MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 19
Dois dias, duas deusas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Posso dizer que andar por um portal foi a pior experiência da minha vida e vocês conhecem um pouco da minha vida, então isso é uma coisa.
Eu sentia todas as partes do meu corpo serem levadas para lugares diferentes e parecia que mil agulhas entravam em meu corpo. Quando aterrizamos, bati a cabeça em uma pedra.
“Com certeza não é a Califórnia...” Vanessa olhou para os lados e disse enquanto tentava alongar seus braços.
“Falei que não deveríamos confiar em uma deusa pacifista. Sinceramente.” Silvia nos disse e eu imaginei de Afrodite se envolvia muito durantes as guerras, o clichê de "faça amor não faça guerra" não combinava muito com a garota.
Meus olhos se ajustaram ao Sol. Não, não estávamos na Califórnia. Estávamos cercados por montanhas com neve.
“Estamos em Salt Lake.” Eu disse, mas não sabia como. Nunca tinha estado ali, nem perto.
“E como você sabe disso?” Vanessa me pergunta, agora arrumando suas roupas.
“Sou boa em me localizar perto da natureza.” Eu respondo como se entendesse o que aconteceu.
“Quanto tempo até a Califórnia?” Silvia me pergunta e eu tento fazer o caminho na minha cabeça. Aprendi que minha geolocalização é muito boa e eu tenho um ótimo dom para visualizar mapas e caminhos.
“8 horas?” Eu respondo, imaginando o mapa de nosso pais na minha cabeça a traçando caminhos. Estávamos viajando com tanto desvios que quase seria melhor se estivéssemos indo andando, chegaríamos mais rápidos.
“Melhor que 36.” Gavin resmungou, ainda sentado no chão.
“Nosso problema deveria ser decifrar porque viemos parar aqui.” Vanessa nos avisou enquanto analisava melhor a paisagem.
“Iris não parava de dizer que era nosso próximo destino...” Silvia completou enquanto arrumava seu cabelo em um coque.
“Deuses sabem mais que nós.” Gavin nos disse, agora se apoiando em uma pedra para levantar.
“Não acho que ela participe das discussões do Olimpo.” Eu disse, pensando em como a deusa me avisou que não se envolvia nos problemas políticos. “Mas ela sabia o que estamos fazendo.”
“Vamos procurar um lugar para ficar.” Vanessa deu a ideia agora que todos estávamos de pé e com as roupas (mais ou menos) no lugar.
“Um lugar para dormir e tomar banho. Sei que não faz tanto tempo, mas estamos aqui... Vanessa...” Silvia pediu olhando para a garota, sei que ela não planejava usar o charme mas era inevitável. Me perguntei como Vanessa se sentia sobre isso.
“Sim, sim, claro.” Vanessa disse, com o olhar distante e mordendo seus lábios. 
Saímos da clareira e chegamos a uma estrada. Discutimos se era uma boa ideia pegar carona. Tinha funcionado uma vez.
“Não, por favor, não quero ter que dirigir e lutar contra harpias.” Vanessa disse e Gavin riu.
“Harpias?” Eu pergunto, não sabendo qual tipo de monstro era esse.
“Não queira encontra–las.” Gavin fica de repente serio.
Resolvemos ir andando. Não estávamos muito longe da cidade, afinal. Não paramos em lugar nenhum, fomos direto para o centro da cidade. Passamos, provavelmente, umas duas horas andando antes de chegar no Empire.
Já tinha visto esse nome antes, mas não lembrava onde.
Era um hotel enorme. Vanessa conversou com a recepção e eles a deram uma chave. A recepcionista pareceu reconhece-la no momento em que entramos, mas quando Vanessa foi falar com ela a moça pediu sua identidade e comparou com algum papel que tinha guardado ali mesmo. Não entendi o que estava acontecendo, mas parecia um hotel de luxo e qualquer lugar que nós ficássemos ali seria melhor que dormir no carro ou no meio da floresta.
“Nos coloquei em um quarto só, achei que seria mais seguro.” Vanessa nos avisa, a garota não esta sorrindo, mas parece aliviada.
“Qual quarto?” Silvia pergunta animada.
“A cobertura.” Vanessa diz como se não fosse nada.
“Não pareça tão chocada assim, Luna.” Vanessa me diz em tom carinhoso.
“Perdão.” Eu falo instintivamente e as garotas sorriem para mim, como se isso ja tivesse acontecido antes.
“Olha, meu pai é dono da rede... E agora eu vou ter que lidar com ele. Mas pelo menos vamos dormir em camas e tomar banho quente. Comer comida de verdade e pegar um ônibus amanha pela manhã.” Ela disse rapidamente, como se não estivesse completamente confortável com a situação.
Ela saiu andando na frente, em direção ao elevador.
“Quão inapropriado é pedir para ela negociar uma carona? Minhas costas não aguentam mais andar de ônibus.” Silvia sussurra para Gavin e o sátiro sorri.
“Imagino que muito inapropriado.” Ele avisa.
Entramos no elevador de vidro. Todos os hóspedes olhavam para nós. Não estávamos tão sujos assim, mas ainda não era saudável passar tanto tempo com a mesma roupa.
O elevador abriu e estávamos dentro do apartamento. Era maior que o que a minha madrasta morava, e isso era falar muito. Era um apartamento de luxo, com tudo que tínhamos direito. Três quartos separados, uma cozinha enorme e ampla, uma sala com uma TV do tamanho de um cinema e paredes de vidro com visão para as montanhas.
Silvia correu para o sofá e se jogou entre as almofadas.
“Vou para meu quarto e ligar para meu pai, tudo bem?” Vanessa nos avisou e deixou sua mochila perto da porta.
Todos concordamos e ficamos em silêncio.
“Se vocês me permitem, vou para a piscina.” Silvia se levantou e saiu carregando sua mochila. Me perguntei se ela tinha trazido um biquíni. A filha de Afrodite parecia muito mais confortável do que a propria Vanessa, e eu tive a impressão que ela ja tinha feito isso algumas vezes antes.
“Vou dormir. A não ser que você queira companhia...” Gavin olha para mim como se pedisse pra eu por favor não querer companhia nenhuma. 
“Não, estou bem. Vou meditar um pouco e tomar um banho quente.” Eu respondo a ele.
Gavin se foi. Sinceramente, era bom ficar um tempo sozinha sabendo que eu não estava em perigo iminente.
O mundo como eu conhecia pode acabar a qualquer minuto e eu provavelmente estou muito perto de me tornar uma assassina e ser morta.
Mas no momento eu estava sozinha e em silêncio.
Me sentei no tapete felpudo da sala e analisei as montanhas.
“Venha aqui se sentar comigo.” Não reconheci a voz de quem me chamou. Me virei rapidamente e me arrependi de ter deixado minha mochila na porta. Mas quem eu vi não era um monstro. Era uma mulher. Eu não conseguia focar em seu rosto. Estava sentada graciosamente no sofá.
Me sentei na outra ponta e tentei forçar meus olhos, mas não conseguia ver seu rosto.
“Sabe, isso raramente acontece. Normalmente as pessoas têm um... Tipo... Um padrão de beleza. E elas me veem assim. Voce não consegue ver meu rosto porque não tem um. É muito nobre, e bastante irritante.” A mulher diz com uma voz melódica e sedutora. 
Afrodite. A deusa Afrodite estava sentada na minha frente. Queria dizer algo, mas não conseguia fechar a boca.
“Vou tentar fazer isso ficar mais confortável.” Seu rosto se transformou em uma mulher de pele clara e cabelos escuros, os olhos azuis me penetravam. Tentei sorrir para ela.
“Gosto de você, Luna. Essa é a verdade. Fico feliz que você e Sílvia estejam nessa missão. É verdade que tenho um pouco de culpa no que aconteceu.” Ela me diz e eu tenho problemas em prestar atenção em sua voz agora que ela parece uma supermodelo.
“Assim me contaram.” Eu consigo formular uma frase. 
“A verdade é que quero ajudar vocês. Não só por Silvia, mas por você também.” Ela sorriu novamente. “Faz um tempo que eu não tenho uma filha tão decente quanto ela... Mas não vem ao caso. Tenho uma pequena tarefa para você e se você conseguir eu te dou uma carona para Califórnia.”
“A última carona para Califórnia me deixou aqui.” Eu digo sem pensar e quase me arrependo, não queria ofender a deusa, mas era o que tinha acontecido.
“Pode-se dizer que eu e Iris somos amigas.” Ela confessa e sorri mostrando um set de dentes perfeitamente alinhados e brancos. “Seus inimigos estão no Death Valley, isso é duas horas do Ancient Park. Voces estão à oito horas de lá, e não tem ônibus agora. Gostaria de uma carona?” Ela me pergunta, sabendo a resposta. Fico assustada com a seriedade da situação e como nós estávamos atrasados. E como eles tinham conseguido ir tão rápido. Lembro de Matheus caindo no meu sonho e fico arrepiada.
“O que temos que fazer?” Eu pergunto ja decidida que eu faria qualquer coisa. A culpa era minha de termos nos atrasado tanto e a missão é minha, tenho que nos colocar no caminho certo.
“VOCÊ tem que buscar um antigo lenço meu em um parque aqui perto. Assim que voltar te levo à Califórnia.” A deusa foca que eu tenho que ir sozinha. Faz sentido já que eu deveria ser a responsável por todos aqui.
“Imagino que não seja tão fácil...” Eu digo, ja me preparando para encarar monstros piores do que qualquer coisa na minha imaginação.
“Nunca é.” Ela diz, simplesmente.
“Vou avisar alguém e ir.” Me levanto e começo a mexer de forma nervosa no meu anel.
“Gosto de você, Luna. Posso prometer que sua vida amorosa não vai ser nada fácil. E quando eu faço uma promessa dessas...” A deusa se levanta e coloca a mão no meu rosto. Seu toque é frio e eu seguro meu folego. 
“Tenho certeza que alguém vai me contar depois.” Eu respondo, com coragem.
“Boa sorte.” E sumiu.
Peguei minhas armas e fui até a piscina, Sílvia estava encostada na beirada. Aquele parecia seu habitat natural. De biquíni eu podia ver as muitas cicatrizes no seu corpo.
“Sua mãe passou aqui... E me mandou fazer uma tarefa. Precisamos dela. Então vou sair agora e voltar o mais rápido possível.” Eu aviso a ela de longe, tentando não encarar suas cicatrizes.
“Ela passou aqui para dar um oi... O parque é o Liberty, aqui do lado.” Ela me diz, também sem olhar para mim.
“Muito obrigada. E avisa os outros, por favor.” Digo, querendo sair o mais rápido possível para não perder mais tempo.
“Claro.” Ela me diz calmamente. Sua voz me lembra a de sua mãe e tudo faz mais sentido agora.
Sai do apartamento e entrei no elevador panorâmico. Saindo do hotel, todos ainda me olhavam como se eu não pertencesse naquele lugar. E era verdade. Eu não havia nem trocado de roupa.
Sai rapidamente do saguão, não gostava de me sentir assim, inapta.
Andei somente alguns quarteirões até chegar no Liberty Park. Ainda não sabia o que estava procurando, mas deuses tem esse talento de ser vagos. Andei um pouco entre as árvores sem prestar muita atenção em nada. Depois de meia hora decidi me sentar em uma ponte.
Assim que me sentei, olhei para a margem do lago e havia um rosto conhecido ali. Ele não havia me visto e eu sabia imediatamente o que eu estava procurando. Me levantei e andei até ele, tentei fazer algum barulho para o avisar de minha chegada.


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Notas finais do capítulo

Bom diaa pessoal... Estamos apenas a DUAS HORAS do local da missão hem... Chegando mais perto sempre!
Comentem! Amo vcs ♥



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