Cheater escrita por Maga Clari


Capítulo 6
Bilhete número 11 e 12 (capítulo Extra)


Notas iniciais do capítulo

Desculpa, meus amores, mas estava com um aperto no peito toda vez que meus nenéns tinham hate de vocês. Então senti vontade de deixar que eles se expressassem pelo menos uma vez. E também adoro a ideia de múltiplos discursos hahahaha. O próximo capítulo sim que vai ser a festa que vocês tanto estão aguardando.
Beijocas



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BILHETE NÚMERO 11

Todo mundo sabe. Todo mundo sabia e não quis te dizer. É por isso que estou te avisando. Ele é um traidor do caramba e eu achei que você deveria saber. 

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas por me intrometer. Sei que a história não é minha, mas por fins didáticos achei que seria interessante acrescentar algumas informações.

Sendo assim, preciso admitir parte da culpa que carrego por ter escondido essa parte sobre mim desde o começo. Se eu dissesse, talvez Rose suspeitasse. Ao mesmo tempo, sinto que fui burro. Debaixo do meu nariz e mesmo assim eu não vi. Estava tão ocupado em tentar conquistá-lo que nem sequer perguntei o motivo de tantos nãos. Sempre pensei que o medo era seu principal inimigo. Hoje já penso diferente. E que bom que penso assim. O alívio me libertou.

— Desde quando? — perguntei, o olhar neutro, os pensamentos bem longe.

— Desde sempre — ele respondeu. Seco. Nenhuma emoção — Todo mundo sabe. Todo mundo já sabia e não quis te dizer.

— Ótimo. Além de viadinho vão me chamar de corno agora.

— Ei… — Scorpius, sim, Scorpius, colocou os braços ao redor dos meus ombros e me ouviu chorar — Calma. Vai ficar tudo bem.

— Como é que não percebi isso antes?!

— O amor. Ele cega, Hugo. Só vemos o que queremos ver.

— É, pode ser.

Isso aconteceu depois do terceiro bilhete. Deixei que Errol, minha corujinha idosa, devolvesse outro em resposta, que ela descobrisse o remetente pelo cheiro. Essa história de ficar enviando frases de psychokiller e eu simplesmente deixar pra lá não é bem a minha praia. Sou um cara de olho no olho e solucionador de problemas. Por este motivo, combinei de encontrar Scorpius Malfoy na entrada de Hogsmeade depois da aula. Aí aconteceu o que disse que aconteceu. Conversamos sentados na grama de um jardim, um pouco afastado do burburinho do comércio bruxo.

Não foi difícil acreditar que fosse verdade. Diferente das outras pessoas, eu ia com a cara de Scorpius. Ele me parece apenas incompreendido. Sempre reparei nele fazendo as refeições sozinho, passando os intervalos lendo e ouvindo música em seu aparelho de música trouxa, e nunca o vi fazer nada a ninguém, apesar dos boatos, é claro. Mas se eu fosse acreditar em boatos, eu não seria da Lufa-Lufa.

— Vai ficar tudo bem. — ele repetiu — Eu prometo que vai.

— Ele poderia ter dito alguma coisa!

— Nem todo mundo é corajoso, Hugo.

— Eu só não quero que minha irmã passe por isso. Ela se ilude mais do que eu.  — de repente, levantei o rosto, olhando-o sério — Ela merece alguém como você. Isso que você fez, essa coisa dos bilhetes, foi muito legal, sabia?

— Igualmente covarde.

— Scorpius, você enviou pra nós dois. Pensa que não entendi? — finalmente limpo as lágrimas e me afasto dele, virando de frente — Você enviou os bilhetes sem qualquer interesse em se tornar o “herói” da história. Você enviou os bilhetes porque se importava com a gente. Tudo bem, talvez não tenha sido a maneira mais apropriada, mas consigo enxergar suas verdadeiras intenções aí dentro. Você se importa com a gente.

Scorpius baixou os olhos e brincou com as correntes que enfeitavam seu pulso rijo pela exposição em que se encontrava. Havia algo bem mais além do que ele costumava transparecer. E eu sabia. Para mim, um observador nato, era tão claro quanto água cristalina.

— Você sente algo puro pela Rose. É amor de verdade. Não é?

Scorpius enrubesceu dos pés à cabeça. 

Bingo. Peguei no pulo.

— É, eu sei. — continuei, e o meu olhar de empatia genuíno arrancou-o de sua fortaleza emocional — É tão verdadeiro que você não se importaria se Rose tivesse alguém, contanto que esse alguém não estivesse enganando ela. Acertei?

— Eu só não acho justo.

— Mas você gosta dela. Não gosta?

Scorpius respirou fundo e enxerguei dor em seu rosto rosado pelo frio. Ele se levantou de repente e me puxou junto. 

— Nós dois merecemos mais do que isso. — seu tom era sério e decidido — Pode parecer uma loucura o que vou dizer agora. Mas resumir quem nós somos pela casa de origem é tudo uma besteira. Temos a vocação para qualquer coisa. É só fazermos um esforcinho, sabe? E neste momento, o que falta em todos nós é a energia de coragem de Godrico Gryffindor. 

— Que significa…?

— Hugo, vamos resolver toda essa conversa mal contada durante a festa de sexta. Lorcan vai ter que falar. Rose vai ter que falar. Você vai ter que falar. E eu...

— Eu sei… — respondi, dando tapinhas no ombro dele, que segurava o choro de amor. O mesmo que eu senti, só que de uma forma diferente — É difícil. 

— Não, não sabe. Ela nunca iria gostar de um esquisito como eu.

— E quem gosta de gente normal?

Pela primeira vez, arranquei um sorriso daquele garoto. Senti uma satisfação sem tamanho ao confirmar o que sempre desconfiei.

O problema do mundo é temer o desconhecido. Uma vez que o acolhemos, a beleza de dentro surge que nem borboleta. Mas só alguns conseguem ver.

 

BILHETE NÚMERO 12

Talvez não seja tão ruim assim. Talvez agora a gente não precise mais se esconder. 

Olha, em minha defesa, eu não traí ninguém.

É muito fácil acreditar no discurso de quem conta a história. Cenas exageradas, assuntos descartados, tudo pode ser adulterado para que ele acredite em você. Com isso não nego, entretanto, os eventos que aconteceram nas últimas semanas. Só estou abrindo um espaço para uma conversa séria e de cunho estritamente racional. 

Eu. 

Lorcan Scamander. 

Não estou traíndo ninguém.

Alguns mal-entendidos aconteceram recentemente, isso sim que é verdade. Se alguém tiver interesse em conhecer parte da minha história, pode ficar à vontade. Se quiser ir embora também, eu estou 100% nem aí. Meu único interesse é trazer informação adicional.

Pois bem. Meu nome é Lorcan Scamander, filho do Professor Rolf, de Poções, e de Luna Lovegood. Sim, a doidinha amiga do famooooso garoto que sobreviveu e editora-chefe da revista O Pasquim. É, essa parte você já sabe. Tenho um irmão chamado Lysander Scamander, que caiu na Sonserina, e o aluno mais burro que eu já conheci. Apesar disso, ele tem bom coração. O coração dele é tão grande que se desligou de Hogwarts por algumas semanas para cuidar de nossa avózinha que pegou gripe da Cornuália, e só ele consegue o carinho dela para ajudá-la no tratamento. 

Fiquei vendo tudo isso com pena. Lysander tem problemas cognitivos com algumas disciplinas, não é culpa dele. Mas tenho certeza que seria o melhor médico que já existiu. Não resisti. Durante as últimas semanas, fiquei no lugar dele para realizar suas provas, principalmente o NOM’s. Ninguém desconfiou. Eu conseguiria me recuperar rápido, mas tenho minhas dúvidas de que ele conseguisse. Portanto, combinei com ele que diríamos que eu, Lorcan, estaria afastado. Não ele. E confesso que fiquei surpreso em constatar que mesmo eu dizendo meu verdadeiro nome entre os colegas, ninguém desconfiou. 

O problema aconteceu por um simples, um ínfimo detalhe, na equação. Lysander havia começado a flertar com Rose Weasley em segredo. Mas era covarde o bastante para dar iniciativa. Ele não parava de falar dela o tempo inteiro desde o início do ano. Mesmo de longe, todas as cartas tinham pelo menos dez vezes o nome dela. Foi quando a oportunidade me surgiu e eu a beijei. Nunca foi um tabu esse tipo de coisa. Sou ator nas horas vagas. E aquele seria meu melhor papel.

Agora vocês me perguntam. Mas, Lorcan, e o Hugo? Você se aproveitou dos dois? 

Meus amigos, essa é uma pergunta que nem mesmo eu, Corvino nato, melhor aluno da turma, não saberia responder. A última coisa que eu esperava era me apaixonar no meio dessa história toda. Isso acabou com tudo e meu coração se despedaçava dia após dia, sabe?

Vai se ferrar com bosta de dragão, Hugo Weasley! Tudo estava perfeitamente até você aparecer com seus olhos de caramelo e sua risada cheia de covinhas e constelações de sardas no nariz. Vai se ferrar bem ferrado no quinto dos infernos! Por sua causa agora eu tenho um stalker do caramba me seguindo por todo canto. Eu sei o que ele quer. Desmascarar meu irmão e eu não vou deixar porque não é justo. Tive um trabalho enorme para ajudá-lo e não será agora que tudo vai ruir. Por causa de um romancezinho fora do script e sem pé nem cabeça. Eu quero que você EXPLODA com sua aura cintilante e sua voz doce angelical. Isso não podia acontecer agora. Mas que saco!

— Eu não tenho vergonha de você! — me vi dizendo, no ápice do desespero. — Quem disse que eu tenho vergonha de você?!

— Se não tem, por que não vem comigo?

Ouvi um barulho conhecido ao lado de fora. Era Stalkerscorpius, como já esperava. Eu estava para iniciar outra briga quando Hugo me seguiu até a porta. Então me limitei a puxar a mão dele e me esconder numa sala secreta das masmorras. Uma vez lá, criei coragem e aceitei atrasadamente o seu convite.

— Você…. Você quer ir comigo?

Respirei fundo.

— Quero.

É, valeu a pena. O rosto dele se iluminou como a via láctea. 

Desculpa, Lys. Você vai ter que fazer isso sozinho. Eu não consigo mais viver outro papel que não seja eu e Hugo se beijando na frente de todo mundo.


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