I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 28
Everything About You




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Tudo bem, olhando do ponto de vista de Rachel, minha ideia poderia dar muito certo ou muito errado. Sim, eu realmente precisava me desculpar com o Niall, mas me sentia mal por ter que usá-lo pra chegar ao Harry. Por que no fim das contas, era isso que eu estava fazendo.
— Acho que eu já entendi, no geral. Mas ainda tenho duas perguntas – revirei os olhos e encarei Rachel, sentada na minha cama, enquanto eu tirava algumas coisas da mochila. – Primeira: o que você vai dizer mesmo ao Niall, antes de deixar ele na mão de novo e correr atrás do Harry?

— Eu não...

— E segunda: por que eu não posso ir com você?

— Rachel, já te disse. Você é a única que pode me dar cobertura, pra sumir por tanto tempo no meio do dia...

— Mas eu posso dar um jeito nisso!

— Ah, é? Qual?

— Você vai ver! – ela se levantou e correu porta afora. 

Balancei a cabeça rindo dela e imaginando que ideia mirabolante ela ia arrumar quando voltasse. De fato, eu ainda não tinha pensado em todos os detalhes. Na minha cabeça era simples: encontrar o Niall, pedir desculpas, dar um abraço e virarmos os melhores amigos pra sempre. Fim da complicação. Depois eu veria o Harry e o convenceria a me ouvir, explicaria a situação, sem a parte do beijo claro, e depois voltaríamos a ser o casal mais feliz de todos. Happy ending. Quem sabe ele até não contasse sobre nós aos outros meninos?

Passei o resto da tarde distraída e revendo mentalmente o meu plano quase perfeito. Rachel só deu as caras à noite. Apareceu escancarando a porta do quarto e gritando.

— Arruma as malas que vamos viajar!

— O que? – olhei pra ela sem entender.

— Quer dizer, não é bem uma viagem, só vamos ficar fora algumas horas e...

— Espera, espera! – interrompi sua caminhada em círculos na minha frente, porque eu estava ficando mais zonza do que ela. – Para, volta, explica.

— Amanhã Hannah Laurent, nós duas vamos visitar minha avó Frannie, em Wyoming. Ela já comprou as passagens e tudo! – comentou ela, pulando feito uma doida.

— Como assim nós vamos?

— Assim, do tipo eu e você. Expliquei a minha mãe que estava morrendo de saudades dela e sentindo que precisava vê-la. Daí liguei pra vovó e expliquei a situação real e ela, como a avó mais legal de todas, disse que tudo bem!

— Tá, mas eu não posso. Você sabe que o meu pai...

— Eu já falei com ele! 

— Você o quê?

— Quer dizer, minha mãe falou com ele e explicou que seria melhor se eu não fosse sozinha. Afinal, é só um dia também. Amanhã à noite ou no máximo de manhã estaremos no ônibus de volta.

— Você, é, doida! – gritei, abraçando-a e pulando junto com ela. – É a melhor amiga do mundo!

Durante a aula no dia seguinte, eu obviamente não consegui prestar atenção em nada, de novo. Antes de resolver esse problema, não conseguia pensar em nada que não deixasse minhas notas seriamente comprometidas. Eu precisava acabar logo com isso pra conseguir voltar ao meu planejamento inicial.

A mãe de Rachel foi nos buscar mais cedo no colégio, pra não perdermos o ônibus e dei graças a Deus por isso. O único problema é que precisei enviar uma mensagem a Niall, mudando o lugar aonde iria nos pegar, pois precisávamos entrar naquele ônibus de qualquer jeito. Sendo assim, marquei com ele no próximo ponto em que o ônibus faria sua primeira parada. Ligamos pra vó Frannie, pra dar notícias e ficamos esperando.
Ah, sim. É claro que meu pai ligou. Não só quando saí do colégio, como também fez questão de nos acompanhar até a rodoviária. E me fez prometer ligar assim que chegasse lá. Isso que dá ser filha única.

Enfim, pegamos o ônibus por volta do meio-dia e provavelmente chegaríamos atrasadas no programa se fôssemos esperar até a próxima parada. Por esse motivo, falei de novo com Niall para avisar ao motorista onde estávamos e desci do ônibus com Rachel na cidade seguinte. O motorista dele não demorou a chegar. Para o meu azar, e falha da parte um do meu plano, Niall não estava com ele. O que significava que eu não fazia ideia de quando ia encontrá-lo sozinho.

Uma vez mais fiz o trajeto carro-jato, só que dessa vez com Rachel sofrendo pelo meu medo de decolar. Não demoramos muito a chegar, gastamos cerca de uma hora e meia no máximo, em todo o percurso. O motorista, cujo nome era Victor, nos avisou que teria outra pessoa nos esperando para liberar nossa entrada no estúdio. E assim que paramos na frente do lugar, uma moça morena e alta esperava por nós.

— Olá meninas! Eu sou a Ruby. E qual de vocês é a Gennie do Niall?

Oi? Como assim?

— Ela, é ela. – disse Rachel, me empurrando pra frente. Fiz uma cara feia pra ela e depois cumprimentei a moça.

— Oi, eu sou a Gen. – não fazia sentido explicar a ela porque eu não era a "Gennie do Niall" agora. 

— Muito prazer Gennie e sua amiga é a...

— Rachel, do meu pai e da minha mãe mesmo, por enquanto.

— É um prazer Rachel, você é engraçada. – ela nos abraçou e continuou a falar e olhar no relógio, como se estivesse atrasada. – Eu adoraria mostrar o lugar pra vocês agora, mas se quiserem ver o programa temos que ir logo. Sem tour, infelizmente.

— Ah, claro. Sem problemas. – respondi, louca pra perguntar quando é que poderia falar com Niall, a sós.

— Perfeito. Vamos então?

Foi só o tempo de acenarmos com a cabeça e depois seguirmos seus passos apressados por longos corredores iluminados e cheios de gente passando pra todo lado.

— Então, meninas, é aqui que eu deixo vocês. – disse Ruby, sorridente, ao entrar em uma sala parecida com o auditório que temos no colégio. – Comportem-se e aproveitem o show! Voltarei depois para ver como estão. Ok? Até!

— Espera! Mas e o...

— Niall! – berrou Rachel, me virando na direção dele. Antes mesmo que eu pudesse pensar em qualquer coisa, ele estava ali diante de mim. E eu senti a boca seca e cada detalhe do meu plano maluco e mal elaborado indo ralo abaixo.

— Gennie.

— O-oi. – qual era essa parte do plano mesmo?

— Rachel.

— Nini! – ela o abraçou e ele retribuiu, meio sem jeito. – Onde estão os outros meninos?

Dei graças a Deus por ela estar ali.

— Ah, logo ali no palco. – ele apontou para uma área iluminada atrás de si. – Estamos fazendo uns últimos ajustes.

Se eu achava que estava em pânico antes, é porque meu coração e meu cérebro ainda não sabiam ao certo o que sentir quando vi o olhar mortal que Harry lançava em nossa direção quando se deu conta da minha presença. Conversando com Niall.

— Tudo bem, Gen? – eu me esforcei para fazer algum sinal, mas não consegui desviar daqueles olhos verdes que me encaravam com tanta intensidade.

— Sim, ela está. Só um pouco atordoada pelo voo ainda. Daqui a pouco melhora. – Rachel me salvou de novo e me deu um solavanco.

— Sim! Tô bem, é... Boa. – falei, quando enfim consegui recuperar a fala. – Bom... Programa pra vocês.

— Obrigado. Depois conversamos então.

— Claro. – podia ser tipo beeem depois mesmo.

— Fico feliz que tenha vindo. – olhei de novo na direção de Harry, que agora estava de costas e de volta para Niall.

— Eu também. – respondi, tentando sorrir. – Pra onde vão depois? Digo, da gravação. Tem um camarim ou algo assim?

— Ah sim! É naquela direção.

— Certo. E Niall, antes de qualquer coisa... Eu sinto muito. – falei, olhando nos olhos dele dessa vez. – Por tudo.

— Tudo bem, Gen.  Até daqui a pouco.

— Até.

Eu não ia ter muito tempo pra colocar o que restava do meu plano em prática. Até porque agora, Harry parecia não querer me ver nem pintada de ouro.

— Acho que eu piorei as coisas, Rachel.

— Que nada! Ele pode ter até ficado mais puto contigo, mas sem dúvida aquela olhada foi de ciúmes!

— Você acha? – procurei por ele no palco e não encontrei. Nenhum dos outros também na verdade.

— Tenho certeza! Olha, acho que vai começar! – anunciou ela, antes de um cara moreno e jovem vir nos indicar nossos lugares, que por sorte ou azar, não sei, eram na primeira fila.

A apresentadora do “Nine in the afternoon”, Beth Cooper, não demorou a chamá-los ao palco e avisar que não os faria trabalhar muito hoje, portanto só cantariam no final. O programa não era grande, tinha cerca de uma hora e meia de duração e assuntos variados. De modo que esse quadro de entrevistas não ocupavam mais do que vinte minutos do programa, incluindo comercial e muita enrolação. Sim, eu pesquisei na internet.

Eu precisava ter o timing exato. O que era extremamente difícil fazer tendo que olhar para o Harry, perfeito como sempre, sentado a poucos metros de mim.

Perguntas sobre a turnê, sobre a pausa, sobre os projetos pessoais e por fim sobre seus relacionamentos. Amaldiçoei Beth Cooper por deixar essas perguntas justo para o final! Era a hora em que eu precisava levantar e tentar chegar – pelo menos perto – aos camarins. Ela começou por Liam, que enrolou mais do que falou sobre sua relação com Cheryl, mas confessou que estavam indo bem, e depois partiu pra Harry, perguntando como andava o affair dele com a modelo Kendall Jenner.

Cruzei bem os braços e fiz a cara mais séria e puta da vida que consegui, olhando diretamente pra ele.

— Hã... Acho que estamos bem. – filho da puta! Não vai nem olhar pra minha cara? – Ela tem o trabalho dela, eu tenho meu e é isso.

— Harry, mas vocês são vistos juntos há tanto tempo... Tem certeza que é só isso? Só isso que tem a nos dizer? – é Harry, é só isso? Estava quase me levantando e ajudando Beth a interrogá-lo.

— Eu... – como assim dá de ombros?

— Pode pelo menos nos dizer se está solteiro? – perguntou Beth.

Pra mim já era o suficiente. Levantei da cadeira bufando de raiva e comecei a desviar das pessoas pra sair dali, mas infelizmente escolhi uma péssima hora pra isso.

— Hey, mocinha! Aonde vai?

Dei de cara com o rapaz que havia nos levado aos assentos e ele barrou minha saída, apontando para o palco, onde eu mal percebi que Beth e o resto das pessoas olhava pra mim.

— Sim, você de vestido azul. Daqui a pouco vamos abrir para as perguntas, não vá perder!

Eu apenas dei um sorriso amarelo pra ela e fiquei em dúvida entre voltar ao meu lugar ou sei lá o quê.

— Ou melhor, vamos fazer uma pequena pausa e ir para as perguntas, depois voltamos com a revelação desses meninos. Certo? – ela olhou pra eles com um sorriso malicioso e depois se voltou pra mim. Deus. – Gostaria de ser a primeira querida?

— Eu? – me espantei com o eco da minha voz, pois mal percebi quando o rapaz trouxe o microfone mais próximo.

— Sim. Já está de pé mesmo. Por que não faz uma pergunta para um dos meninos, ou todos?

Eu podia sentir uma gota de suor frio escorrer pela minha nuca, enquanto todos me encaravam e nada passava pela minha mente. Eu não tinha me preparado para aquilo. Então apenas coloquei pra fora a primeira coisa que meu cérebro mandou, sem nem mesmo processar.

— Você está solteiro, Harry? – o público aplaudiu, acho que eram treinados pra isso e Beth reclamou que eu repeti sua pergunta, mas eu apenas consegui prestar atenção em Harry e passei a mão devagar pelo cabelo, fingindo arrumar meu rabo de cavalo, e deixar que ele visse que eu usava a pulseira dele.

— Não. – respondeu ele, sério e olhando nos meus olhos. Ainda que os outros pensassem que aquela era uma resposta favorável à senhorita Jenner, no fundo eu sabia o que aquilo significava pra mim. Eu sorri em resposta e deixei que aquela sensação tomasse conta de mim. Ainda havia esperança.

Depois dos comentários e perceber que Beth tinha se esquecido da minha presença, disse ao assistente de palco que precisava ir ao banheiro com urgência e saí de lá. Por sorte avistei Ruby no caminho e perguntei a ela como faria para encontrar Niall no fim da entrevista. Ela disse que nos entregaria um passe para os camarins e que não teríamos problemas. Inventei pra ela a mesma história do banheiro e pedi que me desse o passe logo, pois não sabia o quanto ia demorar por lá. Acho que fui convincente o bastante, já que ela me entregou um crachá e uma pulseira néon rosa, antes de sair de perto de mim.

Fui para o lado oposto ao do banheiro e comecei a andar rápido. Os corredores foram ficando mais estreitos, com menos pessoas do programa e mais seguranças.

— Scott? – não era possível! – Scott!

Queria correr até ele, mas o primeiro segurança, um branco de cabeça raspada, que devia ter uns dois metros e um terraço de altura, me barrou. Mostrei a ele as credenciais e também disse que conhecia Scott, o segurança, apontando na direção dele. Quase desmaiei quando ele fez um aceno de cabeça e o pé grande da porta me deixou passar.

— O que faz aqui senhorita? – perguntou Scott, discretamente.

— Hum... Você sabe. Vim falar com ele.

— Qual dos dois?

— Ai Scott, até você! – não tinha tempo pra ficar com raiva. – Onde é o camarim do Harry?

— Segunda porta à esquerda, senhorita.

— Obrigada! – corri pra lá e entrei, decidida a não sair de lá sem falar com ele.

Passei uns bons vinte minutos vendo os presentes que mandaram pra ele, me olhando no espelho e contando os segundos no relógio do celular. Parecia que ele nunca ia chegar, até que a porta se abriu de uma vez e ele entrou, acompanhado de Louis.

— O que faz aqui? – ele parecia surpreso, mas não irritado.

— Vim falar com você.

— Eu devo sair? – questionou Louis, já dando meia volta. – Porque acho que devo.

Ele saiu e fechou a porta, nos deixando a sós.

— Você não devia estar aqui. – ele ficou parado no lugar, como se tivesse sofrendo apenas por estar no mesmo recinto que eu. – Não devia.

— Tem certeza? – perguntei e me aproximei dele, perto o bastante para poder tocá-lo.


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