completamente desempregado. 

Será que o príncipe estaria disposto a pagar alguma coisa para que ele não vazasse dados sobre Lily Evans? Será que sequer era Lily Evans a garota da foto? 

Sua cabeça estava tão confusa, ele estava com tanta fome, e chovia tão torrencialmente do lado de fora, que Snape quase cogitou voltar para sala, pedir desculpa, e implorar pelo emprego.

Mas antes desempregado e com dignidade do que sem os dois.


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Notas finais do capítulo

A gente conversa nos comentários?
Beijoooos ❤❤❤



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