MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 20
Semideuses com problemas de adolescentes normais


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥
(AVISO DE GATILHO, RELACIONAMENTO ABUSIVO)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791685/chapter/20

“A última pessoa que eu queria ver...” O garoto diz assim que me vê e se vira para outro lado.
“Não posso dizer que estou adorando a vista, também.” Respondo a ele me lembrado de como ele havia me atacado sem motivo algum assim que cheguei no acampamento.
“A missão soltou sua língua hem” Ele ri um pouco e continua sem olhar para mim.
“E você, ta fazendo o que aqui?” Eu me sento ao seu lado e ele se afasta um pouco, olho para o lago na nossa frente.
“Fugindo.” Ele me responde sem expressão alguma.
“Não acredito que se pode fugir da morte.” Eu digo a ele, imaginando que ele esteja tentando fugir de toda essa loucura.
“Não da morte, do acampamento.” Ele me responde dando de ombros.
“Ah, sim.” Eu digo sem saber o que dizer. Sabia que muitas pessoas não queriam ficar no acampamento para sempre mas não achei que essa seria a melhor hora para fugir de lá, o unico lugar seguro para nós.
“O que faz aqui?” Ele me pergunta, se virando para mim.
“Afrodite me mandou.” Eu digo, simplesmente, não entendia muito bem o que estava fazendo ali, mas talvez ele saberia.
“Não vou devolver.” Ele diz rapidamente e chega sua mochila para mais próximo de si.
“Eu não sei o que é.” Eu respondo, tentando ser casual.
“Vou vender e gastar os dracmas para comprar uma passagem.” Ele me diz e parece que procura alguma expressão no meu rosto, mas eu estava perdida então meu rosto continua completamente neutro.
“Se eu não pegar o que é que seja que você roubou não vou conseguir completar a missão.” Eu digo a ele esperando que ele entenda a situação.
“Não sei o que você tem feito, mas perdeu seu tempo.’ Ele me responde e sorri um pouco, como se gostasse da confusão.
“Não sei o que tenho feito também. Obviamente não tenho experiência pra fazer isso.” Eu desabafo e me deito na grama. Achei que me sentiria mal perto dele, mas me sentia muito confortável. A situação toda parecia muito natural como se eu ja o conhecesse ha muito tempo e tivesse muita intimidade.
“Obviamente.” Ele diz e olha para o lago, me evitando.
“Posso dizer algo pra te fazer me ajudar?” Eu pergunto a ele encarando o céu perfeitamente azul encima de nós.
“Não” Ele responde rapidamente, como se não precisasse nem pensar no assunto e não se importasse que esse pequeno gesto poderia salvar todos olimpianos.
“Porque me bateu quando cheguei no acampamento?” Eu pergunto a ele, naturalmente. Não havia pensado muito no assunto em toda loucura que foi chegar e sair imediatamente para uma missão suicida, mas todos no acampamento tinham sido legais comigo – menos ele.
“Voce é louca por espalhar essa historia. Estragou minha vida.” Ele responde com a voz em um tom mais alto.
“Eu não falei disso com ninguém.” Eu digo a ele naturalmente, sem me ofender com ele me chamar de louca e mentirosa na maior cara de pau, como se não tivesse acontecido nada.
“Claro, como se tivesse outra pessoa ali naquele dia.” Ele diz revirando os olhos.
“Não tinha uma garota atrás de você?” Eu pergunto a ele me me pergunto interiormente porque eu mentiria sobre isso.
“Thamires nunca me denunciaria.” Ele diz e um sorriso estranho surge em seu rosto.
“Porque você a chamaria de louca também?” Eu pergunto a ele ainda estranhando a intimidade que tinha com o garoto, mas tudo parecia muito natural e eu não me sentia mal por isso.
“Porque ela me ama.” Ele diz, se virando para ver minha expressão.
“Mas não veio com você?” Eu pergunto, ele estava aparentemente sozinho ali.
“Eu não a chamei.” Ele me confessa e dá de ombros, se virando novamente para o lago.
“Voce não a ama?” Eu pergunto.
“Claro que amo.” Ele levanta seu tom de voz novamente e arranca um pouco de grama do solo.
“Então, porque não a chamou?” Eu pergunto novamente e me sinto assustada de como eu me sinto casual perguntando esse tipo de coisa, que eu não faria com nenhuma outra pessoa achando que estaria me intrometendo na vida alheia.
“Não preciso estragar a vida dela mais do que já fiz.” Ele responde, agora com a voz mais baixa e quase demonstrando algum sentimento.
“Aprendi pouco com Afrodite, mas acredito que ela quis me dizer que o amor é complicado.” Eu digo, me sentando novamente. Quase estiquei minha mão para o tocar, mas me parei no meio do ato. Não sabia de onde estava surgindo essas frases, sentimentos e ações.
“Eles a tratam mal por estar comigo.” Ele diz com o mesmo tom.
“Talvez não tratariam se você não batesse em pessoas e as chamasse de loucas depois.” Eu respondo, aparentemente com muita coragem. Não me preocupava que ele poderia levantar e fazer isso de novo, sentia que tinha que ser muito sincera com ele e me sentia bem ali, não com medo.
“Eu não faço isso.” Ele responde. Parece que ele acha que toda a história foi somente uma alucinação coletiva para o colocar como garoto mau, sem ele merecer. 
“Fez comigo.” Eu digo sem me importar muito.
“É diferente.” Ele responde. Então quer dizer que ele sabe que aconteceu e admite o que faz, mas as vezes diz que não aconteceu e que foi inventado. Me perguntei qual tipo de jogo ele estava tentando fazer ali.
“Bateu em Thamires?” Pergunto a ele. Não sei de onde saiu isso, mas as palavras saem da minha boca antes que eu possa as parar.
“EU NÃO FAÇO ISSO!” Ele grita comigo agora e arranca um grande pedaço da grama do seu lado.
“Bateu em mim...” Eu continuo, ainda muito calma, sem nem tentar pegar minha lança.
“Eu não preciso ouvir esse tipo de coisa.” Ele diz e se levanta, começando a andar para dentro do parque.
“Tenho que ir atrás de você. Não posso desistir sem tentar.” Eu me levanto também e começo a o seguir. Tenho que tentar de tudo para pegar o que for que ele tem de Afrodite.
“Se eu dissesse isso seria errado.” Ele diz com aquele sorriso estranho novamente no rosto.
“Eu não disse usando a força. Preciso de você para salvar o mundo.” Eu digo, ainda calma e sem buscar minha arma. Só andando atrás dele como um passei no parque comum. 
“Ninguem precisa de mim.” Ele diz com a voz baixa.
“Por favor, Pedro...” Eu peço a ele, andando mais devagar, não queria me afastar muito do hotel. 
“Eu não quero ser assim, só aconteceu.” Ele se vira para mim e agora sua expressão quase demonstra dor.
“Aceito desculpas.” Eu digo sorrindo.
“Não devo nada a você.” A expressão dele volta para defensiva e ele se vira novamente.
“Afrodite poderia ter te matado por ter roubado dela, mas me mandou aqui. Não é tão ruim quanto você acha.” Eu digo a ele, pensando que ele deve significar alguma coisa para a deusa.
“E o que ela vai fazer? Jogar setas do cupido em mim?” Ele fala de forma irônica e ri um pouco.
“Prepotente para alguém que fugiu de sua casa por causa de bullying.” Eu digo sem pensar e me arrependo, mas não falo mais nada.
“Eu tenho casa, não sou como você.” Ele cospe as palavras em mim e parece uma faca em meu peito, mas eu não para de o seguir.
“É pra La que você vai?” Eu pergunto.
“Não é da sua conta.” Ele me responde de forma agressiva.
“Não quero usar a força contra você...” Eu digo calmamente, ainda sem encostar na minha arma. Não era uma ameaça, só uma conversa casual.
“Estamos andando em círculos?” Ele parece nervoso quando me pergunta e olha para as arvores em seu redor.
“Não sei, estamos?” Eu pergunto como se estivesse perdida também, mas sabia bem que sim, nós estávamos andando em círculos quase perfeitos. Eu estava o guiando inconscientemente pelo lugar o fazendo não sair do lugar para ter mais tempo para o convencer. Se fosse Silvia aqui seria tão mais fácil... Mas nem tudo pode ser fácil.
“Vamos por aqui” Ele diz depois de analisar as árvores, voltando exatamente para o caminho que tínhamos acabado de sair.
“Quer que eu va com você?” Eu pergunto com uma voz brincalhona.
“Quis dizer que eu vou por aqui. Voce fique onde quiser.” Ele responde agressivo de novo.
“Por favor, eu preciso de ajuda.” Eu peço a ele, ainda o seguindo, e me cansando de andar por ali.
“Não tem vergonha de implorar assim?” Ele para e olha para mim, sorrindo.
“Não. Preciso de você.” Eu respondo sinceramente, parando também.
“Claro, bebê.” Ele anda até mim com passos pequenos e tenta encostar em meu rosto.
“Não desse jeito.” Eu respondo me afastando dele.
“Voce esta me seguindo, insistindo, encostando em mim...” Ele continua vindo em minha direção, mas não esta mais sorrindo. Minha respiração finalmente começa a ficar mais curta e parece que meu cérebro entende o perigo da situação.
“Sinceramente, a não ser que a garota fala explicitamente que te quer, você esta abusando dela se continuar.” Digo a ele, agora com um tom agressivo, como se estivesse lidando com um dos monstros que eu lutava.
“E o que você sabe disso?” Ele me pergunta, parado na minha frente casualmente.
“Nada.” Falo sem problema algum. Realmente não conhecia nada sobre relacionamentos. Quando fugi tinha apenas 12 anos e não tinha me apaixonado por ninguém, nem sentido atração. Na floresta eu estava sozinha o tempo todo e fazia poucos dias que eu voltei a conviver com humanos, não tendo tempo suficiente para aprender.
“Inexperiente e burra.” Ele diz como se fosse alguma coisa ruim. 
“Por favor.” Peço a ele novamente, estava perdendo tempo ali com toda essa conversa e precisava ir o mais rápido possível para Califórnia.
“Implore mais.” Ele diz e parece que procura sua espada.
“Não estou jogando com você, estou tentando te ajudar. Vulnerabilidade é poder. Admitir que não sabe algo não te desvaloriza. Pedir desculpa não te faz menos digno. Te faz mais. Te faz humano.” Eu digo a ele, não sabendo de onde vinha essas palavras.
“E quem quer ser humano?” Ele me pergunta e deixa suas mãos em seu bolso.
“Eu...” Eu admito. Queria ser humana. Depois de dois anos na floresta sozinha e vivendo com meus instintos animais eu queria ser humana e ter relacionamentos normais. 
“Voce é estúpida.”Ele fala com seu tom agressivo novamente e me da as costas.
“Preciso do que você tem de Afrodite.” Volto ao assunto principal, com medo do tempo que estou perdendo ali.
“Troco pela sua lança.” Ele se vira novamente e olha para minha mão.
“Dimitri fez especialmente pra mim.” Eu digo, me sentindo mal. Foi o primeiro presente que recebi e ele tinha feito especialmente para mim. Nem meu propio pai me tratava com tanto amor quanto ele. Não queria dar minha lança.
“E eu vou vende–la para alguém especial.” Ele diz brincando com o assunto.
“Vão sentir sua falta no Acampamento.” Eu tento o convencer, mas nem eu mesmo confio nessas palavras. Lembro de Laura e seus amigos rindo dele enquanto ele trabalhava nos campos de morango.
“Duvido disso.” Ele respondeu sem mudar sua expressão.
“Ligue pra um de seus amigos e pergunte.” Eu digo, mas sinceramente não sei se ele teria amigos para ligar.
“Não preciso de ser viadinho e perguntar se meus amigos gostam de mim.” Ele vomita as palavras e se vira para continuar a andar.
“Demonstrar seus sentimentos não te faz menos homem. Nem precisar de ajuda. Se você voltar, e se eu voltar, eu te ajudo.” Eu digo pensando porque ele usou aquela palavra com uma conotação ruim. O que teria de errado em gostar de seus amigos?
“Seus amigos me odeiam.” Ele diz, e eu sei que é verdade.
“Com certeza com motivo, mas eu sou minha própria pessoa.” Eu o respondo, parando de andar. Tiro meu anel e jogo para ele. Se transforma em uma lança no ar. Quando ele pega a arma, ele joga um quadro que estava dentro de sua mochila para mim. Um quadro. 
Ele se virou e foi embora. Minha lança se transformou em anel novamente e o vi colocar no dedo.
Voltei rapidamente para o hotel. Me sentia perdida depois da conversa. Não sabia o que fazer. Não sabia como me sentia em relação a tudo isso. Tinha que o denunciar para o acampamento? Isso não faria tudo pior? Como o ajudaria depois?
Passei pelo saguão às pressas. Entrei no elevador sozinha e soltei minha respiração que aparentemente estava presa a todo tempo.
Sem minha lança a única opção na batalha seria a foice. E parece que o destino não falha.
As portas do elevador se abriram e antes de eu sair Vanessa, Silvia e Gavin se enfiaram dentro.
“Minha mãe nos espera no terraço.” Silvia disse e me entregou algumas coisas que eu tinha deixado no acampamento. Todos pareciam cheirosos e tinham trocado de roupa. Eu ainda vestia a mesma coisa de dias antes e cheirava a ônibus. 
“Um lenço? Você enfrentou um monstro por um lenço idiota?” Silvia pega o quadro da minha mão e vemos que dentro da moldura tinha um lenço e uma explicação que tinha sigo coletado por Percy Jackson e Annabeth Chase.
“De certa forma...” Eu não digo o tipo de monstro que encontrei. Eu tinha atribuído essa palavra sempre para seres mitológicos que saem do inferno para me matar, mas parece que nem sempre os monstros são tão diferentes de nós assim. 
“Sem tempo para discutir, Luna.” Vanessa diz enquanto o elevador abria e nós saiamos com pressa.
Afrodite estava do lado de um cavalo alado branco enorme. Entreguei o quadro para ela e ela me agradeceu.
“Como prometido. A viagem durara entre 1 a 2 horas. Voce sabe o certo a fazer.” Ela encosta sua mão em meu ombro e sorri.
“Não acho que eu sei.” Eu digo, e realmente não sei. Não tenho sabido a missão toda e não acho que isso vai mudar no futuro. Ela desaparece novamente, sem mais nenhuma palavra. 
Parecia que todos estavam desaparecendo na minha frente hoje.
Subimos no cavalo enorme e nos seguramos firmemente. Ele começou a voar e lembrei que não devíamos estar viajando por ar. Mas era tarde demais agora. Em duas horas eu tinha que salvar todo mundo. E salvar o mundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Opa pessoal! Sei que todos esses assuntos são sensíveis para muitos (inclusive para mim), mas achei que seria importante mostrar que semideuses são só adolescentes! Tem problemas normais, como todos nós. E vou tratar de mais algumas problemáticas tipo essa. Os monstros nem sempre são minotauros e harpias! Qualquer coisa me mandem mensagem! Estou aqui por vcs, amo vcs ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "MeliZoe e os Olimpianos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.