Aquela foi a primeira conversa. Antes da aula começar. A primeira de muitas daquele dia. Ela se deu bem em poções, parecia ter o dom de saber as respostas certas. Enquanto eu tentava anotar cada um dos ingredientes que eram atirados no Caldeirão que o professor usava.

Nos separamos na segunda e na terceira aula, mas voltei a encontra-la na entrada do salão principal. Parada perto da porta contorcendo as mãos ansiosamente.

— Oi de novo.

Eu apenas acenei e continuei andando para qualquer lugar vazio onde pudesse me sentar.

— Hei, espera. – A menina do all star azul segurou minha mão tentando me impedir de continuar.

Aparentemente segurar a mão de outra pessoa é um gesto comum, simples. Mas naquele momento aos 11 anos eu tive a certeza de que meu coração não poderia acelerar daquela maneira. Não podia ser saudável e nem coerente.

— Eu disse meu nome. Mas você não disse o seu.

Rose. Ela tinha dito mesmo o nome e eu descobrirá o sobrenome. Na aula de feitiços alguns alunos da Sonserina comentavam sobre os cabelos da Weasley. O único cabelo que merecia comentário seria o dela. Ele preferiria comentar sobre o tênis, mas ninguém se importava com aquilo.

— Scorpius. – eu disse evitando o sobrenome. Logo ela descobriria, apesar de desconfiar que já soubesse.

— Como a constelação. – Ela ficou pensativa. – Legal.

Foi quando o Potter se aproximou. Correndo de alguns garotos que aparentemente queriam convida-lo para grupos diferentes. Vários grupos.

— Não sei como James aguenta isso.

— Ele ama a atenção que o sobrenome carrega.

Escuto a conversa deles por um momento e vou me afastando discretamente.

— Scorpius... – Ela me chama e sorri. – Esse é o Albus, são da mesma casa.

No momento pensei comigo que aquilo era óbvio, eu estava na seleção e nós tínhamos os mesmos uniformes. Mas fiquei esperando o próximo passo dela.

— Primo, olha o tênis do Scorpius. Não é maravilhoso.

Nesse momento me lembro de sentir meu rosto esquentar. E outra vez o coração acelerar sem motivo.

— Ela é obcecada por tênis. – Albus tentou me explicar. – Minha irmã gosta de vestidos e bonecas. Mas Rose gosta de tênis.

— Vamos comer antes que não dê tempo. – E a garota segurou cada um pela mão nos arrastando para sentarmos juntos.

— Por tênis e comida.

Albus sorria.

E depois daquele almoço senti meu coração acelerando atoa muitas outras vezes. E apreciei o all star azul dela mais de perto. Enquanto ela sempre elogiava o meu preto de cano alto.

De certo não entendia o quanto o dela era muito mais bonito do que o meu, ou o quanto lado a lado nossos sapatos combinavam tão bem quanto as estrelas que formavam meu nome no céu. Ou as sardas que lhe pintavam o rosto.