What if? escrita por Bianca Rogers


Capítulo 12
Us


Notas iniciais do capítulo

Bom, chegamos ao último capítulo.

Antes de tudo, quero agradecer à cada um que dedicou parte do seu tempo para acompanhar essa jornada até aqui. Obrigada por fazerem desse projeto algo tão especial. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas... sem spoilers. Vou deixar que leiam primeiro :)


Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=s31XTrGJchQ
Playlist completa: https://open.spotify.com/playlist/7dD4sxl82HbG94FR6yzY65?si=gI-azrG4R0qiroaiz39tjQ

Boa leitura.



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Ele estava ali.

 

 

Parado estaticamente sobre a porta de seu quarto, com um engradado de cerveja da Pensilvânia. Ele estava ali.

 

 

— Você não deveria ter vindo.

 

 

— Eu só achei que depois de tudo que aconteceu, essa seria a melhor forma de me despedir de você… já que está indo embora.

 

 

O tom baixo e dolorido de sua voz foi como um tiro em seu peito. Estava cansada e tudo que gostaria nesse momento era poder se jogar em sua cama e dormir até a hora de seu voo. Mas sabia que ele estava certo. Precisavam conversar para que pudesse seguir em frente com sua vida, assim como planejava ter feito meses atrás.

 

 

Concordando com um aceno, passou por ele em silêncio, sequer capaz de encará-lo nos olhos. Destrancou a porta e adentrou o ambiente, sentindo sua presença a acompanhar.

 

 

O lugar era maior do que imaginava, mais parecendo um pequeno apartamento de solteiro do que uma hospedagem temporária.

 

 

— Já decidiu para onde está indo?

 

 

Enquanto inspecionada cada detalhe com o canto dos olhos, notou a mala que estava sobre o canto perto da cama, devidamente fechada e de pouco volume. Passaporte, documentos e um pouco de dinheiro enfeitavam a pequena mesa próxima a porta.

 

 

 

Tudo pronto para sua partida.

 

 

 

— Sim.

 

 

— E você não vai nos contar.

 

 

— Você sabe que não posso.

 

 

— Não pode ou não quer?

 

 

O engradado de cerveja bateu levemente sobre a bancada da cozinha, e um suspiro cansado se deu por sua afirmativa. Era incrível como ele sempre parecia saber quando estava mentindo.

 

 

Não, ela não queria contar.

 

 

A falta de verbalidade que se seguiu fora a resposta que ele precisava. Uma pontada de felicidade acendeu em seu interior ao perceber que ela preferia o silêncio à mentir para ele.  — Não se preocupe, não vim até aqui tentar fazer você mudar de idéia.

 

 

Lançou-lhe uma piscadela enquanto pegava a garrafa de suas mãos, a fim de amenizar o clima tenso que parecia prestes a se formar entre eles.

 

 

— Kurt Weller, o homem mais teimoso do mundo, não vai nem ao menos tentar?!

 

 

Dessa vez, ela quem recebeu o silêncio como resposta; mas acompanhado de um revirar de olhos azuis quando o homem seguiu para a pequena sala, indicando para que o acompanhasse no sofá. Eles sentaram-se lado a lado, cada um em uma ponta do móvel, com uma distância emocional muito maior do que a física os separando. — Posso perguntar uma coisa?

 

 

— Claro.

 

 

— Você esteve no meu apartamento ontem a noite a noite.

 

 

— Isso não é exatamente uma pergunta, mas sim… Eu tinha que devolver o colar.

 

 

— Não me venha com essa desculpa. Você poderia ter deixado no meu armário, ou na minha mesa, mas preferiu ir até lá  no meio de uma tempestade e deixar marcas de pés por todo meu tapete. - Seu olhar se abaixou quando o ouviu, e Kurt considerou aquilo como uma concordância.  — O que você realmente procurava?

 

 

O jeito como seu ombros se encolheram e a garrafa deslizou sobre suas mão denunciou o quão desconfortável e nervosa estava por sua pergunta. Quase conseguia imaginá-la fugindo do assunto, mas a resposta logo veio; em um sussurro tão baixo que precisou esforçar os ouvidos um pouco mais que o normal para ouvi-la.

 

 

— Você. Eu esperava encontrar você.

 

 

Ela admitiu, deixando que os olhos encontrassem os seus apenas para que tivesse plena certeza de que estava sendo verdadeira em sua resposta. O verde tão opaco e distante como jamais havia visto antes. Uma mistura de medos, receios, mágoas e indecisões que sempre a assombraram.

 

 

— Foi um erro ir até lá, eu sei, assim como é um erro você estar aqui. Nada do que disser ou fizer vai mudar as coisas.

 

 

 

— O que você acha que teria acontecido se eu não estivesse do outro lado do país?

 

 

Um riso um tanto quanto sarcástico soou de seus lábios, e pela mordida lateral que deu nos finos e atrativos pedaços de carne e pele, Kurt já podia imaginar as coisas nada recatadas que se passaram em sua mente. Nunca desejou tanto ouvir sua voz.

 

 

— Eu não sei, parte de mim sempre soube que você não estaria lá… - sua troca de postura foi ligeira, mas notória; assim como o rubor  que se formou em suas bochechas. Poderia ser o álcool já afetando sua percepção das coisas, mas parecia que estava mais próxima à ele, muito além do que apenas naquele pequeno e confortável sofá.

 

 

A garrafa foi conduzida até seus lábios em um longo e último gole, prendendo sua atenção nas gotas que quase imperceptivelmente escaparam e convidativamente molharam seu rosto. Jane sempre foi mais dura na queda do que ele quando se tratava de bebidas alcoólicas.

 

 

Seu olhos se encontraram por alguns instantes quando estendeu o corpo para frente, trocando a garrafa vazia por uma das cheias que estavam atrás dele. O jeito como seu perfume se misturou ao leve aroma amargo da bebida pareceu o arrepiar, e ela notou isso.

 

 

— Acho que não criei expectativas, aceitaria o que viesse. - O modo como as palavras saíram de sua boca… tão suaves e arrastadas quando o toque de seus dedos retirando o lacre do vidro. — O que você acha que teria acontecido? - A aptidão com que Jane abria uma garrafa de cerveja e virava o líquido goela ‘baixo tão serena e violentamente o hipnotizavam. O jeito como suas pupilas dilatam enquanto sua língua distingue os sabores...  Um jeito que ele só via quando estavam à sós. Era algo único, e provocativo.

 

 

Confirmou isso quando deu um gole em sua bebida já morna em mãos, e a avistou umedecer os lábios o observando. Ela estava o atiçando.

 

 

— Nós teríamos conversado, provavelmente bebido também. Rido e talvez feito amor novamente. - deu de ombros, decidido a entrar em seu jogo. Seu último jogo. — E quem sabe… eu teria feito você mudar de idéia. - Fez questão de deixar que as palavras pairassem pelo ar, dando um  longo gole  no que restava de sua porcentagem de álcool, encarando a mudança notória e repentina naquele olhar que tanto o petrificava.

 

 

— Acha que me faria mudar de ideia com um pouco de conversa furada e sexo?

 

 

Algo em sua escolha de palavras o fez rir negativamente, girando o líquido dentro do cilindro de cor alaranjada, observado as pequenas bolhas que se formavam a cada curva feita pelo ar. — Não seria conversa furada e apenas sexo, posso lhe garantir.

 

 

Sem que percebessem, o clima havia melhorado entre eles. Era sempre assim quando estavam juntos. O que se iniciava em uma conversa cheia de tensão, em algum ponto acabava virando uma briga de egos para ver quem era capaz de provocar e instigar mais o outro. E dessa vez, nenhum dos dois estava disposto a ceder. — Me mostre. O que teria feito se estivesse lá.

 

 

Uma levantada de sobrancelhas e um sorriso desafiador bastou para que livrassem das bebidas e avançassem um sobre o outro. As mãos dele a puxaram para seu colo com facilidade, enquanto as dela, grudaram em sua nuca e os conduziram em um beijo nada modesto e arredio. Seus gostos se misturavam ao amargo da bebida recente, e suas  línguas pareciam brigar para ver quem dominava mais aquele espaço; entre uma curva e outra, deixavam que leves mordidas fossem dadas apenas para que gemidos abafados e prazerosos fossem ouvidos.

 

 

Logo, ele tocou a barra de sua jaqueta e tratou de se livrar do grosso tecido que cobria seus braços tão bem traçados que tanto amava. Uma pontada de seu ego se inflou quando notou o suéter que estava escondida por baixo de todos aqueles panos. "O meu suéter". Ela tratou de acompanhá-lo nessa explorada de território e deu às suas jaquetas, camisa e cinto o mesmo destino de suas roupas: o chão.

 

 

 

“Faremos uma pequena despedida à Jane no laboratório hoje. Então, se você já estiver em casa e quiser aparecer, será muito bem vindo.”

 

 

 

— Jane, nós não devíamos…

 

 

A mensagem de Patterson o alertou mentalmente da quantidade de álcool que provavelmente havia ingerido, - e que agora estariam influenciando seus atos - o fazendo estender a mão e distanciá-la com cuidado, receoso de que estavam para fazer algo do qual se arrependeriam horas depois.

 

 

Mas ela não se daria por vencida tão facilmente. A mesma mão que ele colocou sobre seu peito para lhe afastar, fora a mesma que tomou sobre as suas e entrelaçou seus dedos aos dele. O jeito como seu coração batia acelerado sobre o fino tecido de seu sutiã o fez se calar, incapaz de mover-se para fora dali - mesmo que seus instintos o dissessem ser o certo a se fazer.

 

 

— Faça amor comigo uma última vez, Kurt.

 

 

A mistura do peso de sua fala e o brilho em seus olhos foram o suficiente para que deixasse de lado toda as precauções. Se aqueles seriam seus últimos momentos juntos, que fossem. Fariam valer a pena e aproveitariam cada um daqueles segundos finais.

 

 

Ele a levou para o quarto, exatamente como fizera dias atrás em seu apartamento. Mas ao contrário daquela noite, eles não estavam preocupados em demonstrar todo amor e carinho que haviam reprimido ao longo dos anos. Dessa vez, havia uma pressa absurda em satisfazer aquele desejo momentâneo, como se estivessem com medo de que a qualquer momento ela fosse jogada em um avião e lançada para longe de seus braços.

 

 

Estavam nus e enroscados um ao outro em questão de segundos, sentindo o prazer de estarem conectados de formas como palavras jamais seriam suficientes para explicar. Ambos ficaram tanto tempo sem sentir qualquer contato dessa natureza e o fato de que essa quarentena fora quebrada justamente por quem mais ansiavam, só tornavam as coisas ainda mais prazerosas e urgentes.

 

 

Não havia necessidade de mostrar quem estava no controle, porque já estava devidamente claro que este não pertencia mais à nenhum dos dois. O universo o tinha, e não conspirava a seu favor.

 

 

Sobre ela, Kurt podia sentir suas unhas marcarem impiedosamente suas costas a cada vez suas estocadas se tornavam mais presentes e abundantes, enquanto fazia questão de manter os olhos sobre cada uma de suas reações. Seus gemidos não tinham sombra alguma de pudor, e nos poucos momentos em que era capaz de sustentar o olhar ao seu,  era apenas para que pudesse ver o quão dilatadas suas pupilas estavam pelo prazer. Era delirante a forma como Jane se entregava durante o sexo.

 

 

Seus lábios alcançaram a pele de seu pescoço, onde prontamente deixou beijos e mordiscos, chupando cada pedacinho exposto da quela ave negra que o encarava inexpressivamente, sabendo o quão irritada e excitada isso a deixava. — Kurt...

 

 

Dito e feito. Mas toda ação tem sua reação.

 

 

Seus arranhões desceram por toda extensão de suas costas até alcançarem a carne firme de suas bandas, onde ela fez questão de apertar com tanta força que imediatamente uma ardência tomou conta da área onde suas unhas haviam se cravado. — Jane!

 

 

Ela não estava para brincadeiras ou provocações.

 

 

Propositalmente, ele inverteu suas posições para retribuir o gesto nada amigável com um tapa estalado, que a fez arquear o corpo em resposta, rindo incrédula. — Você acabou de me dar um tapa?!

 

 

— Você arrancou um pedaço do meu traseiro!

 

 

Sua fala apenas fez com que a mulher soltasse outro riso ainda mais lindo e sarcástico, mordendo os lábios de uma forma tão descarada quanto realmente deveria. Mesmo afirmando mentalmente de que nenhum dos dois estava no controle, ele sabia que era mais propenso de que ela resplandecesse sobre ele. O jeito como Jane dominava os movimentos sobre seu membro só o fazia entender o quão fácil era se entregar à ela.

 

 

E isso ele faria, com todo prazer e satisfação possíveis.

 

 

Incapazes de contarem quantas vezes foram, Doe e Weller seguiram o ritmo de provocações até que seus corpos sucumbissem ao prazer final daquele ato, onde juntos, irromperam e se entregaram uma última e longa vez à luxúria; sentindo no toque um do outro a certeza de que qualquer decisão que fosse tomada, seria consumida e esmagada pela saudade que teriam de partilharem momentos como aquele.

 

 

Permaneceram em um silêncio confortável por minutos, aproveitando o som descompasso de suas próprias respirações. A ausência dos barulhos noturnos típicos de uma sexta feira só serviu para os fazer entender que a madrugada havia chegado, e em algumas horas, a manhã tomaria seu lugar e com ela viria o tão árduo momento de dizer adeus. Sabiam que ali naquela cama desarrumada abraçados um ao outro, algo precisava ser dito; mas quem iria dar o primeiro passo e arrancar o band-aid que estancava aquela ferida?

 

 

 

— Sua filha nasceu… - Como sempre, ela era a mais corajosa. Deixou que o corpo descansasse sobre o seu enquanto seus dedos brincaram sobre o peito do loiro, e um sorriso se iluminou meio à penumbra lunar que vinha da janela sem cortinas. Seus cabelos bagunçados caíam graciosamente sobre seu rosto. — Meus parabéns, papai. Como está se sentindo?

 

 

— Sortudo. Estaria melhor se pudesse passar mais tempo com ela, mas o pouco que a segurei em meus braços… - Um suspiro abafado o acompanhou, enquanto levava à mão para seu rosto, acariciando a pele molhada e ruborizada de suas bochechas. — Ela é incrível, Jane. Gostaria que estivesse lá para conhecê-la.

 

 

— Gostaria de ter estado lá.

 

 

Um flash colorido invadiu suas visões, proveniente de alguma festa que acontecia distante daquele edifício. As luzes os saudaram, fazendo um zig zag sobre o teto e seus olhos até desaparecerem completamente, deixando apenas a sua sombra refletida de outra janela.

 

 

— O que aconteceu enquanto estive fora?

 

 

— Conseguimos algumas pistas sobre onde o Roman esteve, mas… nada concreto o suficiente para impedir que Clem fosse embora. Voltamos à estaca zero.

 

 

— Ele se foi? – perguntou surpreso. Ficar fora por alguns dias o fez esquecer à que passo estavam nas investigações. — De volta para Califórnia?

 

 

— Antes da tempestade… temporariamente, acho que a Califórnia é passado para todos nós.

 

 

— E você está bem?

 

 

Teve medo de sua resposta quando ela se afastou de seus toques. Algo no tom de suas palavras o fez entender que ela estava muito mais por dentro do assunto do que ele. Talvez mais do que desejasse saber.

 

 

— Ficarei. Ele é meu amigo, e eu sentirei sua falta. Mas conversamos sobre sua partida e está na hora de seguirmos nossos caminhos…

 

 

Seguirmos nossos caminhos.

 

 

Ela sequer teve tempo para continuar, pois ele não estava mais lá para ouvir. Quando notou, Kurt já havia se levantado e procurava pelas peças de roupas jogadas pelo chão. Confusa, Jane sentou-se sobre o colchão e puxou o lençol contra o corpo nu.

 

 

— O que está fazendo?

 

 

— Ele não é apenas seu amigo, Jane. Ele gosta de você, todos nós notamos percebemos isso…  Você deve ser cega para não perceber o jeito como ele te olha.

 

 

— O que tem?

 

 

— É o mesmo jeito como eu te olho.

 

Ela congelou, e ele notou isso, mas estava cansado de medir suas palavras. Desde aquele dia em seu apartamento, Kurt decidira dar um basta nisso. Jane havia o deixado novamente na primeira oportunidade que teve, e desde então, estava aprendendo a lidar sozinho com todas as mágoas que ela lhe causou.

 

Como podia? Olhá-lo nos olhos e agir como se o que acabara de acontecer não houvesse significado o mínimo para ela?

 

 

— Você estava certa, eu não devia ter vindo aqui. Já ficou claro que está decidida a largar tudo para trás e ir embora novamente, e pelo visto quem sou eu para te fazer mudar de idéia. — Cansado, recolheu seu casaco e rumou para fora do cômodo. Era incrível como o espaço tão pequeno se transformou em um buraco negro que parecia o engolir a cada passo que dava em direção a porta.

 

 

Ele podia ouvir seus passos o seguindo. Sua voz falha denunciava o choro e a mágoa que estavam prestes a saltar de seu peito.

 

 

— Eu não entendo você… Me tratou como uma completa estranha quando cheguei aqui, agiu como se nem ao menos quisesse me ter por perto. Depois, quando achei que as coisas estivessem finalmente no lugar certo e eu poderia voltar pra minha vida, esquecer tudo que aconteceu e deixar você em paz, aquela noite aconteceu. - Um riso praticamente inaudível escapou de sua garganta, provavelmente relembrando aquele dia— Achei que fosse ficar feliz quando tudo acabasse e voltasse para sua rotina de antes. E você pode até não gostar do Clem, mas ele...

 

 

— Por Deus... – o desgosto era notório em sua voz quando a interrompeu. — O problema não é ele, Jane.

 

 

 Então me fala o que é. Me fala qual o problema, Kurt!

 

 

— Você! Você é o problema!

 

 

Deixando que os ânimos se acalmassem, deu-se por cansado e deixou que o corpo se sentasse sobre o braço do sofá onde anteriormente, tudo começou. Os ombros curvos e arredios, e a mão sobre a nuca denunciavam sua exaustão.

 

 

— Eu não sei mais quem você é. - Admitiu, engolindo seco o peso de cada palavra, incapaz de levantar seu olhar até ela. — Alice, Remi, Jane, Olívia… você foi embora e nem sequer teve coragem de dizer adeus. Por 6 meses eu não soube onde estava, por 6 longos meses eu me perguntei o que tinha feito de errado. E agora que voltou… quase não te reconheço mais. E eu tenho tentado te entender, não me importar com todas as mudanças e pessoas novas que a Califórnia trouxe, mas não consigo. - ele remexeu suas mãos sobre o bolso até encontrar o cordão dourado que ela havia abandonado, e de forma nervosa, enroscou-os sobre os dedos tentando se concentrar no que dizia. Sabia que se parasse agora, talvez nunca mais fosse capaz de se abrir novamente. — Todas as vezes que achei finalmente estar descobrindo, você escapou dos meus braços. Agora, mesmo depois do que acabou de acontecer entre nós, eu já não sou capaz de dizer qual das suas versões está aqui na minha frente.

 

 

Suas palavras caíram como um balde de água fria em sua cabeça. Quando foi embora para costa oeste do país, ela estava ciente das coisas que deixaria para trás e das pessoas que machucaria; mas jamais, nem mesmo em nenhum de seus piores pensamentos noturnos imaginou que teria de lidar com as consequências disso algum dia. Agora, todo esse tempo em que esteve por perto, era notória a mágoa que havia deixado em seu peito, mas Jane não imaginava a imensidão do que se passava dentro daquele coração.

 

 

— Eu sinto muito. Não queria que se sentisse pressionada e talvez tenha me precipitado quando disse que te amava naquele momento conturbado das nossas vidas. Mas é a verdade. - as palavras cuspiam de sua boca como se o gosto fosse tão azedo quanto limão. — Eu amo você, mesmo não querendo, ainda amo. E não quero que vá para Califórnia ou seja lá qual lugar longe de mim você tenha escolhido dessa vez. Não posso pedir que fique porque não é uma decisão minha, e acho que já deixou bem claro que meus sentimentos e ações não vão influenciar em nada. Mas, Jane, não me peça para ficar feliz com isso.

 

 

Remorso era o que sufocava seu peito nesse momento. Se pudesse voltar atrás, com certeza faria tudo diferente. Talvez ela tivesse ficado, talvez tivesse dado uma chance a ele quando pediu, talvez eventualmente tivessem descoberto como fazerem as coisas darem certo, e talvez... tivesse sido mais feliz. Provavelmente... e essa possibilidade corroía seu coração.

 

 

 

Era tarde para isso?

 

 

“... Ele esta certo. Existe muita bagagem entre nós.”

 

 

“Isso é uma desculpa.”

 

 

“Não, não é.”

 

 

“É claro que é. Todo mundo em um relacionamento tem bagagens, você e o Oliver só não eram compatíveis um com o outro.”

 

 

“Como você sabe disso?”

 

 

“Porque quando chega a pessoa certa… você abre espaço na sua vida”

 

 

 

Lembrou-se do que Zapata lhe disse no dia em que as coisas terminaram entre ela e Oliver. Tinha razão.

 

 

Agora, entendia que não adiantava mais pensar no que poderia ter acontecido se tivesse feito escolhas diferentes. Estava na hora de revertê-las. Precisava aprender com seus erros e achar uma forma de concertar as coisas não só para si, mas para eles. Precisava parar me machuca-los por suas inseguranças, e deixar se arriscar a abrir feridas passadas se isso fosse necessário para que finalmente pudessem ser felizes juntos.

 

 

Ela queria, e lhe devia isso. Já estava na hora de abrir espaço em sua vida.

 

 

— Kurt… levanta. Olha pra mim.

 

 

O tom de sua voz era manso; arredio; cauteloso. Sabia que estava pisando em ovos ali, e qualquer alteração de sua parte desencadearia uma série de reações das quais ela não queria lidar. Não mais.

 

 

“Jane, eu sei que o Roman não é a mesma pessoa que matou a Emma. Assim como você não é a mesma pessoa que fez todas aquelas coisas no passado. Mas eu não posso simplesmente apertar um botão e passar por cima disso. Isso é pessoal.”

 

 

 

Relutante, ele a obedeceu. Ainda havia uma enorme barreira emocional que o impedia de encará-la, mas Kurt notou seu olhar enquanto ela se aproximava. Jane dava pequenos passos, calmos, arrastando pelo chão o fino e claro lençol que estava rente à seu corpo; tentando não invadir seu espaço. Pediu permissão e segurou sua mão. A mão com o colar. Percebendo o quão trêmulo estava, levou-a em direção a seu peito como o mesmo havia feito todas as vezes em que tudo estava desmoronando sobre ela. 

 

 

O silêncio pairou sobre a sala por alguns instantes, onde apenas suas respirações pesadas podiam ser ouvidas.

 

 

 

“Queria poder mudar isso. O passado. Eu faria muitas coisas diferentes.”

 

 

 

E então, ela o beijou.

 

 

Com tanta ternura e ansiedade quanto naquela primeira vez em que tomou essa iniciativa em frente a seu apartamento; ela o beijou. Dessa vez, sem medos. Sentia que era o certo a se fazer. Deixou que seus lábios fossem guiados pelos dele, assim como seus passos haviam sido pela pista de dança naquela missão em que esteve disfarçada de sua esposa. A sincronia sempre fora evidente entre eles.

 

 

Ao sentir seus pulmões buscarem por ar, afastou-se apenas o suficiente para recobrar o fôlego. Podia notar a ansiedade presente em sua respiração e sabia que algo gritava em seu âmago para ser dito. Ali, jurou para si que não iria mais perder tempo. Precisava ser sincera com seu coração.

 

 

— Achei que assumindo um novo nome, uma nova identidade, uma nova vida… as coisas mudariam. — Levantando seu olhar para ele, pode notar a imensidão oceânica que se formava e a engolia no azul de seus olhos. — Achei que poderia recomeçar minha vida longe de tudo o que aconteceu e seguir em frente com isso. Mas eu estava errada. — Um sorriso fraco brotou em seu rosto, entrelaçando os dedos aos seus sobre o cordão de Taylor Shaw. Tomou para si o objeto, e ante sua expressão confusa, deixou que o único tecido que recobria seu corpo fosse ao chão quando, com olhos marejados e um sorriso em seu rosto, pendurou o colar dourado em volta do próprio pescoço. — Essa é quem eu sou, e quem eu sempre fui. 

 

 

 

 

 

 

“… não vá para Califórnia. Fique aqui, comigo. Eu te amo, Jane. Eu te amo”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

— Eu sou Jane Doe. A sua Jane...  não pretendo ir à lugar algum. 

 

 

 

 

...

 

 

 

 

Eu também te amo, Kurt.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Epílogo.

 

 

 

 

 

— Jane, de pressa! Nós vamos perder as reservas.

 

 

Ele bufou impaciente, checando o relógio em seu pulso pela milésima vez nos últimos minutos. Estavam para lá de atrasados. Desde que chegaram há 2 noites atrás, foram incapazes de deixar a confortável hospedagem escolhida especialmente para eles, por Patterson. Mas na manhã em questão, Kurt aproveitou o sono pesado e tranquilo de Jane para se dirigir à recepção da pousada para verificar a reserva de uma mesa no melhor restaurante da região. Esperava ansiosamente por aquele momento.

 

 

Uma onda fresca de calor o acertou quando abriu a cortina do quarto, e o som dos vagalumes sobre a luminária da varanda se misturavam às vozes animadas que vinham do outro lado da rua, onde casais e amigos alegremente bebiam seus vinhos e ocupavam as diversas mesas que se espalhavam por toda extensão da calçada, se comunicando em um idioma que sequer se dera o trabalho de aprender.

 

O típico e agradável clima noturno de Veneza, Itália.

 

 

— Amor...

 

 

— Relaxa, já estou pronta.

 

Saindo do banheiro acompanhada pelo vapor abafado após um longo e demorado banho, lá estava ela. Kurt jamais entenderia como mesmo após meses de relacionamento, dividindo apartamento e acordando lado a lado todos os dias pela manhã, ela ainda conseguia o deixar boquiaberto e sem palavras sempre que desejava.

 

 

Jane estava deslumbrante. O tecido verde de seu vestido era fino, leve e cobria seu corpo até pouco abaixo do joelho, com sua barra terminando em uma linda abertura frontal dando um destaque especial aos saltos pretos que ele secretamente amava. As alças finas descansavam sobre seus ombros, e quando ela deu uma pequena rodada em volta de si, o ar faltou em seus pulmões ao notar a enorme fenda no tecido, deixando suas costas totalmente à mostra até pouco acima de sua cintura. A maioria de suas tatuagens estavam visíveis, fazendo sua pálida pele contrastar perfeitamente com os traços pretos que a marcavam, e a cor de esmerada que se estendia impecavelmente ao longo de seu corpo. Ela estava...

 

 

— Fuck...

 

 

— Kurt! - um riso envergonhado acompanhou o corar de suas bochechas quando se aproximou, segurando entre os dedos aquilo que daria um toque especial à seu look. — Poderia colocar pra mim?

 

 

O colar de Jane Doe.

 

 

Precisou de alguns segundos até que seus músculos o obedecessem e tomassem o fino cordão em mãos. Ela virou-se contrária à ele, e pareceu provocá-lo com a proximidade enquanto afastava os negros e ondulados cabelos – que agora, estavam na altura de seus ombros – para que ele fechasse a joia em torno de seu pescoço. Seu perfume era extasiante; hipnotizador, e não se conteve de deslizar as mãos suavemente pelas laterais de seu corpo, enquanto roçava o nariz por sua pele se perdendo na sensação prazerosa que era estar tão próximo de sua namorada.

 

 

— Se continuar me alisando desse jeito... vamos nos atrasar ainda mais.

 

 

— Você está certa... – Mesmo que sem vontade alguma, ele a libertou de seus braços, apenas para tomar sua mão direita e beijar seu dorso, tocando em seguida o pingente dourado que perdoa-me próximo de seu discreto decote e brilhava à seus olhos. – Mas quando voltarmos, Srta. Doe, você será toda minha.

 

 

Ela riu, entrelaçando os lábios aos seus o atraindo para fora do quarto. — Eu sou sempre sua.

 

 

O clima lá fora era ainda mais agradável do que esperava. A lua parecia brilhar à seu favor naquela noite, e a rua de pedras – uma perfeita desculpa para que Jane se agarrasse ainda mais ao seu abraço, para que não tropeçasse em seus saltos. - estava tomada por mesas e pessoas que distraidamente conversavam, parecendo totalmente alheias ao casal americano nada convencional que caminhava meio aos risos e a música típica que provinha de um único homem e seu violino, que por si só, já bastava a criar a perfeita trilha sonora para o momento.

 

 

Assim que Kurt se sentou após puxar a cadeira a sua frente, e com um enorme sorriso em seu rosto observar ela se acomodar confortavelmente, o garçom prontamente se aproximou da mesa

 

 

Pediu um vinho para começarem, e quando a conversa já se encontrava em seu ponto alto de risos e flertes nada modestos, o jantar fora servido. Tudo estava extremamente delicioso. A comida, a bebida escolhida, a música de fundo; mas especialmente, a taça de sorvete que chegou para sobremesa, a qual ela fez questão de provar ao seu lado; sentada sem vergonha alguma em uma de suas pernas.

 

 

—  Isso é algum tipo de provocação?

 

 

—   Apenas se estiver funcionando.

 

 

Seguiram para uma calma caminhada depois da singela advertência que ganharam do garçom por estarem se beijando “como adolescentes americanos” em um local familiar.

 

 

— Eu não acredito que amanhã já estamos voltando para o escritório...

 

 

— O fim de semana passou voando.

 

 

— E não fizemos nada além de ficar naquela cama.

 

 

— Hm, eu não me arrependo... Estaria lá agora mesmo arrancando esse seu vestido, se não fosse pelo passeio de barco que havia te prometido.

 

 

O comentário o rendeu um tapa nada modesto no ombro, e uma gargalhada tão gostosa enquanto se abraçava à seu corpo que o fez desejar usar uma escuta apenas para poder reprisar aquele som à seus ouvidos.

 

 

— Senhorita...

 

 

O barco era modestamente grande, mas pouco habitado. Além do piloto, outro rapaz com um violino, alguns ajudantes e eles, a tripulação se resumia aos poucos turistas que estavam a bordo. Totalmente privado.

 

 

Segurando sua mão para que não se desequilibre, ele a conduziu pela escadaria até a parte de cima da embarcação. Ali, não tinha mais ninguém além deles. Kurt fez uma anotação mental de agradecer à Rich pela reserva em cima da hora.

 

 

Segundos depois, já estavam a metros de distância da terra firme.

 

 

— Eu ficaria aqui para sempre, se pudesse...

 

 

Deixando os braços repousarem sobre sua cintura, Jane abraçou o corpo rente ao seu e acomodou-se na sensação gloriosa de observar a luz do luar, com o rosto tão próximo à seu peito que as batidas de seu coração soavam ao ritmo da melodia clássica do violino dentro de seus ouvidos.

 

 

— Podemos voltar quando o FBI nos der outra folga.

 

 

— Daqui quantos anos?

 

 

A risada do homem ecoou pelos ares, a fazendo erguer o rosto e o observar maravilhada.

 

 

Kurt parecia tão leve e feliz desde o dia em que finalmente rendeu-se ao que sentiam e se permitiu viver aquele amor. Sua vida estava completa desde então. Por toda ajuda que havia dado desde o início, e claro; após uma série de treinamentos e testes dos quais passara sem esforço algum, Jane conquistara o cargo de Agente do FBI.

 

 

Tentaram manter o relacionamento em segredo por algumas semanas apenas para evitar murmurinhos, separando o pessoal do profissional quando estavam à vista dos outros... Enquanto reuniões privadas aconteciam às escondidas entre a agente e o diretor assistente. Mas quando ela se mudou para seu apartamento com menos de um mês de namoro, todos já estavam cientes da relação. Kurt fez questão de contar a todos os amigos o quão feliz estava por ter Jane dividindo seu espaço definitivamente

 

 

E assim seguiram os seus dias: acordava ao lado do homem que amava, dividiam as tarefas e seguiam para o trabalho juntos. Eram parceiros durante o dia e amantes incansáveis durante a noite.

 

 

Juntos, iam o Colorado quinzenalmente para ver a pequena Bethany, que cada vez mais parecia se apegar à madrasta. Kurt fazia questão que longas vídeo chamadas durante o intervalo das visitas, para que ambos não perdessem nenhuma nova descoberta na vida de sua filha.

 

 

No último fim de semana, Allie teve sua primeira viagem a trabalho desde o nascimento da garota, e com muito ardor em seu coração mas plena confiança, ela deixou que o casal fosse responsável pela guarda da pequena durante esse período. E as coisas não poderiam ter ocorrido de melhor forma. Os amigos fizeram questão de passar o sábado na companhia dos pais temporários, aproveitando cada oportunidade possível para provocá-los sobre um segundo bebê no futuro.

 

 

Eles não concordaram, mas também não negaram a possibilidade.

 

 

Antes que o padrasto passasse para levá-la ao final do domingo, a família aproveitou a manhã e o início da tarde para correr no parque. Kurt empurrando o carrinho da bebê e Jane o acompanhando lado a lado, meio à risos e empurrões para ver quem chegaria à sorveteria primeiro... E foi ali. Bem ali, vendo a mulher de seus sonhos dividindo o sorvete com sua filha, que ele teve certeza daquilo que já sabia há meses.

 

 

Ela era única.

 

 

Foi assim que tudo começou. Passou cada minuto dos últimos cinco dias planejando no mínimos detalhes essa viagem. Tasha e Reade o ajudaram com o anel, Patterson com as passagens e o hotel, e Rich, o aluguel do espaço reservado no barco. Um trabalho digno de um belo time. Tiveram de trabalhar às escondidas para que Jane não suspeitasse de nada, o que tornou tudo muito mais satisfatório de se fazer. Kurt só precisou se preocupar em como convencê-la à adiantar sua folga para uma viagem repentina. Não foi fácil manter o segredo, mas agora, ali estavam eles.

 

 

É incrível como sua vida se passou como um flashback em sua mente, o fazendo perceber que tudo pareceu o levar até aquele momento. E por mais árduo e sangrento que alguns caminhos possam ter sido, ele não mudaria uma curva sequer daquela trajetória.

 

 

Tudo aquilo havia o levado para ela, e ela para ele.

 

 

— No que está pensando?

 

 

Minutos haviam se passado sem que sequer notasse o silêncio que havia se instalado sobre eles. A navegação já havia abaixado sua âncora, e agora, flutuava suavemente à brisa e o balançar calmo do mar. Assim como eles.

 

 

— Em você... É sempre você, Jane.

 

 

— Você não precisa ficar pensando em mim, pois estou bem aqui... onde sempre estarei. Ao seu lado.

 

 

Um rubor se formou em suas bochechas quando levou uma de suas mãos firmes à seu rosto, colocando uma mecha ondulada de seus cabelos para trás da orelha, permitindo que o pássaro negro em seu pescoço tivesse espaço para espiar o que se passava à sua volta.

 

 

— Sempre?

 

 

— Sempre.

 

 

Era tudo que ele precisava ouvir.

 

Deixando um beijo calmo em seus lábios, aproveitou sua distração para levar a mão livre até o bolso de seu paletó, onde se encontrava a pequena caixa de veludo que há dias escondia com Reade, com medo de que Jane pudesse achar caso procurasse por alguma de suas blusas limpas em seu armário.

 

 

Não deu espaço para que o ato perdurasse por mais do que alguns poucos minutos.

 

 

Com o coração prestes a estourar os botões de sua camisa e saltar para fora, deixou um último selo em sua boca antes de ajoelhar-se e tomar uma de suas mãos agora trêmulas e geladas.

 

 

— Kurt, o que você...

 

 

— Eu estava pensando em você, Jane. Assim como fiz a maior parte do tempo nos últimos meses. – um sorriso brotou em seus lábios momentaneamente quando a luz da lua refletiu sobre seus olhos, quase o desconcentrando do que estava para fazer. - Eu te amo, e amo o que nos tornamos juntos. Eu amo acordar ao seu lado todas as manhãs, tanto quanto amo dormir enrolado em seus braços sentindo suas mãos geladas sobre meu peito. Eu amo cozinhar para você, e amo quando reclama da bagunça que deixei enquanto o fazia. Eu amo encontrar seus fios de cabelo pela minha toalha, e amo escorregar no chão molhado quando você sai completamente nua do chuveiro para se trocar no quarto.

 

 

Ela riu já com os olhos marejados, ouvindo o que dizia. — Amor...

 

 

 — Eu amo nossas reuniões secretas na hora do almoço, e amo como nossa parceria no trabalho melhora a cada dia que se passa. Eu amo nossos fins de semana no colorado, e Jane... Eu amo ver o amor e o carinho que você tem pela minha filha.

 

 

— Eu a amo.

 

— E eu sou grato por isso. Sou grato pelo homem que você me ajudou a ser. Um homem vulnerável, mas que não tem medo de enfrentar um oceano de conflitos e sentimentos, porque sabe que ao seu lado, tem uma mulher tão forte e destemida, capaz de levantá-lo se ele ousar cair. Então sim, eu estava pensando sobre você. Estava pensando sobre nós. Eu quero mais, Jane. Você merece mais. Mais abraços, mais beijos, mais corridas pelo parque e muito mais cafés da manhã na cama. Não prometo que apenas dias bons virão, porque precisamos dos momentos ruins para darmos o devido valor aos outros que vierem. Eu aprendi isso da pior forma, quando perdi você. Mas eu te garanto, que estarei ao seu lado segurando suas mãos em cada instante até que a maré se acalme e nós possamos caminhar sobre a praia novamente. Eu quero um futuro inteiro ao seu lado, e você me mostrou querer o mesmo. 

 

 

Kurt precisou pausar por alguns minutos para recuperar o fôlego. Segurando sua mão firmemente, em sua frente, estava a mulher mais linda e complexa que ele já havia visto em toda sua vida, cujos olhos tão verdes quanto o esmeralda de seu vestido estavam escondidos ao redor de sua pupila completamente dilatada. Ela estava tão entregue ao momento quanto ele.

 

 

 

 

 

 

— Jane Doe, você aceita se casar comigo?

 

 


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Notas finais do capítulo

É isso... nos vemos em breve :)



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