I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 26
What A Feeling




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Enquanto estava saindo da área VIP com Niall, me ocorreu algo que eu sequer tinha cogitado até agora. Se Niall estava realmente dando em cima de mim, isto é, nossa, é porque Harry não tinha contado pra ninguém sobre nós. Senão Niall não faria isso. Faria? Eu queria saber o porquê, mas também acho que não cabia a mim contar isso ao mundo. Até por que, quem ia acreditar?

Ele ajeitou o boné do time na cabeça e colocou seus óculos de aros grossos e disse ao segurança que voltaríamos logo. Fomos em direção às arquibancadas e gritamos junto com todo mundo quando o segundo tempo começou. Avistei alguns lugares vazios lá no alto e o puxei até lá.

— Acha aqui melhor do que lá embaixo? – gritou ele, sob o barulho da torcida.

— De jeito nenhum! – gritei de volta. – É muito diferente! Mas eu precisava saber como era!

Sorri pra ele e apontei para o cara do cachorro-quente, que passava próximo da gente agora.
— Americanos! – disse ele, rindo de mim.

— Irlandeses! – respondi, revirando os olhos.

Antes que terminasse a partida ele avisou que era melhor voltarmos, caso contrário não conseguiríamos sair de lá com facilidade. No meio do caminho uma garota, que aparentava ter uns doze anos, agarrou ele pelo pescoço e acabou nos assustando.

— Niall! Não acredito que é você! – gritava ela, pendurada nele. Eu fiquei de lado, rindo dele e vigiando se alguém mais em volta tinha prestado atenção, mas pra nossa sorte eles estavam mais interessados no jogo.

Depois de tirar uma foto com ela e sofrer mais alguns abraços sufocantes,  enfim conseguimos continuar a descer. Quando estávamos nos aproximando, o público começou a vibrar intensamente e paramos para espiar no telão o que estava acontecendo. E aparentemente, o melhor jogador da equipe estava prestes a fazer um home run. Niall se animou junto com a torcida e eu o acompanhei. Quando o jogador chegou a última base e marcou os pontos que ganharam o jogo, todos comemoraram, inclusive nós.

Ele me abraçou e girou, enquanto gritávamos para os Yankees. Depois me pôs no chão sem me soltar ainda e continuamos próximos, até demais. Eu olhei naqueles olhos azuis, sérios agora e senti sua mão quente no meu rosto. Ele não era o Harry. O meu Harry. E eu não deveria estar ali. Merda.

— Acho melhor irmos andando, Niall. – falei, dando um passo atrás.

— Tudo bem. – disse ele, visivelmente chateado.

Depois daquilo, parecia que a tensão e o nervosismo que eu sentira antes, tinham passado pra ele. Voltamos aos nossos lugares e ele avisou que precisávamos esperar um pouco, até pelo menos uma parte da torcida sair e liberar o caminho. Eu apenas assenti e tentei aparentar uma tranquilidade que eu não estava sentindo de verdade.

— Foi... Bom o jogo, não é? – mais uma pergunta idiota pra minha coleção da noite.

— Ah, claro. Ainda mais porque eles ganharam. – comentou ele, meio pensativo. – Você quer comer mais alguma coisa?

— Hã. Acho que não.

— Tem certeza?

— Não. – no momento eu não tinha certeza de nada na vida, nem do meu nome do meio.

— Vamos até o restaurante então?

— Ok. – levantei da cadeira, reparando agora que ele não fez questão de segurar minha mão.

Acabei me decidindo por um milkshake de chocolate e ele por um hambúrguer com fritas.
— Por que não trouxe seu boné? – perguntou ele, entre uma mordida e outra. Acho que para desfazer aquele silêncio constrangedor.

— Ah, esqueci. – respondi, colocando a mão na cabeça. – Saí com pressa e nem me dei conta.

— Por que não disse que está com frio? – disse ele, já tirando o próprio casaco.

— Eu não... Não precisa Niall... – protestei inutilmente. 

— Anda, pode vestir. Não vou deixar você congelar até sua casa.

— Obrigada. – que mais eu podia dizer? Além de "desculpa, mas eu tenho um relacionamento aparentemente secreto com um de seus amigos, o mais gostoso a propósito, e por isso não posso ficar com você. Embora você seja um fofo. Desculpa ter vindo".

— Não tem de quê.

— Niall, a propósito, o que faz aqui? Digo, na América, em New York, sei lá. – quase não me enrolei, mas precisava saber se ele tinha vindo por minha causa. Não por questão de ego, mas sim porque ficaria ainda mais triste por desapontá-lo.

— Ah, eu e os meninos vamos dar uma entrevista no programa da Ellen, na quarta. Daí aproveitei pra turistar um pouco até lá.

— Hum... – programa? Da Ellen? Essa semana? Isso quer dizer que...

— Como eu disse antes, ainda temos trabalho a fazer.

Ele interrompeu meu raciocínio, mas no fundo eu sabia o que aquilo queria dizer. Só não juntei as peças rápido o suficiente.

— Entendi. – eu tinha era que raciocinar um pouco e ver o tamanho da merda que eu me meti, isso sim.

Entramos no carro de novo e Niall pareceu mais animado quando perguntei se aquelas histórias sobre ele, que saiam nas revistas teens eram de verdade. Pouco tempo depois, estávamos no jato de novo e ele fez a gentileza de me oferecer a mão antes de decolar. Eu aceitei, porque acho que já tinha dado pra ele sacar meu problema com aviões. E que nada tinham a ver com o nosso caso, quer dizer, o caso dele... Ou, enfim. Depois que soltei a mão dele, mais devagar dessa vez, ficamos em silêncio e acabei adormecendo logo depois de ver as luzes de New York se dispersarem ao longe.

— Gennie, chegamos.

— Já? Estamos em casa? – perguntei sonolenta.

— Quase, em alguns minutos.

— Hum... – me espreguicei no assento e levantei, como um gato saindo debaixo da cama. Era noite, mas o lugar em que o jato ficava estava mais iluminado que um festival de música eletrônica.

No carro, ele me perguntou sobre meus planos para o próximo ano, a faculdade e tudo mais. Respondi com mais entusiasmo por ser um assunto neutro e acabei me empolgando ao contar os detalhes.

— Uau, parece que você tem tudo planejado!

— Até tenho, mas daí até se tornar realidade já é outra coisa!

— Eu acredito em você, vai conseguir.

— Obrigada, espero que sim.

— E hoje? Você se divertiu? – achei mesmo que ele não me perguntaria isso. Por que né, Deus?

— Claro que sim! Nunca imaginei que poderia ser tão legal ir a um jogo de beisebol! – e não estava mentindo, tinha sido uma experiência e tanto. – Tudo bem que a área VIP ajudou, mas ainda assim foi incrível!

— Fico feliz em saber.

— Ah, desculpe não ser das melhores companhias... Tenho certeza que você teria se divertido mais se Rachel tivesse vindo porque ela sim...

— Gennie, quem disse que eu não me diverti? Foi demais pra mim também.

— Fala sério.

— Eu agradeço por me acompanhar.

— Não foi nenhum sacrifício. – imagina.

Mais uma troca de olhares constrangedores e eu sorri, virando o rosto na direção da janela.

— Estamos chegando! – anunciei, ao ver que já estávamos na minha rua.

Daí virei de volta pra ele e tudo aconteceu muito rápido. Num segundo eu olhei pra ele e no outro ele colou seus lábios aos meus, sem aviso prévio.
Sabe quando você espera e sonha por muito tempo em beijar aquele cara perfeito e  aquele momento tão esperado finalmente acontece? E aí você fica feliz e sente aquele friozinho na barriga, a cabeça leve e uma vontade de sorrir feito boba? Então. Não foi nada disso que eu senti.

Ele me pegou de surpresa e eu instintivamente fechei os olhos. Senti meu rosto corar imediatamente e parece que parei de respirar de uma hora pra outra. Veja bem, não estou dizendo que foi ruim, por que quem eu quero enganar? Ele é um fofo, lindo, e tudo mais, como eu já disse, mas o fato é que aquilo era errado em vários níveis diferentes. Eu não tinha direito de sentir nada! Me senti totalmente perdida. A única coisa em que eu consegui pensar na hora foi: meu Deus do céu!

O beijo durou poucos segundos, ou uma hora, em algum lugar do espaço tempo, sei lá. E ele se afastou devagar. Meu rosto estava pegando fogo e eu só conseguia pensar em sair dali, antes de ter qualquer oportunidade de conversar.

— Desculpa, Gennie.

Olhei pra cara dele, que parecia envergonhada e surpresa ao mesmo tempo e não sabia o que dizer. Depois fiz algo de que poderia – e iria – me arrepender mais tarde. Dei o maior tapa de todos na cara dele. Puta que pariu. Eu tinha que aprender a me controlar.


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