I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 27
Long Way Down




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791482/chapter/27

Eu queria morrer naquela hora. Qual era o meu problema afinal?

— Me desculpa! – foi tudo que eu disse antes de sair correndo do carro. 

Não dei tempo pra ele falar nada, embora soubesse pela expressão dele que nem ele sabia o que fazer, e entrei em casa batendo a porta atrás de mim. Sentei no chão encostada na porta até recuperar o fôlego e fechei os olhos, respirando fundo. O barulho do toque de mensagem do meu celular no bolso da calça me despertou do meu transe.

Olhei em volta e reparei que a casa estava escura, exceto pelo som da TV ligada no andar de cima, parecia que não havia ninguém ali. Peguei o telefone distraída e antes de olhar a mensagem, criei coragem pra levantar e ver se ele ainda estava lá. Bom, estava. Quer dizer, seu carro estava. Provavelmente tentando entender que merda foi aquela. Se eu fosse uma pessoa mais sensata iria até lá me desculpar. Só que eu não era.

Do canto da janela onde eu estava, vi quando ele saiu do carro e olhou pra minha casa. Fez menção de voltar, mas decidiu seguir em frente. Subiu a calçada devagar e veio caminhando, até dar de cara com Rachel, que não fez tanto escândalo quanto imaginei que faria. Ela o segurou pelos ombros e depois o abraçou. Ele retribuiu, sem jeito e falou algo que não consegui escutar. Só entendi quando ela perguntou por mim. Sentei no chão frio de novo e tentei escutar a conversa dos dois, mas estavam falando baixo e distante demais pra eu distinguir todas as palavras.

Poucos minutos depois ouvi o barulho do carro partindo e levantei pra conferir. Ele tinha ido embora. Seja lá o que Rachel disse pra ele, foi o suficiente pra convencê-lo. A campainha tocou e depois meu celular. Corri pra abrir a porta, sabendo que era ela e nunca fiquei tão feliz em vê-la.

— Graças a Deus! – exclamei, quando a vi de pijama na minha porta.

— Tem que dar graças a Deus mesmo, porque só você pra fazer eu ver Niall Horan nesses trajes! – reclamou ela, me abraçando.

— Vamos subir?

— Acho que sim. Você vai precisar se sentar pra ouvir o que eu vou dizer.

— Caramba Rachel! Não me assusta! Eu já tô uma pilha aqui! – falei, subindo as escadas.

Lá em cima, me joguei na cama e olhei angustiada pra ela.

— Você não faz ideia do que aconteceu hoje. – comecei a dizer.

— Ah, pode apostar que faço! – ela sentou do meu lado na cama e começou a mexer no celular enquanto falava.

— Não faz, não! – insisti, levantando e sentando direito.

— Claro que sim! Primeiro, porque era óbvio. Como diz você: "eu tentei te avisar". – eram poucas as vezes, mas eu odiava quando ela estava certa. – Segundo, é só olhar pra sua cara agora e pra cara dele quando saiu daqui. Coitado do menino Hannah!

— Mas eu não sabia o que fazer! – protestei, triste por ela me repreender.

— Qualquer coisa que não fosse enfiar a mão na cara dele!

— Ele te disse isso? – coloquei as mãos no rosto. Acho que eu ia passar mal.

— Não de verdade, mas eu perguntei como foi o passeio de vocês e ele disse "legal". Só. 

— E?

— E aí perguntei por você e ele falou que você tinha entrado. Eu perguntei por que ele não foi junto e ele colocou a mão no rosto, de um jeito estranho e olhou pra sua casa. Estava vermelho que nem um pimentão! O que foi que ele te fez afinal de contas?

— Ele me beijou.

— Porra! Só isso?

— É... -  respondi, me sentindo ainda mais idiota agora.

— Ai meu Deus! Eu que devia bater em você!

— Ray...

— Nada de Ray! Agora presta atenção!

— Espera... – meu celular tocou e eu olhei o visor, com medo que fosse ele, mas era Harry. Eu definitivamente não estava em condições, mas talvez falar com ele me deixasse mais tranquila. – É o Harry.

— Gen, eu acho que...

— Calma aí! – aceitei a chamada de vídeo e levantei, me afastando da cama com o telefone na mão.

— Hazz! Até que enfim amor!

— Hannah.

— O que foi Harry? Por que essa cara?

— Você pode me explicar que porra estava fazendo com o Niall, em New York?

Eu abri a boca pra responder, mas nada saiu. Aquilo não estava nos meus planos, assim como o beijo recente. 

— Então é verdade, não é? Você estava junto com ele hoje, não foi?

— Não! – gritei, finalmente encontrando a minha voz.

— Como é que você pôde Hannah? Eu pensei que a gente estava junto! – ele parecia arrasado e nem um pouco disposto a me ouvir, mas eu precisava tentar.

— Harry! Nós estamos! Não aconteceu nada... – eu meio que engasguei com essas palavras, porque não eram totalmente verdadeiras. – Nós fomos ver o jogo e...

— Pelo amor de Deus, Hannah! Nem você acredita no que está dizendo!

— Você precisa me escutar, deixa eu explicar...

— Não acho que tenha explicação, mas eu queria saber o por quê. Por que mentiu pra mim e por que ficou com ele também? Qualquer um da banda era bom pra você? Porque depois do trabalho que eu tive...

— Para Harry! – disse, com as lágrimas começando turvar minha visão. – Chega.

— Tem razão, já chega.

— Eu amo você...

— Eu... Não posso falar com você agora.

Ele encerrou a ligação e Rachel, que estava ouvindo tudo, correu pra me abraçar.

— Por que ele fez isso comigo? – choraminguei nos braços dela.

— Hey, respira. Depois vocês vão conversar e vai ficar tudo bem.

— Não vai, Rachel. Não vai.

— Vai sim, eu prometo. Vem cá, deita aqui. – deitei na cama e me contorci de chorar, enquanto ela foi buscar um copo de água.

— Eu sou muito idiota...

— Não é, não. Bebe aqui. – ela estendeu o copo pra mim, que recusei. – Bebe logo antes que eu enfie goela abaixo! Anda!

— Rachel...

— Hannah.

— Por que... – espera, essa era a pergunta errada. – Como Rachel?

— Como o que garota?

— Como foi que ele descobriu isso? Quer dizer, que eu saí com o Niall! Será que ele contou? – fiquei ainda mais desesperada por pensar em que versão dos fatos ele teria contado.

— Não, não.

— Como você pode saber?

— Por que era isso que eu vim te contar, antes. – ela me olhou com uma cara de pena. – Ele não contou Hannah, está na internet.

— O que? - minha voz ecoou meus pensamentos. Eu não entendi direito o que ela disse, não de primeira. Como era possível? – Como?

— Aqui. – ela me estendeu o celular e mostrou uma manchete em um site de fofoca qualquer, que dizia: "Niall Horan em clima de romance durante jogo dos Yankees". E logo abaixo uma foto nossa, da hora em que nos abraçamos e comemoramos o fim do jogo e a vitória dos Yankees. Eu sabia que tinha sido um momento... Estranho, mas nunca podia imaginar isso. Olhando a foto parecia que tínhamos acabado de nos beijar.

— Não, não, não...

— Sinto muito Gennie, mas é isso aí que você vai ter que explicar pro seu gato. 

— Rachel... - tá bom, eu estava na merda e definitivamente não sabia o que fazer. Menos ainda o que dizer. Como é que eu ia explicar pro Harry que aquilo ali não foi nada? E que o beijo de fato só veio depois? Impossível.

Depois de secar as lágrimas e demorar um século pra entender o que tinha acontecido, meu cérebro já estava cansado demais pra funcionar e conseguir bolar qualquer coisa pra desfazer aquela confusão. Acabei dormindo sem nem trocar de roupa ou conferir se Rachel tinha ido embora.

No dia seguinte, eu era uma bagunça total, por dentro e por fora. Não precisei de espelho pra saber que minha cara estava inchada e nem um pouco apresentável. O relógio da parede marcava 6h03m. Era cedo e eu sentia como se um trator tivesse me atropelado ontem. Fechei os olhos, tentando mentalizar e fazer um pequeno quadro organizado dos acontecimentos recentes, mas fui interrompida pelos gritos do meu pai.

— Hannah, está na hora!

O que?

— Não sabia que Rachel tinha dormido aqui. - comentou ele, ao abrir a porta do quarto. E só agora fui reparar na minha amiga deitada no lado oposto da cama. Eu acordei numa posição esquisita e incômoda, por isso não me mexi muito e não a vi ali.

— Hora de que pai? Tá cedo. – falei, com a voz arrastada.

— Escola querida! Hoje é dia! – era só o que me faltava... – Está tudo bem? Por que você parece meio... Cansada.

— Tá. – ótimo, uma beleza, divino, tudo na santa paz.

— Certo. – ele pareceu desconfiado, mas como sempre, preferiu não insistir. - Vou preparar o café pra vocês.

— Obrigada.

Assim que ele saiu do quarto, me virei para Rachel e a sacudi.

— Acorda. Dia de escola.

— Não...

Por mim tudo bem, nada de escola hoje.

Meia hora mais tarde, eu acho, meu pai voltou a nos chamar.

— O que ainda estão fazendo deitadas? – exclamou ele, puxando minha coberta.

— Não vamos pra escola hoje. – resmunguei, me encolhendo na cama.

— É claro que vão! – ele colocou as mãos na cintura de um jeito engraçado e cutucou Rachel. – Rachel, sua mãe está te chamando.

— Minha mãe? – ah sim, isso a faria levantar. – Depois eu falo com ela.

— Se vocês estão assim no primeiro dia, imagina no fim da semana. – disse papai, balançando a cabeça negativamente.

— É só um dia, pai. – ele parecia pensativo, até ter uma ideia brilhante.

— Nada disso. Você quer ficar sem celular Hannah? - oi? Oi? O que?

— O que? – agora eu acordei. – Por quê?

— Você sabe que temos regras nessa casa, uma delas é a escola.

— Mas o que...

— E você já tem quebrado muitas regras ultimamente.

— Você não pode fazer isso.

— Você sabe que eu posso.

Isso era ultrajante. Como se não bastasse a minha situação atual, ainda tinha que lidar com a perseguição do meu pai. Joguei a coberta para o lado e saí bufando do quarto para ir tomar banho.

Voltei do banheiro e cutuquei Rachel que ainda estava deitada.

— Vamos, Ray. 

Ela demorou uns cinco minutos e duas sacudidas pra levantar de verdade.

— Temos tempo?

— Não.

— Me arruma uma roupa?

— Aqui. – joguei um vestido lilás e uma jaqueta jeans minha, que ficavam muito melhores nela do que em mim. – Não esquece a toalha!

Depois de prontas, nos arrastamos pra tomar café na cozinha, sob o olhar atento de papai.

— Vão se atrasar. – avisou ele. – No primeiro dia de aula.

— Não tem problema. – quem liga?

— Todo mundo falta no primeiro dia, seu Mark. – ressaltou Rachel.

— Vocês não são todo mundo, certo?

Eu apenas revirei os olhos e enfiei mais um pedaço de pão na boca.

Durante o trajeto de ônibus para o colégio, enviei duas dúzias de mensagem pra Harry. A mensagem que recebi na noite passada tinha sido de Rachel, nada dele ou de Niall. Cheguei a rascunhar algo pra enviar a ele, me desculpando, mas não tive coragem de mandar ainda. Talvez por medo da resposta dele. Minha reação foi exagerada, não tinha desculpas, mas eu não podia contar toda a verdade a ele também. Era uma droga.

A manhã demorou um século e duas vidas pra passar. Os professores fizeram uma breve introdução das matérias deste nosso último semestre e disseram muitas outras coisas que não prestei atenção. Tudo o que fiz foi ficar olhando pra frente, bater a caneta no caderno, sacudir as pernas e espiar o celular a cada dez minutos pra ver se Harry tinha me respondido.

— Gennie, você precisa comer. – disse Rachel, durante o almoço.

— Não tô com fome, Rachel. – respondi, enquanto navegava na internet pra ver se tinha algo mais sobre mim e Niall.

— O que é que você tem, cara? – perguntou Jason, um amigo nosso. O grupo estava reunido de novo, éramos nós duas, Jason e sua namorada Maisie, mas eu mal falei com eles.

— Nada Jay. – respondi, me levantando da mesa e indo para o pátio. Eu precisava ficar sozinha pra pensar e aquele barulho todo não estava ajudando muito.

Quando nosso último sinal tocou, e todos se dirigiam para a última aula, eu estava frustrada e a ponto de desabar em lágrimas de novo. Até que avistei Melanie Watson, uma garota do último ano também, passar por mim jogando seus longos cabelos loiros sobre o ombro. E lembrei de uma vez em que ela passou o dia fazendo caras e bocas no colégio, só porque fez uma ponta em um comercial de TV. O que me deu uma grande ideia.

Corri pra sala até achar Rachel e compartilhar com ela minha ideia brilhante, e no fundo rezando pra ela concordar comigo.

— E como você pretende fazer isso? – questionou ela, baixando a voz quando o professor entrou na sala.

— Eu... Preciso falar com o Niall.

— Ah, sim. Aquele cara que você esbofeteou e jogou fora, depois de te proporcionar uma noite incrível? Sei...

— Rachel, não está ajudando.

— Gennie, você sabe que é verdade.

— Ugh! Eu vou me desculpar com ele!

— Como?

— Ainda não sei, mas vou saber logo.

— Essa eu quero... – nesse momento, fomos interrompidas pelo professor, que se aproximou de nós e quis saber se não tinha problemas pra nós se ele continuasse a aula.

Ficamos caladas e fizemos cara de paisagem pelos próximos minutos, até ele desapegar da gente. Então peguei o celular, abri o contato de Niall e fiquei algum tempo pensando antes de escrever.

Gen: Niall? Preciso me desculpar com vc :’( E explicar o q houve... Ainda está por aqui? P/ o programa?

Rachel olhou pra mim, sacudindo a cabeça em sinal de repreensão e eu apenas movi os lábios pra ela, fazendo um “o que” mudo.

A reposta de Niall só veio quando já estava quase chegando em casa.

Ni@ll: estou sim, Gen. Vamos gravar o programa amanhã à tarde. Vc quer ir?

Gen: que bom! Assim posso me desculpar – e passar vergonha – pessoalmente! xD Eu posso?!

Ni@ll: não seja boba! Claro q pode! Mando alguém te buscar ;)

Gen: nem sei o q dizer... obrigada por ser tão bom comigo...

Ni@ll: só não me bate mais! Kkkkkkkk

Gen: Oo’ #neveragain #sorry #shame

Ni@ll: #seeyou

E, a fase um do meu super plano estava concluída com sucesso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Swear I'll Behave" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.