God save the Prince escrita por Fanfictioner


Capítulo 12
A membro honorária da realeza


Notas iniciais do capítulo

Finalmente de volta!
Essas duas semanas foram bastante intensas, mas confesso que gosto desse ritmo de atualização de quinze em quinze dias.
Estamos quase batendo 2.6k de leitores, e já passamos dos sessenta comentários, então só vou deixar minha ENOOORME gratidão pelo carinho com a fic. Aos novos leitores, sejam muuuuito bem vindos, e quem quiser bater um papo comigo sobre a fic (ou não também, se quiser só amigar) meu twitter é @morgana_botelho, e tô sempre interagindo por lá.
Nesse capítulo temos um pouco de desenvolvimento paralelo a Jily, até para tudo ser construído com cuidado, e a tensão da família real vai ficar mais aparente aos poucos a partir de agora.
Não vou me alongar mais! Boa leitura, xuxus!



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A semana que antecedeu a chegada de Lily a Londres foi particularmente estressante. Além de fazer as malas, Lily precisava estudar uma série de guias e materiais para a palestra do primeiro dia, e estava organizando uma venda de garagem para tentar juntar uma parte do dinheiro de que precisava para alimentação.

Petúnia também não a deixou em paz momento algum, falando sobre casamento, vestidos e estética, além de ter obrigado Lily a fazer as unhas e hidratar os cabelos no salão, e a garota achou seriamente que fosse enlouquecer e berrar de irritação no meio do dia.

Mas ela soube se conter, e quando chegou o domingo da sua viagem quase tudo tinha dado certo. Quase.

Os livros, roupas e o computador antigo dela tinham gerado um lucro de quase duzentas libras, e os senhores Evans haviam contribuído com outras duzentas, o que dava a Lily quase dois terços do valor que precisava. 

— Um dietinha para ficar magra e mais principesca. - ironizou ela durante uma chamada de vídeo com James antes de viajar.

— Sabe que eu posso ajudar com o que falta, Lily. Sem o menor problema.

James ainda estava deitado, enrolado em lençóis que pareciam muito fofos, e com uma cara de sonolência que Lily particularmente adorava. No fuso horário de Toronto ainda eram sete e meia da manhã, mesmo que em Londres já passasse do meio dia.

Ele tinha viajado na véspera para a principal cidade do Canadá para prestigiar as duas semanas de Jogos Escolares de Verão da Commonwealth, que contaria com mais de quatro mil estudantes dos países membro, em modalidades variadas. Como patrono dos jogos, a presença dele era mais do que requisitada, e representava a Rainha.

— Não tem nada a ver, James. É muito dinheiro, e eu nunca ia aceitar isso de namorado algum.

— Então aceite como uma doação de Sua Alteza Real.

Lily revirou os olhos para ele e mostrou o dedo do meio, fazendo-o rir com uma voz rouca.

— Falando nisso… a Alteza Real tem uma vida muito boa, não é? Ainda deitado, Príncipe? - debochou Lily, colocando o celular sobre a escrivaninha para ter as mãos livres e pentear o cabelo.

— Hoje é domingo, qual é! Me dá uma folga, ruiva!— brincou ele, virando-se de lado na cama. — Tenho um almoço com o primeiro ministro e mais um monte de gente importante. Depois, visitar um hospital infantil, e um jantar com outras pessoas importante. Nada tão legal quanto ir para a ONU. 

Era engraçado como James sempre fazia suas funções oficiais parecerem chatas e sem graça, exaltando as coisas comuns e cotidianas que Lily tivesse em sua agenda. Ele fazia parecer que cortar a grama do quintal era muito mais interessante do que almoçar com celebridades e autoridades internacionais. Talvez isso fizesse Lily gostar ainda mais dele.

— Afinal, animada?

— Estou nervosa, com muita expectativa… mas é, estou animada sim. - ele sorriu, fazendo o coração de Lily perder um compasso. - Meus pais vão me levar de carro daqui umas horas.

Remo era o único livre essa semana, falei com ele para socorrer você, se precisar.— Lily riu, dizendo que sabia se virar bem. - Sei que sabe, mas é só por garantia. E ele é uma ótima companhia pra pubs, sabe? Confio nele para guiar você em Hackney. E Lene me disse que planejou algo para vocês duas dia trinta.

— Vocês podem se misturar tanto assim com gente que nem eu? - ela debochou.

— A gente pode tudo, Lils. Eu meio que preciso ir agora… a gente pode se falar mais tarde, mas tem o fuso…

— Daremos um jeito. Bons eventos, Jay. Vou dando notícias.

Lily teve a impressão de que James ia dizer algo, mas ele só jogou um beijinho pela tela e acenou, ao que ela fez o mesmo e desligou a chamada, tentando terminar suas obrigações a tempo.

***

O começo do curso em Londres foi tão corrido e cheio de novidades que Lily mal tinha tempo de falar com qualquer pessoa que não estivesse no complexo da ACNUR com ela. Primeiro ela descobriu que entendera tudo errado, e apenas a alimentação do final de semana não estava inclusa, então ela com certeza não passaria fome com as libras que tinha levado.

Depois, o grupo de participantes do evento era vasto e rico, com pessoas de vários países, e as aulas teóricas eram extremamente interessantes. A colega de quarto de Lily era jamaicana e estudava Relações Internacionais, Héstia Jones, e as duas tinham feito amizade com um rapaz da grécia chamado Dédalo Diggle, recém formado em Serviço Social, de maneira que o trio passava boa parte do dia junto, estudando e debatendo os casos e legislações levantados em aula.

O fuso horário de cinco horas e a agenda lotada de James também não tinham facilitado muita coisa, e conversar por mensagens estava sendo a única opção. Os jogos e partidas dos torneios começavam cedo pela manhã, quando Lily já estava almoçando, e James também participava de visitas, reuniões e ações com a comunidade, de maneira que sempre terminava seu dia tarde, quando Londres já estava na madrugada.

Dado tudo isso, quando, no domingo, James encheu o celular de Lily com fotos dele com os atletas, entregando medalhas e fazendo o lance inicial em um tabuleiro de xadrez, ela ficou sorrindo boba para a tela do celular, sentindo saudades dele.

— Esse sorriso só pode ter uma razão. - implicou Héstia. - Namorado?

— Ou namorada? - completou Dédalo, tirando a atenção das anotações sobre a imigração inglesa que Lily gentilmente cedera a ele.

— Ahm? Não! Namorado, não! - desconversou, receosa da possibilidade de qualquer um dos dois descobrir. - É só minha família mandando fotos da organização do casamento da minha irm-

— E eu nasci ontem, Evans. - ela puxou o celular de Lily de cima da mesa. - Que gato, Lily! Como escondeu da gente que namora um jogador profissional?

— Jogador profissional?! - Dédalo inclinou-se sobre a mesa para olhar a foto com Héstia.

Lily estava roxa de constrangimento e completamente desesperada sobre como ia desmentir aquela história sem expor James, já que, claramente, nem Héstia nem Dédalo o tinham reconhecido como o herdeiro do trono inglês. E Lily não pretendia deixá-los sabendo disso, tampouco.

— Não é exatamente isso, uhm… - desconversou. - Ele joga no time da faculdade, e não sabe se quer seguir carreira, mas…

Não era uma mentira completa, embora também não fosse uma verdade

— Ele não teria algum amigo bem gente boa para me apresentar não, Lily? - perguntou Dédalo com um sorriso maldoso, admirando a foto de James, de terno, chutando uma bola no campo de futebol.

Ela imediatamente lembrou-se de Sirius e Remus e achou que fosse engasgar com a água que bebia. Se Jones ou Diggle sequer desconfiassem quem eram eram as amizades do namorado de Lily...

— Você é muito é sortuda, isso sim! - confirmou Héstia, devolvendo o celular dela. - Afinal, a gente vai sair para beber hoje ou não?

Para o alívio da menina, a conversa morreu ali e James não voltou a ser assunto. 

***

A segunda semana começou com Marlene ligando para Lily muito cedo, antes mesmo do café da manhã, para combinar a programação daquela noite. James ainda não havia voltado de Toronto, e Lily sequer tinha encontrado qualquer um do grupinho da realeza, porque Remo contraíra uma gripe e não pode sair na sexta, então o convite de Lene pegou Lily bastante desprevinida.

— Você sai às cinco, certo?

— Isso, mas talvez eu precisasse estu-

— Não vai estudar nada hoje. Eu tenho um ensaio de fotos para fazer e Dorcas ainda não pode vir, então a senhorita vai ser minha companhia. - ela interrompeu Lily com um tom que mesclava diversão e ordem.

— Então agora evolui para dama de companhia? - debochou Lily.

— Quase isso. Vou buscar você de carro quando você sair, e pode vir arrumada que depois Sirius e eu vamos levar você para uns pubs legais. Até depois, ruiva!

Lily não teve condições de responder porque Marlene desligou antes, mas a ideia de acompanhá-la em uma sessão de fotos era empolgante e assustadora na mesma medida. Pelo resto do dia Lily fez um grande esforço para se concentrar nas aulas, e quando o tema do primeiro trabalho teórico foi dado e os grupos divididos, ela agradeceu por ter caído junto com Dédalo, pois não tinha guardado quase nenhuma informação.

Marlene estacionou na frente do prédio dos alojamentos pouco depois das cinco e meia, e o banco traseiro estava com duas mudas de roupas distintas ocupando todo o espaço, de modo que Lily sentou-se na frente.

— Olha só, se não é nossa menina ONU. - cumprimentou ela com um sorriso, piscando para Lily. - Bem vinda, querida.

— Primeira vez que pego carona com uma modelo, qual o protocolo? - respondeu Lily, fazendo Marlene rir enquanto pegava a avenida.

— Aí, é uma grande bobeira, se quer saber. Meu pai insistiu que eu fizesse fotos oficiais, para que a equipe de comunicação divulgasse no dia do meu aniversário. A gente até tentou usar umas que Sirius e eu tiramos umas semanas atrás, por segurança. Mas não colou… acho ridículo!

— Que triste a vida da mulher que precisa tirar fotos para mostrar sua beleza ao mundo.

— Lily Evans, seu humor é meu espírito animal! - riu Lene. - Não vamos demorar, eu espero. E depois vamos finalmente às partes legais.

Havia, ao menos, uma meia dúzia de pessoas naquele estúdio. Ao que Lily entendeu, era uma locação particular da fotógrafa que o pai de Marlene contratara, e todas aquelas pessoas estavam à disposição da filha do Barão de Arlington.

Um rapaz e uma moça se adiantaram para fazer o cabelo e a maquiagem de Marlene, enquanto outras duas pessoas ajustavam câmeras, fios e iluminações para as fotos internas, e outra mulher servia bolinhos e chá em uma bandeja. Lily assistia tudo sentada em um sofá muito elegante e confortável, perguntando-se se seria inadequado ficar no celular.

— A senhorita aceita uma água, senhorita… - perguntou o garçom, esperando que Lily se apresentasse.

— Lady Lily. - adiantou-se Marlene, virando-se na cadeira de maquiagem com um sorriso amável. - Por favor, traga um chá para ela, querido. 

Lily aceitou o chá de bom grado, conversando animadamente com um dos auxiliares de fotografia enquanto Marlene tirava as primeiras fotos. A garota, de fato, era muito bonita e fotogênica. O jeito como a pele pálida dela contrastava com o cabelo louro acastanhado fazia parecer que Lene brilhava, ao mesmo tempo que as roupas feitas sob medida lhe davam um ar elegante e responsável. 

O sorriso de Marlene era contido, quase ensaiado, e Lily se perguntava porque não aproveitavam a gargalhada naturalmente bonita da garota. As fotos certamente ficariam bonitas, mas de algum modo era como se Lily não conseguisse ver nelas a Marlene de quem era amiga. Era mais… moldada? Vendível?

— Você vai tirar fotos comigo, não vai? - perguntou Marlene enquanto ia para a cabine trocar o vestido claro por calças de alfaiataria.

— Quem? Eu? Claro que não!

— Claro que vai! Dorcas ia tirar se estivesse aqui… e é ridículo que eu não tenha uma foto com você! Anda! Alguém pode maquiar Lady Lily, por favor!

Como se o pedido de Marlene fosse uma ordem, Lily foi imediatamente maquiada. Diferentemente do que estava acostumada a ouvir sobre sua aparência quando Petúnia ou sua mãe a embelezavam, Lily recebeu variados elogios.

— Olha o tamanho desses cílios! Que privilégio!

— E esse tom de ruivo! É natural? - Lily assentiu. - Deus realmente tem seus preferidos.

— Vamos fazer um delineado que deixe esse olho verde gritar na foto, Milady. 

Lily poderia se acostumar àquilo facilmente, à todos a chamando de Lady e dispostos a valorizar sua aparência natural, ao invés de fazê-la uma cópia das modelos da Vogue. Todos os funcionários foram super amáveis, e Lily até mesmo tirou selfies com os maquiadores, sorrindo e fazendo caretas.

Meia hora depois ela estava sendo fotografada com Marlene, tendo apenas trocado sua jeans por uma calça verde militar da amiga. Lily duvidava que fosse sair bem naquelas fotos, mas Marlene insistira tanto, e a garota se sentia tão bonita com aquela maquiagem simples, que resolveu aproveitar e levar o episódio como uma grande brincadeira surreal.

Imagine! Tirar uma sessão de fotos com um membro da realeza!

— Vocês realmente elevam o conceito de princesas, sabiam? - alguém comentou alto, fazendo Lily e Lene virarem-se para olhar quem era o dono da piadinha.

Sirius estava sentado no sofá que Lily antes tinha estado, com as pernas displicentemente cruzadas e um sorriso de canto de boca brincando no rosto. Marlene riu com gosto, dando uma piscadinha para ele e Lily enrubesceu enquanto ria, agradecendo pelas fotos com Marlene já terem acabado.

— Pontas vai amar essas fotos, você sabe, né? - provocou Sirius baixinho quando Lily sentou-se ao lado dele, dando-lhe uma cotovelada sutil.

Não demorou muito para o compromisso acabar e, de repente, estavam os três tirando fotos engraçadas e com caretas, dentro do carro de Lene, mandando no grupo de mensagens para que Dorcas, James e Remus vissem. Já passava das oito da noite, e Lily estava completamente faminta, então eles rumaram para Shoreditch, o bairro alternativo, artístico e lotado de pubs fantásticos, que Lily desejava conhecer há muito tempo.

Sirius e Marlene receberam alguma atenção quando eles finalmente escolheram um local para jantar e beber, e Lily teve a sensação de várias pessoas terem apontado as câmeras de seus celulares na direção dos três enquanto eles estavam comendo. Ela lamentou não ter levado óculos escuros, mas Marlene a tranquilizou, garantindo que não era problema algum.

— Então é assim a vida de ser nobre e famoso… as pessoas não deixam você sequer comer em paz. - implicou Lily enquanto esperava seu pedido de jantar chegar.

— Do jeito que você fala faz parecer horrível! - disse Marlene bebendo sua cerveja.

— E não é?

— Acho que quando você cresce no meio é menos pior… quer dizer, eu sou acostumado desde de sempre a um monte de gente observando tudo que eu faço. - comentou Sirius. - Se eu não tive privacidade no enterro dos meus pais, por que me incomodaria com gente olhando meu prato?

— Meu Deus, isso foi horrível, Sirius! - riu Marlene, achando graça da expressão horrorizada de Lily. - Lily não vai pegar o humor ácido aí, e vai achar que a gente não tem vida sem ser stalkeado.

Ela já achava isso, e não entendera mesmo o humor em Sirius falar do enterro dos pais, mas considerou que não era o momento de comentar. Sirius se recostou mais confortavelmente na cadeira antes de falar.

— O que estou tentando dizer é que… faz parte do ônus de estar aonde estou, ser quem sou. Eu não posso realmente reclamar, porque  tenho privilégios demais, e se o preço a pagar é ter pessoas me olhando, me parando, tirando fotos conversando… é ruim, claro! Enche o saco, mas eu consigo pensar em desvantagens piores.

— Sirius gosta de ter o ego alimentado. - Marlene acrescentou, rindo. 

— Faz sentido para você, ruiva?

— Acho que sim… - Lily passou a brincar com um guardanapo de papel, pensativa. - Sobre os seus pais… eu lembro do acidente, foi horrível. Eu sinto muito.

— Nah! Não sinta, eu odiava eles.

Aquela informação pegou Lily desprevenida, e ela realmente engasgou com seu chope, fazendo Sirius dar uma gargalhada alta e nada principesca.

— Como podia odiar eles? Você tinha, tipo… doze anos? - perguntou Lily, com os olhos arregalados em divertimento e confusão. Sirius era uma caixinha adorável e explosiva de surpresas.

— Treze. - então ele percebeu que Lily queria explicações e passou a comentar o assunto. - Meus pais sempre deixaram claro que eu era o acidente mais infeliz da vida deles, e depois que meu irmão Regulus se mostrou como o principezinho perfeito que meu pai sempre quis, aí é que eu era um fardo mesmo. 

O tom da conversa era tão neutro que o assunto poderia ser o clima.

— Isso é horrível!

— Por isso a Vicky comentou aquele dia sobre meu comportamento. Eu e James nunca fomos exemplos de conduta de príncipe, como você já deve ter suposto, e costumávamos dar muito trabalho para nossas governantas.

— Ele e James já colocaram fogo nas cortinas da sala do trono, Lily! - Marlene interrompeu, antes de dar uma garfada em seu jantar.

Lily não conteve o riso diante da ideia de um mini James Potter incendiário, acompanhado de uma versão mais baixa e com cabelos igualmente compridos de Sirius Black segurando cortinas de veludo mofadas.

— Para resumir, o ódio bidirecional entre eu e meus pais tinha muita agressão e castigos físicos. Meu pai gostava de punições violentas, e eu geralmente desafiava também. Tenho cicatrizes feias de umas surras especiais dele, aquele cretino. - ele revirou os olhos com nítido desgosto, interrompendo-se momentaneamente para comer.

— Órion ameaçou Sirius de morte mais de uma vez, Lily. Por motivo nenhum! Sirius era uma criança!

— Ele dizia que eu era uma vergonha, que era o grande desgosto da família real. Que eu não prestaria nem para ser conselheiro de Pontas algum dia. No fundo, ele tinha muita raiva do tio Fleamont ser o filho mais velho, de ele ter uma chance mínima de chegar ao trono. Meu pai era uma pessoa cruel, Lily. Cruel, calculista e ambiciosa. Acho que ele pensava que era Henrique VIII.

— O mundo é melhor sem Órion. - comentou Lene resoluta, ao que Lily só assentiu, pensativa.

— Eles me mandaram para a Eton quando eu fiz treze, para se livrarem de mim e criarem Regulus como o príncipe que eles queriam. Reg era uma vítima dos meus pais… sinto falta dele, às vezes. Mas da Walburga e do Órion, nunca! Eu fiquei assustado, surpreso, chocado… mas não triste. Nem lembro de ter chorado.

— Pelo Reg. - acrescentou Marlene. - Você chorou pelo Reg, mas por eles não.

Por um momento eles não disseram mais nada, porque o clima ficou pesado e cada um concentrou-se em sua comida.

— E é isso… apresentada à parte psicopata da família. - debochou Sirius, com uma risada irônica. - Relaxa, ruiva. Ninguém é tão ruim quanto eles eram.

Lily não conseguia ter muita reação. Parecia informação demais, chocante demais, e fazia a família Real se revelar em outros aspectos muito mais sombrios e menos glamourosos do que ela acreditava ser a vida nobre.

— Ei! A gente contou isso só porque você perguntou, viu? Mas ninguém fica mal por conta dessas coisas mais… fiz terapia por tempo suficiente para isso. - brincou Sirius, empurrando a mão dela, fazendo-a sorrir um pouco. - Mas qual é, Pontas disse que saiu da sua casa pela janela, procede isso?

Foi inevitável que Lily corasse e ficasse constrangida, fazendo Sirius e Marlene rirem com gosto, pedindo por mais detalhes e informações do rapel de James pela janela do quarto. Os dois amigos, porque sim, já eram amigos dela, implicavam com Lily durante a narrativa e prometiam que fariam o mesmo com James tão logo fosse possível.

Lily achava curioso, e de certo modo quase surreal, como fora fácil para ela se enturmar com os amigos nobres de James. Toda a imagem que Lily tinha da monarquia era muito diferente do humor fanfarrão de Sirius, do altruísmo de Dorcas, da sororidade de Marlene ou da simplicidade de Remo, e soava como se eles fossem perfeitos demais para um mundo tão corrupto e ridículo como o da política.

Um mundo tão cruel como estava se revelando para Lily a vida da nobreza.

Frequentemente James a lembrava de que Lily ainda não tinha precisado ver qualquer um deles irritado ou envolvido em questões burocráticas e governamentais, porque eles realmente sabiam ser sérios, e ela acreditava que a geração em que tinham nascido faziam deles nobres mais conscientes de seus papéis sociais.

De qualquer modo, ainda eram muito distantes da realidade dela, e foi justamente por isso que Lily achou que teria um infarto quando chegou em seu dormitório na terça-feira de noite, na semana seguinte. Sobre a cama havia uma caixa bonita, com um laço de fita vermelha fechando-a, além de um cartão assinado por Dorcas e Marlene, e outro por James.

Ele havia retornado de Toronto no final de semana, e Lily ainda não tivera a chance de reencontrá-lo até então. Já fazia quase um mês da última vez que tinham estado juntos, e Lily duvidava de que algum dia já tivesse sentido tanta falta de alguém como sentia dele.

Sentia falta das piadas bobas e bem humoradas, do cheiro do perfume dele, da sensação boa e firme do abraço de James, de como a voz dele soava rouca de manhã e do arranhado suave que a barba por fazer dele deixava no pescoço de Lily quando a beijava ali.

“Fizemos nosso melhor com o que sabíamos das suas medidas, mas se precisar de ajustes, nos avise que damos um jeito! Esperamos você deslumbrante em Buckingham na sexta à noite. Doe e Lene.”

“Uma atenciosidade especial, para que todo mundo possa ver minha futura Rainha maravilhosa do jeito que eu vejo independente do que ela use (mesmo que eu prefira você usando apenas lingerie, não me leve a mal, ruiva). Confiei na escolha de Lene e Dorcas e não tenho ideia do que tenha dentro desta caixa, então estou ansioso para ser surpreendido sexta. Muitas saudades. Com amor, SAR JP.”

O aniversário de Marlene aconteceria naquela sexta-feira, dez de agosto, e tudo estava planejado para ser um jantar elegante e formal no Palácio de Bukingham, seguido de uma festa privada organizada no salão menor, com a presença das amizades mais próximas de Marlene.

Tanto para um evento como para o outro Lily tinha sido convidada, com o convite tendo sido entregue em mãos pela própria Lene no dia do ensaio de fotos, e a única questão que perturbava Lily era a de que estaria, mais uma vez, pessoalmente na presença da nada agradável autoridade Real, Vitória Potter.

A questão da vestimenta nem mesmo tinha passado por sua cabeça até que ela tivesse lido (e se emocionado consideravelmente com) os bilhetes que tinham vindo junto com a enorme caixa. De repente, fez sentido. “Suas medidas”.

Cheirando a um perfume delicioso, e tendo sido perfeitamente dobrado, dentro da caixa havia um vestido branco tão suave que parecia angelical. As mangas eram curtas, conforme o protocolo de vestimenta que Dorcas a tinha explicado semanas atrás, e alcançava a altura dos joelhos, com gola e uma dupla fileira de botões pretos muito delicados que iam até a cintura. 

Havia ainda um par de saltos quase do tom de pele de Lily, e uma mensagem carinhosa do ateliê que havia confeccionado o vestido para ela. Catherine Walker. Bastou uma busca rápida no Google para Lily descobrir que aquela era a marca de alta costura feminina conhecida por atender a família real nas últimas duas gerações.

Lily achava que teria uma síncope nervosa antes de sequer conseguir colocar os pés dentro do palácio, naquela sexta. As coisas estavam escalando de figura muito rapidamente: Lily havia feito uma sessão de fotos com a filha de um barão, iria usar uma grife real que, provavelmente, nem sonhava em ter dinheiro para pagar, e Marlene tinha escolhido o tipo de salto exato que ela, Lily, gostava.

E claro, James Potter fazia questão de ser, não só um príncipe muito cavalheiro, mas um namorado quase irritante de tão perfeito.

— UOU! - exclamou Héstia quando entrou no quarto e viu Lily admirando o presente. - Presente do boy? Ai, meu Deus, Lily! Você é ridícula de tão sortuda!

***

James acreditava piamente que a viagem para Toronto o faria colocar a cabeça no lugar e ser capaz de enxergar seu relacionamento com Lily com um pouco mais de calma, cautela e racionalidade. O faria ponderar a seriedade de se envolver com uma pessoa não nobre, e perceber a importância de realmente manter segredo de sua família sobre estar namorando uma cidadã inglesa comum.

No entanto, o que realmente aconteceu foi uma enorme percepção de que ele estava completamente apaixonado por Lily, e no segundo em que ela entrou no Palácio naquela sexta, para o aniversário de Marlene, James precisou usar de todo seu autocontrole e mais um pouco para não puxá-la imediatamente para um abraço caloroso e um beijo apaixonado, porque Lily Evans nunca tinha estado tão estonteantemente maravilhosa.

Do penteado no cabelo aos saltos nos pés, Lily estava idêntica a qualquer uma das pessoas da realeza que James sempre vira. Talvez fosse porque ele estivesse completamente apaixonado por ela, mas Lily tinha classe e elegância naturalmente, e James sentia que seria capaz de admirá-la por horas.

— Boa noite, James. - ela cumprimentou polidamente na frente de várias pessoas no salão, e ele adiantou-se para educadamente beijar a mão dela.

A escolha de vestido de Marlene e Dorcas fora ideal, e James não teria sido capaz de fazer uma compra nem minimamente próxima a aquilo. O jeito como, de salto, Lily ficava da altura dele era algo que James achava divertido, e naquele momento ele desejou poder exibi-la ao mundo como sua namorada.

— Acho que morri! Você está maravilhosa, Lil! - sussurrou, dando uma piscadela. - Essa é Lily Evans, amiga íntima nossa e querida companhia em Cambridge.

Lily foi apresentada a uma dúzia de diferentes personalidades, dentre elas os pais de Marlene e convidados amigos da família dela. O Conde e a Condessa de Essex pareceram extremamente felizes em revê-la, e Lily até mesmo ganhou um abraço de Lady Saska, que também a apresentou, com enfáticos elogios, ao príncipe herdeiro e Duque de Sussex, Fleamont Potter, e sua esposa Euphemia.

Coincidentemente pais de James.

A menina mal sabia como estava conseguindo fingir tanta naturalidade e calma em se passar por Lady Lily Evans, de Yorkshire, em meio a toda uma quantidade absurda de nobres, inclusos os pais de seu namorado, que aparentemente tinha sumido com um copo de uísque na mão.

O jantar foi servido em um salão cuja placa na porta indicava que chamava Salão Churchill, e a ordem dos assentos já estava definida ao longo da mesa. Marlene estaria ladeada por Sirius e Lily, seguida de Dorcas e outro casal que Lily nunca tinha visto, e James e Remo sentariam-se perto de Sirius. A cadeira na ponta da mesa, no entanto, Lily não precisou chegar a ler a indicação para saber que pertencia à Rainha.

Vitória Potter entrou na sala quando todos já estavam sentados e conversando, obrigando os convidados a se levantarem em um silêncio quase solene. Ela parou em frente à mesa, com um olhar austero e então sorriu, de uma maneira que Lily acreditou ser mais falsa do que sua titulação de Lady.

— Perdão pelo atraso, eu estava garantindo que o presente de Marlene estava nos conformes… podemos começar o banquete? - disse ela em um tom amável, fazendo os funcionários levantarem os cloches dos pratos já postos.

A comida fantástica, e Lily acreditava que nunca tinha provado tantos sabores diferentes em uma única refeição, embora fizesse um esforço em parecer acostumada com aquela variedade gastronômica, exatamente como todos ali eram.

— Aceita vinho, Milady? - perguntou o maitre, com uma garrafa de vinho branco, e Lily assentiu, estendendo sua taça. - Oh, deseja vinho tinto, Milady?

Lily achou que fosse morrer de constrangimento, e sentiu seu rosto arder violentamente diante da percepção de ter estendido a taça errada. Teve a impressão de que Dorcas a encarava com igual nervosismo, e então começou a tossir, colocando o guardanapo de pano sobre a boca numa tentativa de se controlar.

— Lady Lily? Está tudo bem? - perguntou Euphemia Potter, outra ponta da mesa, fazendo os olhares se virarem na direção de Lily rapidamente, icluso o da própria rainha, que interrompeu sua conversa com o Barão.

A menina assentiu, baixando a cabeça e estendeu a taça correta ao maitre, que parecia constrangido pela situação.

— Foi apenas um incidente, perdão. - murmurou em baixo tom, agradecendo que a tosse justificasse a vermelhidão de seu rosto, que parecia não querer voltar mais ao tom normal.

O resto do jantar transcorreu sem maiores problemas, e Lily teve conversas animadas com o casal desconhecido ao qual foi apresentada: Andrômeda e Edward Tonks, ela prima de Sirius, e ele amigo de infância de Marlene, filho de outro barão, aparentemente já falecido. Dorcas e a própria Marlene participaram do assunto algumas vezes, e Lady Saska chamou Lily para um ou outro assunto da ponta mais velha da mesa.

— Lady Lily, - alguém chamou. - por favor refresque minha memória… a senhorita estuda em Cambridge?

Vitória Potter conseguira facilmente aquilo que Lily tivera todo o cuidado de evitar até ali: chamar a atenção para ela.

— Sim, Majestade. - respondeu calmamente e da forma como James recomendara, ignorando o batimento cardíaco acelerado. - Concluí o segundo ano em Legislação no King’s College nesse verão.

A mulher a encarou numa mescla de curiosidade e desafio, como se medisse algo pelas respostas de Lily.

— E sua família acredita ser uma formação adequada a uma Lady? Legislação. Não conheço muitas filhas de… Evans, não é? Filha de Sir Richard Evans, de Yorkshire?

— Sim, Majestade. - engoliu em seco, sentindo o chute suave de Dorcas em sua perna.

— Richard acredita ser uma formação adequada a sua filha?

— Ele acredita que eu possuo discernimento quanto a minha formação, Majestade. E acredita que posso exercer a profissão que desejar independentemente de adequação social. - respondeu ela, dando um sorriso amável para disfarçar o asco sensível por aquele tipo de pergunta misógina.

— Richard sempre foi um grande homem! - exclamou Fleamont, atraindo a atenção dos demais. - E que tipo de comentário é esse, mamãe?! Não estamos mais no século quinze! Mulheres podem fazer a faculdade que quiserem!

— Nem tudo que me é lícito me convém, Fleamont. - retrucou ela em um sorriso presunçoso.

— Que bom que Sir Richard pode confiar no livre arbítrio da filha pela educação que a deu, então. - sorriu Lady Saska, fazendo Lily encher-se de orgulho e gratidão. - Eu mesma sempre disse a Dorcas que escolhesse o que quisesse.

— Imagina, papai, se você não me deixasse fazer arquitetura?! - gemeu Marlene, fazendo os demais rirem. - Eu teria vindo fugida!

— Eu abrigaria você, Marlene. - acrescentou Sirius em um sorriso, acariciando a mão de Lene sobre a mesa e, de repente, o assunto tinha mudado e morrido.

***

— Aquela velha é uma vagabundinha! - exclamou Sirius, sentando-se ao lado de Remo no sofá com um copo de bebida na mão.

Uma hora depois o jantar já havia acabado, os convidados mais velhos já tinham ido embora ou se recolhido a seus afazeres e ali estavam eles, pouco mais de meia dúzia de jovens adultos em uma festa privada dentro de um salão menor do Palácio de Buckingham. A música estava alta e havia jogos de luzes piscando, como uma espécie de boate particular.

— Ela perdeu a noção do ridículo hoje! - comentou Marlene. - Eu fiquei com tanta peninha de você, Lily.

— Eu achei que fosse enfartar quando ela me chamou!

— Na minha cabeça eu estava ensaiando o discurso para desmentir tudo e assumir você ali mesmo, Lil.

Houve um coro debochado de exclamações quando James fez aquele comentário, acariciando a perna de Lily, sentada em seu colo. A menina inclinou-se para dar um selinho em James.

— Minha cabeça estava um remix de “fodeu, fodeu, fodeu”. - disse Remus, fazendo todos rirem.

— Desde quando, afinal? - perguntou Andrômeda com curiosidade.

— Uns quatro meses? - devolveu James confuso.

— Tudo isso?! E eu não sabia de nada, James? - implicou ela, arremessando uma almofada

— Eu quem pedi sigilo. - Lily piscou, brincando. - Ai, gente, eu fiquei com tanto medo de ter sido grossa! Depois que falei com a.. - ela parecia incerta de como se referir à Rainha.

— A Vicky. - disse Remo, bebendo seu uísque.

— Isso… depois que falei com ela eu fiquei tão arrependida de ter aberto a boca e ter sido indelicada. 

Apesar de tudo estar preparado para ser uma festa para dançar, todos estavam sentados em pufes e sofás, conversando preguiçosamente e atualizando Andrômeda e Edward (que pedira para ser chamado de Teddy) sobre o status de relacionamento de James e Lily. Eles também eram os únicos fora de Buckingham que sabiam do namoro de Sirius e Remo, e fora uma escolha de Marlene limitar a festa aos oito para conceder a Sirius o direito de uma festa com seu parceiro.

— Você foi tão delicada quanto o cavalo em Essex, ruiva. - comentou Sirius, sobrepondo sua voz ao barulho da música, fazendo Lily explodir em uma gargalhada nervosa.

— Ah, vai! Ela mereceu! - sibilou Dorcas revirando os olhos. - Que absurdo foi aquele?! Formação adequada!

— Formação adequada de educação não teve ela! - resmungou James. - Ainda bem que papai salvou a coisa de virar uma discussão.

— Tio Flea sempre fazendo tudo nessa casa. - disse Sirius. - E sua mãe, eim Doe? Indireta boa sobre você ainda não estar na faculdade…

— Ela pode até tentar, mas enquanto eu não decidir o curso… 

— Sensata, Doe, sensata. Agora alguém pode, por favor, vir rebolar até o chão comigo? Porque esse é o último ano, gatos! Depois dos vinte e dois ninguém mais desce e sobe sem estalar o joelho e a lombar não. - ironizou Marlene, puxando Dorcas para dançar com ela.

Os casais foram se juntando às duas em danças divertidas que se estenderam por toda a noite. Lily se provou uma excelente dançarina de música pop, e James achava que não seria capaz de desgrudar dela naquela noite.

Enquanto dançavam juntos, ele soltava beijinhos contidos e carinhosos pelo pescoço de Lily, deixando suas mãos passearem pela cintura dela com tranquilidade, sabendo que todos estavam concentrados demais em suas próprias diversões para ficarem regulando os dois.

E também, ainda que estivessem, James sentia tanta saudade dos beijos de Lily, do corpo dela, que a única coisa em que pensava desde que a vira era imprensá-la em uma parede e beijá-la ardentemente.

Depois de algumas músicas dançadas, vários copos de bebida e muito tesão acumulado, James finalmente desistiu de bancar o bom moço cavalheiro e puxou Lily para um beijo nada calmo, em um canto mais afastado do salão. As mãos dela rapidamente se enroscaram no cabelo propositalmente despenteado de James e a boca de Lily aprofundava-se na dele de uma maneira quase dolorida de tão intensa.

Não foi preciso muito para que James a encostasse em uma parede, colando seus corpos o máximo que pode, e se aventurasse a deixar beijos e chupadas pelo pescoço de Lily, fazendo-a arfar, inclinando-se mais e mais sobre ele. Eventualmente as pernas dela se enroscaram na cintura de James, fazendo-o sentir que seu corpo inteiro ardia ao efeito que ela exercia sobre ele.

Ali estava novamente aquela sensação de ser impotente e completamente rendido à ela. Lily era capaz de deixá-lo entorpecido, excitado com tanta facilidade quanto um garoto de catorze anos, fazê-lo sentir-se em brasa ao menor toque. Ao mesmo tempo, a sutileza e delicadeza dela como pessoa faziam James se sentir culpado em não ser  calmo, bom e polido, o namorado doce e gentil que a trataria com delicadeza antes, durante e depois da transa.

James sentia como se Lily fosse perfeita demais para que ele a tratasse com aquela intensidade e firmeza que por vezes desejava, ignorando que, também ela por vezes esperasse algum sexo menos carinhoso e mais ardente. Nunca tinham discutido isso.

E foi por isso que ele tentou se acalmar, descendo Lily de sua cintura e afastando-se alguns centímetros.

— Cansado, Potter? - implicou ela, arranhando-o no pescoço.

James sentia o sangue pulsando em seu baixo ventre, e faltava muito pouco para que perdesse o autocontrole que restava. 

“Ser delicado e carinhoso, como uma dama merece ser tratada, James Potter. Controle-se”

— Estou tentando ser o racional aqui, ruiva. Porque se eu cede-

— Se você ceder acontece o quê, Potter? - sussurrou ela em seu ouvido de maneira provocante, mordiscando o lóbulo de sua orelha. - Se ceder você vai perder o controle? James Potter, você não tem o direito de me agarrar desse jeito e vir com papinho de ser racional. Faz um mês que a gente não se vê e é esse o momento que você escolhe para demonstrar autocontrole?

— Ruiva…

Ela continuou provocando James, puxando-o pela gravata para um ou outro beijo, espalhando selinhos pelo pescoço à mostra e esfregando-se nele como um gato carente. Então ele desistiu de resistir ao desejo violento de beijá-la em todos os lugares possíveis e simplesmente saiu do salão, chamando Lily com ele em direção ao elevador para o andar dos quartos. A tensão de não se tocarem quase palpável

— James! - exasperou ela entre sussurros, como se o desejo de segundos atrás tivesse desaparecido completamente. - O que tá fazendo? Vão ver a gente!

— Achei que tinha dito que não era o momento para autocontrole. - e foi então que ele desistiu completamente de refrear-se.

Antes mesmo que chegassem à suíte dele, James enroscou-se em Lily, segurando-a firme pelo pescoço e beijando-a como se nunca lhe tivesse conhecido o corpo, deixando sua mão perder-se na curva da lombar e então da bunda dela.

Ele os guiou, cambaleando, pelo corredor até chegar ao quarto, trancando a porta atrás de si rapidamente, quase desesperado. Sentia que pegava fogo, que seria capaz de acender a lareira com seu próprio calor.

James nunca sentira tanta urgência e desejo sobre Lily quanto naquela noite. Era como se tudo nela, o cabelo, a roupa, os sapatos, mexesse com os hormônios contidos dele, e parecia que Lily nunca tinha estado tão atraente e sexy quanto ali.

Talvez fosse o tempo que tivessem passado separados, talvez fosse o fato de ela ter encarnado maravilhosamente bem o papel de Lady, fazendo-o sentir-se rendido pela elegância inegável dela, ou talvez fosse o jeito empoderado com que Lily se opusera à rainha, deixando claro que era a mulher firme que James conhecia, mas o fato era que tudo em Lily o fazia descontroladamente excitado naquele momento. 

Agradecia aos céus que Lily estivesse com o mesmo nível de tesão.

— Jay… - ela murmurou com certa urgência e ofegância enquanto desabotoava o vestido.

— Quê? - perguntou, dirigindo-se a ela e roubando mais e mais beijos famintos.

— Você não precisa me tratar como uma bonequinha delicada toda vez.

O jeito como os olhos de Lily faiscaram de desejo foi o convite necessário para que James entendesse a permissão para ser tão lascivo quanto desejasse, e a levasse para a cama sem muita cerimônia. Honestamente, ele admitiria para si mesmo quando tudo acabou, aquela fora a melhor noite que ele já tivera com Lily.

Ficou óbvio para James, quando Lily se deitou no peito dele e ele esperava seu corpo se acalmar completamente, o porquê ele não conseguia ser mais racional, mais cauteloso, mais principesco e pragmático quando com ela.

James não estava só apaixonado por Lily.

— Lil. - ela o encarou, e James teve a sensação de que os olhos de Lily podiam ler sua alma. - Eu amo você.

Ela sorriu, inclinando-se para beijá-lo.

— Eu estava com medo de falar isso agora e você me achar maluca, então que bom que disse primeiro, James. - comentou com um risinho quase manhoso. - Porque também amo você.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês nos comentários?
Beijoooos ❤❤



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